interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Saturday, May 12, 2007

Não seria Netuno?





Pois é, algumas vezes eu fui interpelado por crentes no centro de São Paulo. E crentes ali se vestem de acordo, com terno, gravata e portam valises cheias de panfletos coloridos. Alguns ainda em papel couché... Numa destas, pouco antes da (pseudo-)virada do milênio:


-- O mundo vai acabar! Estás ciente disto?! Por isto viemos trazer A Palavra do Senhor.


-- Ora, é mesmo? Por que vai acabar?


-- O homem destrói a si mesmo, peca e difama o nome de Deus.


-- Mas, como pode saber que vai, assim, acabar?


-- Já leu a Bíblia? Temos aqui um folheto explicativo
(sic) que mostra que essas coisas que estão acontecendo, terremotos, vulcões são sinais, são sinais da vontade de Deus.


Isso que ainda não tinha ocorrido a tsunami de 2004 no Índico. Se fosse o caso, já estaria atestado o apocalipse. O mundo já deveria ter acabado. Só não sei se Netuno tomaria o lugar de Lúcifer...


Mas, vocês sabem o que é dar quatorze aulas no dia, cujo tema principal foi estrutura geológica e tectônica de placas? Não que eu tenha a profundidade de um geólogo, mas como professor de geografia tenho que tratar o tema para adentrar em relevo, tornando este mais “palatável” para alunos de pré-vestibular. E vos garanto, não é fácil... Daí, ao final de um dia sofrido vindo de Santos para São Paulo, com mochila nas costas por que, por alguma razão estava sem carro, vêm estes dois agourentos me encher a paciência quando o que eu mais queria era um pouco de água encanada na cabeça. Vir me falar de “fim do mundo” foi demais, enquanto eu é que já estava acabado.


-- Olha, eu não estou com tempo agora, mas não é nada disso não. Terremotos ocorrem todos os anos em países como o Japão. A probabilidade de que um seja muito forte ou devastador (por que depende de onde ocorre) é de seis em seis anos...


-- Mas, você não acha que é um sinal?


(Interrompendo) -- Não, não acho, mas me dá um desses papelzinho(sic) que vou ler, prometo.


-- Bem, se o Senhor puder ajudar, nosso trabalho é voluntário, mas aceitamos contribuições de fiéis... de quem possa nos ajudar.


-- O trabalho não é voluntário? Vocês estão cobrando por algo que não concordo.


-- Não se faz nada sem dinheiro nesse mundo.


-- Pois é, eu que o diga... Não, não vou pagar pelo que não concordo. Boa noite.


E fui embora tomar meu banho.


Algo parecido ocorre hoje, só que ao invés de encontrarmos respostas na Bíblia, é Al Gore um de seus sintomas. Autodeclarado “budista”, o político aumenta o séqüito dos que vêem o “grande satã” no capitalismo. Troque o nome de Lúcifer por “aquecimento global” e pouco muda nessa lógica. Como a temperatura dos oceanos é tomada como uma das principais variáveis da teoria aquecimentista, por que não simplificamos utilizando um termo mais adequado, o nome de Netuno?

Friday, May 11, 2007

Brasil vs. Venezuela

Segue texto que circula na rede como sendo de Stephen Kanitz. O que não é verdadeiro, segundo este autor.
Mas, independente disto, vejam como o raciocínio é estratégico e, como o maniqueísmo do argumento sobre o Foro de São Paulo se torna primário.
a.h


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A viagem do Bush

(anônimo)

Thursday, May 10, 2007

Condições do biodiesel



A produção de etanol a partir do milho está mudando a face de várias regiões rurais dos EUA, uma delas está no estado de Iowa. Uma visão limitada deste movimento (assim de como se processa a economia americana) tenderia a achar que apenas produtores locais seriam os principais beneficiários, além dos consumidores locais. Já há dezenas de investidores e, entre os quais se inclui a John Deere, uma das maiores companhias de equipamentos agrícolas do país.

Como nos EUA, a agricultura não se desenvolve por "geração expontânea", um pacote de medidas subsidiarão o projeto. Com o preço do barril alto como está, o etanol tem grandes chances de alavancar. Como se vê no mapa acima, há várias plantas de produção de etanol em fase de construção.

A "onda verde" que toma conta do mundo tem seus reflexos no país de modo a guiar a produção. Ao invés de tributar mais e mais atividades poluidoras, o governo americano resolveu incentivar o substituto à gasolina. Na Califórnia, os subsídios são ainda maiores. Tudo pela política do "ar limpo".








A partir do ano que vem, todo o diesel consumido no país já poderá contar com 2% de biodiesel. A mistura de 5% prevista para 2013 poderá ser antecipada para 2010, a seguir esta tendência.

Não só o Brasil, mas outros países latino-americanos apresentam condições favoráveis de produção do biodiesel a partir de recursos próprios, como a cana, o milho, a soja, a palma azeiteira. Mas, é o nosso país que apresenta as melhores condições de produção que equivalem a metade do custo na União Européia ou um terço a menos que nos EUA.

Mas, a questão não são apenas de solo ou fertilidade, mas do nó górdio brasileiro: infra-estrutura e logística. O potencial baiano, por exemplo, é enorme. No entanto, a falta de logística faz com que 80% do álcool consumido no estado seja proveniente de outros estados.



A produção de etanol de milho americana é próxima da produção brasileira a partir da cana. Acontece que sua demanda é que é muito maior, o que oferece excelentes oportunidades para o Brasil. Nossos problemas aqui são contornáveis, como a emissão de selos de qualidade ambiental - "selo verde" -, enquanto que para os americanos, a produção já tem reflexos no preço do milho que está na base de sua dieta diária.

Ecologicamente, o etanol realmente tem características que atestam sua sustentabilidade. Além de se aproveitar mais, como o subproduto a partir do bagaço da cana, é possível produzir o biocombustível a partir do próprio lixo urbano.
(continua...)

Wednesday, May 09, 2007

Trabalho escravo no Brasil





MEMÓRIAS DO TRABALHO ESCRAVO
por Josino Moraes em www.diegocasagrande.com.br



Por outro lado...





The hunt for slave outposts in the Amazon
By Andrew Downie www.csmonitor.com


Não é por que o Josino contratou bóias-frias para limparem o terreno de seu pai que o "trabalho escravo" não exista neste país. Existe sim a chamada "escravidão por dívida", aquela na qual se eu não quitar minha dívida com trabalho, não posso deixar o emprego. Ora, nossa sociedade se baseia numa premissa: a do contrato. Qual é o contrato que pune um trabalhador com a obrigação de terminar o serviço com a prisão, além da simples demissão?


O que se esquece é que nosso sistema é baseado em uma "coisinha" chamada de LEI. Detalhe que é rotineiramente desprezado para justificar uma opção ideológica.


Imagine o leitor que algum de nós queira romper um contrato. Sanções ocorrerão e poderão ser na forma de multas, suspensões, penalizações etc., mas nunca na prisão.

Não é por que este é um tema intensamente explorado por nossos socialistas e oportunistas na mídia que devemos nos calar sobre a ausência do marco legal só por que queremos nos opor por opor. Isto não deveria servir para enganar quem se pauta pelo respeito à propriedade privada, isto é, a Lei. E não há propriedade nem lei sem seu sustentáculo: o livre-arbítrio que decide continuar ou não trabalhando em determinadas condições.

Informalidade