interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Saturday, January 31, 2009

Guerra de Propaganda

Texto rico e interessante sobre a mídia na guerra e a chamada “guerra psicológica” comparando os casos do Pós-Guerra na Alemanha com o Iraque:
Ou seja, faltou a boa e velha Realpolitik aos neocons. Ou, em outras palavras, como disse Winston Churchill "A verdade é um bem tão precioso que, às vezes, precisa ser protegida por uma escolta de mentiras".

Wednesday, January 28, 2009

Teerã e Washington*



Na proporção direta às bandeiras americanas queimadas em Teerã avançam as negociações com Washington. Assim como o Irã pretende afirmar a influência xiita no Oriente Médio, os EUA têm o Iraque como centro de suas preocupações na manutenção da estabilidade. Uma posição cooperativa mútua se delineia mais claramente. No horizonte das negociações, o Dept. de Estado Americano já tem um aceno de boas-vindas dos aiatolás mais extremistas à administração Obama. Simultaneamente a formação da equipe diplomática, o Irã terá suas eleições presidenciais em junho. Como sinal de confiança acenado por Washington está a redução da atividade militar americana no Iraque, mas não sua eliminação completa.

Só com a contrapartida de redução de apoio iraniano aos xiitas no Iraque isto se tornou possível. Como externalidade positiva nesta geopolítica, os EUA podem focar seus esforços no combate a al-Qaeda e ao Talebã no Afeganistão também. Uma dupla vitória em curso e a perda de um aliado para os jihadistas. De sua parte, os EUA terão reduzidas suas operações na fronteira com o Irã. O Pentágono já faz planos para redução dos efetivos no Iraque e previsão de retirada para o fim de 2010 – um ano antes do estipulado pelos EUA. Segundo o General David Petraeus, governador geral iraquiano, o Afeganistão é o ponto central do acordo com o Irã e a mudança da política do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC, na sigla em inglês) que permite a livre passagem da al-Qaeda e dos talebãs pelo território nacional.

Outro teste para os EUA reside na cooperação ao e-Khalq Mujahideen (MeK), grupo marxista que atua com cerca de 3.000 membros baseados em Ashraf, na província de Diyala no Iraque. Teerã teme que os EUA os apoiassem contra sua teocracia e agora querem garantias de que não poderão se reorganizar. Se os EUA de Obama não quiserem um novo escândalo internacional contra os Direitos Humanos não poderão extraditar os membros do MeK ao Irã ou liberá-los aos iraquianos que, provavelmente, os matariam após torturá-los. A alternativa óbvia será encontrar asilo político na União Européia, o refugo de foras-da-lei que já os retirou da lista de organizações terroristas internacionais. Mas, úteis eles são. São coringas nas mãos da U.E. e dos EUA contra Teerã que quer sua eliminação política (sic) em troca da traição a al-Qaeda e ao Talebã. Yes, we can... Ou Yes, we have terrorists, too!

Nem os árabes nem Israel poderão ver o Irã como eliminado do jogo, mas um entendimento deste com os EUA parece ter saído da mera retórica. Nada como uma boa troca de ameaças.

Tuesday, January 27, 2009

Ingestão diária de calorias per capita



Países Desenvolvidos (PD);
Mundo (M);
Países Em Desenvolvimento (PED).

1960

PD: 2.900

M: 2.200-2.300

PED: 1.900

2000

PD: 3.200-3.300

M: 2.800

PED: 2.600-2.700

Fonte: FAO, DATABASE acessada em 2001, http://apps.fao.org/ apud O Ambientalista Cético de B. Lomborg, Campus, 2002, p. 76.

Monday, January 26, 2009

Obamis - 2


Acho que o DaMatta resumiu bem o que penso sobre o fenômeno Obama aqui. No fundo, eu queria que Obama ganhasse mesmo, embora minhas idéias e noções básicas sobre comércio internacional (tendo em foco o Brasil) se afinem muito mais com McCain... Acontece que o significado da vitória do ‘negro’ seria importante em termos mundiais e, politicamente, estratégico. Afinal, não é pouca coisa termos um ‘Hussein’ na presidência dos EUA.

Economicamente, consideradas as propostas de Obama, como detalhes que levem a um maior protecionismo das empresas nacionais vejo como um desastre. Não que eu seja um liberal tout court, pois não sou, mas assim como Bush (em seu primeiro mandato) estipulou cotas de importação de aço europeu, ao que foi confrontado pelos empresários que necessitavam de matéria-prima a preços competitivos e recuou, penso que Obama agradará a muitos com suas propostas demagógicas e “latino-americanas” ao estilo de “perfeito-idiota” nos primeiros meses para depois ver as taxas de crescimento declinarem relativamente. Enquanto que muitos louvam suas propostas de taxação do carvão e incentivo ao biodiesel de milho esquecem que poderá haver barreiras ao biodiesel brasileiro e cotas de importação dentre outras estratégias inibidoras para nossas exportações. Neste quesito, exceção feita ao combate ao narcotráfico, os EUA são campeões por que aplicam princípios de mercado que encorpam a economia no longo prazo. O velho McCain também tinha uma proposta para a imigração e a previdência social que combinava dois problemas com uma solução: legalizar cerca de 20 milhões de imigrantes incorporando-os ao fisco para financiamento de aposentadorias e benefícios sociais. Isto é, crescer o bolo para distribuir. Ao passo que Obama só pensa na faca para cortar o bolo e esquece seu fermento...

Quanto a Guantánamo, mesmo que extinga o centro prisional, não sei como será o realocamento de seus presos. Por certo que apenas soltá-los seria um desastre. Afinal, dezenas de presos soltos voltaram ao terrorismo e não seria exagero pensar que uma liberação em massa traria mais prejuízos ainda. No entanto, se isto significar uma aproximação ao país de Raúl Castro e extinção gradual do totalitarismo pela adoção da democracia e da economia de mercado na “ilha-cárcere”, talvez o sacrifício valha a pena.

Agora, as questões mais candentes estão no leste, como não poderia deixar de ser: Irã, Iraque e Israel. Alinhavar um acordo com Israel pode ser o mais difícil, mas isto não pode significar um trunfo para Ahmadinejad se seu prestígio crescer ao ponto de fortificar seus intentos sanguinários e fundamentalistas, como tentar aliciar países como a Arábia Saudita em uma nova jihad.

Entre Israel e Irã está o Iraque. Tirar as tropas agora, sem um bom e alinhavado plano seria temerário. A questão do Iraque envolve negociações com o Irã que, graças a presente crise serviu para baixar os preços do barril de petróleo e também a bola dos aiatolás. Com isto, Teerã voltou à mesa de negociações e a violência no sul do Iraque (Basra) diminuiu. Estão mais mansos, é verdade. Tanto que o Irã não deu apoio (não, explicitamente) à aventura russa na Geórgia. E, embora a campanha russa tenha parecido uma derrota da Otan penso que serviu de pretexto a um avanço tático no Mar Negro. Com o posicionamento da marinha americana e demais aliados da Otan ao norte somadas às tradicionais posições no Golfo Pérsico, o Iraque está cercado. Isto, sem contar com o apoio da peça-chave que representa a Turquia. Perde-se uma Geórgia para ameaçar (ou ganhar) um Irã/Iraque.

Resta saber se Obama saberá manter o jogo.