interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, January 17, 2008

Ensaiando os primeiros passos



Embora possam ter alcance menor do que o alegado, os mísseis iranianos são suficientemente abrangentes para atacar Israel ou o Iraque.[1] Mas, não deixa dúvidas sobre um possível ataque à Rússia, inclusive Moscou. Como ninguém gosta de ter um vizinho com um rifle com mira telescópica apontada para sua casa, o desconforto russo é notório e a recente viagem de Putin ao Irã é mera diplomacia para jogar com as negociações entre Teerã e Washington.

Alcance dos mísseis Ashura e Shahab-3


Como os iranianos apresentam desvantagem frente o poderio americano há clara intenção de confundir o oponente quanto o alcance de seus mísseis. Uma arma capaz de “desviar do radar e atingir alvos múltiplos” parece um tanto exagerado para a capacidade tecnológica iraniana. Mas, o alvo mais tangível não fica muito longe, se trata do Estreito de Ormuz, principal passagem do petróleo do Golfo Pérsico. Apesar da possibilidade de bloqueio, ela não é duradoura. E tal expediente atiçaria um possível ataque dos EUA endossado pela comunidade internacional.

Com a derrubada do regime do xá Rheza Pahlevi, o Irã ficou defasado militarmente e não encontrou apoio soviético, em parte devido à negativa fundamentalista da própria Revolução Islâmica. Os avanços que o Irã atingiu no setor bélico decorrem de adaptações dos produtos importados dos EUA, como mísseis terra-ar para serem lançados de seus F-14, bem como novas adaptações de antigos helicópteros de serviço público JetRanger. Estes e outros itens têm cerca de 30 anos de uso. O próprio míssil Shahab-2 é uma adaptação do velho Scud-C soviético dos anos 50.

Há algumas boas adaptações, como um torpedo de alta velocidade também derivado do foguete anti-submarino russo VA-111 Shkval, que navega com uma bolha de ar no nariz onde libera bolhas de ar comprimido. A vantagem é o menor atrito que lhe confere maior desempenho. Com mais de 200 milhas por hora quando submerso se torna quase impossível à evasão por um submarino ou navio.

Shahab-2

Quando próximos (quatro milhas), a base do ataque também se torna vulnerável pela força de seu impacto. Portanto, a margem de aplicação no estreito é limitada. Para o caso, armas menos poderosas, como o míssil de médio-alcance Kowsar, similar ao C-801 chinês e ao Exocet francês antibarco serviriam.

Uma arma interessante também foi testada pelos iranianos. Trata-se de uma embarcação que paira sobre o mar, como se fosse um avião, mas com principio de funcionamento semelhante a um hovercraft, que cria um “colchão de ar” entre a superfície da água e suas asas. Tecnologia de origem russa no período soviético, a alegada resistência ao radar pode ser pelo material utilizado, madeira e fibra de vidro. Armado com pequenos mísseis antitanque, o veículo apresenta boa capacidade de resolução em possíveis conflitos no estreito.

Os mísseis ar-terra Noor servem para atacar defesas antimísseis. Também se alega que lançada de longe, “além-horizonte”, o míssil passa a perseguir seu alvo quando próximo. Embora não seja uma nova tecnologia, ela representaria um significativo avanço bélico iraniano.

Se verdadeiras as informações, tais armas conferem ao Irã um poder de dissuasão e ameaça aos vizinhos Omã, E.A.U., Qatar, Arábia Saudita e Kuwait. Frente a este desafio, só há uma potência capaz de obliterar os intentos imperialistas iranianos e ela se chama Estados Unidos da América. Urge que o faça antes que Irã queira ensaiar seus primeiros passos.

[1] The Iranian Missile Program, Stratfor Today » November 27, 2007.

Wednesday, January 16, 2008

Combatendo uma guerrilha rural no Oriente Médio


Eu não sabia da posição paquistanesa favorável ao Talebã. Sei que os "estudantes" (talebans) tiveram sua formação no Paquistão, mas pensei (ingenuamente) que a posição de aliado do Paquistão ajudasse a reverter a guerrilha. E no fulcro disto, o Afeganistão rural onde "democracia é uma abstração" e "deus vale mais que todo o parlamento". Claro, só de reza não vive o vivente, então a defesa da produção de ópio dá o substrato econômico necessário.

Vencer no Afeganistão implica em estratégia firme no agora convulsionado Paquistão. Complicado... Sem um programa contra-revolucionário como foi na Malásia (diferentemente do Vietnã) de apoio aos vilarejos e maior presença ali, isto não terá futuro. Apoio significa a formação de redes de informantes e simpatizantes contrários à guerrilha talebã. Como o diz Kaplan "se você viver e dormir com o povo, ele confia em você". Somente assim o governo Karzai poderá lograr um trunfo frente ao fundamentalismo islâmico na região.


July 20, 2006
Op-Ed Contributor
The Taliban's Silent Partner
By ROBERT D. KAPLAN
Stockbridge, Mass.

WHEN the American-led coalition invaded Afghanistan five years ago, pessimists warned that we would soon find ourselves in a similar situation to what Soviet forces faced in the 1980's. They were wrong — but only about the timing. The military operation was lean and lethal, and routed the Taliban government in a few weeks. But now, just two years after Hamid Karzai was elected as the country's first democratic leader, the coalition finds itself, like its Soviet predecessors, in control of major cities and towns, very weak in the villages, and besieged by a shadowy insurgency that uses Pakistan as its rear base.
Our backing of an enlightened government in Kabul should put us in a far stronger position than the Soviets in the fight to win back the hinterland. But it may not, and for a good reason: the involvement of our other ally in the region, Pakistan, in aiding the Taliban war machine is deeper than is commonly thought.

The United States and NATO will not prevail unless they can persuade Pakistan's president, Pervez Musharraf, to help us more than he has. Unfortunately, based on what senior Afghans have explained in detail to American officials, Pakistan is now supporting the Taliban in a manner similar to the way it supported the Afghan mujahedeen against the Soviets two decades ago.
The Taliban has two leadership cells operating inside Pakistan, presumably with the guidance and logistical support of local authorities. Senior lieutenants to Mullah Muhammad Omar, the Taliban's supreme leader, are ensconced in Quetta, the capital of the Pakistani province of Baluchistan. From there they direct military operations in the south-central Afghan provinces of Helmand, Kandahar, Uruzgan and Zabul.
Meanwhile, one of the Taliban's savviest military commanders, Jalaluddin Haqqani, and his sons operate out of Miramshah, the capital of the North Waziristan Province. From there, they run operations in Kabul and the eastern Afghan regions of Khost, Logar, Paktia and Paktika.
Mr. Haqqani, who was years ago an American ally in the anti-Soviet campaign, has also been long suspected of sheltering Osama bin Laden. He is a crusty warrior with a great deal of credibility in Afghanistan because 20 years ago, rather than sip tea with journalists like some other rebel leaders, he was laying siege to Soviet positions.
Meanwhile, in the Pakistani city of Peshawar and the Bajur region, one finds various headquarters of Gulbuddin Hekmatyar, whose Hezb-i-Islami Party is aligned with the Taliban. Mr. Hekmatyar, another former American ally, runs operations in the Afghan regions of Kapisa, Kunar, Laghman, Nangahar and Nuristan.
These various bases inside Pakistan have assured the Taliban's survival in the years since a democratic government was established in Kabul. Having hung on, the Taliban has recently regained much of its strength — and may now be winning the war of the villages against President Karzai.

In Afghan politics, it is the rural heartland that has always been the pivotal terrain, the place from where the mujahedeen rebellion against a secularized, Marxist-influenced urban regime was ignited in 1978, almost two years before the Soviets actually invaded. Whereas Iraq is two-thirds urban, less than a quarter of Afghans live in cities.
In Afghan villages, God and tribe are more tangible than any elected parliament. And where democracy remains an abstraction, anyone who can provide security and other basic needs — by whatever means — commands respect. Since toppling the Taliban in late 2001, the coalition and Afghan leaders have concentrated too much effort on Afghan cities, many of whose inhabitants, connected as they are to the outside world, are apt to support democracy anyway. The war we are now fighting will be won or lost in the villages.
While government officials from Kabul show up in rural areas for regular visits, the Taliban are setting up permanent presences in them. They are also importing radical, Pakistan-trained clerics to preach against the Kabul authorities. While officials from the capital too often speak in platitudes, the Taliban make concrete offers to protect poppy fields from eradication.
The drug trade is a particular problem because the United States, given its domestic policies, must take a stand against it and the government in Kabul, needing to maintain an upright image with international donors, must follow suit. Thus, the Taliban is free to use our morality against both.
The Taliban even have shadow officials for small areas of Afghanistan, whose top officials live just over the border in Pakistan. Afghan villagers journey to Pakistan to seek justice for one grievance or another from these alternative figures.
The situation is tragically simple: the very people we need to kill or apprehend we can't get at, because they are in effect protected by our so-called ally, Pakistan. All we can do is win tactical battles against foot soldiers inside Afghanistan, who are easily replaced.

It isn't that President Musharraf is doing nothing. He has deployed troops along the border that have somewhat cut down on the activities of Mr. Haqqani. Moreover, many of his troops are busy quelling a separatist rebellion in the border province of Baluchistan.
But he feels himself atop a volcano of fundamentalism. He is among the last of the Westernized, British-style officers in the national army; after him come the men with the beards. The military and Pakistani society are filled with those who do not see the Taliban as a threat: it is an American problem, and one for an Afghan government toward which they feel ambivalence. So President Musharraf must walk a fine line. And he must be as devious with us as he is with any other faction.
Thus Pakistani strategy is to get the Taliban to the point where it can set up secure leadership bases in remote parts of Afghanistan and move across the border. Then Pakistan will claim that it is no longer its problem.
There are two opposing tipping points to watch out for. The first is the moment the Taliban leadership feels safe in bases inside Afghanistan and decides it can mobilize to infiltrate and eventually topple the cities. That is when Presidents Bush and Karzai lose. Mr. Karzai would need to form his own private militia, and perhaps cut a deal with Mullah Omar in order to survive.
The other tipping point is when the Taliban leaders inside Pakistan feel themselves under so much pressure from the local authorities that their energy is spent on survival rather than on running operations. That is when Messrs. Bush and Karzai win. Unfortunately, this seems less likely than the first tipping point.
We can't reverse this drift without a stronger policy toward Pakistan. I say this with extreme trepidation. President Musharraf, for all his faults, may still be the worst person to rule his country except for any other who might replace him. And yet it is necessary to hold his feet to the fire to a greater extent than we have.

Things have reached the point that it was entirely justified for the American ambassador to Islamabad, Ryan Crocker, to say this month that the exiled former Prime Ministers Benazir Bhutto and Nawaz Sharif should be allowed to return and run against Mr. Musharraf. As corrupt as those two leaders were, we need leverage.
IN the end, the battle for Afghanistan will be won in the villages, and the time-tested rules of counterinsurgency will apply. The two most vital goals in this case will be giving the local residents a stake in the outcome through subsidies and development projects; and providing security through the presence of coalition troops embedded with Afghan Army units. Periodic patrols don't cut it. If you live and sleep beside people, they tend to trust you. You don't win these kinds of wars operating out of big bases near the capital.
Finally, while democracy may be an abstraction in the Afghan countryside, it can be a powerful psychological tool if explained in the language of nuts-and-bolts enticements. With our help, President Karzai's rural representatives must articulate a strategy of hope and development, and contrast it with the one of interminable conflict that is all that the Taliban can ultimately offer.
Robert D. Kaplan is a national correspondent for The Atlantic Monthly, and the author of "Soldiers of God: With Islamic Warriors in Afghanistan and Pakistan."

Monday, January 14, 2008

Bush e o Oriente Médio - 2


Esses iranianos são uns estúpidos, mesmo. Com sua ameaça barata no estreito deram um presente a George Walker Bush. A união dos árabes aliados contra os persas ganhou um reforço e tanto. Eu não sabia das versões alegadas, de que a ameaça explícita pelos iranianos veio depois da receptação de um comunicado entre eles aventando um ataque. Tem coisa mal contada aí...
Mas, de qualquer forma, ótimo! Também fica difícil crer que se os barcos iranianos apenas se comunicavam, não iriam querer "dar o seu recado". E se havia a intenção de provocar uma espécie de "ameaça", em que pese a marinha americana chamar isto de "operação disciplinada", me parece mais coisa de moleque. Qual o sentido da ameaça se a mesma não se consumou? E também soa estranho a inexistência de uma "resposta", dado o incidente com o USS Cole no Iêmen.
Só mesmo, se os barcos iranianos não estavam tão próximos assim. Impressionante também é a afirmação do despreparo da frota americana em simulação já feita. Com um cenário destes, parece que torcem para a concretização de um incidente como pretexto para uma forte retaliação. De qualquer forma, a viagem de Bush à região, com intento de orquestrar uma coalizão árabe anti-iraniana parece estar indo de vento em popa. Ainda mais se levarmos em conta que o maior temor árabe era menos com o programa nuclear iraniano do que com um ataque americano ao Irã.
E se entendi bem, um possível bloqueio em Ormuz devido a um ataque ao Irã prejudicaria os exportadores, apesar do encarecimento do óleo. Assim fica claro que o maior objetivo de defesa americano não é Israel, mas a Arábia Saudita. Parece que um recado foi dado, não só para Teerã, mas para todos árabes: não precisa que um porta-aviões da classe Nimitz seja afundado, basta um bloqueio no estreito para que a guerra comece. Um bloqueio para elevação do preço do barril já é suficientemente malvisto e serve como motivo.

Com a mudança do eixo estratégico da aliança EUA-Israel para EUA-exportadores árabes, a coalizão anti-iraniana ganha força e pretexto para um ataque. Da ameaça nuclear iraniana se parte para a defesa algo mais tangível e tático, o fornecimento de petróleo. Bush ganha pontos.
Cf.: The Strait of Hormuz Incident and U.S. Strategy,