No entanto, eu acredito que o jogo entre as nações não é exatamente tão "racional" como se supõe (ou alguns realistas supõem), como cada ação dos estados guardasse uma "jogada" oculta de algum staff oculto planejando a dominação global.
Estou lembrando dos subsídios agrícolas americanos.
Se há fundamentação econômica no protecionismo, creio que concordamos que este não é um caso. Eu também acho que não se deve a "burrice econômica" que eles mantêm isso. Aliás, creio que economia não tem nada a ver com as razões dos que os mantêm. Não é mantido porque acham que é "bom" ou porque são "burros" em economia.
O que mantém os subsídios?
Não deixa de ser uma questão de interesses, sem dúvida.
O que me intriga é que há quem os considere também uma questão de raison d'état.
Digo isso porque foi esse o fundamento que eu vi um realista dar para os subsídios agrícolas americanos uma vez. Fez da prática um interesse de Estado americano: "Eu sou realista! Os EUA mantêm os subsídios porque eles impedem a AL de se desenvolver e assim eles podem nos dominar."
Eu achei bizarro a explicação e me perguntei se há qualquer evidência conhecida ou se lhe bastou o apriorismo "O que move a ação dos estados..." para sentenciar a causa da "coisa".
Bem, um estado não é exatamente um bloco monolítico e racional, lhe compõem oligarquias por vezes conflitantes cuja ação por sua vez visa a expandir o próprio bem-estar mas, muito embora vingue o interesse desses grupos de interesse nas ações finais do Estado, eu não chamaria qualquer coisa de interesse NACIONAL.
De um amigo.
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Vejo o racionalismo entre estados como o que é, um modelo. E modelos são "aproximações da realidade", não a própria realidade.
Acredito que os subsídios americanos sejam definidos democraticamente. E neste sistema predomina o corporativismo também.
Às vezes, o utilitarismo fala mais alto do que o liberalismo e, neste sentido, o dos ganhos superiores às perdas é mais racional que um ideal liberal comum. Te lembras quando Bush impôs cotas ao aço importado do Brasil? Pois bem, a medida caiu devido aos protestos dos próprios americanos que preferiram preservar a produtividade de suas empresas com matéria-prima mais barata.
Perfeito: os estados têm diversas agências que, não raro, conflitam entre si. Um caso do qual me lembro foi o do extinto IBDF vs. IBAMA. O primeiro subestimava a exploração vegetal e o segundo, claramente, a superestimava ao utilizarem diferentes metodologias de sensoriamento remoto para o desmatamento e queimadas.
Tu também está certíssimo ao distinguir interesses de estado de "interesse nacional". Os primeiros, mais precisos, se adequam à leis, estatutos etc.; o segundo é vago e mutante conforme a perspectiva ideológica.
É do interesse de estado preservar suas "oligarquias burocráticas", o que é plenamente contraditório, muitas vezes, com quem não pertence a nenhuma dessas 'oligarquias'.
Aí podemos perceber que países tão diferentes como Brasil e EUA têm seus "interesses de estado". O que muda, então? O tipo e o tamanho do estado de cada um.
O que sempre faltou aos teóricos socialistas e falta à nós, liberais é uma consistente teoria do estado que vá da macro à micro-estrutura do sistema público.
Reuniões como a da UNCTAD - United Nations Conference on Trade and Development - expressam um jogo diplomático que vai além das meras ideologias (socialista, liberal), mas não se resume aos modelos "realistas" de otimização dos recursos políticos pautados pela teoria dos jogos.
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