Pelo que eu entendo, a proposta de Kyoto, de redução das emissões, se dá pela retenção do consumo e, logo, da produção. Também se atingiria isto com o uso de novas tecnologias, ao passo que o Lomborg apóia somente a 2a alternativa que teria a redução das emissões, como consequência e não como princípio.
‘Haverá um fracasso em Copenhague’
Autor do livro "O ambientalista cético" afirma que gastar dinheiro com corte de emissões é desperdício
Andrea Vialli - O Estado de S. Paulo
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SÃO PAULO - O dinamarquês Bjorn Lomborg, pesquisador da Copenhague Business School, se tornou conhecido no mundo todo como o ‘ambientalista cético’ – nome de um de seus livros, publicado em 2001. Ele se opõe à idéia de que o mundo se mobilize financeiramente para cortar emissões de gases de efeito esfufa. Lomborg sugere, no lugar disso, investimentos pesados em tecnologias limpas para o futuro, de modo a priorizar o bem-estar das populações. Leia trechos da entrevista, dada por telefone ao Estado:
O senhor defende a ideia de que o Protocolo de Kyoto foi uma perda de dinheiro. Quais são suas expectativas em relação à COP15?
Será um fracasso. Todos sabem que não haverá acordo global. A reunião de Copenhague servirá apenas para mostrar ao mundo a continuação do fracasso que foi o Protocolo de Kyoto. Aliás, a sucessão de erros históricos vem desde a Rio 92, quando os países começaram a propor metas de redução das emissões de gás carbônico. Essas metas simplesmente não são factíveis. O objetivo da COP15 é político. Os chefes de Estado virão a Copenhague posar de bonzinhos para seus eleitores.
E por que os esforços para cortar as emissões não são factíveis? Há uma mobilização dos países, especialmente os membros da União Europeia, nesse sentido.
Os países deveriam investir 0% de seu Produto Interno Bruto em estratégias para cortar emissões de gás carbônico. O foco não deve ser esse, porque insistir nesse ponto é continuar fracassando. O único modo de assegurar um planeta livre de poluição é investir pesado em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, mais limpas. E torná-las baratas, para que fiquem acessíveis para países como Brasil, China, Índia e as nações africanas. Poderíamos fazer isso com a metade dos recursos que foram gastos com o Protocolo de Kyoto.
Esse raciocínio não é contraditório? Se o sr. considera inútil reduzir emissões, para que desenvolver tecnologias limpas?
Este é o meu ponto. Precisamos de energia limpa e barata, para trazer bem-estar e desenvolvimento às populações mais pobres. Espero que os países realmente se empenhem nesse sentido: é um caminho muito mais inteligente.