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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Saturday, May 20, 2006

Por que a América Latina exporta gente?

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por Josino Moraes
em 21 de maio de 2006
Resumo: Se fosse possível resumir a tragédia da América Latina em apenas uma palavra, poder-se-ia dizer privilégios.
© 2006 MidiaSemMascara.org

A América Latina exporta gente porque aqui não há oportunidades de trabalho. E as pessoas ficam loucas quando não têm o que fazer, como ganhar a vida. Os Estados Unidos podem erguer quantos muros forem possíveis em suas fronteiras, mas isso ainda não resolveria o problema. As autoridades americanas podem prender latinos ilegais, bem como multar seus empregadores ou tomar quantas outras medidas legais forem possíveis, mas isso ainda não resolveria o problema. Em ultimo caso, eles podem até deportar as pessoas. Mas, como disse o presidente George W. Bush recentemente, esta não é uma questão policial. Os minutemen podem se multiplicar, mas sua eficiência ainda assim seria duvidosa. Para complicar o cenário, os americanos são um povo muito religioso e as Igrejas não se importam nada com noções como fronteiras e nações. Os Estados Unidos têm que entender o que os romanos descobriram: Sublata causa, tollitur effectus – eliminada a causa, cessa o efeito. Caso contrário, Las Marchas serão um problema permanente.


A pergunta principal é por que a América Latina não cria oportunidades de trabalho. Gerar empregos depende do funcionamento de uma economia de livre mercado, alem de outras premissas. A China, com um único partido político, possui uma economia muito mais democrática do que a América Latina. Então, primeiramente, nós devemos fazer uma diferenciação entre democracia política e democracia econômica. O fato é que se o que se procura é o bem-estar econômico de uma população, a democracia econômica é muito mais importante do que a democracia política.


A mais importante evidência de democracia econômica é o mercado de trabalho. Como dito por um jovem economista chinês, "A China é o pais mais capitalista da face da terra em termos de mercado de trabalho". Neste sentido, a China é uma economia muito mais liberal do que a França. Recentemente, algumas medidas, de fato nada de muito importante, para "libertar" o mercado de trabalho na França foram derrotadas. Na América Latina, esta situação é muito mais séria do que na França. A França sofre as conseqüências de seu passado de predomínio da social-democracia, da arraigada tradição sindicalista etc. A América Latina sofre a influência das idéias do fascismo italiano de Benito Mussolini.


Além disso, na América Latina, nós temos os monopólios estatais, e para piorar nosso destino, os mais importantes monopólios estão no setor energético, o principal insumo da cadeia produtiva - Pemex, Petróleos de Venezuela (PDVSA), Petrobras, etc. Elas são aquilo que se poderia denominar de ‘As Intocáveis’. Esta é uma das razões da atual crise petrolífera. Pode-se suspeitar piamente que há muito petróleo sob o solo latino-americano, pois estas estatais dão origem a imensos benefícios e privilégios para seus empregados, inclusive salários incrivelmente altos. E ademais, são fontes de incrível ineficiência, além de serem também fontes de corrupção devido aos altos preços dos bens e serviços que elas oferecem. Elas dão origem a um dos mais importantes segmentos da Nomenklatura local. O lema El Petroleo Es Nuestro, que Cárdenas lançou no início dos anos 30, é uma grande mentira. O petróleo serve aos enormes privilégios de seus empregados e aos seus milionários fundos de pensão.


O incrível é que devido ao lamentável estado mental das populações locais e com a ajuda da mídia, os políticos podem, tranqüilamente, fazer apologia desses monopólios - verdadeiros monstros econômicos - em pleno início do século XXI!


Se fosse possível resumir a tragédia da América Latina em apenas uma palavra, poder-se-ia dizer privilégios. Eles estão em todo lugar nessas sociedades. Eles impedem qualquer possibilidade de desenvolvimento econômico. A existência desses privilégios impõe uma carga tributária insuportável para o resto da sociedade. As conseqüências são, dentre outros fatores, a existência de gigantescas dívidas públicas, insustentáveis a longo prazo. E as enormes taxas de juros são a seqüelas naturais que obstruem o normal funcionamento de processos econômicos de livre mercado.


http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4890

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!Arriba México!

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Enquanto que a maioria dos países latino-americanos se esbaldam com novos caudilhos que selarão o subdesenvolvimento continental com a estatização dos recursos naturais e outros não têm a mínima competência para lidar com problemas de segurança internos (ou têm, na medida que buscam capitalizar votos com os mesmos problemas...), há um país que não perde tempo com estas fanfarronices e descasos. Este país é o México...
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Jueves 18 de mayo, 2006
Economía mexicana crece a su mayor ritmo en 5 años(AméricaEconomía.com)

La economía mexicana se expandió en el primer trimestre a su mayor tasa en cinco años, según anunció la Secretaría de Hacienda y Crédito Público. ¿La razón,? Un efecto calendario que dio más días laborables y aceleró los envíos de la industria a Estados Unidos, informó Reuters.El organismo precisó que el Producto Interno Bruto (PIB) de México creció un 5,5% en el primer trimestre a tasa anual, frente a un 2.7% en los tres meses previos. El dato no es menor ya que una tasa de expansión superior al 5% para un trimestre no se registraba desde el 7% del tercer trimestre del 2000, en la antesala de la asunción del presidente Vicente Fox.
"Dicha cifra se vio influida al alza por el hecho de que en 2005 el periodo de la Semana Santa se ubicó en marzo, mientras que la del presente año se registró en abril," dijo Hacienda en su reporte trimestral.
El PIB del primer trimestre estuvo en línea con lo esperado por el gobierno y por encima de la expansión promedio del 4,9% prevista en un sondeo de Reuters entre ocho analistas. La mediana del sondeo fue del 5%.
El mayor número de días laborables aceleró a un 7.0 por ciento la expansión del sector industrial, muy ligado a los ciclos económicos de Estados Unidos, frente a un 2.7 por ciento del trimestre previo.
El sector servicios –el de mayor participación en el PIB– se expandió un 5,4% en el lapso enero-marzo, mientras que el agropecuario creció un 2,6%, ambas cifras a tasa anual.
El gobierno proyecta un crecimiento cercano al 4% para todo el año.

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Thursday, May 18, 2006

Murder Inc.

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"As autoridades brasileiras insistem em dizer que, no Brasil, não há crime organizado. Isso é estranho e absurdo"
Giusto Sciacchitano, procurador antimáfia
"É o caso do jogo do bicho, o que mais se aproxima de um crime organizado como a da Máfia por aqui. (...) Esse é o modelo brasileiro. O resto é exagero."
Guaraci Mingardi, secretário de Serviços Públicos de Guarulhos
Valor Econômico, 14 de junho de 2002


O diretor geral do DEIC, Godofredo Bittencourt, levou os presos a sua sede para uma reunião tentando evitar o massacre que se seguiu em São Paulo a partir do dia 30 passado. 768 detentos seriam transferidos para o interior paulista, mas para que os comensais ficassem bem nutridos e, creio eu, assim colocarem suas idéias em ordem e com bom senso, o diretor ofereceu-lhes um rodízio de pizza. Um dos chefões, o “Marcola”, homem de fino gosto protestou e pediu chesse-picanha com fritas, no que foi prontamente atendido. Afinal, para quem tem três refeições ao dia, direito a visitas íntimas entre outros benefícios legais e outros ilegais que acaba adquirindo por “força da modernidade” como celulares, o que é um sanduíche?

Não sei, talvez todos estes petiscos tenham causado algum mal estar, pois o que se seguiu foi obra de alguém com mais que indigestão ou enjôo.

Também se esperava por algum pronunciamento, seja de nosso honorável presidente, líder latino-americano recém espoliado e “desmoralesado” pela Bolívia ou do candidato Alckmin. Nada. Mas, também era previsível a manifestação de nosso ministro da justiça, doutor Márcio Tomás Bastos, homem culto e douto nas sócio-lógicas da vida onde tudo se explica, marxianamente, pela malfadada desigualdade social. Sim, o sujeito veio a público dizer que a criminalidade só cessará com o desenvolvimento econômico. Engraçado... eu jurava ter ouvido de propagandas governamentais que já estávamos a galope ao primeiro mundo. Será que culparão a Bolívia?[1]

Numa tacada só, Bastos chamou os pobres de criminosos congênitos, pois se a pobreza é que causa tudo isto que vimos, então são eles! Será que nosso beautiful people do mundo das artes ou de nossa imprensa politicamente correta, dos Heródotos Barbeiros das CBNs não vêem aí alguma réstia de preconceito?

Interessante também que na visão do homem das leis que encarna, tudo não passe de uma simples lógica econômica. Pois, se as leis não são inadequadas, a justiça não é morosa, processos não são arquivados etc. tudo é causa menor, acessória, o problema mesmo reside no emprego formal. Como se para montar uma quadrilha não se precisasse de muito dinheiro.

Na maioria dos países africanos que não tem instituições ao estilo ocidental, solidamente edificadas, uma se destaca: as forças armadas. Por isto que tantos brasileiros crêem que só o exército pode por fim a situação que vimos em São Paulo, em que pese o fato do estado de direito vir a acabar.

Bem, estou falando em nome do povo. Mas, o povo realmente se importa com isto?

Quando o jornalista Tim Lopes foi morto, ele tinha sido atraído por moradores ligados aos traficantes, com o argumento de que ele poderia filmar cenas de aliciamento de menores trocando sexo por droga em bailes funks no Rio de Janeiro. A armação feita com a ajuda de moradores contradiz a retórica gasta de que os moradores são sempre reféns dos bandidos.

Não faltaram os que dizem que o desemprego induz ao crime e às drogas ou que a miséria é que gera a violência. O analfabetismo gera a violência, a desigualdade gera a violência, o ócio gera violência, tudo serve como justificativa. Nós próprios podemos justificar a indiferença pela estrutura econômica, daí não haver meios repressivos que valham a pena acionar, daí o nada serve ou nada funciona.

Qualquer classe social tem suas ovelhas negras e elas estão crescendo, por uma simples razão: o crime compensa.

Já que agora a (falta de) educação virou desculpa para tudo, façamos algumas correlações:

- Massacre na cidade São Paulo;
- 75% do orçamento destinado à educação vai para o “ensino superior” e restos de 25% para o ensino básico.

Privatizemos as estatais, dando espaço subsidiado para centros de pesquisa e ampliemos o ensino básico e médio profissionalizante para vermos se, no longo prazo, a criminalidade não cai. Claro que, acompanhado de perto, por um sistema de repressão ao crime que já existe e não há mais como evitar. Sem as duas frentes de combate ao crime, a repressiva e a preventiva, nada funcionará. No entanto, isto é diferente do proselitismo de palanque de Lula que acusa a falta de investimento em educação nas últimas décadas como se agora houvesse algo neste sentido. Com o ECA e a aprovação automática não há educação que funcione.

E quando falo de crime, não estou me limitando a organizações mais violentas como o PCC ou o CV, mas também àquelas mais sorrateiras, como as máfias de roubo de carga de caminhões que dão propina aos policiais. Se a corrupção não for atacada, qualquer verba a mais para carros-patrulha ou armas não contará com um serviço de inteligência. Coisa aliás, que o PCC provou saber usar.

Já se disse que o que falta para a completa “colombianização” da sociedade brasileira é o crime calar a imprensa. Não precisa, ele a compra. Quando o “cantor” Belo foi preso, cansei de ler que “ele não era o traficante”, como se isto, por si só, fosse algum salvo-conduto para que não tivesse cometido crime algum.

Há uma cultura geral que vê no mafioso uma espécie de don, um “uomini d’onore”. Isto não é só influência de Hollywood. Por anos não só italianos como muitos mundo afora admiraram o homem de raízes humildes que respondia aos insultos valentemente e acima da lei, um justiceiro que se torna “a lei”. Analogamente, muitos brasileiros vêem a solução na volta dos grupos de extermínio.

Descobrir os canais de autofinanciamento do narcotráfico via lavagem de dinheiro é coisa que nosso congresso não fará, infelizmente, pois isto atentaria contra si próprio. Daí, ao bom e velho estilo colonial, criamos um pacote de projetos de lei contra o crime. Hoje em dia, o dinheiro que movimenta o crime é o mesmo, mas as polícias não o são. Sem um plano nacional, para não falar em conexões externas, como podemos querer enfrentar o crime organizado?

Mas, vejam bem, discordo da idéia de um grande polvo, com numerosos tentáculos que se espalham, como se nossa máfia fosse apenas uma subsidiária de um cérebro internacional. Se fosse assim, seria mais fácil, muitíssimo mais fácil desbaratar o crime organizado no Brasil. Na verdade, enquanto a mídia em peso avalia a atual situação como um confronto ao estado e a ordem vigente, como se o PCC fosse uma agremiação anarquista revolucionária, o que existe é um conluio com frações da própria burocracia estatal. O crime organizado é muito mais Lênin que Bakunin, por assim dizer.

O Brasil não só é um país emergente, como também é um país de máfias emergentes. Transporte e rotas da droga, venda de insumos destinados ao seu refino e comercialização e, principalmente, o fato de ser um paraíso para a lavagem de dinheiro, colocam o Brasil como um terreno fértil para o crime. Deveríamos começar procurando as atividades “limpas” que tiveram sua acumulação inicial com dinheiro sujo.

A máfia é uma velha que não teme a modernidade. Enquanto a cocaína tem um refluxo mundial, o Brasil se empenha na produção de novas drogas sintéticas, como o ecstasy. Custos menores e mercado afluente, facilidades para a compra de imóveis com seus lucros etc. são alguns dos motivadores desta organização no país.

Se encontrarem cocaína no Mato Grosso, as autoridades locais não investigarão de onde veio ou para onde iria. As polícias estaduais não têm método de trabalho em conjunto e o assunto morre aí. Nossa integração e capacidade de operação são também outro forte incentivo à criminalidade. Muitos confundem federação com isolamento das unidades políticas. Nós temos a polícia federal, a justiça federal, o ministério público federal, n-órgãos estaduais e vários estados que não apresentam sinergia entre si. Como fazer? Quem leva multa quando comete infração em outro estado? Francamente.

O que se veiculou quando a crise apertou em São Paulo? “Quem puder, saia de São Paulo.” Pode? Sim, pode, com a nossa mesma típica perspicácia, foi um sonoro “fuja!” Não passamos de cordeirinhos amedrontados com os uivos de lobos que nem vemos.

No início da década, Guaraci Mingardi[2], secretário de serviços públicos de Guarulhos em São Paulo, afirmava taxativamente, sobre o PCC e o CV que “não temos crime organizado do porte da Máfia no Brasil (...) o comando [vermelho] saiu de cena e se pulverizou. Quanto ao PCC, é uma organização de cadeia, como a Camorra napolitana. Mas não sabemos se ele tem poder de fogo fora da carceragem.”

E agora, será que sabem?


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[1] A antropóloga Alba Zaluar que já se debruçara sobre o tema em seu A Máquina e a Revolta afirmou que o ocorrido em São Paulo corresponde a um movimento comum de “bolivianização” da América Latina. Em sua visão, como uma sublevação das “classes oprimidas”.

[2] O secretário é um sociólogo que em estudo para o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, dividiu a criminalidade nacional em duas vertentes: a tradicional e a empresarial. Parece que tal dicotomia não deu conta de avaliar até onde uma organização “de carceragem” como o PCC conseguiu chegar.
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O mistério e a moralidade do mercado – explicados!

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por Rev. Robert A. Sirico *
Publicado no website do Acton Institute
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Uma mãe pede ao filho para ir ao mercado e comprar um pouco de pão. Um banqueiro de investimentos pede ao colega para informar como está o mercado de ações. Um fabricante pergunta ao consultor se há um mercado para um determinado produto novo. Dados os diferentes usos da palavra mercado, não é de se admirar que as pessoas sempre se confundam com o significado do termo “o mercado”?

Ronald Nash (professor de filosofia no Seminário Teológico Reformado em Orlando, na Flórida), no livro Pobreza e riqueza, define o mercado como “um conjunto de procedimentos ou arranjos que prevalecem numa sociedade que permite as trocas voluntárias”. Explicado de outro modo, segundo Nash, “o mercado é a estrutura de hábitos e regras na qual cada troca voluntária específica, em cada mercado específico, acontece”. O mercado não é “um lugar ou uma coisa específica”, nem é “simplesmente a coletânea de mercados particulares nos quais os bens e serviços são trocados”. Em vez disso, segundo Nash, aquilo que chamamos de “o mercado” é uma “ordem espontânea e impessoal na qual os seres humanos individuais fazem escolhas econômicas”.

Nash explica que o mercado é como um modelo de tráfego urbano. Ao longo do tempo a cidade cresce, e o modelo de tráfego emerge, na medida em que os motoristas respondem às grades postas nas ruas, aos sinais de trânsito, às placas de sinalização, dentre outros. É algo impessoal, se considerarmos que se aplica a todos igualmente, contudo, é espontâneo, pois envolve um processo de erros e acertos. Além disso “ao passo que o padrão de tráfego estabelece regras, as pessoas ainda têm um certo grau de liberdade na forma como e para onde dirigem”. Dessa forma o padrão de tráfego produz ordem, previne acidentes e permite a liberdade. O mercado funciona da mesma forma. Certas regras – proibindo a coerção, a força, a fraude, o roubo, dentre outros – estabelecem o contexto das transações econômicas, e o mercado desenvolve na medida em que as pessoas compram e vendem.

Raramente se compreende de forma clara o que significa uma economia de mercado. O mercado, ainda que possua virtudes práticas, permanece moralmente neutro em essência, e assim, precisa de uma estrutura moral maior para operar de modo ético. O termo “o mercado” na realidade é uma metáfora. A rede de trocas que chamamos de mercado é, na verdade, um processo enraizado na ação e escolha humanas, e reflete a variação e os valores subjetivos que os atores do mercado possuem.

Dessa forma, o mercado se torna uma ferramenta potente para a difusão do conhecimento ao comunicar os verdadeiros custos dos bens e serviços. No entanto, seria um erro pensá-lo como detentor de uma ética própria.

João Paulo II expressa tal compreensão do relacionamento entre moral e mercado na carta encíclica Centesimus Annus. Explica o papa “a atividade econômica, em particular a da economia de mercado, não se pode realizar num vazio institucional, jurídico e político” (48). Dessa maneira o papa afirma um “sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da conseqüente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana no setor da economia”, mas rejeita categoricamente “um sistema onde a liberdade no setor econômico não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloca ao serviço da liberdade humana... cujo centro seja ético e religioso” (42). Em outras palavras, o livre mercado, para permanecer adequado à pessoa humana deve ser mediado por uma ordem política e uma cultura saudável.

[Ôps! Temos isto no Brasil?]

É fundamental para os defensores do livre mercado entenderem essa conexão entre cultura e mercado. O mercado não funciona no vácuo. Requer um contexto jurídico, cultural e social. Por exemplo, muitos críticos advertiram a respeito do perigo da libertinagem numa sociedade de livre mercado. Em geral, esses críticos apontam que vivemos numa época em que tudo está à venda, até mesmo coisas como o corpo humano – e isso não deveria ocorrer. Essa libertinagem, contudo, não deriva da natureza do mercado, mas de nossa situação cultural e histórica particular. Assim, a aparente aliança entre livre mercado e libertinagem pode ser substituída por uma aliança entre o livre mercado e uma filosofia adequada da pessoa humana – que leve em conta a dimensão valorativa moral e espiritual da pessoa humana.

Por definição, não podemos escolher viver num mundo sem mercados. Mas podemos escolher que tipo de mercados iremos desenvolver. Serão livres ou planejados? Promoverão um ambiente favorável para a virtude ou oferecerão oportunidade para a violência e a corrupção? Responder a tais questões e esforçar-se para estabelecer mercados que sejam livres e virtuosos são tarefas válidas para todos os cristãos preocupados com a justiça e a correção dos mercados, da política e da cultura.


* Robert A. Sirico é Presidente do Acton Institute.

Acton Institute for the Study of Religion and Liberty

http://www.il-rs.com.br/

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Onde está a eficácia do Estatuto do Desarmamento?!

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Criminal / Polícia, pág. 106 e 107

Ligações perigosas
Escuta mostra que o MST orientou a facção criminosa PCC a organizar uma manifestação

Carlos Rydlewski e Fábio Portela

Era o que faltava: uma ligação entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que atua nos cárceres paulistas. Não se sabe ainda se é rasa ou profunda, mas, ao que tudo indica, ela existe. Um relatório preparado pelo juiz Edmar de Oliveira Ciciliati, da Vara de Execuções Criminais de Tupã (SP), com uma hora de escutas telefônicas, feitas no início de abril pela Polícia Militar em celulares de presos, sugere que o PCC contou com a colaboração dos sem-terra para organizar um protesto em 18 de abril, em São Paulo. Participaram da manifestação mais de 4.000 pessoas, no que foi a maior concentração de parentes de condenados já vista no Brasil. O ato, que reivindicava mudanças no regime de visitas dos presídios, mostrou uma capacidade até então inédita de articulação dos detentos.

As gravações indicam que o contato com o MST teria começado por meio das relações pessoais de um dos presos com integrantes do movimento. "Aí veio a idéia de ter uma maior orientação no campo de batalha", diz um criminoso (veja trechos da escuta). As dicas dos sem-terra teriam sido transmitidas em "palestras" ministradas a pessoas em liberdade, que depois as repassaram para a facção criminosa. Um integrante do MST ofereceu ainda os serviços de uma gráfica. Nas ligações, há comentários sobre o fato de um dos líderes do PCC ter conhecido José Rainha Júnior, do MST, na prisão de Presidente Bernardes (SP), em 2003. "Mas ele é sujo", diz o condenado. "Não com ladrão (detentos comuns), mas com o comando (o PCC)." Já um tal Gaúcho, apontado como membro da cúpula do MST, seria "da hora".

Nos telefonemas gravados, parcialmente divulgados na semana passada pelos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, discutem-se ainda detalhes práticos do protesto, como o preço do frete de ônibus para levar pessoas do interior ao ato na capital. Cada veículo custou 1.300 reais. Os presos também acertaram o valor de 10.000 camisetas – cada uma a 6,40 reais. O juiz corregedor dos presídios, Miguel Marques e Silva, afirma: "Tudo isso precisa ser apurado, mas a questão que fica é como o Estado, organizado e com mobilidade para defender a sociedade, não consegue combater um grupo de presos que faz esse tipo de coisa de dentro da cadeia".

Xico Graziano, ex-presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), não considera improvável que tenha sido estabelecida uma relação mais próxima entre o MST e o PCC. "Desde que passou a montar fábricas de sem-terra, o MST faz alianças urbanas de todo tipo", diz Graziano. "Eles precisavam arregimentar pessoas para a militância e, nesse processo, essa aproximação é razoável." Razoável e com precedentes, enfatize-se. Alianças entre bandos criminosos e organizações que se pretendem revolucionárias são comuns. O caso mais próximo e atual é a associação entre as Farc, a guerrilha esquerdista que inferniza a Colômbia, e os traficantes de cocaína daquele país. Um alimenta o outro, numa simbiose que tenta minar o poder do Estado.

Os diálogos do PCC

As escutas feitas pela polícia de São Paulo, no início de abril, flagraram conversas por celular entre prisioneiros, todos apontados como integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

OS PERSONAGENS

Orlando Mota Júnior, conhecido como Cala Calu, então preso na cidade de Iaras. Condenado a 48 anos de prisão.

Douglas Azevedo, o Da Paz, na ocasião, preso em Araraquara. Condenado a dezesseis anos.

Marcos Willians Camacho, vulgo Marcola ou Narigudo, atual cabeça do PCC. Condenado a 39 anos.

Denis e Luizinho, outros dois integrantes do grupo. Luizinho está solto.

AS CONVERSAS

O PCC PEDE AJUDA AO MST

Fala 1. Entre Orlando Mota Júnior, o Cala Calu, e Denis:

Cala Calu ­ (...) Eu acabei de conversar com os líderes do MST e eles vão dar umas instrução (sic) pra gente.
Fala 2. Entre Cala Calu e Douglas Azevedo, o Da Paz:

Da Paz ­ (...) O Narigudo (Marcola) conhece um dos líderes dele, que estava em Bernardes. É sujo, o Rainha (José Rainha).

Cala Calu ­ É sujo, né?

Da Paz ­ Sujo, sujo. Nem conversava (...) Mas um outro que assumiu e é líder-geral deles lá, que é o Alemão, e o nome dele é Gaúcho, ele já mandou as cartas para o irmão aqui (Marcola). Ele é um cara da hora, irmão, e está fechando com a gente de igual.

Fala 3. Mantêm-se os personagens:

Cala Calu ­ (...) Nós pode (sic) ficar tranqüilo que ele (o suposto integrante do MST) tem experiência com isso, ele vai conduzir a situação nossa, aí veio a idéia de (...) ter uma maior orientação no campo de batalha, entendeu? (...)

Da Paz ­ Pra você ver que, às vezes, os ventos estão a nosso favor, né, cara?

Cala Calu ­ Ele deixou à nossa disposição até mesmo a gráfica dele e as pessoas que faz (sic) faixa para ele pra todo tipo de manifestação.

Da Paz ­ Não tô acreditando no tamanho do negócio que estamos proporcionando. O bagulho é evolução, mesmo. O barato vai ser mil grau (sic).

CRIME MUITO ORGANIZADO

Fala 4. Da Paz faz comentários sobre a consulta feita ao Ministério da Justiça, por um advogado, sobre os ritos burocráticos para organizar um protesto:

Da Paz ­ Eles (do Ministério da Justiça) não podem estar diretamente com a gente, não vão mover nenhuma palha. A única coisa que podem fazer é mandar aviso para a prefeitura, para a PM, a Civil (polícia), o DSV (departamento de trânsito). Tem de avisar um monte de gente. (...) Tudo isso, como eu posso te falar, é um direito nosso. (...) Se vocês fizer (sic) desse jeito, podem ir que já era. (...)

PODER DE FOGO

Fala 5. Da cadeia, outros negócios também são tratados nas ligações gravadas, como a compra de uma metralhadora:
Luizinho ­ Tem um cara aqui que está vendendo uma matraca (metralhadora). (...) Fala que dá 3 000 reais, no máximo 3 500 reais, se estiver nova.

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http://www.mp.sc.gov.br/canal_mpsc/clipping/revistas/veja_050510.htm
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Monday, May 15, 2006

Oportunismo eleitoral com uma mãozinha do PCC

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A figura mais deplorável deste governo, o ministro Márcio Tomás Bastos, veio à público esta noite nos dizer o que eu já previa, mas não acreditei que a forma de sua retórica seria tão previsível, que só quando tivermos crescimento econômico, a onda de crimes e insegurança pública, se referindo ao caso de São Paulo, cessará.

Com isto, em uma tacada só, o ministro disse o que, implicitamente, pensa do cidadão brasileiro:

1o) Que quem comete crimes é o pobre, daí os mesmos crimes cessarem com maior oferta de emprego;

2o) Que sua "justiça" morosa, apática, leniente (inclusive, consigo) não tem absolutamente, nada a ver com o ocorrido. É tudo uma questão de "economia".

Se tivéssemos uma sociedade realmente pautada em duas pilastras, o direito e o dever, não teríamos o descaso que atingiu nossa sociedade e suas instituições, como o próprio aparato de defesa. Este é o caso específico da Polícia Civil que às vésperas do terrorismo premeditado em larga escala, negociava com criminosos (distribuindo rodízio de pizzas e sanduíche de picanha, creiam-me) a anulação do ato já planejado devido à decisão do governo do estado de isolar líderes do PCC no interior do estado.

A corrupção não grassa apenas em Brasília. Ela tomou os poros de nossa sociedade, isto não é novidade.
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