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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, June 23, 2005

Falácias socialistas

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O MUNDO PELO AVESSO
EMIR SADER
22/6/2005
Os golpes cotidianos

Na era neoliberal, já não são necessários golpes militares. Bastam os mercados. É esse o golpismo cotidiano que está por trás da ação da oposição, da criação do clima de ingovernabilidade, com acusações que a mídia monopolista multiplica. A saída da crise passa por mobilização popular e propostas alternativasNoam Chomsky afirmou que já não são necessários golpes militares – como os que derrubaram João Goulart, Salvador Allende, Isabel Perón, entre tantos outros. Na era neoliberal, de reino dos capitais especulativos, bastam os mercados. Os golpes se tornaram golpes de mercados. Os múltiplos ataquess especulativos, com fugas concentradas e maciças de capitais, desferem poderosos petardos de instabilidade, deixando governos fragilizados pela dependência desses capitais, em situações de ingovernabilidade.
Nós conhecemos bem esses ataques, esses golpes. Eles nos atacaram durante o Plano Cruzado, levando o país à moratória em situação difícil. Atacaram-nos em 1998, quando se tornava insustentável a política monetária do governo FHC, ataque camuflado durante a campanha eleitoral, para permitir a reeleição do então presidente – com todas as compras de votos que a imprensa denunciou, mas que a própria maioria comprada pelo binômio PSDB-PFL impediu transformar em CPI e apurar – e logo em seguida desatar-se como crise aberta, que levou o governo a elevar as taxas de juros a 49,5% (sic).
Voltaram a atacar o Brasil durante a campanha presidencial de 2002. O medo do que poderia ser o governo Lula levou a uma enorme fuga de capitais, com brusca desvalorização do real, atentando contra a vontade majoritária do povo brasileiro de terminar com as políticas de FHC e construir um governo centrado nas políticas sociais (o que não aconteceu).
É esse o golpismo cotidiano que está por trás da ação da oposição. Eles não precisam bater às portas dos quartéis – como muitos deles fizeram em 1964 e fizeram carreira política blindados pela ditadura, de que os casos de ACM e Jorge Bornhausen são exemplares. Apóiam-se nas ameaças de fuga de capitais, contam com a equipe do Banco Central infiltrada no governo, pegando carona numa vitória que foi contra eles e que descaracterizaram com suas políticas.
A criação do clima de ingovernabilidade, com acusações diárias que a mídia monopolista privada recolhe e multiplica, poupa o processo já constituído contra Henrique Meirelles, recheado de provas e evidências, porque é seu aliado, porque foi eleito senador pelos tucanos de Goiás, porque mantêm dentro do governo as políticas de FHC. Mas acusam cotidianamente, baseados em seus novos aliados – Severino Cavalcanti e Roberto Jefferson –, não batem às portas dos quartéis, mas telefonam para os bancos, para as redações dos jornais – são as novas vivandeiras que açoitaram a política brasileira ao longo dos anos 50 e 60, até conseguirem dar o golpe de 64.
Completa-se o quadro com o presidente que produziu a fragilidade da economia brasileira, aquele que anunciou que a estabilidade monetária traria todas as felicidades para o povo brasileiro, que a globalização era um “novo Renascimento” (sic) para a humanidade, que promoveu o maior processo de corrupção da história brasileira, com a privataria do patrimônio público que promoveu – de que agora ele e seus ex-ministros recolhem dividendos com pagamentos milionários por conferências e por assessorias.
Esse é o golpe cotidiano de cada dia. Até que se mude de política econômica, se termine com a ditadura das taxas de juros, dos superávits fiscais, da estabilidade monetária. Aí o golpismo especulativo ficará definitvamente fora de moda. Até lá, só a mobilização popular e as propostas alternativas – como aponta a Carta ao Povo Brasileiro, lançada pelos movimentos sociais – podem superar positivamente a crise que sangra o governo e ameaça repor no governo a direita brasileira, empoleirada na aliança PSDB-PFL.
Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".

http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=1335&coluna=boletim
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Caro Gerson,

Sinto muito, mas não é possível concordar... qualquer coisa que venha de Emir Sader é suspeita. Trata-se de um pré-conceito, mas tão logo lemos e tomamos ciência do que se trata se tem um conceito de que o sujeito é maniqueísta mesmo!
Quando esse comunista diz que "na era neoliberal, já não são necessários golpes militares. Bastam os mercados", observa-se que o Emir (sem arábias) não merece a mínima consideração de respeito. A crise não é induzida por mercado nenhum, muito menos por neoliberalismo, coisa inexistente no Brasil estatizado até a medula. Trata-se de corrupção e isto não tem a ver com capital ou comércio externo. A tentativa de Emir Sader é alterar a lógica de raciocínio fazendo-nos pensar na falaciosa "conspiração de elites". Como se o patriarcado sindical que levou Lula ao poder não fosse uma elite...

A própria 'mídia monopolista' que acusa dá tanto espaço para as idéias paleolíticas de Sader que é difícil não pensar que o mesmo seja membro dela.

Quando essa gente fala em 'mobilização popular', o que se quer realmente dizer? Algo como o MST? O MTST? O MAS boliviano? São todos movimentos que atentam contra o capitalismo e o estado de direito. Eles incentivam a socialização, a distribuição boicotadora da produtividade e asseguram (implicitamente) a criação de uma classe de burocratas sanguessugas que ordenam e executam sem respeitar os direitos civis.

"Noam Chomsky afirmou..." dá alguma autoridade intelectual à assertiva? Como um apologista de Pol Pot, líder cambojano que assassinou 1,5 milhão de cidadãos urbanos no Camboja na vã tentativa de criar o 'novo homem do socialismo' pode merecer consideração intelectual e respeito humano?

É fácil falar mal de ditaduras 'de direita', mas e as de 'esquerda' como a do queridinho de Sader, Fidel Castro, por que não são atacadas? E, se Allende ou Goulart respeitassem a ordem institucional (apoiada democraticamente) não seriam necessárias as ditaduras. É fácil bancar o mocinho quando não se faz reforma agrária nas próprias terras, caro Goulart... é fácil acusar a CIA quando não se atenta para a influência da KGB, caro Allende...

Se há governos fragilizados pela fuga de capitais, a responsabilidade cabe aos próprios governos que não tornam a economia segura para os próprios. Tampouco foram estes 'capitais' que obrigaram os governos 'frágeis', mas corruptos a aceitarem-nos.

Plano Cruzado foi alvo de ataque? Ou foi Sarney com sua estúpida moratória que induziu a alta de juros que perdura até hoje? (Quem, em sã consciência, empresta para caloteiro?) Crise do México, crise da Rússia, crise da Ásia... para Sader, tudo não passou de um plano bem arquitetado com o único e específico propósito de ferrar o Brasil! Eureka! E, como FHC tinha que ser reeleito foi um 'ataque camuflado'! O que é isto? Um ataque que não revela toda sua extensão? Simplesmente, não faz o menor sentido.

No momento seguinte, a 'mídia monopolista' que Sader denunciou deixa de ser vilã para virar heroína ao acusar a compra de votos para a reeleição de FHC. Ora, decida-se caro Sader!

As taxas de juros foram elevadas para impedir uma fuga de capitais ainda maior, mas e a atual elevação já que a economia 'anda a mil maravilhas'?! Qual o sentido ou plano oculto de ataque? Sempre haverá um para Sader. A causa de todas as derrotas sempre parte de um maquiavélico plano conspiratório...

O 'novo ataque' em 2002 para impedir a reeleição de Lula foi, isto sim, conseqüência do que o líder sindical sempre semeou em sua própria história: a instabilidade e o calote. Lula não defendia aos quatro cantos do mundo, a moratória?

ACM e Jorge Bornhausen, pelos quais não nutro simpatia alguma, lucram o que com fuga de capitais? A insanidade de Sader vai tão longe que ele consegue ver nexo nisto.

Que 'equipe infiltrada no Banco Central'? O próprio Meirelles foi indicado pelo Lula!

Privatização não é corrupção, antes diminui a segunda. 'Comissões milionárias' que ganha a ex-equipe de FHC é por ter o que dizer, ao contrário de Sader.

Quem sabe sigamos o exemplo de Sader: baixemos as taxas de juros artificialmente e os capitais vão, definitivamente, embora; acabemos com superávits primários e secundários para tomar mais empréstimos do FMI, já que não conseguiremos mais fechar as contas; acabemos com a estabilidade monetária para reiniciar a hiper-inflação que só dá lucros para aqueles que não dependem de cestas básicas e, estes sim, conseguem especular sob os auspícios de um estado inchado. Este é que é o golpe de Sader: quando tudo virar um pandemônio, o que proporá? A estatização total da economia e o isolacionismo externo. Com a miséria crescente, qualquer loucura parecerá válida... Como uma USP e uma UERJ aceitam picaretas como este é uma prova de que a crise vem muito antes de qualquer governo eleito. É uma crise de consciência e inteligência que leva farsantes como este a terem espaço na 'mídia monopolista'...