interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Wednesday, October 22, 2008

Sinceramente, eu pensei que o índice era bem maior

Ipea diz que 5,4 milhões de brasileiros gastam mais de 30% de sua renda com aluguel

O número de moradores em áreas urbanas que comprometem mais de 30% de sua renda mensal com o pagamento de aluguel alcança 5,4 milhões, o que equivale a 3,4% da população dessas áreas. O dado foi extraído da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007 e divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o órgão, o percentual da população urbana que sofre com o ônus do aluguel teve um ligeiro aumento em relação aos valores observados em 2006, que era de 3,2%. Segundo o instituto, isso mostra que "a moradia ficou relativamente menos acessível financeiramente para a população no último ano, acompanhando uma tendência crescente desde 1992".
De acordo com os dados, Brasília ficou no topo das dez principais regiões metropolitanas brasileiras que mais sofrem com o problema do sobrepeso de aluguel. Nada menos que 6,9% dos moradores da capital federal comprometem mais de 30% de sua renda mensal com o aluguel. A taxa supera os níveis de São Paulo (4,9%) e do Rio de Janeiro (4,5%). Na análise regional, a população que mais sofre com o ônus excessivo com o aluguel está concentrada na Região Sudeste (3,1 milhões), a mais povoada do País.
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Se são menos de 4% que gastam 30% do orçamento familiar com aluguel, isto sugere que o índice de moradias irregulares seja grande. Duvido que a maioria porte casa própria com o devido registro de imóvel.
Uma das questões que marca nosso subdesenvolvimento - e a dificuldade de formar capitais ativos - é a falta de regularização fundiária, da qual se insere a casa própria.

Entrevista com o Meteorologista Luiz Carlos Molion

Conversas Cruzadas: Molion e a Histeria do Aquecimento Globa

Tuesday, October 21, 2008

Desconstruindo novos dogmas

http://www.climatepolice.com/GlobalTemp.pdf

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http://www.sepp.org/publications/NIPCC-Feb%2020.pdf




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Dois arquivos imprescindíveis para quem, realmente, se interessa pelo tema.

A crise e sua ironia




A ironia da crise econômica*

Como a China e os exportadores de petróleo têm salvo a economia americana.

Apesar da crise, os mercados e a economia continuam funcionando. Números catastróficos não foram divulgados pelas agências de risco à economias emergentes. Tampouco, nenhuma crise de liquidez se formou, na qual a demanda por dinheiro não é suprida. As ações do FED, p.ex., não se identificam por taxas de interesse de curto prazo. Para falar que houve ou não impacto de suas ações, só no longo prazo.

Muitas pessoas, no entanto, avaliam que estamos vendo somente “a ponta do iceberg”, “o início de uma reação em cadeia” e que “a economia iniciará um processo recessivo”. Acontece que os mercados agem com base na antecipação de eventos futuros e não no passado. Historicamente, os mercados declinam seis meses antes da recessão iniciar. Entretanto, uma crise de liquidez não reflete o longo prazo das taxas de investimento e, a recessão percebida não tem correspondido a um declínio significativo nos mercados globais.
Os preços do barril de petróleo salvaram os investimentos na década de 70, assim como boa parte foi transferida para os países em desenvolvimento incentivando a exportação de commodities. Como conseqüência, o custo de implantação de plantas industriais nos EUA aumentou em dois dígitos, o que favoreceu a expansão capitalista mundial.
Então, para onde vamos?
Parte desta resposta se refere aos últimos cinco anos, dos quais a China tem recebido montanhas de dinheiro. O país tem mais dinheiro do que seu mercado é capaz de metabolizar. As massivas reservas de dólares chinesas impelem os chineses a investir fora do país em mercados financeiros. Dado que os EUA são o principal consumidor chinês e a única economia mundial capaz de absorver tais reservas - não só por sua magnitude, mas também pela sua estabilidade -, podemos prever um novo fluxo de investimentos e financiamentos do mercado financeiro americano. Este é um dos fatores que mantém as taxas de investimento baratas e o mercado funcionando. Tampouco, se trata de nenhuma novidade: o fluxo de dinheiro asiático ao mercado americano remonta ao início dos anos 80.
Outra parte da resposta se refere na auto-estabilização dos preços do petróleo, cuja ascensão deveria devastar os mercados americanos em primeira instância. Os preços atuais sugerem que a estabilidade da demanda criaria excedente para ser absorvida somente em seus países exportadores. Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, produziram muito dinheiro, particularmente em 2007, que foi investido em mercados estrangeiros.
E não importa de onde o dinheiro vêm. Dinheiro, óleo são fungíveis, o que significa que se todos os petrodólares que foram para a Europa migrassem para os EUA como investimentos, os europeus, provavelmente, se beneficiariam. Os produtores de petróleo do Golfo Pérsico e os chineses têm algo em comum - eles estão ligados ao dólar. Se o dólar baixa, investir em outros países se torna mais caro. Assim, é perceptível dois grandes movimentos de investimentos para os EUA, um da China e outro da indústria energética. As reservas de dólar chinesas derivam das vendas para os EUA e sua moeda, o yuan está atrelado ao dólar. A indústria energética, também inserida na zona do dólar, precisa encontrar um porto-seguro para seu dinheiro - e o maior, com maior liquidez de mercado do mundo ainda são os EUA.
Não somente a China e o Golfo Pérsico são carreados para a moeda americana, produtores de energia como a Rússia, Nigéria e Venezuela utilizam, sem problemas, seus dólares internamente. Mesmo que pague mais pelo petróleo, a dependência chinesa ao dólar lhe confere estabilidade. Complementarmente, a Península Arábica vende petróleo em dólares e contratos feitos em euros são, particularmente, difíceis de converter. Contratos feitos em outras moedas enfrentam um desafio e os árabes não poderão controlar outras moedas e cessar com contratos apertando um interruptor.
Esta situação sugere uma explicação para a resiliência dos mercados americanos. Toda vez que notícias da situação do subprime soam horrendas e os mercados americanos ameaçam quebrar, o contrário ocorre. De fato, os mercados americanos levantaram-se e estão se reagrupando. De onde vem o dinheiro?
No momento, da zona do dólar, do imenso caixa chinês e da Península Arábica. Este influxo acontece anonimamente através de ações ordinárias no mercado, embora ocasionalmente pareçam grandes, são simples operações que permanecem abertas. Nas últimas semanas, por exemplo, Dubai investiu USD 7 bilhões no Citigroup, ajudando a arrumar o balanço da companhia e, não por acaso, deixando claro que os dólares acumulados no Golfo Pérsico serão usados para estabilizar os mercados americanos.
Não se trata de caridade. Dubai e o resto da Península Arábica, assim como a China, têm que desovar suas gigantescas reservas de dólares e a última coisa que querem fazer é vender dólares em quantidade suficiente para baixar mais seu valor. Tampouco lhes interessa uma crise financeira nos mercados americanos. Ambos os chineses e árabes teriam muito a perder com uma crise destas. Um incontável número de transações de mercado aberto, assim como investimentos públicos, são movidos para apoiar os mercados americanos, muito embora por suas próprias razões não-filantrópicas.
Os especuladores devem estar loucos de investir numa hora destas, dado os problemas financeiros. Mas, não estão. Eles mantêm suas operações, não importando quanto foram duramente atingidos. O dinheiro não está vindo de instituições financeiras e fundos de pensão que foram estripados em hipotecas, mas sim de algum outro lugar. Está vindo da terra do barril de petróleo a USD 90,00 e dos brinquedos baratos.
Muitos enxergam nesta crise (por que desejam assim enxergar...), os suspiros de uma potência mundial em decadência. Mas, enquanto investirem nos mercados americanos, não são eles que têm o poder e sim quem os atrai, ou seja, os Estados Unidos da América. Para chineses e árabes há poucas opções de investimentos para reciclar seus dólares fora dos EUA e mesmo outras moedas que não o dólar também estão ligadas a esta. Estas são as duas fontes que mantêm o funcionamento do sistema financeiro mundial - China e Península Arábica. Portanto, chineses e árabes podem sair e especular ou manterem-se seguras investindo no mercado americano.
Assim como qualquer commodity, o petróleo não é exceção para o inerente ciclo de alta e queda dos preços. Tão logo o preço do barril caia, somado ao montante de dinheiro árabe e chinês que flui para os EUA, o sistema internacional produzirá um retorno agregado na distribuição de capital. Dado o tamanho da economia americana e a dinâmica do dólar, grande parte deste capital voltará aos EUA. A situação é relativamente simples: os Estados Unidos podem ter sua crise financeira que forças globais surgem para estabilizá-lo.
Chineses e árabes não estão investindo nos mercados americanos porque gostam dos EUA. Eles estão presos dentro do mercado americano. Não obstante os boatos de alianças contra os EUA, a história tem suas ironias. Quem diria que os mercados americanos seriam salvos por “rivais geopolíticos”, como a China e o mundo árabe? Esta têm sido sua missão e, até agora, têm feito um bom trabalho.

* China and the Arabian Peninsula as Market Stabilizers, www.stratfor.com.