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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, March 23, 2006

Ferrovia Transnordestina

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Claro que as ferrovias são necessárias ao país. Sem dúvida... mas, imagine se este negócio de privatizar a ferrovia e depois ainda investir mais dinheiro público na mesma fosse feita no governo FHC. O que diriam nossos honoráveis incomPTentes? Dá para imaginar, assim como dá para imaginar também o que dirão hoje ao serem acusados de mais uma falcatrua destas: "isso é coisa das elites"...

a.h

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Ferrovia ineficiente


Um prêmio para a ferrovia ineficiente
28/2/2006 - Estado de Minas



Para pôr de pé um de seus sonhos dourados – a ferrovia Transnordestina – , o governo Lula montou uma engenharia financeira perigosa. É uma engrenagem capaz de movimentar R$ 3,95 bilhões em financiamento público, em benefício de uma empresa que descumpre há nove anos todas as metas a que se propôs quando arrematou o trecho nordestino da antiga Rede Ferroviária Federal. Essa empresa, a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), pertence ao empresário Benjamim Steinbruch, dono da Companhia Siderúrgica Nacional e do grupo Vicunha, do ramo de tecidos.
Nas eleições de 2002, a CSN e a Vicunha Têxtil S/A registraram doações para vários partidos. No âmbito presidencial, ajudaram igualmente com R$ 250 mil as candidaturas do próprio Lula, do tucano José Serra e do então socialista Anthony Garotinho. Mas, do comitê financeiro do PPS, líder da chamada Frente Trabalhista (coligação onde também figuravam o PTB e o PDT), as empresas de Steinbruch adquiriram R$ 1,31 milhão em bônus eleitorais – disparada uma das principais financiadoras da campanha. O candidato daquela frente à Presidência da República era o hoje ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. A obra Transnordestina é tocada pelo Ministério da Integração Nacional.
Procurador do Estado no Distrito Federal, o advogado Paulo Serejo vem tentando embargá-la. Encaminhou representação nesse sentido ao Ministério Público Federal e espera a abertura de ação civil pública pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Além do óbvio conflito de interesses, Serejo aponta uma série de irregularidades no processo, começando por um decreto presidencial – número 5..592, baixado em 23 de novembro de 2005 – que criou a possibilidade de a construção ser bancada simultaneamente pelo Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), pelo antigo Finor e pelo BNDES.
Para fazê-lo, o Planalto precisou mudar e revogar partes do texto da lei que criou a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene), substituta da velha Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Essa lei, oriunda da MP 2.156-5, de 2001, vedava o financiamento de um único projeto por mais de uma das várias fontes de recursos direcionados à região. Detalhe: o decreto traz a assinatura de Ciro, por mexer no vespeiro dos fundos de desenvolvimento regionais, atribuição da pasta da Integração Nacional.
“É um escândalo, um decreto não pode modificar uma lei, isso não existe, não se cria direitos por decreto, essa é uma atribuição do Congresso Nacional”, reclama Serejo. “A Transnordestina é uma obra boa, fundamental, mas não da forma como está sendo feita.”
CFN Outro ponto controverso diz respeito à criação da Transnordestina S/A. Seis dias depois do decreto que abriu a brecha para o multifinanciamento, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou resolução aprovando a transferência das ações da Transnordestina para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e para a Taquari Participações. Ambas pertencem a Steinbruch.
Na mesma leva, a ANTT aprovou um aumento de capital da Transnordestina, subscrito pela CSN e pela Taquari. Elas não usaram dinheiro para tanto. Integralizaram as ações que tinham da Companhia Ferroviária do Nordeste. Ou seja, a CFT controlaria a Transnordestina, mas acabou por ela controlada. E seu próprio capital serviu de moeda na operação.
Três especialistas em direito societário ouvidos pelo Estado de Minas, ao serem apresentados ao caso, explicaram que provavelmente ele foi feito para que o patrimônio da CFN sirva de garantia aos empréstimos (públicos) que serão tomados pela Transnordestina. Acontece que o patrimônio da CFN é uma ilusão. É formado por quilômetros de trilhos obsoletos e locomotivas velhas, cujo funcionamento só deu prejuízo a Steinbruch. Entre 2000 e 2004, o resultado líquido do balanço da companhia acumula perdas de R$ 176,48 mil.
Talvez por isso, a CFT não tenha conseguido cumprir as metas estabelecidas no contrato de concessão, assinado depois da privatização da Rede Ferroviária Federal. Por exemplo, em 1998, ano seguinte à venda da estatal, a produção (medida em TKUs, unidade que representa a multiplicação da tonelagem pela distância transportada) deveria ser de 0,9 TKU. Mas ficou em 0,6 TKU. Em 1999, a meta era um pouco maior, de 1,2 TKU. Mas a empresa atingiu 0,9. Em 2000, a situação degringolou. Para uma meta de 1,5 TKU, produziu-se 0,7 TKU. A distância entre meta e execução só aumentou nos anos seguintes.
Dinheiro público
Para tirar a nova ferrovia do papel, a Adene mobilizará R$ 2,05 bilhões do FDNE. Com ele, comprará debêntures conversíveis em ações a serem emitidas pela Transnordestina. O espólio da Sudene (leia-se Tesouro Nacional) entrará com outro R$ 1,5 bilhão do Finor. E o BNDES com R$ 400 milhões. Steinbruch prometeu R$ 300 milhões próprios e outros R$ 250 milhões de um sócio privado, até aqui desconhecido. Ou seja, 87% do projeto será financiado pelos cofres públicos ao longo dos próximos quatro anos. A garantia, claro, são os ativos da CFN e os próprios trilhos e trens da nova ferrovia. As obras começam em março, pelo menos um trecho de 110 quilômetros entre a cidade cearense de Missão Velha e a pernambucana Salgueiro, no sertão do Araripe, deve ficar pronta em outubro, quando deve começar a construção dos outros 1,9 mil quilômetros. Procurado pelo Estado de Minas, o empresário Benjamin Steinbruch não quis se pronunciar. A diretoria da Adene não retornou às chamadas da reportagem.
Entrevista/Pedro Brito Nascimento - Toda a articulação do projeto da Transnordestina foi feita pelo secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Pedro Brito Nascimento. Na semana passada, ele falou ao Estado de Minas por telefone. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Por que construir a Transnordestina?
O que existe hoje no Nordeste é uma malha obsoleta, ineficiente, com trechos intrafegáveis, locomotivas de mais de 50 anos. A bitola da ferrovia é métrica (espaço de um metro entre os trilhos), o que reduz a velocidade média do transporte (entre 10 Km/h e 15 Km/h). Tudo isso torna o transporte ferroviário inviável lá.
Este é o ponto: a malha foi vendida em 1997 para que o capital privado fizesse os investimentos que o Estado não fazia. Nove anos depois, a infra-estrutura piorou e o setor público injetará mais dinheiro no mesmo grupo empresarial. É certo?
Essa premissa está errada. Os recursos do FDNE estão disponíveis para qualquer empreendedor que queira se instalar no Nordeste. Além do mais, os financiamentos são feitos mediante garantias privadas. Ou seja, o risco não é do governo, mas do concessionário.
Mas a maior parte dos recursos vêm do setor público…
Empreendimentos ferroviários no mundo inteiro são financiados pelo setor público. Simplesmente, não há como fazer sem o setor público. E para desenvolver uma região pobre como o Nordeste é preciso construir uma infra-estrutura logística, é preciso uma decisão de Estado.
O governo não está fazendo um esforço incomum?
O traçado atual é incompatível com a dinâmica econômica da região. Os trilhos não passam pela região Sul do Piauí, que é o maior produtor de soja do Nordeste. Nem pelo pólo gesseiro de Araripina, em Pernambuco, ou pela fruticultura do Vale do São Francisco, na divisa da Bahia com Pernambuco. Do ponto de vista econômico, essa obra tem um poder transformador maior que a transposição do Rio São Francisco. Depois de pronta, a ferrovia vai favorecer a abertura de novos negócios do Nordeste. Esse benefício não é sequer mensurável atualmente.


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Dia internacional da água

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EXCLUSIVO: Um brinde ao Dia Mundial da Água
Danielle Jordan / AmbienteBrasil

A água, um dos bens mais preciosos da natureza, está sendo celebrada durante toda esta semana. O Brasil como detentor da maior concentração de água doce do planeta tem grande responsabilidade.[O Brasil é “o maior detentor de água doce do planeta” em termos absolutos, mas não relativo. A Austrália por exemplo que tem cerca de 66% de seu imenso território sob domínios árido e semi-árido tem maior potencial hídrico por habitante, simplesmente por ter uma população pequena. Portanto, quando nos ufanamos de nosso potencial hídrico como um bem em si, raramente nos perguntamos sobre o como e quando tal recurso pode, efetivamente, ser disponibilizado à população.] A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, antecipou a comemoração visitando, no dia 21, a exposição itinerante "Água para vida, água para todos", uma parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA), a ONG WWF (World Wildlife Fund) e o banco HSBC. A exposição é realizada na área externa do Expotrade, em Pinhais (PR), onde se realiza a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica - COP8.

Marina comemorou, na ocasião, o desempenho do Brasil no Plano Nacional de Recursos Hídricos, lançado em meados de março, e destacou-o por ser o primeiro país latino-americano a atingir o objetivo do milênio estabelecido pela ONU.
[O Brasil ser “o primeiro país latino-americano a atingir o objetivo do milênio estabelecido pela ONU” está me cheirando a mero discurso eleitoral. Só se for de modo clandestino. Editorial do Estado de S. Paulo de 25 de outubro de 2003 dizia que para fugir das altas tarifas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), consumidores residenciais, comerciais e industriais têm recorrido a caminhões pipa e poços artesianos. São milhares de poços artesianos espalhados pela metrópole que levarão a escassez do sítio.
No estado, estimativas feitas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), catalogaram 15 mil poços, mas estima que haja 40 mil. Na Grande São Paulo estima-se que sejam 12 mil, mas apenas 4,8 mil são catalogados. Se chega a essa discrepância pelo número de empresas que abastecem em caminhões-pipa que obtém água de poços com a quantidade dos registrados. Apenas 250 empresas são oficialmente reconhecidas no estado, as clandestinas atuam muitas vezes como limpa-fossas que extraem água de poços mal localizados e com transporte impróprio.
Se a Sabesp tem estimativas da atuação de clandestinos e sabe de sua origem em “poços mal localizados” é por que sabe quem, onde e como atuam. Algum indício de omissão ou corrupção aí?
“Hábitos de consumo conscientes” não são viáveis com o alto custo progressivo por categoria como querem (e fazem) as agências estatais.]


A exposição itinirante fica até o dia de hoje no Expotrade para os participantes da COP. A partir do dia 27, segunda-feira, até o dia 16 de abril, estará aberta ao público no Parque Barigui e recebendo a visitação de escolas. “É uma exposição importante que vai percorrer as cinco regiões do país até o final do ano”, explica Laís Vasconcelos, que atua no departamento de marketing da WWF, enumerando este entre os inúmeros projetos da instituição. A exposição tem capacidade para 60 pessoas por hora, atingindo o número de 400 visitantes diariamente. A grande movimentação da COP gerou bons resultados, segundo Laís. A ONG conta tambbém com um stand no pavilhão de exposições do Expotrade, onde apresenta seus projetos, realiza o lançamento de livros e estimula a associação à entidade através de contribuição mensal. “O benefício maior para o associado é saber que está fazendo a diferença com a nossa instituição em todo o país”, explica. Também no Expotrade, O Fórum Global da Sociedade Civil, seguindo a programação do Dia da Água, promoveu à tarde debate sobre o tema “O mundo real das águas, os poluentes e a biodiversidade: a vida pede passagem”. O evento, aberto ao público, fez parte da programação paralela às reuniões COP8. “Temos o direito a uma água pura”, disse a representante do Grupo de Trabalho Químicos do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - FBOMS -, Zuleica Nycz, que ressaltou a importância da população estar informada sobre a água que está consumindo. A Agência Nacional de Águas tem em sua agenda durante toda esta semana uma programação voltada para o tema. No México, o IV Fórum do Mundial da Água debate a questão desde o dia 16. Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental - PROAM – e membro do Conselho Estadual de Meio Ambiente de São Paulo – Consema -, proferiu uma palestra na noite de ontem em Santo André (SP), falando sobre a necessidade de proteção da água e o desafio de abastecimento nas áreas urbanas. “Cinco milhões de pessoas morrem por ano por consumirem água poluída e um bilhão e 200 milhões de pessoas não têm acesso permanente à água potável”, destaca.A preservação da água depende da vontade de todos os cidadãos. Nesse contexto, a educação ambiental se torna uma ferramenta indispensável para que a população tenha conhecimento da importância da água e dos problema que sua falta pode acarretar. “A população pode criar hábitos de consumo conscientes, evitando o desperdício, além de ajudar a proteger as áreas de produção de água - mananciais”, sugere Bocuhy.Ações voltadas para a redução do desperdício e para o controle da poluição da água propostas pelo do Instituto de Defesa do Consumidor - IDEC:1. Para reduzir o desperdício de água:• diminuir o desperdício de água na produção agrícola e industrial, a partir do controle dos volumes de água utilizados nos processos industriais, da introdução de técnicas de reuso de água e da utilização de equipamentos e métodos de irrigação poupadores de água;• reduzir o consumo doméstico de água a partir da incorporação do conceito de consumo sustentável de água no nosso dia-a dia. Para tanto, é necessário que cada um de nós promova mudanças de hábitos (bastante arraigados e bastante conhecidos por todos), envolvendo, por exemplo, o tempo necessário para tomar banho, o costume de escovar os dentes com a torneira aberta, o uso de mangueira para lavar casas e carros etc...• reduzir o desperdício de água tratada nos sistemas de abastecimento de água, recuperando os sistemas antigos e introduzindo medidas de manejo que tornem os sistemas mais eficientes;2. Para reduzir a poluição decorrente das atividades agrícolas:• reduzir o uso de agrotóxicos e fertilizantes na agricultura;• implantar medidas de controle de erosão de solos e de redução dos processos de assoreamento de corpos de água, tanto em nível urbano como rural.3. Para reduzir a poluição das águas:• apoiar iniciativas que visem a implantação de sistemas de tratamento de esgotos, como forma de reduzir a contaminação da água;• exigir que o Município faça o tratamento adequado dos resíduos. Propor, por exemplo, a instalação de sistemas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos; aterros sanitários, estações derecebimento de produtos tóxicos agrícolas e domiciliares, tais como restos de tinta, solventes, petróleo, embalagem de agrotóxicos, entre outros;• organizar-se. Os consumidores organizados podem pressionar as empresas para que produzam detergentes, produtos de limpeza, embalagens etc. que causem menores impactos ambientais. Clique aqui para ver a íntegra do "Manual de Educação para o Consumo Sustentável", do IDEC e Ministério de Meio Ambiente.* Foto de Denis Ferreira Netto - Marina Silva na Exposição Itinerante da WWF.



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