interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Saturday, December 17, 2005

Energia: petróleo

.
.
.

O ouro negro

por Rodrigo Constantino em 16 de dezembro de 2005
Resumo: Não será surpresa se o barril de petróleo ultrapassar os US$100 em breve.
© 2005 MidiaSemMascara.org



"My crispest conclusion is this: it is virtually impossible for Saudi Arabia ever to produce the 20 to 25 million barrels a day envisioned by the forecasters."
(Matthew Simmons)


Desde que Edwin Drake fez a primeira perfuração bem sucedida na Pensilvânia em 1859, o petróleo tem sido o recurso mais fundamental do mundo industrializado, deixando o carvão para trás. Seu domínio já dura mais de um século, sem parecer ameaçado no futuro visível. Entretanto, existem riscos do lado da oferta, que pode estar chegando ao seu pico, enquanto a demanda continua crescente, principalmente pelos novos consumidores, como os colossos China e Índia. Essa combinação entre demanda crescente e oferta limitada poderá jogar o preço do petróleo nas alturas. O movimento já pode ter começado, tendo o preço do barril triplicado desde 2002. Talvez o mundo tenha que aprender a conviver com novos patamares de preço do petróleo.
.
Vale antes um caveat: tentar prever o preço do petróleo ou o declínio da sua produção é uma tarefa quase impossível. No excelente livro The Prize, onde Daniel Yergin faz um relato brilhante da história dessa commodity, vemos que ainda no século XIX alguns “especialistas” alertavam para a queda iminente e vertiginosa da produção de petróleo. Erraram feio! Especialistas com PhD e CEOs de empresas vivem errando em suas previsões. Esse é o ponto que concede algum conforto, pois veremos adiante que os riscos de um declínio na produção mundial de petróleo são concretos.
.
As informações a seguir vêm principalmente do livro Twilight in the Desert, de Matthew Simmons, um especialista da indústria de energia com MBA em Harvard. É consenso na indústria que a Arábia Saudita possui capacidade ociosa e poderá sempre servir como fiel da balança no setor, suprindo a demanda não atendida. O ponto que Simmons chama a atenção diz respeito justamente a esta crença, baseada mais no desejo que nos fatos. Veremos de forma bastante simplificada suas principais conclusões.
.
Em primeiro lugar, há muito pouca informação confiável e disponível do setor petrolífero da Arábia Saudita, que responde por cerca de 13% da produção mundial de petróleo. Os relatórios por campo deixaram de ser publicados há mais de duas décadas. A transparência vem desaparecendo, e uma camada de segredo esconde os principais dados da Aramco, estatal responsável pelo petróleo. Os poucos dados disponíveis, entretanto, apontam para inúmeros problemas nos principais campos do país, mas são largamente ignorados pelos analistas. Declarações de funcionários do tempo em que a Aramco pertencia às empresas estrangeiras corroboram com a visão de que podem existir diversos problemas de produção na Arábia Saudita. Entrementes, a Aramco publica ter mais de 250 bilhões de reservas provadas, valor estável por 17 anos, período no qual o país produziu quase 50 bilhões de barris de petróleo. Como pode, sem nenhuma grande descoberta nova? Em 1977, a empresa reportava 100 bilhões de barris de reservas. Em 1979, ela foi totalmente nacionalizada, e deixou de reportar os dados por campo. Entretanto, em 1988 a empresa reportava um aumento de 100 bilhões de barris nas reservas. Como confiar nesses números?
.
Em segundo lugar, algo como 90% de todo o petróleo produzido na Arábia Saudita veio de apenas 7 campos gigantes, e todos eles estão maduros e velhos, mas ainda são responsáveis pela mesma parcela da produção total. Os dois maiores, Ghawar e Safaniya, produzem cerca de 75% do total. Vários campos menores foram descobertos ao longo dos anos, mas nenhum chegou a produzir enormes quantidades de petróleo. Isso a despeito dos pesados investimentos do reino, sempre utilizando tecnologia do estado da arte. A verdadeira história do petróleo na Arábia Saudita difere bastante da sabedoria popular. Desde a década de 1970, nenhum grande campo promissor foi descoberto, mesmo com muita dedicação e investimento por parte da Aramco.
.
Outro problema é o uso da injeção de água para manter elevadas pressões nos poços. O país iniciou este experimento em 1956, conseguindo eliminar o problema da capa de gás que se forma no topo do poço e mantendo o fluxo de petróleo elevado. Entretanto, tal esforço não vem sem custos. A super produção pode levar ao declínio da capacidade produtiva mais rapidamente. A corrosão é outro problema. Como os donos estrangeiros da Aramco sabiam das intenções do governo de comprar suas participações, podem ter acelerado o uso dos campos para extrair o máximo de petróleo no menor tempo possível. Em menos de uma década, a produção de petróleo na Arábia Saudita cresceu por um fator de 4! Não há nada similar na história do petróleo mundial. As conseqüências desse abuso ainda são desconhecidas.
.
Em 2004, a Saudi Aramco revelou seus planos para investimentos em exploração e produção de petróleo, e o orçamento até 2007 projetava US$18 bilhões de gastos, um aumento de um terço frente ao gasto médio dos últimos 10 anos. Tais investimentos, entretanto, não buscam o aumento da produção, mas apenas repor a capacidade perdida. Informações fragmentadas como esta, se compiladas e concatenadas por um cético, podem levar à conclusões alarmantes. No restante da península árabe, incluindo Yemen, Oman e Emirados, a exploração tem sido intensa, sem muito sucesso na descoberta de novos campos. O mesmo ocorre com Jordânia e Irã. O rei dos reis, Ghawar, que já trouxe ao mundo algo como 55 bilhões de barris de petróleo, foi descoberto em 1948, seguido pelo Abquaiq 8 anos depois. Desde 1968, entretanto, nenhum campo de peso foi encontrado na Arábia Saudita. O pico de produção do Ghawar se deu em 1981, quando foram produzidos 5,7 milhões de barris diários.
.
Um estudo comparativo feito com outros grandes campos de diferentes países mostra um certo padrão na curva de produção. Eventualmente, todos atingem o pico! Na média, a produção cai pela metade, pelo menos, nos 10 anos após o pico. Foi assim na Rússia, no Mar do Norte, no Irã, enfim, na grande maioria dos casos. Quando os soviéticos expandiram a produção de forma agressiva, dobrando o volume entre 1978 e 1988, a queda foi drástica depois. A produção total caiu de 12,2 milhões de barris diários em 1989 para 7,1 milhões 7 anos depois. Até quando o rei Ghawar irá agüentar manter seu ritmo de produção em torno de 5 milhões de barris diários? É uma incógnita...
.
Sobre os combustíveis alternativos, não cabe um aprofundamento aqui. No livro The Oil Factor, Stephen Leeb dedica um bom espaço para defender sua teoria de que não temos substitutos viáveis no curto prazo. São inúmeros problemas em cada um deles, tanto técnicos como comerciais. Energia solar, nuclear, cada uma encontra infinitas barreiras pela frente, não representando um plano B viável. Simmons concorda que um dos maiores riscos atualmente é a ausência desse plano B, de uma alternativa. Ambos acreditam que o petróleo, no médio prazo, tem uma só direção. Vai subir! Sem falar dos riscos de uma guerra nova, envolvendo o Irã, por exemplo. E destacando que a maior parte dos países produtores de petróleo contém problemas políticos, como Nigéria e Venezuela, sem falar do Oriente Médio. Riscos de rupturas nesses países não devem ser descartados.
.
Não quero ter a pretensão de acertar o preço futuro do petróleo, que chegou a bater em US$70 por barril recentemente. Mas juntando os dados que li nos diferentes livros, não ficaria nada espantado se visse o petróleo acima de US$100 por barril em breve. Muitos outros fatores podem alterar radicalmente este cenário. Porém, estou bastante convencido de que, ceteris paribus, entramos em uma era de novo patamar de preço para o ouro negro.

.
.
Rodrigo Constantino é economista pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no mercado financeiro desde 1997. É autor dos livros "Prisioneiros da Liberdade" e "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", ambos pela editora Soler.
.
.
.

Sobre racismo

.
.
.

Racismo antimuçulmano?

por Daniel Pipes em 16 de dezembro de 2005
Resumo: O termo racismo refere-se apenas a questões raciais, e não a opiniões sobre imigração, cultura, religião, ideologia, manutenção da ordem ou estratégia militar.
© 2005 MidiaSemMascara.org

Minhas conferências em universidades americanas às vezes geram protestos de grupos de esquerda e de islamistas que me cobrem de insultos. Um de seus favoritos é “racista”. Neste ano, por exemplo, uma "Manifestação contra o racismo" precedeu minha palestra no Rochester Institute of Technology, fui acusado de racismo contra imigrantes muçulmanos no Dartmouth College, e panfletos distribuídos na Universidade de Toronto imputaram-me “racismo antimuçulmano”.

.

Racismo antimuçulmano? O oximoro me confunde. Pois se o Islã é uma religião com fiéis de todas as raças e cores, onde entra a questão racial nisso tudo? Os dicionários são unânimes em ligar ‘racismo’ a raça, e não a religião:

- American Heritage: “A crença em que as raças explicam as diferenças de caráter ou de capacidade no ser humano e que uma determinada raça é superior às demais. Discriminação ou preconceito de base racial.”


- Merriam-Webster: “Crença em que a raça é o principal determinante dos traços e aptidões humanas e que diferenças raciais produzem uma superioridade inerente a uma raça em particular.”


- Oxford: “A crença em que existem características, aptidões ou qualidades específicas a cada raça. Discriminação contra ou antagonismo a outras raças.”


.

Até a famigerada conferência de Durban contra o racismo, realizada pelas Nações Unidas em 2001, deixou implícita a mesma definição ao rejeitar “qualquer doutrina de superioridade racial e outras teorias que procuram reconhecer a existência de raças humanas supostamente distintas”.

.

Assim entendido, o termo racista não pode ser aplicado a mim, pois eu não creio que a raça defina aptidões nem que certas raças sejam mais capazes do que outras. E meus textos e palestras nunca abordam questões raciais.

.

Deve-se concluir que racista é meramente um termo pejorativo do qual a esquerda e os islamistas se servem a toda hora, um impropério mágico que desqualifica sem prestar contas à verdade? Não, a evolução dessa palavra é mais complexa do que isso.

.

Atualmente racismo é empregado cada vez mais em um sentido que ultrapassa a sua definição nos dicionários. O diretor do prestigioso Institute of Race Relations (IRR) de Londres, A. Sivanandan, tem promovido o conceito de um “novo racismo”, agora relativo a imigração, e não a raça.

.

É um racismo que não se volta somente contra as pessoas de pele mais escura, originárias dos antigos territórios coloniais, mas às novas categorias de exilados, de despossuídos e expatriados que vêm bater às portas da Europa Ocidental, a Europa que concorreu para o seu desterro em primeiro lugar. É um racismo, melhor dizendo, que não se exprime por cores, dirigido como é também aos brancos pobres, e por isso se disfarça de xenofobia, um medo “natural” aos estrangeiros.

.

Um relatório oficial da Austrália vai em outra direção, a do “racismo cultural”:


Na era moderna, a presunção subjacente a “racismo” é a crença em que as diferenças de cultura, de valores, e/ou de práticas de alguns grupos étnicos/religiosos são “demasiadas” e podem ameaçar os “valores da comunidade” e a coesão social.

.

Uma vez desvinculado o racismo de características raciais, aplicá-lo aos muçulmanos é um passo de nada. É assim que Liz Fekete, do IRR, detecta “racismo antimuçulmano” na legislação, nas medidas de segurança e nas ações contraterroristas derivadas da “guerra contra o terror” (as aspas são da autora). Ela também vê a proibição do hijab nas escolas públicas francesas, por exemplo, como um caso de “racismo antimuçulmano”. Outros membros do IRR alegam que “os muçulmanos e os que se parecem com os muçulmanos são o alvo principal de um novo racismo”.

.

O mesmo fez o reverendo da Igreja Batista Abissínia de Nova York, Calvin Butts III, que recentemente assim opinou em uma conferência das Nações Unidas sobre islamofobia: “Quer gostem ou não, os muçulmanos são rotulados como pessoas de cor nos racistas Estados Unidos (...) ninguém vai chamá-lo de n-----, mas o chamarão de terrorista”. Para o reverendo Butts, o contraterrorismo equivale ao racismo. [Com este sofisma, qualquer ação efetiva contra o terrorismo fica então, moralmente condenada.]

.

Quando o deputado Tom Tancredo, um republicano do Colorado, lançou a idéia de bombardear os santuários islâmicos como forma de dissuasão, um líder do Nação do Islã em Denver, Gerald Muhammad, considerou racistas os seus comentários.

.

Notem bem a evolução: enquanto a crença nas diferenças entre as raças e na superioridade racial diminui na boa sociedade, alguns expandem o significado de racismo para condenar decisões de ordem política como se preocupar com a imigração excessiva (mesmo com a de brancos pobres), preferir a própria cultura, temer o Islã radical e implementar medidas contraterroristas efetivas.

.

Essa tentativa de deslegitimar as diferenças políticas deve ser rechaçada. O termo racismo refere-se apenas a questões raciais, e não a opiniões sobre imigração, cultura, religião, ideologia, manutenção da ordem ou estratégia militar.

.


Publicado por New York Sun. Também disponível em danielpipes.org
Tradução: Márcia Leal.

Daniel Pipes é um dos maiores especialistas em Oriente Médio, Islã e terrorismo islamista da atualidade. Historiador (Harvard), arabista, ex-professor (universidades de Chicago e Harvard; U.S. Naval War College), Pipes mantém seu próprio
site e dirige o Middle East Forum, que concebeu junto com Al Wood e Amy Shargel — enquanto conversavam à mesa da cozinha de sua casa, na Filadélfia — e que hoje, dez anos mais tarde, tem escritórios em Boston, Cleveland e Nova York. Depois do MEF, vieram o Middle East Quartely, o Middle East Intelligence Bulletin e o Campus Watch, dos quais ele participa ativamente. Juntos, esses websites recebem mais de 300 mil visitantes por mês. Por fazer a distinção sistemática entre muçulmanos não-islamistas e extremistas islâmicos, Daniel Pipes tem sido alvo de ataques contundentes. A polêmica gerada por sua nomeação, em 2003, para o Institute of Peace pelo presidente George Bush apenas confirmou o quanto as idéias de Pipes incomodam as organizações islamistas e outros interessados em misturar muçulmanos e terrorismo. Daniel Pipes é autor de 12 livros, entre eles, Militant Islam Reaches America, Conspiracy, The Hidden Hand e Miniatures, coletânea lançada em 2003.

.
.
.

Thursday, December 15, 2005

Esta é inédita!

.
.
.
14/12/2005
Terra indígena em Mato Grosso do Sul será devolvida a fazendeiros


A terra de Nhande Ru Marangatu, cuja homologação como área indígena foi suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal no dia 27 de novembro, está prestes a ser reintegrada a três fazendeiros do Mato Grosso do Sul. De acordo com a Funai - Fundação Nacional do Índio, determinação do ministro Nelson Jobim levou a presidente do Tribunal Regional Federal de São Paulo, Diva Malerbi, a reconsiderar a ação dos fazendeiros.
.
Segundo o coordenador de Assuntos Externos da Funai, Michel Blanco, cerca de 200 policiais federais deverão começar nesta quinta-feira (15) a operação de retirada dos índios Guarani-Kaiowá. Ele informou que o procurador da instituição, Luiz Fernando Villares, enviou na terça-feira (13) ao STF um pedido de suspensão da liminar, indeferido nesta quarta-feira (14). Foi negado, também, o pedido de adiamento da reintegração, feito pelo procurador federal da Funai em Dourados (MS), Charles Pessoa, na Justiça Federal de Ponta-Porã (MS).
.
"A Funai tentou todos os recursos possíveis para impedir a expulsão dos índios de uma área por eles ocupada e reconhecida como terra indígena pela União, por meio de decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 28 de março deste ano", explicou o coordenador, acrescentando que cerca de 700 índios habitam a região. Para Blanco, a decisão do ministro Nelson Jobim foi injusta: "Infelizmente, beneficia os fazendeiros e agrava ainda mais a situação de opressão contra o povo Guarani-Kaiowá".
.
Mais de dez áreas reconhecidas como de habitação dos índios Guarani estão com os processos de demarcação parados por decisões judiciais. (Adriana Franzin/ Agência Brasil)
.
.
.
.
.
.
Tenho que verificar, mas se não me engano, os fazendeiros também são índios que não querem a tutela e acusaram a Funai de corrupção!
a.h
.
.
.

Poluição: monitoramento global

.
.
.
Novo sistema permite mapa diário da poluição mundial

Jonathan Amos
de São Francisco


Com a ajuda de satélite, mapas holandeses localizar cidades poluídas
.
Cientistas holandeses estão elaborando mapas mostrando a poluição na Europa e outras regiões do planeta com um novo sistema que observa a troposfera, a parte mais baixa da atmosfera.
.
O Instrumento de Monitoramento de Ozônio (Omi, na sigla em inglês), um equipamento de fabricação holandesa e finlandesa, e outros equipamentos do satélite Aura poderão elaborar uma análise diária da qualidade do ar no mundo.
.
Os mapas de poluição, que poderão dar detalhes em cada cidade, serão usados para identificar locais com problemas mais graves.
.
"Esta é a primeira vez que somos capazes de acompanhar a poluição no mundo todo, diariamente", disse a cientista Pieternel Levelt, do Instituto Real Holandês de Meteorologia, que é o principal investigador do Omi.
.
"(Os mapas) vão nos ajudar a entender como a poluição é formada e de onde vem, quais são suas fontes; onde vai. Tudo isso nos ajuda a entender a química envolvida e é importante se nós quisermos checar nossos modelos", acrescentou.
.
Dióxido de nitrogênio

Levelt anunciou o projeto na Reunião de Outono da União Americana de Geofísica (AGU, na sigla em inglês), em São Francisco, Estados Unidos.
.
A equipe da cientista apresentou mapas que estão sendo desenvolvidos para detectar dióxido de nitrogênio (NO2).
.
O gás, que vem de escapamentos de veículos, usinas de força e da indústria, é um importante precursor na produção de ozônio ao nível do chão, parte da poluição fotoquímico que pode deteriorar o ar na cidade, principalmente nos meses de verão.
.
Seguindo o desenvolvimento e a disseminação do NO2, o sistema Omi poderá ser usado para ajudar nas previsões de onde o problema de atmosfera poderá se desenvolver e também identificar locais onde o problema é mais grave.
.
Um dos mapas, apresentado em São Francisco, que reuniu informações de maio a setembro de 2005, mostrou emissões altas em algumas cidades européias, em particular sobre a Antuérpia, Rotterdam e a região do rio Rhur, na Alemanha.
.
O instrumento Omi também pode detectar a presença de formaldeído, dióxido de enxofre, outras partículas pequenas e também o ozônio da troposfera.
.
A equipe de cientistas holandeses ainda está na fase piloto do projeto de mapeamento, mas espera iniciar o fornecimento de informações para todas as partes do mundo.
.
.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/12/051209_mapapoluicaofn.shtml
.
.
.


Iraque 5

.
.
.

Votação é encerrada na eleição iraquiana

Comparecimento às urnas foi alto nesta quinta-feira

As urnas foram fechadas nesta quinta-feira na eleição parlamentar do Iraque, encerrando um pleito histórico que, apesar de alguns incidentes, contou com alto comparecimento dos eleitores.

.


Os iraquianos escolhem o primeiro governo regular do país desde a invasão liderada pelos Estados Unidos.

.


Não há data prevista para a divulgação dos resultados finais – nas últimas eleições, a contagem levou duas semanas.

.


Veja fotos do dia de votação

.


Apesar das rigorosas medidas de segurança em várias áreas do país, foi ouvido um forte estrondo perto da zona fortificada de Bagdá, a chamada Zona Verde, onde fica a sede do governo iraquiano e várias embaixadas ocidentais. Não há notícia de vítimas.

.


Bombas


Disparos de morteiro foram ouvidos em várias áreas em volta de Bagdá, e há informações de pelo menos dois civis feridos.

.


Em Mosul, um guarda hospitalar morreu quando uma bomba explodiu perto de uma zona eleitoral, dizem testemunhas.

.


Também houve disparos de morteiros em uma zona eleitoral na cidade natal de Saddam Hussein, Tikrit.

.


Na véspera da votação, foram descobertas e desarmadas bombas colocadas nas proximidades de várias zonas eleitorais em Bagdá, Falluja e outras cidades, de acordo com fontes militares americanas.

.


O governo iraquiano repetiu as medidas de segurança adotadas durante o referendo sobre a nova Constituição em outubro.

.


O governo proibiu a circulação de carros sem autorização especial, fechou as fronteiras internacionais, restringiu as viagens entre as províncias dentro do país e estendeu em três horas o toque de recolher.

.


As medidas entraram em vigor na terça-feira e continuam até domingo.

.


Candidatos


De acordo com a Comissão Eleitoral Iraquiana, 7.655 candidatos se inscreveram para disputar os 275 assentos no Parlamento. Eles estão divididos em 307 entidades políticas, agrupadas em 19 coalizões.

.


Os mais de 15,5 milhões de iraquianos habilitados tiveram a disposição 33 mil zonas eleitorais instaladas no país, além de postos de votação em 15 outras nações para os emigrantes.

.


Os partidos e outras agremiações políticas registraram mais de 230 mil observadores para estas eleições. O número de monitores independentes chega a 120 mil, incluindo 800 estrangeiros.

.


As principais coalizões na disputa são a xiita Aliança Iraquiana Unida (do primeiro-ministro Ibrahim Al-Jafari), a Lista de Coalizão do Curdistão (do presidente Jalal Talabani) e a sunita Frente de Acordo Iraquiano.

.


Entre os grupos de mais peso, há ainda duas listas seculares que unem xiitas e sunitas: a Lista Nacional Iraquiana, liderada pelo ex-primeiro ministro (apontado pelas forças de ocupação) Ayiad Allawi, e Coalizão do Congresso Nacional, liderada por Ahmed Chalabi (ex-aliado dos Estados Unidos mas que acabou se desentendendo com os americanos).

.


A população já foi chamada a votar duas vezes em 2005. Pouco menos de 60% dos eleitores foram às urnas nas eleições de janeiro, e pouco mais de 60% participaram do referendo que aprovou a nova Constituição.

.


Mas analistas previam que estas eleições seriam bem diferentes da disputa do início do ano porque o sistema mudou e porque os sunitas – que boicotaram a eleição de janeiro – parecem estar mais interessados na disputa. Há indícios de alto comparecimento nas regiões sunitas do Iraque.

.

http://noticias.uol.com.br/bbc/2005/12/15/ult36u40515.jhtm
.
.
.


Energia: biodiesel

.
.
.
É... parece que o Brasil vai ficar para trás também nesta. Se não se adiantar neste processo de substituição de fontes energéticas, outros tomarão a dianteira, como parece que está para acontecer...

Não que o surgimento de matrizes tecnológicas em outros países não seja saudável. Pelo contrário... Mas, não vejo um programa nacional neste sentido por aqui.

a.h

.
.
.

Ter, 13 Dez - 08h31


Empresa cultiva planta para biodiesel alternativo à gasolina


Jerusalém, 13 dez (EFE).- Uma empresa israelense chamada "Amantes da agricultura" cultiva em grandes extensões da África uma planta de cujas sementes será produzido um biodiesel que substituirá a gasolina em motores e veículos.
.
A informação foi confirmada hoje ao jornal Yediot Aharonot pelo diretor da organização Agritech, Daniel Meiri. A companhia conta com fundos locais e internacionais para isso, assinalou.
.
O cultivo da planta denominada "jetrofa" e outras, que abrangerá milhares de hectares, já foi iniciado num país africano não identificado, onde o clima e as condições do solo são ideais e a mão-de-obra é barata, ressaltou.
.
A planta será apresentada na Exposição Internacional Agritec-2006, em Tel Aviv. A companhia conta com experiência em projetos agrícolas de projeção mundial, informou.
.
Na exposição serão apresentadas sementes de diversas plantas das quais se pode extrair o biodiesel, que será mais barato que a gasolina comum. Os cultivos prosperam especialmente em alguns Estados do continente africano, disse, sem divulgar mais detalhes.
.
Segundo o jornal de Tel Aviv, a empresa israelense já assinou contratos de exportação de "dezenas de milhões de dólares" com "vários países da Europa e da América" para o próximo ano.
.
Um conselheiro econômico em assuntos agrícolas, Ronen Sender, declarou que se trata de um sistema para obter combustíveis alternativos e não convencionais.
.
Calcula-se que daqui a dez anos 10% dos veículos funcionarão com o biodiesel.
.
.
.

RS: crise calçadista

.
.
.
A indústria calçadista é oportunista e migra continuamente


Falar em crise calçadista é algo retrógado, como já se viu de forma muito clara, com grandes altos e baixos, a partir dos anos 60. Nunca foi um setor consolidado. Sempre viveu de oportunidades, deslocando-se do seu pólo original em busca de mão-de-obra mais barata, além de benefícios materiais e incentivos fiscais, bom câmbio e juros baixos. De Novo Hamburgo as indústrias migraram para Campo Bom, Sapiranga, Parobé e depois para o Nordeste e a China. O RS já teve empresas com capital em bolsa, a Calçados Erno. Nós gaúchos já tivemos a maior indústria de calçados ortopédicos creio que da América do Sul, a Ortopé, cujo dono foi Secretário de Estado e Deputado. Outro ícone, o empresário que abriu as exportações para a Inglaterra, Claúdio Strasburguer, foi Deputado e Vice-Governador. Grupos financeiros, como o Sibisa, fizeram furor no setor. Todos quebraram. Os que não quebraram, migram a tempo para o Nordeste e para a China. Estão aí os casos mais emblemáticos dos Grendene (Ceará) e Ernesto Correia (China). Estados como o RS e São Paulo só conseguem manter a indústria calçadista que apostou alto na modernização, incluindo aí design de última geração, equipamentos sofisticados, tecnologia de ponta e qualidade total, capazes de produzir calçados de alto valor agregado.
.
A razão do permanente do periódico insucesso, é sempre a mesma: custo de mão-de-obra, cujo uso é necessariamente intensivo. Isto gerou o deslocamento para regiões vizinhas, e que por sua vez, na roda econômica gerou um brutal acréscimo de renda regional e demandas. Na busca de redução de custos, os - ¨empresários ¨optaram pela -mão de obra- e não pela modernização.
.
Novo Hamburgo e vizinhança ainda concentram o maior número de Galaxys do Brasil. Suas mansões são exuberantes. As fábricas até quebraram, mas os empresários permaneceram ricos.
.
Artigo a quatro mãos: Edmundo Gardolinski e Políbio Braga
.
.
.

FMI

.
.
.

O Bode Expiatório

por Rodrigo Constantino em 15 de dezembro de 2005
Resumo: O FMI representa mais um seguro contra crises que qualquer outra coisa, mas pela mitologia canhota disseminada no país, acaba representando o inimigo número um do povo.
© 2005 MidiaSemMascara.org

O governo anuncia que vai antecipar o pagamento dos mais de US$ 15 bilhões de dívida com o FMI. O povo, acostumado a ver a entidade como o eterno bode expiatório dos males nacionais, comemora. Infelizmente, trata-se de medida política e populista, sem muita lógica econômica.

.

A dívida com o FMI é uma das mais baratas dentro do endividamento total do governo. Não é preciso ser um expert em economia para entender que faz mais sentido abater antes as dívidas que custam mais caro. Na verdade, o FMI representa mais um seguro contra crises que qualquer outra coisa, mas pela mitologia canhota disseminada no país, acaba representando o inimigo número um do povo. Como se a UTI de um doente moribundo fosse causa, e não conseqüência, da sua doença. Querem quebrar o termômetro para acabar com a febre!

.

Mas de fato é bom que o país possa deixar de depender do FMI. Curioso é que isso foi possível pela política de superávit fiscal, tão combatida pela esquerda, a mesma que condena o FMI. Mais um caso de esquizofrenia típica dos socialistas.

.

O governo não deveria parar na quitação da dívida com o FMI, pois a dívida pública ainda é muito elevada. Por isso mesmo, deve seguir uma receita liberal, aumentando o superávit fiscal, de preferência via a redução dos gastos públicos, e usando o dinheiro para o abatimento das dívidas. Privatizar as estatais seria ótimo também, pois governo não tem que ser empresário. Com tais medidas, o país jamais precisaria depender novamente do bode expiatório preferido dos brasileiros.

.


Rodrigo Constantino é economista pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no mercado financeiro desde 1997. É autor dos livros "Prisioneiros da Liberdade" e "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT", ambos pela editora Soler.

.
.
.

Wednesday, December 14, 2005

Iraque 4

.
.
.
Entenda o que está em jogo nas eleições no Iraque

Eleitores arriscam sua segurança pessoal para votarem no Iraque
.
A eleição parlamentar iraquiana, marcada para esta quinta-feira, 15 de dezembro, é outro marco do processo político iniciado pelos americanos após a derrubada do regime de Saddam Hussein, em 2003.
.
O analista para o Oriente Médio da BBC Roger Hardy examina as questões mais importantes relacionadas ao pleito.
.
Qual a importância das eleições?
.
O pleito vai eleger um governo definitivo com um mandato de quatro anos, em vez de outro governo interino como os últimos dois que foram encarregados de administrar o Iraque, entre eles o atual.
.
Existe uma grande possibilidade de que esse governo seja mais representativo, especialmente com uma participação maior de muçulmanos sunitas. A esperança é que esse futuro governo tenha mais legitimidade aos olhos dos iraquianos e do resto do mundo.
.
As eleições marcam o fim de um processo político dominado pelos americanos e da transição para uma era em que a política do país será conduzida por iraquianos.
.
A presença militar americana vai continuar, o que manterá a necessidade de cooperação entre o futuro governo e os Estados Unidos. Ficará mais difícil para os críticos, entretanto, sustentar a idéia de que todo o processo é ilegítimo.
.
A grande esperança em Washington é que uma eleição bem-sucedida leve ao fim da insurgência e abra a possibilidade de uma retirada gradual das tropas americanas a partir do próximo ano.
.
Como vai acontecer a votação?
.
O sistema eleitoral será diferente do usado nas últimas eleições em janeiro. Desta vez, cada uma das 18 Províncias terá um número fixo de lugares no Parlamento, proporcionais às suas populações, independentemente do comparecimento dos eleitores às urnas.
.
A medida deve beneficiar os sunitas, pouco representados no atual Parlamento. Espera-se um maior comparecimento às urnas dessa parcela da população iraquiana em comparação com as eleições em janeiro.
.
Quais são os principais envolvidos no pleito?
.
Embora um grande número de partidos e coalizões tenha se inscrito para participar, os principais blocos políticos são:
• Aliança do Iraque Unido: O bloco une partidos religiosos xiitas, incluindo o movimento do clérigo Moqtada Al-Sadr.
• Aliança Curda: Une o Partido Democrático Curdo (KDP, na sigla em inglês) e a União Patriótica do Curdistão (PUK).
• Uma aliança secularista nacionalista liderada pelo antigo primeiro-ministro Iyad Allawi.
• Outra aliança secularista rival, liderada pelo atual vice-premiê, Ahmad Chalabi.
• Vários grupos sunitas, nenhum forte o suficiente para reivindicar o título de porta-voz da comunidade.
.
.
Espera-se que os xiitas tenham um bom desempenho na eleição, embora não tão bom como nas últimas eleições. A maior autoridade xiita do país, o aiatolá Sistani, deu seu apoio tácito ao bloco nas últimas eleições, mas desta vez sua posição não é tão clara.
.
Existe também a percepção de que o atual governo de Ibrahim Jaafari, dominado pelos partidos religiosos xiitas, teve um desempenho fraco, o que pode se refletir nas urnas.
.
Quais os assuntos principais que vão dominar as eleições?
.
• Violência
Um desafio logístico é garantir a segurança das estações eleitorais. Os iraquianos já demonstraram duas vezes esse ano que estão dispostos a enfrentar grandes riscos para votar. Durante o referendo de outubro, alguns grupos de insurgentes sunitas concordaram em observar uma trégua. Mesmo que eles repitam o comportamento, a organização extremista Al Qaeda no Iraque, comandada por Abu Musab Al-Zarqawi, ameaça prejudicar as eleições.
• Sectarismo
Tensões entre xiitas e sunitas contribuem para o clima de insegurança e favorecem partidos que apelam para a identidade étnica ou religiosa da população.
• Desconfiança

Foram feitas muitas reclamações no período que antecedeu as eleições, especialmente em áreas sunitas, sobre o número insuficiente de sessões eleitorais. Também foram levantadas questões sobre o número de assentos que foram atribuídos a certas províncias no Parlamento e sobre a neutralidade da comissão eleitoral. Esses temas podem gerar disputas após as eleições.
.
O que acontece depois do pleito?
.
A maioria dos analistas duvida que a eleição mudará o cenário político, mas se o desempenho xiita for pior e o sunita melhor do que anteriormente, os dois grupos vão ter que negociar mais no futuro.
.
O novo governo enfrentará tarefas urgentes.
.
Eles precisam encontrar maneiras mais eficientes de combater a resistência, finalizar a Constituição e, o mais importante, ganhar credibilidade aos olhos do sofrido povo iraquiano.
.
.
.
.

Tuesday, December 13, 2005

China, Japão e EUA

.
.
.
Rearmamento japonês e ameaça chinesa

por Jeffrey Nyquist em 13 de dezembro de 2005
Resumo: Dado que o Japão prefere gastar menos de 1% do PNB em defesa e questiona a disposição americana em se opor à China, a idéia de uma escalada militar japonesa (mesmo em resposta a uma escalada chinesa) é um mito.
© 2005 MidiaSemMascara.org

Em abril de 2002, o website World Socialist, publicado pelo Comitê Internacional da IV Internacional, proclamou que "a beligerância americana está encorajando políticos japoneses a exibirem o sabre nuclear contra a China". Dois políticos japoneses – o líder do Partido Liberal, Ichiro Ozawa e o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara – foram destaque na mídia ao se referirem à escalada militar chinesa. A esquerda, bem como os que culpam a América pelos problemas do mundo, acham que a escalada militar chinesa é justa. De fato, os socialistas da Quarta Internacional acreditam que os ataques da Al-Qaeda no World Trade Center são o sinal de uma nova "guerra imperialista" orquestrada por belicistas americanos. De acordo com o website World Socialist, "as tendências políticas mais direitistas estão emergindo na medida em que as classes dominantes concluem que eles também necessitarão de forças militares para buscarem seus interesses econômicos e estratégicos".

.


O suposto retorno do militarismo japonês (com a conivência de Washington) é uma preocupação constante para a causa socialista. Em 6 de abril de 2002, o líder do Partido Liberal,
Ichiro Ozawa, disse a autoridades chinesas que o Japão poderá reagir à escalada militar chinesa com uma espetacular escalada própria. "Se a China inflar muito", alertou Ozawa, "então a povo japonês ficará histérico. Se o Japão desejar, poderá ter milhares de ogivas nucleares da noite para o dia". Em maio de 2002, o ministro-chefe da Secretaria do Governo do Japão, Shinao Abe, disse que a posse de armas nucleares é permitida pela Constituição Japonesa. Ao notar o problema terrorista-comunista, o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, disse: "Os americanos definiram os ataques de 11 de setembro como uma 'nova guerra', mas nós, japoneses, estamos nisso há anos. Muitos japoneses foram sequestrados por agentes norte-coreanos".

.


É claro que os socialistas descartam essas declarações como "demagogia direitista". O mais interessante de tudo é que eles acreditam que o capitalismo está prestes a entrar em colapso. Eles também acreditam que o militarismo é a última e desesparada tentativa de prorrogar a vitória final da classe trabalhadora. De acordo com os socialistas, "Líderes políticos exigem que os trabalhadores aceitem cortes drásticos nos seus padrões de vida e culpam tudo, desde os imigrantes até a corrupção e as políticas financeiras americanas, pela crise econômica". A ameaça comunista é um mito, dizem os socialistas. O capitalismo está morrendo e seu último suspiro vai disparar uma guerra imperialista final. Portanto, o bloco socialista deve estar forte e preparado.

.


No mês passado, Ishihara deu outra declaração controversa: "É claro que sentimos a ameaça militar da China", explicou. "Suponha que os EUA e a China entrem em guerra. Os EUA seriam derrotados porque os chineses não se importam com perdas de vidas humanas. Não há país na história que tenha matado tantas pessoas de sua própria população". De acordo com Ishihara, "Guerras implicam em atritos humanos. A China não valoriza a vida humana e pode começar uma guerra sem grandes preocupações. Estamos atualmente num estado de tensão muito pior do que o período da Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a antiga União Soviética estavam em conflito". Ishihara explicou então que os Estados Unidos não são como a China. A sociedade civil americana deposita grande valor na vida humana e, portanto, não pode vencer uma guerra contra um país brutal e populoso. "Acreditamos que o Japão está protegido sob o Tratado de Segurança Japão-EUA", disse, "mas é um tratado bastante duvidoso".
Os chineses e os socialistas não concordam com Ishihara. De acordo com
People's Daily, "o poderio militar da China é relativamente fraco, mas seu poderio estratégico é grande". Pequim diz que a China não ameaça o Japão e os Estados Unidos. Zheng Bijan (uma autoridade do Partido Comunista) concorda: "De acordo com os planos estratégicos chineses, levará mais 45 anos – até 2050 – antes que possamos chamar a China de um país desenvolvido de médio porte". Mas desenvolvimento de longo prazo e poderio militar, na esteira de um conflito nuclear, não têm nada a ver um com o outro. O jogo real não é sobre desenvolvimento, mas sobre sobrevivência nacional. A China é uma ameaça ao Japão? Os leitores podem tirar suas próprias conclusões comparando o Exército de Libertação Nacional com as Forças de Auto-Defesa Japonesas. O poderio militar chinês é aproximadamente dez vezes superior ao japonês e atualmente possui centenas de armas nucleares. As forças terrestres chinesas incluem mais de 8.000 tanques, 4.000 transportadores de tropas blindadas e 25.000 dispositivos de artilharia. As reservas militares chinesas eclipsam as do Japão. Mas, em cinco anos a mesa poderia ser virada. Apesar da retórica de politicos como Ishihara e Ozawa, o Japão não gosta de gastos militares. E o povo japonês não aprovaria a construção de um arsenal nuclear. Conforme explicou o Prof. Matake Kamiya, "a idéia de que o Japão possa construir um arsenal nuclear quando bem entender é equivocada e mais baseada em mitos, mal-entendidos e deturpações, do que em evidências empíricas".

.


Dado que o Japão prefere gastar menos de 1% do PNB em defesa e abertamente questiona a disposição americana em se opor à China, então qual é a estratégia japonesa? O Japão está cortando seus tanques e dispositivos de artilharia em 1/3 para poder gastar mais com os aposentados. A idéia de uma escalada militar japonesa (mesmo em resposta a uma escalada chinesa) é um mito. O jeito japonês de lidar com a China pode ser detectado pela nova abertura com a Rússia. Nos últimos dois anos, o Japão aumentou drasticamente seu comércio com a Rússia, investindo pesadamente em projetos petrolíferos e de gás. A Toyota planeja construir uma indústria na Rússia. Os analistas militares japoneses acreditam que a China não agrediria o Japão caso o Japão e a Rússia sejam aliados econômicos. (Essa noção, sem dúvida, é encorajada por Moscou).

.


Porém, o wishful thinking japonês ignora o fato de que a Rússia está apoiando a escalada militar chinesa. Quanto à razão dessa escalada, o Secretário de Defesa americano Donald Rumsfeld desafiou a China diretamente, numa conferência de segurança regional: "Dado que nenhuma nação ameaça a China, devemos nos perguntar: por que todo esse crescente investimento? Por que todas essas aquisições de caras e poderosas armas?" A China respondeu dizendo que "os EUA gastam muito mais dinheiro do que a China...". É óbvio, como notou o governador de Tóquio, que os EUA provavelmente não estão dispostos a usar suas forças como a China estaria. O fundador do Estado chinês, Mao Tsé-Tung, escreveu: "Todos os reacionários são tigres de papel". Parece até que Mao antecipou os críticos da atual administração Bush, dizendo: "Tratando todos com arrogância, o imperialismo americano fez-se inimigo dos povos do mundo e se isola cada vez mais. Aqueles que recusam a escravidão jamais se amedrontarão pelas bombas atômicas que estão nas mãos dos imperialistas americanos. A maré brava dos povos do mundo contra os agressores americanos é irresistível. Sua luta contra o imperialismo americano e seus lacaios lhes garantirão vitórias cada vez maiores".

.


Conforme noticiado pela
Insight Magazine, "A avaliação geral de autoridades, diplomatas e analistas asiáticos é de que o exército americano simplesmente não conseguiria derrotar a China. É uma avaliação repassada ao governo americano nos últimos meses por países como Austrália, Japão e Coréia do Sul". Apesar do status de superpotência, os EUA são vistos como tigre de papel por seus próprios aliados. Mao foi um visionário que enxergou a fraqueza americana. Foi também um assassino que zombou de atrocidades dos tiranos chineses anteriores a ele.

.


© 2005
Jeffrey R. Nyquist
Publicado por Financialsense.com
Tradução: MSM.

Jeffrey Nyquist é formado em sociologia política na Universidade da Califórnia e é expert em geopolítica. Escreve artigos semanais para o Financial Sense (
http://www.financialsense.com/), é autor de The Origins of The Fourth World War e mantém um website: http://www.jrnyquist.com/

.

.

.

Índios: população

.
.
.
Número de índios cresceu 150% na década de 90 com aumento da autodeclaração

JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio


O contingente de brasileiros que se consideravam índios cresceu 150% na década de 1990, revela a pesquisa "Tendências Demográficas: uma análise dos indígenas com base nos resultados da amostra dos censos demográficos 1991 e 2000", divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O ritmo de crescimento é quase seis vezes maior do que o da população em geral.
.
Esta é a primeira vez que o instituto apresenta informações sócio-demográficas sobre a população indígena brasileira.
.
Em 1991, o percentual de indígenas em relação à população total brasileira era de 0,2%, o equivalente a 294 mil pessoas. Em 2000, este percentual subiu para 0,4% da população ou 734 mil pessoas. O resultado representa um aumento anual de 10,8% da população, a maior taxa de crescimento dentre todas as categorias de cor ou raça. O total do país apresentou um ritmo de crescimento no período de 1,6% ao ano.
.
A hipótese mais provável para justificar esse crescimento, na avaliação do IBGE, é que houve um aumento da proporção de indígenas urbanizados que optaram por se declarar índios no censo 2000. Anteriormente, esta parcela da população se classificava em outras categorias.
.
Outros fatores também podem ter interferido, como o crescimento vegetativo, embora por si só não seja capaz de explicar o fenômeno, e a imigração internacional de países limítrofes com alto contingente de população indígena, como Bolívia, Equador, Paraguai e Peru.
.
A distribuição do crescimento da população indígena não foi uniforme. A região Norte, que abriga a maior participação de indígenas no total do país, apresentou o menor ritmo de crescimento anual. Em 1991, residiam nesta região 42,4% da população indígena. Em 2000, este percentual caiu para 29,1% da população autodeclarada indígena.
.
O Sudeste dobrou sua participação e passou de 10,4% para 22,0% da população indígena entre 1991 e 2000. Em números absolutos, em 1991 existiam 30,5 mil pessoas que se classificavam como indígenas e em 2000, 161,2 mil pessoas.
.
No Nordeste, o número de pessoas identificadas como indígenas passou de 55,8 mil para 170 mil no período. A região Centro-Oeste reuniu em 2000 a maior participação de indígenas na população, com 0,9%, mais do que o dobro da média nacional, de 0,4%.
.
Os cinco Estados que apresentaram maior crescimento da autodeclaração foram Sergipe (28,8%), Piauí (27,0%), Rio Grande do Norte (26,4%), Minas Gerais (26,2%) e Goiás (23,9%).
.
O aumento da autodeclaração nas regiões Sudeste e Nordeste levou a um aparente efeito de urbanização. Essas regiões têm menor número de terras indígenas homologadas e sofreram movimentos de afirmação da etnia indígena.
.
Em 1991, a maior parte da população indígena (76,1% ou 223 mil pessoas) vivia em áreas rurais. Em 2000, 383 mil ou 52,0% do total moravam em áreas urbanas.
.
A população indígena registrou aumento também nas capitais. O percentual passou de 1991 a 2000 de 12,0% para 18,1%. Apesar disso, algumas capitais do Norte, como Porto Velho, Rio Branco e Boa Vista, do Nordeste (Fortaleza) e do Sudeste, com exceção de Vitória, registraram redução na proporção de pessoas que se declaravam indígenas com relação ao total do Estado.
.
São Gabriel da Cachoeira (AM) e Uiramutã (RR) detinham em 2000 a maior proporção de índios no país, com dois terços da população formada por indígenas.
.
O aumento da autodeclaração também tem raízes históricas. A categoria indígena só foi incluída no censo de 1991, embora a investigação da cor no primeiro levantamento censitário realizado no Brasil tenha ocorrido em 1872. O último censo, de 2000, divide a população em cinco categorias: branco, preto, amarelo, pardo e indígena.
.
O IBGE destaca que a formulação do quesito sobre cor ou raça deve ser aperfeiçoada nos censos demográficos brasileiros. Na América Latina, além da auto-identificação, outros critérios são usados em alguns países para a classificação da população indígena, como o idioma ou língua falada, a localização geográfica e outras características.
.
.
.
.
.

Fraude Verde

.
.
.
Acabar com a fraude requer conhecer o fraudador

por Carlos Wotzkow em 12 de dezembro de 2005
Resumo: Ser ecologista hoje em dia converteu-se em uma moda de alto vôo. A maioria dos que assim se declaram não sabem nada do que apóiam.
© 2005 MidiaSemMascara.org



"In the 21st Century, our nation will need more electricity; more safe, clean, reliable electricity. It is time for this country to start building nuclear-power plants again”.
George W. Bush


Onde estão os circences ativistas do Greenpeace que não os vejo pendurados em suas cordas, nem seus cartazes absurdos em todas as pontes do rio Songhua? Juro que foi lá, na China, e não aqui na aprazível Suíça, onde ocorreu uma verdadeira catástrofe ecológica. Entretanto, os ecologistas e os verdes (seu ramo mais politizado) não pararam de “trabalhar” e se meteram vários meses recolhendo dinheiro em todas as estações de trens helvéticas, a fim de poder levar a cabo sua campanha anti-transgênica. E não é alarde; topei umas cinco vezes nesse ano com os do Greenpeace mendigando na estação de Bienne.
.
Lá estavam, cabeludos, um tanto emporcalhados eles, estilo hippies, com um barquinho de borracha (feito de subprodutos do petróleo, claro) e pinta de náufragos, como se estivessem fazendo campanha a favor dos balseros cubanos. Porém não, estavam advogando por mais dinheiro para combater a globalização a golpes de dados manipulados. Eram, talvez, os salvadores de um ser humano ao qual o industrialismo capitalista e selvagem queria engolir. Me aproximei de uma moça com volantes nas mãos e lhe perguntei: Para quê fazes campanha? Sua resposta foi clara: “Estamos aqui para fazer oposição a Bush e sua política anti-ecologista no Iraque”. Sorri e segui meu caminho.
.
Onde estão os moderados ecologistas do WWF que não os vejo defendendo a sedenta população humana lá no país do ursinho Panda? Por minha mãe que foi lá e não aqui, nesta bela Suíça, onde centenas de milhares de litros de benzeno foram vertidos em um rio do qual dependem milhões de pessoas. Porém, o que me pareceu, ao fim e ao cabo, é que o que preocupa a estes seguidores do virulento Príncipe de Edimburgo não são as pessoas. Ou estou equivocado? O desastre chinês ocorreu em 13 de novembro. Há poucas semanas. Se tivesse ocorrido nos Estados Unidos nos teríamos inteirado um mês antes do desastre.
.
Voltei à carga. Na pracinha em frente da estação estavam os do World Wildlife Fraud. Estes, um pouquinho mais limpos, haviam instalado seus stands de mentiras ao ar livre e dedicavam-se a repartir ameaças extinsionistas repletas de papagaios e belas criaturas em papel cromado (digamos que não muito ecológico). O sermão era algo assim como: “se não nos dás dinheiro, amanhã pode ser que não possas respirar”. Me aproximei de um loura terrível de bela e que distribuía dessas tontas ameaças e lhe perguntei: Qual é a espécie mais ameaçada no Amazonas hoje em dia? Ela me respondeu: “Ah, isso eu não sei, porém se não detivermos Bush e a globalização todas desaparecerão”. Me convenci; nem todas as louras são inteligentes!
.
Onde estão todas essas ONG (organizações não-governamentais) que passam mendigando dinheiro para depois acabar até com a esperança de seus próprios benfeitores? Onde estão, que não atacam o bufão Hugo Chávez Frías e a seu decreto para desclassificar da categoria de área protegida 3.500 hectares na ladeira Norte (ladeira onde ocorreram os desabamentos de dezembro de 1999) do Parque Nacional del Ávila (pulmão vegetal de Caracas) e com o único objetivo de construir residências para seus seguidores? Que valor tem a vida humana de todos aqueles que poderiam morrer nessa planejada urbanização bolivariana, se no futuro se repetirem os deslizamentos de terra nessas ladeiras?
.
As leis da natureza são implacáveis. O ser humano não busca a morte, porém certamente é o que inventa mais maneiras de propiciá-la. De nossa espécie, os marxistas de ontem e os ecologistas de hoje, levam o troféu. Rachel Carson e sua “Primavera Silenciosa” acabou com a vida de 20 milhões de seres humanos exterminados pela malária na África. Não há nada como a desinformação para matar pessoas e os verdes nisso são os primeiros. Para eles, um estômago faminto conta mais que um satisfeito com grãos transgênicos. Viva a fome! Embora até o momento niguém possa provar que um grão de milho geneticamente modificado seja danoso para a saúde.
.
Ontem se reuniam no Canadá todos os países firmantes do invisível protocolo de Kyoto. Me lembravam esse tipo de fumantes que sempre estão desejando deixar de fumar e o stress os faz fumar cada dia mais. Como deixar o vício colega? Deve ter sido a pergunta de Zapatero a Chirac e este último, pesaroso como já é de costume, deve ter-lhe respondido: “E para cúmulo, agora estes sujeitos de Osama bin Laden incediando todos os nossos Renaults. Paris está em chamas, meu Zapa e à fumaça de minha indústria que compete com a de Pequim, se nos soma agora a fumaça destes islâmicos. Mal agradecidos, porra, com a quantidade de mesquitas que lhes havíamos construído para que se dedicassem a rezar”.
.
Não posso menos que felicitar o Senado dos Estados Unidos por sua rotunda negativa (95 votos contra zero) em estampar sua assinatura no protocolo de Kyoto. A câmara alta inclusive dinamitou a farsa da cláusula relativa às emissões de dióxido de carbono (60 votos contra 38) e o fez por coerência e pura honestidade. O Canadá, para citar só um exemplo, é o país do hemisfério ocidental que mais descumpriu com o já citado protocolo e a Espanha, ah! a Espanha de vazamentos, em que pese transmitir horas de ecologismo greenpeaceano via sua televisão estatal, duplicou seu descumprimento. Assim mesmo, como o ouvem, a Espanha encabeça os descumpridores do Protocolo de Kyoto.
.
“Kyoto é inalcançável e se você examina os números, é impossível”, disse, muito mais prudente que qualquer ecologista, Pete Domenici, membro do Comitê para a Energia e os Recursos Naturais dos Estados Unidos. Depois acrescentou: “A razão pela qual esta medida não podia passar, é que não pode ser implementada; ninguém sabe como fazê-lo... e ninguém que tenha visto esta proposta conseguiu dizer como vai poder cumprí-la”. Ninguém, exceto os governos da Europa. Regimes de uma hipocrisia sem igual que, embora saibam que descumprirão com Kyoto, preferiram brincar de ser ecologistas optando pelo engano. Politicamente correto, claro!
.
Ser ecologista hoje em dia converteu-se em uma moda de alto vôo. A maioria dos que assim se declaram não sabem nada do que apóiam com seu dinheiro. Porém, se o Greenpeace diz, isto soa a rebelião e, se se é rebelde, talvez amanhã ninguém lhes rotule de serem manipuláveis. Quer dizer, a ciência do ecologista é só comparável ao credo da Gaia, a terra progressista prometida. Por isso há que se apoiar idéias como as de Bush, no sentido de incrementar ao máximo a energia nuclear, no de melhorar suas regulamentações, e no de independizar-se energeticamente de todas essas civilizações medievais do mundo árabe, ou daquelas em vias de sê-lo, como essa Venezuela de Hugo Chávez.
.
É chamativo que todas essas associações, organizações e até sindicatos pró-ecologistas tenham conseguido êxito na moratória que impedirá durante 5 anos que os suíços investindo em OGM (organismos geneticamente modificados). E se digo “chamativo”, o faço pensando em que apenas conseguiram excluir do cenário científico uma das nações mais desenvolvidas, e uma comunidade científica cujos níveis de ética são dificilmente alcançáveis por outras nações, empresas e/ou laboratórios em nível mundial. Se prestarem atenção, o benefício e a vitória são nitidamente pírricas. A China e a Coréia continuarão investindo e o Greenpeace, e a contaminação do rio Songhua, aparentemente não têm nada a ver...
.
Porém, o grão (não transgênico), isso é o que os ecologistas querem. Querem que não haja grãos e que a população africana definhe sem a ajuda das “cruéis guerras petroleiras” que o Sr. Bush organiza contra o desejo dos ecologistas de Kyoto: Chirac e Zapatero. Eles sim, que são humanos e não se metem com os chineses, pois isto afetaria o mercado das munições que seus paredões faturam das famílias de suas vítimas. A China pensa em construir nos próximos 20 anos umas 40 centrais nucleares. Isto não alarma ninguém. A energia nuclear que os regimes totalitários desenvolvem – segundo sugeriu um alto funcionário do Greenpeace* - não é perigosa: “eles contam com os especialistas mais qualificados”.
.
Há cientistas que se opõem à educação religiosa nas escolas públicas. De acordo; porém, então por que não se opõem ao ecologismo midiático e constante, que é mais criacionista e fantasioso que a mais primitiva das religiões existentes neste planeta? Ao menos a educação católica só teme ao inferno, mas também se ocupa de valores morais e éticos que o marxismo, o ecologismo e muitos cientistas se entregam por seus mamõezinhos embriagados. É certo que o ser humano é uma espécie que polui, porém me pergunto se não deveríamos incluir entre nossos resíduos criminosos esse da poluição científica, com a qual nos fraudam estes criacionistas da ecologia.
.
.
* Editorial (1992): Danger. Wake Up America! Our Lady's Library. PDF doc 4 pp.
Tradução: Graça Salgueiro.
.
.
.

Monday, December 12, 2005

Tríplice Fronteira: cotidiano

.
.
.
Crianças e adolescentes da Tríplice Fronteira estão mais expostos a vários crimes, diz Unicef

Foz do Iguaçu (Brasil), 12 dez (EFE).- As crianças e os adolescentes que vivem na Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai estão mais expostos ao narcotráfico, ao tráfico de mulheres para a prostituição, ao contrabando, à pobreza e a doenças como a aids, segundo um relatório divulgado nesta segunda pelo Unicef.

.

De acordo com o estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância Unicef), o crime organizado representa uma grave ameaça na região, na qual as crianças e adolescentes são as vítimas preferenciais.

.

Segundo o relatório, as cerca de 880 mil crianças e adolescentes que vivem na região fronteiriça entre os três países estão mais expostas a perigos como a exploração sexual, o tráfico de pessoas e o consumo de drogas que outros de outras áreas do Brasil, da Argentina e do Paraguai.

.

As estatísticas policiais dos três países apontam que a região, por onde transita grande parte do comércio regional, principalmente entre o Brasil e o Paraguai, é um importante corredor para contrabandistas, distribuidores de produtos piratas e traficantes de drogas e armas.

.

A Tríplice Fronteira, que tem uma numerosa colônia árabe, foi várias vezes considerada, por organizações internacionais, como área de refúgio de terroristas, o que é negado pelos três Governos.

.

A região é rota do tráfico internacional de pessoas, o que significa que as crianças são vulneráveis ao recrutamento para a exploração sexual nos três países e na Europa, afirmaram os autores do documento do Unicef.

.

De acordo com o texto do relatório "Situação das Crianças e dos Adolescentes na Tríplice Fronteira - Argentina, Brasil e Paraguai: Desafios e Recomendações", é preciso reprimir os delinqüentes e criar programas de reintegração social para as vítimas.

.

A pesquisa, patrocinada pela central hidroelétrica de Itaipu, retrata a situação em 62 municípios próximos à fronteira (32 brasileiros, 15 argentinos e 15 paraguaios).

.

No total, 45% do 1,9 milhão de habitantes na região estudada tem menos de 19 anos.

.

O Unicef indicou ainda que, além de ser uma região com indicadores de pobreza superiores aos do resto de seus países, com exceção do Brasil [Vocês entenderam o que isto significa? Que o que é pobre para os outros países (Argentina e Paraguai) significa não tão mal para padrões brasileiros. Ou seja, o pior da Argentina e Paraguai em termos sociais, não chega próximo ao pior encontrado no Brasil.], o fato de ser fronteiriça aumenta a periculosidade da área.

.

O relatório descreve a vulnerabilidade das crianças devido à exclusão econômica e social, que se reflete em taxas elevadas de mortalidade infantil e materna, prevalência de doenças infecciosas e evasão escolar.

.

De acordo com o documento, as crianças e adolescentes também estão expostos à Aids, não têm documentos, se alimentam mal e precisam trabalhar para ajudar suas famílias.

.

Um dos seis capítulos do trabalho é dedicado exclusivamente à exposição das crianças à violência doméstica, à exploração sexual, à prostituição e ao tráfico de pessoas.

.

A existência de prostituição infantil associada a atividades de turismo e tráfico de drogas é reconhecida por diversos setores da população entrevistados, apesar de não existirem dados estatísticos sobre a questão, disse o Unicef.

.

O relatório afirma ainda que, nos municípios argentinos, existe desde o recrutamento de jovens para prostíbulos em outras regiões do país até a combinação de trabalho na rua e atividades sexuais. Nas cidades brasileiras, crianças e adolescentes são explorados sexualmente nas ruas, hotéis e prostíbulos.

.

Segundo o Unicef, foram feitas 20.504 denúncias de violência contra jovens nos últimos seis anos nos municípios brasileiros da região.

.

Nos municípios argentinos estudados, foram registradas 850 denúncias de violência contra os menores em 2004, especialmente por abuso sexual, incesto, agressão física e abandono.

.

Em Ciudad del Este, no lado paraguaio da fronteira, houve 140 denúncias de abuso sexual entre 2002 e 2004, além de 49 de tentativa de abuso sexual, 189 de maus-tratos, 44 de estupro e 33 de exploração da prostituição.



http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2005/12/12/ult1766u13673.jhtm
.
.
.

Sunday, December 11, 2005

Economia brasileira: sua real necessidade

.
.
.
A Revista Exame em mais uma excelente matéria - realmente, ela é a melhor revista nacional de economia (assim como a Primeira Leitura o é em política e crítica cultural).

Aqui, grifo alguns excertos que já vinha dizendo há anos aos meus alunos que, poluídos pelas letárgicas idéias de meus colegas ainda só pensam em matrizes socialistas e estatistas.

Boa leitura,

a.h

.
.
.
A segunda abertura brasileira 02.12.2005

Quinze anos depois da primeira liberalização comercial, um desafio semelhante se coloca ao país -- promover um novo choque de globalização ou ficar para trás na corrida pelo desenvolvimento

Por Roberta Paduan EXAME

Há exatos 15 anos, o Brasil começava a enterrar uma arraigada tradição de isolamento e, timidamente, ensaiava os primeiros passos na trilha da globalização. Ao promover um corte sensível nas alíquotas de importação e banir uma lista de 1 200 produtos proibidos de entrar no país, o ex-presidente Fernando Collor de Mello colocou a economia brasileira na rota de outras nações -- como Coréia do Sul, Espanha ou Chile -- que já haviam abandonado o ideário protecionista e colhiam um prêmio na forma de mais emprego, renda e produção. Desde então, vários outros países decidiram adentrar o barco da globalização e também se beneficiar da abertura de mercados. Lamentavelmente, porém, o Brasil se contentou com o movimento dos anos 90, e praticamente nada fez. O país está atrasado -- e muito -- quando o assunto é globalização. As exportações brasileiras representam apenas 1,1% do total do mundo. As barreiras comerciais ainda estão entre as mais altas. O país não conta com um único acordo de livre comércio para valer (o Mercosul nem sequer é considerado como zona de livre comércio). No ranking dos países mais globalizados, elaborado pela consultoria A.T. Kearney, o Brasil ocupa um modestíssimo 57o lugar numa lista de 62 nações. "É preciso ser realista e constatar que, apesar da abertura dos anos 90, o Brasil continua irrelevante no comércio internacional", diz o economista Armando Castelar Pinheiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "Uma segunda abertura é urgente."
.

O Brasil na globalização

A economia brasileira ainda é muito fechada em relação ao exterior. Veja alguns quesitos que medem o grau de globalização do Brasil e de outros países

Ranking de abertura

O quadro mostra a lista da consultoria A.T. Kearney, que avalia o grau de abertura econômica de 62 países:

1º Cingapura

2º Irlanda

3º Suíça

4º Estados Unidos

5º Holanda

6º Canadá

7º Dinamarca

8º Suécia

9º Áustria

10º Finlândia

57º Brasil


Volume de comércio exterior
(% de exportações e importações em relação ao PIB)

27% Brasil

49% Rússia

56% Chile

71% Coréia

72% China


Acordos comerciais
(número de acordos de livre comércio mantidos pelos países)

0 Brasil(1)

6 Coréia(2)

11 China

39 Chile

43 México

(1) O Mercosul não é considerado tratado de livre comércio pela OMC.

(2) Os acordos com Cingapura e a Associação dos Países do Leste Asiático aguardam aprovação do Congresso coreano


Barreira às importações
(alíquota média de impostos de importação)

12% Brasil

7% Chile

5% Coréia

2% EUA

1,6% Japão

Fontes: Simão Silber (USP)/ Unctad / Tendências /A. T. Kearney/Foreign Policy

.

O tema da globalização se impõe na agenda nacional por uma combinação de necessidade com oportunidade. Está cada vez mais nítida a percepção de que a economia brasileira precisa mudar -- e rápido. Há dez anos o Brasil cresce menos que a média mundial, e assustadoramente menos que os países emergentes mais pujantes, como Índia e China. Diante de um mundo que passa por uma fase sem igual de prosperidade, os economistas brasileiros atualmente discutem se o país conseguirá crescer míseros 3% neste ano. "Por sermos tão fechados, estamos ficando de fora da festa", diz o economista José Alexandre Scheinkman, da Universidade Princeton. É aí que surge a oportunidade -- o encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC), que reunirá representantes de 148 países entre 13 e 18 de dezembro em Hong Kong para discutir uma nova rodada de liberalização do comércio mundial (leia reportagem na página 24). Independentemente dos resultados concretos a ser obtidos na reunião -- por enquanto, a probabilidade de que haja acordo entre tantos membros parece pequena --, trata-se de uma excelente chance para que os brasileiros comecem a se questionar seriamente sobre o que pretendem, afinal, em sua relação com o mundo. "Mesmo que a reunião de Hong Kong termine mal, o Brasil tem de estabelecer rapidamente uma estratégia para reverter o atraso de sua integração econômica com o resto do mundo", afirma Simão Davi Silber, professor de economia internacional da USP. Uma parcela do atual governo parece ter entendido a necessidade de um novo avanço no front externo. Um documento vazado recentemente para a imprensa mostrou a disposição do Ministério da Fazenda em cortar de 35% para 10,5% as alíquotas máximas de impostos de importação de produtos industrializados. O Itamaraty também trabalha com a hipótese de corte agressivo nas barreiras protecionistas, desde que acompanhado de um movimento semelhante nos mercados agrícolas do mundo desenvolvido. Apesar da eterna grita de alguns diante da possibilidade de maior liberalização, até representantes dos setores mais protegidos do país, como o automobilístico, já se convenceram de sua necessidade. "Sou totalmente favorável a uma nova rodada de abertura", afirma Antonio Maciel Neto, presidente da Ford para a América Latina. "Quero exportar muito mais, e, embora pareça paradoxal, só é possível exportar mais se também importarmos mais."

.


Quanto mais comércio, maior o crescimento
Compare o nível de exportações e o crescimento de alguns países
Exportações sobre o PIB(1)

Brasil 22%

Chile 38%

Coréia(2) 38%

China 40%


Crescimento médio do PIB (2000 a 2004)

Brasil 2,6%

Chile 6%

Coréia 6,2%

China 8,6%

Conclusão: o Brasil é o país que menos exporta e é também o que cresce menos. Já a China, a maior exportadora, também tem o maior crescimento


(1) Exportações de bens e serviços em 2004

(2) Dado referente a 2003

Fonte: Banco Mundial

.

A frase de Maciel traduz a essência do funcionamento dos mercados globalizados. "Hoje, país com economia saudável é aquele que exporta muito, mas que também importa muito", afirma o economista Celso Toledo, da MCM Consultores. Isso ocorre porque a abertura ao comércio internacional promove uma espécie de seleção natural nos setores produtivos das nações. Sem ter de pagar altas tarifas, as melhores empresas do mundo passam a vender seus produtos nos mercados que se abrem. Isso faz com que só sobrevivam os segmentos domésticos mais eficientes. A regra é vender aquilo que se faz com competência e comprar o que a produção doméstica não entrega de maneira competitiva. "Em última instância, essa seleção natural provoca uma alocação mais eficiente de recursos, ou seja, os empreendedores investem nos setores sobreviventes e, portanto, mais competitivos, tornando toda a economia mais próspera", afirma Nathan Blanche, sócio da consultoria Tendências. Não por acaso países com maior grau de abertura comercial são também os que apresentam um crescimento econômico mais vigoroso. O estímulo à competitividade tem conseqüência direta sobre os preços dos produtos em circulação na economia. A própria experiência brasileira dos anos 90 mostra isso. No caso de TVs e equipamentos de som, por exemplo, a queda atingiu impressionantes 66%. "O consumidor é provavelmente quem mais sai ganhando com a liberalização", diz a economista Maria Cristina Terra, da Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro. Ela acaba de concluir um trabalho, em conjunto com outros dois economistas, Gustavo Gonzaga e Naércio Menezes, em que mostra que a abertura econômica dos anos 90 teve um impacto muito importante sobre a desigualdade social no Brasil. "A concentração de renda só não aumentou porque o país se abriu", diz. "A população mais pobre foi a mais beneficiada." Também as empresas se beneficiam do acesso a bens mais baratos. Antes da abertura dos anos 90, a importação de máquinas modernas era simplesmente inacessível à maioria das companhias brasileiras. A redução das barreiras forçou uma queda de quase 50% no preço dos bens de capital -- ou seja, o custo do investimento despencou. Isso induziu uma onda de modernização e fez a produtividade na indústria da transformação sextuplicar (veja quadro na página 22). "O fluxo livre de comércio faz com que a tecnologia seja transferida para os países mais pobres, e isso impulsiona a eficiência em todo o globo", afirma Silber, da USP. Um exemplo é a fábrica baiana da Ford, em Camaçari. Inaugurada no final de 2001, a unidade é uma das mais produtivas da montadora em todo o mundo. A maioria das máquinas e equipamentos é importada, mas aos poucos a tecnologia começa a ser dominada por brasileiros -- todos os robôs importados foram montados por equipes locais. "Pode parecer pouco, mas esse contato com novidades é fundamental para o avanço tecnológico do país", afirma Silber.

.

Preços caíram após 1º abertura

Veja a queda de preço ao consumidor final de alguns produtos após a abertura às importações realizadas no governo Collor:

Produto
Redução de preço(1)

Televisores e equipamentos de som 66%

Carros, caminhões e ônibus 61%

Adubos e fertilizantes 53%

Têxteis (fiação e tecidos) 35%

(1) Considerando variação do IGP

Fontes: Maurício Mesquita Moreira, a partir de dados do IBGE e IPA-FGV

.

Se a abertura ajuda as empresas a ter acesso a produtos de fora, vale o raciocínio oposto. Para muitas companhias brasileiras, o mercado doméstico ficou pequeno demais. A Embraer, por exemplo, relaciona-se com dezenas de fornecedores estrangeiros e vende seus aviões a companhias aéreas de todo o mundo. Outra empresa brasileira que pegou a mão dupla da globalização é a catarinense Embraco, maior fabricante mundial de compressores para refrigeração. A companhia começou a exportar compressores de geladeira ainda na década de 70, mas no início dos anos 90 decidiu se internacionalizar. "Já tínhamos alcançado importância por meio de exportações, mas a presença apenas no Brasil reprimiria nosso crescimento", afirma Ernesto Heinzelmann, presidente da Embraco. "Não conseguiríamos avançar mais com a estrutura fabril montada apenas no Brasil." Em 1994, a Embraco abriu uma fábrica na Itália. Em 1995 fez o mesmo na China e, três anos depois, na Eslováquia. A internacionalização da empresa foi decisiva para que ela despertasse o interesse do grupo americano Whirlpool, que, em 1998, tornou-se seu acionista majoritário.

.

Abertura gera produtividade

Após a liberalização das importações no início dos anos 90, a indústria brasileira tornou-se mais produtiva

Variação anual da produtividade na indústria

1985/ 1989 1%

1991/ 1995 6,5%

1996/ 2000 6,5%

2000/ 2003 -0,7%


Conclusão: a liberalização comercial forçou as empresas brasileiras a buscar maior modernização. O dado negativo dos últimos anos evidencia a necessidade de um novo choque de competitividade comercial

Fontes: Mapa Estratégico da Indústria (CNI)/Ipea

.

Uma maior exposição brasileira à globalização teria ainda uma vantagem adicional: diminuir a vulnerabilidade da economia frente às flutuações do mundo exterior. Ao longo dos últimos anos, a volatilidade dos indicadores econômicos, particularmente da taxa de câmbio, foi um dos pontos que mais dificultaram a vida dos administradores, tanto nas empresas como no governo. O valor do real sofre flutuações abruptas, variando de acordo com os humores dos mercados financeiros -- o dólar já custou menos de 1 real em 1994, 4 reais em 2002 e atualmente oscila na faixa de 2,2 reais. O paradoxo nesse campo é que, por ser pouco aberto ao comércio internacional, o país fica mais, não menos, vulnerável às oscilações do mercado. "A maioria das pessoas tende a achar o contrário, ou seja, que menos comércio externo torna o país mais defendido", diz Terra, da FGV. "Mas ocorre o oposto." A questão é que, em situações de crise externa, os investidores tendem a fugir dos países emergentes, o que induz a uma desvalorização da moeda local, normalmente seguida por alta dos juros e recessão. Essa desvalorização tende a ser muito menor em países com alto fluxo de comércio exterior. Um país como a China, que exporta 580 bilhões de dólares, depende menos do dinheiro volátil do que um país como o Brasil, que vende cerca de 115 bilhões de dólares lá fora. "Se a participação do comércio brasileiro crescer, também estaremos mais fortes na próxima crise", diz Terra. "Por isso mesmo, é preciso apressar o passo."


http://portalexame.abril.com.br/edicoes/857/economia/conteudo_107238.shtml
.
.
.