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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Tuesday, January 19, 2010

Burguesias nacionais e imediatismo



Todo mundo sabe que o nazi-fascismo é a última esperança do capitalismo em bloquear o comunismo. Dizer que o comunismo e o nazi-fascismo são similares é o mesmo que dizer que Fulgêncio Batista e Fidel Castro são iguais.


Há tempos ouço esta lorota, de que o nazismo foi a última alternativa contra o comunismo para preservação do capital. “Tanto foi” que limitou a atuação dos capitalistas privilegiando os grupos ‘nacionais’. Que diabos de capitalismo é esse? Trata-se de algo similar, isto sim, ao sistema econômico desenvolvido pós-Revolução Islâmica no Irã, no qual os ativos de empresas estrangeiras foram expropriados e cedidos a amigos do regime, que se declarassem favoráveis e apoiassem os rumos da insanidade de fanáticos religiosos. Muitos desses – bazaarin, sem filiação explícita com a religião – apoiaram Khomeini por puro pragmatismo econômico. Portanto, a análise que descarta a ação estratégica e se fixa na retórica (hipócrita, diga-se de passagem) é digna de editoriais de pasquins de nano-partidos regados ao discurso de centros acadêmicos. Nada além disto. 


Um ponto importante, a diferença entre as ditaduras... Sinceramente, não vejo muita. A própria ditadura “de direita” no Brasil teria, hoje, muitas de suas propostas econômicas estatizantes abraçadas pelos opositores de esquerda do governo Lula. Então, se observarmos como as coisas eram e ficaram, quem não evoluiu foram os adeptos do que imaginam que seria um governo de esquerda latino-americano. Por isso apoio um Gabeira como governador: para que mais um mito caia por terra, tão logo dê as fuças com o muro chamado ‘Realidade’.


Então me explique por que as burguesias nacionais aliam-se ao fascismo?


As burguesias nacionais aliam-se ao fascismo, assim como as burguesias nacionais (iranianas) aliaram-se aos aiatolás, assim como a burguesia nacional não paulista não estava nem aí contra Getúlio e abdicou da liberdade constitucional em nome de uma segurança proto-fascista, assim como várias burguesias o fizeram, porque são oportunistas. Agora, se um agente privado específico se beneficia de um regime autoritário em particular, do ponto de vista estritamente econômico, ele será um trouxa de trocar esta posição em nome de uma ética liberal com capitalismo para todos. No curto prazo, bem entendido... Pois, no médio e longo prazos, o privilégio adquirido irá, paulatinamente, se esvair em função da lógica de crescimento político do estado. Empresas petrolíferas devem ter perdido dinheiro com o boicote ao Iraque promovido pelos EUA nos anos 90 (Clinton), sem dúvida, mas sob um regime autoritário, outras burguesias que não dipõem de laços mais fortes com o poder de estado só sonham em lucrar para depois serem, sumariamente, traídas. Vide a Petrobras que teve seu contrato rasgado por Saddam em favor da Elf. Nós achamos a maior reserva de petróleo iraquiana, mas a obrigação de lucrarmos os 20% em cima foi pra baixo da terra enquanto que o petróleo subia... Para alguns capitalistas, sem dúvida que lucrar de qualquer jeito é bom, mas para o capitalismo como um todo é evidente que não.