interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Wednesday, October 24, 2007

O Passado é a Chave para o Presente: Aquecimento e Resfriamento através do Tempo*


Ao longo do tempo

O planeta Terra condensou-se há 4,5 bilhões de anos de poeira de estrelas recicladas. Desde então, os continentes têm se movido, os materiais da terra se reciclado constantemente e todos seus ecossistemas têm evoluído dinamicamente. A Terra não deixou de ser um sistema dinâmico em desenvolvimento apenas porque os seres humanos vivem agora, de forma permanente, em quase todos os continentes.

Desde que houvesse água na forma líquida nos continentes, havia possibilidade de vida. As bactérias diversificaram-se lentamente e, com o envelhecimento do planeta, um grupo de bactérias emitiu grandes quantidades de oxigênio, cuja menor proporção ficou retida na atmosfera. O excesso de oxigênio foi preso nas rochas e uma quantidade maior dissolvida nos oceanos tendo como resultado a precipitação de óxidos de ferro. São estes óxidos de ferro que formaram os grandes campos de minério de ferro do planeta (como, por exemplo, a Serra de Carajás no Pará). A vida, a atmosfera, os oceanos e as rochas interagiram em um processo que levou, pelo menos, 2,5 bilhões de anos em nosso dinâmico planeta.


* Adaptado de IAN PLIMER, The Past is the Key to the Present: Greenhouse and Icehouse over Time.

Comércio e Técnica


http://www.freepatentsonline.com/6658568.html

A evolução das técnicas empregadas pela humanidade se confunde com esta própria e, especificamente, com a administração pública ou privada. Os estados modernos que estenderam seus domínios ao final do feudalismo não prescindiram do aumento de seus corpos burocráticos, cada vez mais especializados. Mas, isto é apenas parte do conjunto. Se formos avaliar o que impulsionou a técnica, aí está o comércio que cresceu a partir dos burgos. Não raro, a burguesia nascente se aliou com monarquias para reduzir o poder das oligarquias, o que, por sua vez, também levou ao crescimento da própria acumulação capitalista e poderes estatais.

Separado do comércio e de sua decorrente competitividade, a técnica não encontrou solo fértil. É o caso lapidar da 3ª Roma, mais conhecida como URSS. Como uma nação que levou o primeiro satélite artificial ao espaço, que desenvolve até os dias atuais uma moderna indústria aeroespacial com seus acrobáticos MIGs não obteve, no setor de bens de consumo, fazer algo melhor do que um Lada?

Globalização e Gordura

Ué?! A globalização não causa empobrecimento?! Então, como se explica o aumento do peso na maioria das pessoas em 63 países?!?! Algo, simplesmente, não bate com as "informações" divulgadas pela mídia de esquerda, anti-globalização. O que será que os vagabundos que protestam em Davos ou no Fórum Social Mundial de Porto Alegre teriam a dizer sobre este evidente exemplo de sucesso do capitalismo???
METADE DA POPULAÇÃO MUNDIAL ESTÁ ACIMA DO PESO
Mais de metade da população mundial está obesa ou acima do peso, apontou pesquisa global publicada nesta terça-feira na revista científica norte-americana Circulation Journal. O estudo, que analisou dados de 182.970 pessoas de 63 países nos cinco continentes, mostrou que 50% das mulheres e 60% dos homens analisados estão acima do peso ou obesos. Os pesquisaores, liderados pelo médico Beverley Balkau, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisas Médicas da França, utilizaram o Índice de Massa Corporal (IMC) para avaliar o grau de obesidade dos voluntários. O IMC é um padrão internacional e é calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado. O país com maior número de obesos (entre os analisados) foi o Canadá (36%) e as regiões com os menores índices de obesidade foram o leste e o sul asiático (7%). Os Estados Unidos não foram analisados na pesquisa.

Porto Alegre, 24 de outubro de 2007 - www.Videversus.com.br - nº 822

Monday, October 22, 2007

Turcos vs. Curdos vs. Curdos


"A guerra educa os sentidos, concita a vontade para a ação, aperfeiçoa a constituição física."
- Emerson, Miscellanies: War.

Apesar das diferenças entre o Governo Regional Curdo (KRG) e o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) é do interesse do primeiro manter o PKK contra os turcos preservando assim seus interesses no óleo regional, bem como os investimentos externos.

21 de outubro passado, rebeldes curdos mataram 17 soldados turcos. Com a promessa de um cessar-fogo no dia 22, o PKK conseguiu conter uma incursão turca, ao menos temporariamente. Se a Turquia esperava uma justificativa para a invasão, agora ela a tem. A Turquia tem enorme interesse em arrefecer os ânimos autonomistas do Curdistão, especialmente agora que influxos de investimentos externos têm criado a base para seu fortalecimento. Os planos de Ancara visam criar uma “zona tampão” que assegure a fronteira turca de possíveis entradas inimigas.

Para atingir seu intento, os turcos pretendem insuflar ainda mais o divisionismo interno curdo, especialmente entre dois partidos, a União Patriótica do Curdistão (PUK) de Talabani, que controla o Curdistão no sudeste iraquiano e o Partido Democrático do Curdistão (KDP) de Barzani, que controla o noroeste.

O núcleo da região curda compreende as montanhas entre a Turquia, Irã, Síria e Iraque defendendo sua etnia de uma ocupação e integração, mas que através dos séculos também ajudou a fomentar profundas rivalidades internas. Uma guerra civil envolvendo o PUK e o KDP já ocorreu em 1994. E o Partido Democrático (KDP) já apoiou o ataque turco contra o PKK em 1997, assim como a União Patriótica (PUK) recebeu alguma ajuda do Irã para lutar contra o KDP durante a Guerra Civil Curda.

Com um espírito de união desses, não é à toa que Ancara e Bagdá (nos tempos de Saddam Hussein) tenham tirado vantagens no afã de consolidar seus projetos hegemônicos ao norte e ao sul, respectivamente. Os líderes Talabani do PUK e Barzani do KDP mantiveram uma aliança conjuntural apenas por ocasião da invasão americana no Iraque para maximizarem seus benefícios. Foi a partir de então que companhias americanas e canadenses, principalmente, sentiram o terreno propício a suas incursões para o desgosto turco. E lembremos que a Turquia é uma tradicional aliada da OTAN...

No entanto, todo investimento externo é bem dividido entre o PUK e o KDP, o que revela uma frágil união entre Talabani e Barzani. Não há, portanto, um esteio econômico comum... Ancara sabe disto e não vacilará em explorar a diferença deles. Além disto, Kirkuk é uma cidade-pólo para o Curdistão, da qual tanto um quanto outro a disputam como legítimos líderes. Por trás disto tudo, a Turquia se concentra em quebrar a unidade que o Governo Regional (KRG) almeja. Ao final das contas ou a Turquia invade o Curdistão impondo um regime de força ou explora alianças regionais com Talabani, visto como mais pragmático contra Barzani, um típico guerrilheiro tribal. Com 74 anos de idade, este talvez seja o coringa que resta na manga de Talabani...

Baseado em Iraq: New Strategies. May 17, 2004 23 59 GMT. By George Friedman – www.stratfor.com

Mídia não opinativa




Críticos da mídia apontam o esquerdismo como principal “desvio” da função da mídia e de seu dever de bem informar. Penso que é mais do que isto, bem como anterior a isto tudo. Conversando com jornalistas que criticam a “mídia opinativa”, em especial os que se pautam pelo “politicamente correto” vejo que defendem uma “mídia isenta”, a qual exerceria o verdadeiro jornalismo. Anos atrás li um livrinho sobre a Inglaterra, Um Canal Separa o Mundo ou algo assim, já nem me recordo direito do título. Havia uma seção que comentava sobre a mídia britânica, muito interessante. Argumentava que na Inglaterra não há o que se chama no Brasil de “furo jornalístico”. A agência que fornece informações é comum a vários jornais. A função precípua destes era de opinar mesmo. Quem compra um jornal X sabe que tem opinião diferente de um jornal Y e o faz por desejar uma avaliação singular. Não se procura o fato em si (este já está implícito), mas a opinião (ou opiniões se se tratar de compará-las) de um meio de comunicação.

Agora eu me pergunto se a montanha de informações distribuída sobre o desempenho do Brasil nos índices de credibilidade econômica tomadas como algo factual ou “isenta” têm alguma credibilidade no sentido de bem informar após a notícia abaixo?

Muralhas da China
Os analistas financeiros vivem momentos incômodos, um estudo, aponta que cerca de dois terços dos analistas de Wall Street recebem favores profissionais de executivos.
VER INFO >>
América Economia
, 7 de outubro de 2007. Edição 347.


Mídia isenta ou não opinativa não passa de outro sonho de virgem...

Sunday, October 21, 2007

A César o que é de César


A efígie de Che Guevara virou um ícone para os desavisados, tolos e hipócritas ou, na melhor das hipóteses, uma mercadoria para biquinis e camisetas manchadas com o sangue das vítimas do assassino que a história se encarregou de mistificar.



No dia 17 passado, Carlos Heitor Cony comentou os 40 anos da morte de Che Guevara na BandNews. Começou “bem” lembrando os “50 anos de sua morte” e terminou “melhor ainda” dizendo que foi um herói que cometeu erros, pequenas falhas como assassinar quem discordasse dos seus propósitos revolucionários. Detalhes para quem o definiu como “maior herói do século XX”! Eu não compreendo mesmo o conceito de herói...

Para o site Vermelho: a esquerda bem informada em Goebbels inspira Veja, a revista faz parte de uma “rede mundial de comunicação neomacartista”, cuja matéria histórica “Che: há quarenta anos morria o homem e nascia a farsa” põe uma pá de cal no facínora. O site dos fosseis vivos comunistas também critica a analise de Cony porque o mesmo teria chamado Che de um “péssimo administrador”, no que está coberto de razão. Alçado ao posto de Ministro da Economia após a Revolução Cubana, Che não se adaptou e deixou Cuba para fazer o que sabia: matar ameaçando populações a adotar o modelo comunista no Congo e depois na Bolívia onde foi finalmente e, merecidamente morto.

Mas, ouvindo Cony hoje notei que sua constatação não tem boa justificativa. Che teria continuado sua sanha guerrilheira porque era um adepto da “revolução permanente” não aceitando a influência (e direção) soviética, tampouco a de Fidel. Não é bem assim, a teoria da “revolução permanente” de Trotsky não era apenas de continuar a revolução em outros paises, mas de avança-la também nos que já tinham derrubado a burguesia. Caminhando do socialismo e de sua “ditadura do proletariado” ao comunismo, a teoria original marxista, compreenderia a própria extinção do estado. Apenas lembremos que Trotsky, então Comissário de Guerra da revolução teve em seu currículo de revolucionário, a repressão à Revolta de Kronstadt em 1921, na qual milhares foram executados. Nada mais irreal, portanto, para a práxis que adotava Guevara pinta-lo como um “libertário”, antiestatista ou coisa que o valha. Ele se afinava mais com Lênin na busca pelo poder a qualquer custo do que entrega-lo as massas subordinadas pelo totalitarismo comunista. Cony erra porque é mal informado; os vermelhos do Vermelho, por sua vez, erram porque são deturpadores ou fanáticos (o que dá no mesmo).

Entre fatos e deturpações existem interpretações. Vi muitas opiniões sobre o filme Tropa de Elite, mas há algo que penso ter escapado entre os que viram a ascensão neofascista no apelo por um justiciamento e a brutalidade policial como panacéia.

O filme tem o grande mérito de tomar posição em uma sociedade, cujas opiniões costumam ser insípidas. E é disto que o filme trata, das diferentes posições assumidas e suas conseqüências, inclusive da posição de não se posicionar, do “deixa estar” estudantil justificado de modo generalizante pela corrupção policial. No filme, a idiotia esquerdófila da “vitimização social” me pareceu bem ironizada pelo debate sobre Foucault em um curso de Direito. Hilário...

Só tenho duas observações a fazer sobre opiniões recorrentes sobre o panorama tratado no filme:

1ª) A legalização das drogas acabaria com o trafico. Isto, por si só, não basta. Sei que o filme não trata, explicitamente, desta questão, mas gostaria de chamar a atenção para que ninguém interprete mal achando que se sugere que a liberação seja suficiente para conter o crime. Conter o tráfico é uma coisa, conter o crime é outra... Imagine como seria uma simples legalização em nosso país, no qual adolescentes que participam de “rachas” e matam aleatoriamente... Apesar da obrigatoriedade do teste do bafômetro ter entrado em vigor com o Código de Trânsito em 1998, quem se recusar a faze-lo pode optar por pagar uma multa. O que não ocorreria se o consumo de maconha ou cocaína for legalizado? E se tratar de “celebridades”, a coisa fica pior ainda. Se a lei é permissiva com os erros de alguns, se abre um precedente para todos.

Mesmo na referenciada Holanda, onde o consumo de maconha é permitido, não se pode faze-lo em qualquer lugar de modo incondicional. O consumo fora de casa ou dos cafés é crime há mais de oito anos e, além disto, o país assiste há uma tendência inversa, de fechamento deste tipo de estabelecimento. É disto que nossa sociedade se exime. Assim como quase ninguém pensa sobre o que seria a ação contumaz de uma polícia correta e ordeira. Ou os cariocas e brasileiros em geral querem uma polícia dando batida em quem dá uma cheiradinha na Zona Sul carioca e bairros nobres de nossas metrópoles? A corrupção policial não existe no vácuo, ela é produto nosso. Se realmente queremos mudar as coisas, tem que se ir muito além da liberalização. Parafraseando o velho mestre Adam Smith “the inhabitant of the breast, the man within, the great judge and arbiter of our conduct”, a liberdade compreende grandes doses de responsabilidade ausentes em nossa cultura.

2ª) Outro dado que acho importante frisar é que com uma polícia tendo que torturar, para obter informações urgentes, o caso do protagonista do filme, o Capitão Nascimento é sintomático. Não foi a tortura que o levou a uma momentânea perturbação, mas o fato de ter libertado um informante que, sob coação, denuncia comparsas levando-o ao inevitável destino de cruzar o Hades. Sua crise se agrava com a acusação feita por uma mãe de que eles, os policiais mataram seu filho ao liberta-lo. Dentro do raciocínio do policial, a avaliação da mãe corrobora o que pensa sobre ser conivente com o tráfico: em uma das ações retratadas, o mesmo capitão esfrega o rosto de um consumidor no peito aberto de um dos traficantes pelas balas do BOPE acusando-o de ser responsável por sua morte. Outro mérito do filme é este, não cria heróis, mostra valentia mesclada com brutalidade convivendo com o erro.

Nossa sociedade não prescinde da tortura como método recorrente, infelizmente, porque se trata de uma guerra. Mas, é disto que se trata. A guerra é anarquia, falta de lei e império da corrupção. Com uma esquerda hipócrita (redundante, não?) e uma direita obtusa que vê o combate à corrupção como “perfumaria” estamos em maus lençóis.

Em nosso fantástico país, a morte de policiais não rende paginas de jornal nem consideração nenhuma por parte de jornalistas ou membros da elite cultural, artistas, personalidades ou celebridades. Em paises civilizados, por mais que se desgoste da policia, pelo menos subsiste um certo pensamento utilitarista quando um policial é morto: “se um bandido tem a audácia de assassinar um policial, imagine o que ele não faria comigo!” Por outro lado, a morte de um verme sanguinolento há 40 anos atrás na Bolívia provoca um rosário de lamúrias de tontos e imbecis que não são capazes sequer de entender o que significa defender a vida alheia. Cultuam assassinos, mas quando seus bens ou vida são ameaçados não titubeiam em clamar pelas “forças de repressão”.

Se o mérito pelos policiais desviarem as balas que seriam destinadas a nós ainda não encontra consenso por alguns, o mérito de Che já foi devidamente assegurado com um tiro de misericórdia no peito.