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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Wednesday, April 11, 2007

Empresa estatal expropria o cidadão

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Paulo Sant'ana
10/04/2007


Contrato ludibriado


Aos poucos, vou chegando à conclusão de que os brasileiros gostam de ser ludibriados. Assistimos atualmente no país ao maior golpe da história da nacionalidade: as maiores autoridades da República fizeram-nos crer que os dois vetores do preço dos combustíveis eram o dólar e o preço internacional do barril de petróleo. Ficou assim há mais de um ano instituído pelo atual governo federal um contrato com o consumidor brasileiro de combustíveis: estava atado o preço dos combustíveis à cotação do dólar e do barril de petróleo. Isso queria dizer, a menos que o governo imagine que somos mais otários do que já definitivamente nos tornamos, que, se subisse a cotação do dólar e do barril de petróleo, subiria o preço dos combustíveis. E, logicamente, se baixasse a cotação do dólar e do barril de petróleo, os consumidores de combustíveis teriam de ser beneficiados com a queda no preço da gasolina e dos outros derivados.

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Preste bem atenção agora, ministra Dilma Rousseff, que nós, gaúchos, nos orgulhamos pelo fato de ter a senhora saído daqui do Estado para se tornar a primeira-ministra do governo Lula. Ministra Dilma, tenho bem presente que foi a senhora que celebrou esse contrato com os brasileiros, ao tempo em que era ministra das Minas e Energia. Foi a senhora que tranqüilizou o Brasil, afirmando categoricamente que se celebrava naquele instante um pacto entre o governo e o povo - os pressupostos do preço dos combustíveis seriam exclusivamente dois: a cotação do dólar e a cotação internacional do barril de petróleo.

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O dólar vem baixando há mais de um ano, a ponto, ministra Dilma, de ontem ter batido em R$ 2,02. Ou seja, ministra, o dólar atingiu ontem um preço que desde o início de 2001 não atingia. Ministra Dilma, este preço do dólar está cada vez mais fechando fábricas de calçados aqui no Vale do Sinos, na semana passada fecharam várias. Se de um lado o dólar extingue milhares de postos de trabalho entre as indústrias exportadoras, seria lícito, ministra Dilma, que essa queda espetacular do dólar distribuísse benefícios para os brasileiros. Entre os quais, a queda imediata, resoluta, impostergável do preço dos combustíveis.

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Ministra Dilma, não é só o dólar que tem queda. Ontem, ministra, o preço do barril de petróleo teve uma queda de 4,3%. Sabe a senhora que isso é um fato econômico singular, fantástico. Não é possível que permaneça inalterado o preço que a Petrobras está cobrando pelos combustíveis na saída da refinaria. Isso não tem nexo. Isso tem de acabar. Não é humano nem economicamente plausível que a Petrobras esteja se locupletando à custa do sacrifício dos brasileiros, tanto no bolso quanto no reflexo que tem o preço dos combustíveis na economia, que a senhora sabe que é decisivo.

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E o governo não se mexe. Caladinho, no silêncio, faturando em cima da espoliação do consumidor. Enquanto isso, ministra Dilma, fiquei sabendo ontem, pelo doutor Henrique Sarmento Barata, que um catarinense está vendo sua próstata se crivar de câncer por todos os lados, o PSA saiu de 2,5 e já está quase chegando aos 20 - e há um ano e meio não consegue o infeliz uma biópsia de próstata pelo SUS. Vai morrer, o desventurado. Em todo o Brasil, ministra Dilma, os pacientes vão morrendo nas filas das consultas, dos exames e das cirurgias do SUS. E o povo sendo estrebuchado nos preços injustos dos combustíveis com exploração terrível dos órgãos do governo sobre a população. Caso desse indevido e desproporcional preço da gasolina, irreal, sem fundamento. Caso da CPMF, que foi criada para custear a saúde, arrecada R$ 32 bilhões por ano e os pacientes morrem numa fila de 15 mil aflitos doentes que precisam de cirurgia só em Porto Alegre, ministra Dilma. Ministro Tarso Genro, leve hoje esta coluna para a ministra Dilma e por piedade ela tome imediatamente uma drástica providência. Isso é intolerável.


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