interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Saturday, May 19, 2007

Conflitos ambientais na Amazônia – 2



Um de nossos argumentos é quanto à impossibilidade, pelo menos no presente momento de um “sistema mundial capitaneado pela ONU”. É comum que um dos lados nessa contenda sempre imagine o outro como “mais forte”, detendo um poder que, na realidade, não tem. Vejamos como se comportam alguns desses atores na questão amazônica.

Estão envolvidos não só as ongs, mas também partidos governos e empresários, que divergem em alguns pontos. Eles agregam experiências, mas divergem em teorias e métodos de atuação. Não há um bloco monolítico do poder, nem um movimento dotado de unidirecionalidade.

A assessoria aos programas governamentais feitas pela rede de ongs, bem como a gestão de projetos denota que não há um planejamento centralizado. E, embora possamos discordar de muitas de suas avaliações, é fato que sua força, ou melhor, sua voz passou a ser ouvida após casos inegáveis de impactos ambientais, como foi o caso do incêndio de Roraima que se alastrou por enorme área na região. Outro problema é o avanço da pecuária e de monoculturas que não conseguem se conciliar com a permanência da floresta.
Geléias feitas a partir de produtos amazônicos

Assim como muitas ongs não têm perenidade ou adotam uma posição simplista pautada na mera crítica (Greenpeace), outras avançam (no bom sentido) diversificando suas frentes de atuação ao criar “eco-negócios” (a Friends of Earth é uma delas). A imprensa, por sua vez, centraliza sua atuação em dois focos que, bem ou mal feitos, têm se pautado pela:
1. Crítica às políticas públicas;

2. Novos modelos de desenvolvimento.

Produtos Al Gore











Friday, May 18, 2007

Conflitos ambientais na Amazônia – 1




A Amazônia não é só brasileira. Como se vê no mapa ao lado, a imensa floresta tropical abrange vários países vizinhos ao Brasil no norte da América do Sul. Este bioma apresenta diversos ecossistemas que, ainda não foram profundamente estudados. O desconhecimento que temos a respeito dos diversos processos ecológicos que constituem a floresta leva a temores justificados pela sua destruição. Evidentemente que a posição ambientalista aí se torna um entrave ao desenvolvimento econômico regional na medida que busca desautorizar qualquer plano ou programa que tenha em vistas o aumento da riqueza produzida.


As bases dos conflitos ambientais tendo como cenário a Amazônia estão lançadas há décadas. A questão é saber quais são os interesses, perspectivas e métodos empregados por ambas partes nesse processo.


Redes de ONGs


Como procedem as ONGs?



1. Estabelecem agendas políticas;


2. Negociam resultados previstos;


3. Buscam legitimidade;


4. Implementam soluções



Claro que estou me pautando em uma perspectiva positiva. Nem todas são atuantes a ponto de deterem todas estas características. Há as que surgem como cogumelos do dia para a noite e, com a mesma rapidez somem após a mudança do tempo. Mas, não são estas que detêm perenidade e, por enquanto, não constituem o foco de nossa análise.


ONGs parecem ser uma característica de nosso tempo histórico e, em parte, isto é verdadeiro. Para entender o fenômeno é necessário que se tenha algumas considerações sobre seus condicionantes:


1. O fim da bipolaridade da Guerra Fria ajudou a abrir outros fronts de luta dos chamados “movimentos sociais”;


2. O maior acesso aos meios de comunicação, particularmente a internet, permitiu a formação de redes afins de movimentos ambientalistas e outros a eles associados;


3. A globalização econômica levou a redução, ao menos como retórica em várias regiões do globo, do tamanho do estado, o que levou a um “vácuo institucional” a ser preenchido.



Mas, não existe como muitos gostariam de admitir a formação de um “poder mundial globalista” (capitaneado pela ONU), como um bloco de poder monolítico. Isto é a velha paranóica teoria conspiratória em curso... Na verdade, um novo conflito social se esboça, meio fora de foco é verdade, no qual interesses ambientalistas são confrontados por nacionalistas com grandes doses de xenofobia (“os estrangeiros querem tomar nossa Amazônia”, p.ex.). Conflito este que é expresso, ideologicamente, pela oposição entre a Internacionalização vs. Soberania Nacional.

O caso Wolfowitz: um norte moral para o Brasil



Da AP. (Volto em seguida:)

O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, vai renunciar ao cargo no final de junho, após o escândalo envolvendo um generoso salário para sua namorada. Sua saída foi anunciada nesta quinta-feira, 17, pela diretoria do Bird.

A renúncia de Wolfowitz fecha um período de dois anos à frente do banco de desenvolvimento, marcado pela controvérsia desde o início, devido ao papel desempenhado por ele na invasão dos EUA no Iraque quando ocupava o cargo de número 2 do Pentágono.

"Ele nos assegurou que agiu eticamente e de boa fé ao fazer o que acreditou que fosse o melhor para os interesses do banco e aceitamos sua justificativa", disse a diretoria ao anunciar a renúncia de Wolfowitz.

Sua saída foi forçada, porém, pelo comitê especial do banco, que o considerou culpado por conflito de interesse e quebra de regras do banco ao negociar a promoção de Shaha Riza em 2005.

A diretoria disse ainda que estava claro que um grande número de pessoas errou ao revisar o salário de Shaha.

Shaha, namorada de Wolfowitz, era funcionária do Banco Mundial e foi transferida para o Departamento de Estado em setembro de 2005, pouco depois de ele assumir a presidência do Bird.

Nessa transição, Shaha ganhou um aumento salarial de US$ 61 mil (mais de 40%), a pedido de Wolfowitz. O salário dela foi para US$ 193.590 líquidos por ano e ela passou a ganhar mais do que a secretária de Estado Condoleezza Rice, que recebe US$ 183.500 brutos por ano.

Wolfowitz, que lutou contra a pressão por sua renúncia durante semanas, disse em comunicado que ficou grato pelo fato de que a diretoria "aceitou minha afirmação de que agi eticamente e de boa fé ao fazer o que acreditei que fosse o melhor para os interesses do banco, incluindo proteger os direitos de um membro da equipe".

Agora, disse ele, era melhor para o banco que sua missão fosse "levada em frente sob nova liderança".


Voltei

É, meninos, esses puritanos... Imaginem se políticos, autoridades ou dirigentes de estatais no Brasil perdessem o mandato ou o poder por beneficiar suas e seus amantes. Talvez a República não parasse de pé, hehe. Vocês sabem: por aqui, somos sofisticados. Deixamos para os países do chamado Primeiro Mundo e para aqueles americanos atrasados esse negócio de misturar vida privada com vida pública. Reparem: há quase (quase) um lado admirável em Wolfowitz: era amante fiel (até cuidou de promovê-la) de mulher feia — sim, e ela, de homem feio. Chega a ser quase comovente.

Em Banânia, as coisas são diferentes. Por aqui, os políticos sérios surpreendidos em prédios que servem a um misto de lupanar e lobby — os mais espertos não têm amantes fixas; isso é coisa de americano puritano... — fazem o quê? Ora, escrevem livros exaltando a própria biografia, dando conselhos “ao Brasil”. Tornam-se uma referência do debate. E Wolfowitz? Esqueçam. Está acabado. Não apitará nunca mais nada. Cai do topo para o esquecimento.

Mais: vejam a quase ingenuidade do falcão republicano em matéria de dinheiro. A sua namorada mocréia, com todos os benefícios do amante superpoderoso (e, notem bem, ela trabalhava), passou a ganhar US$ 193.590 por ano — ou US$ 16.132,50 por mês (mais ou menos R$ 32 mil). O quê? R$ 32 mil Por esse valor, alguns chefões de estatais brasileiras não dão nem “Bom dia!”. Condoleezza Rice, talvez a mulher mais importante do mundo, ganha, brutos, US$ 183.500. Deve olhar cheia de inveja para o salário dos diretores da Petrobras...

Esses gringos não sabem de nada. Não sabem, por exemplo, que Marcos Valério, na CPI do Mensalão, indagado sobre uma das safadezas da turma, respondeu: “Era mixaria, deputado, coisa de R$ 4 milhões”. Ops! Mais de US$ 2 milhões. Dava para pagar 10 anos do salário da feiosa, que virou um escândalo internacional. Vejam aí: só a navalhada no eixo Maranhão- Alagoas chega a R$ 31 milhões.

É isso aí. Eles são quem são porque punem os seus faltosos. E o Brasil é o que é porque elege e reelege os seus.

por A.B.

A justiça tarda...




Maria Aparecida Nery

Em sentença favorável ao Agravo de Instrumento interposto pela empresa Costãoville, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região definiu que a decisão sobre a viabilidade da construção do empreendimento Costão Golf é da competência da Justiça Estadual de Santa Catarina.

O projeto Costão Golf, localizado no limite entre os Distritos de Ingleses e São João do Rio Vermelho, prevê um complexo turístico em forma de condomínio residencial, de 181 casas, 94 apartamentos, 13 vilas, em uma sede de 2 mil metros quadrados. O campo de golfe será instalado em uma área de 571 mil metros quadrados.

Em abril de 2005 militantes ligados a entidades de movimentos sociais, liderados pela ONG Luzes da Ilha, colheu duas mil assinaturas no Centro da cidade para legitimar a ação civil pública contra o empreendimento, ajuizada pelo Ministério Público Federal. A objeção é de que o empreendimento será construído sobre o Aqüífero Ingleses-Rio Vermelho, reserva de água responsável pelo abastecimento de 130 mil pessoas na cidade. Segundo a inicial da ação, poderia haver risco de contaminação do solo e aumento considerável de consumo de água pelo aumento da população local.
Uma decisão liminar de embargo foi deferida em junho seguinte. Dada a morosidade das decisões da justiça, a empresa Costãoville obteve permissão judicial para executar ações de combate à erosão que ameaçava o local.

Recentemente o governador Luiz Henrique da Silveira manifestou-se sobre os quase dois anos de embargo do Costão Golf, lembrando que a favela do Siri, que estabeleceu-se sem qualquer controle há quase duas décadas em área de dunas, que é de preservação permanente, também está sobre o Aqüífero.

Pois é. Estão sobre o mesmo Aqüífero que abastece 130 mil pessoas, a favela do Siri, o Distrito de Ingleses e o do Rio Vermelho, com a aparentemente inexorável degradação sócio-ambiental patrocinada pela total desordem na ocupação do solo.

Sobre o mesmo Aqüífero que abastece 130 mil pessoas, as tenebrosas transações clandestinas de parcelamento do solo e edificações irregulares são legitimadas pela inação e omissão do, vá lá, poder público.

Sobre o mesmo Aqüífero, o ilegal seqüestrou as funções de regramento da urbe, consubstanciadas nos dois planos diretores em vigor na cidade - o dos Balneários e o do Distrito Sede -, trancou-os a sete chaves e ocupou o seu lugar. Tanto, que estamos vivendo a ilusão de que é possível passar a cidade a limpo no projeto de um novo Plano Diretor, este sim, “democrático e participativo” que, depois de aprovado, vai mudar - plim-plim!!! - a atitude dos habitantes de Florianópolis por decreto.

Bobagem. Se povo soubesse construir cidades, não viveríamos hoje em cidades que não queremos. Povo sabe o que quer, mas quer que os outros façam por ele. Inclusive residenciais de luxo com campo de golfe na sua vizinhança, para ajudar a revalorizar materialmente a degradação perpetrada pelo perverso sistema construtivo da ditadura das massas ignaras.

Viva o Costão Golf!

... mas não falha.


...
Ambiente
"Todos estão ligados através das provas"
Entrevista: Julia Vergara, delegada da Polícia Federal

A delegada Julia Vergara conversou com o Diário Catarinense e explicou que a denúncia inicial era de concessão de licença ambiental indevida para a construção do loteamento Il Campanário em Jurerê Internacional, no Norte da Ilha de Santa Catarina. As investigações levaram ao secretário da Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), Renato Juceli de Souza, e ao cunhado dele, o vereador Juarez Silveira. Na seqüência, apareceram empresários e técnicos de órgãos ambientais do Estado e do município. A coordenadora da Operação Moeda Verde disse que todas as licenças para construções em áreas de preservação ambiental passavam pelo vereador, o secretário da Susp e o diretor, Rubens Bazzo. A delegada revelou que Juarez Silveira fazia valer a influência oferecendo "serviços" caracterizando, no mínimo, tráfico de influência. A delegada afirmou que Juarez Silveira fala muito e isso facilitou as investigações. Em nove meses de investigações foram interceptadas 150 mil ligações. Ontem, ela concedeu entrevista exclusiva ao DC. Abaixo alguns trechos.
Operação Moeda Verde
> A Operação Moeda Verde foi deflagrada quinta-feira de manhã, quando agentes da Polícia Federal, por determinação da Justiça Federal, começaram a cumprir 22 mandados de prisão temporária, em Florianópolis (20) e Porto Alegre (2), além de busca e apreensão em órgãos públicos, empresas e residências.
> A operação investiga a existência de um esquema de venda de leis e atos administrativos de conteúdo ambiental e urbanístico em favor de grandes empreendimentos na Ilha de Santa Catarina.
> O esquema envolveria a ocorrência de crimes contra a ordem tributária, falsificação de documento, uso de documento falso, formação de quadrilha, corrupção e tráfico de influência. São suspeitos de envolvimento vereadores de Florianópolis, empresários e servidores públicos estaduais e municipais.
> Na decisão, o juiz Zenildo Bodnar, da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, ressalta que "as prisões não implicam juízo de valor sobre a culpa ou inocência dos envolvidos, a serem devidamente apuradas no curso regular do processo, com respeito ao direito à ampla defesa."
> O nome é referência, segundo a Polícia Federal, à negociação em que a moeda de troca envolve o ambiente.

Wednesday, May 16, 2007

Perenidade do subdesenvolvimento

Um inteligente comentário sobre o post "Subdesenvolvimento do gigante" em que reproduzo "A culpa pelo atraso brasileiro", pode ser dado pelo igualmente inteligente blog http://execout.blogspot.com/.






Não me interessam os aspectos religiosos do protestantismo, mas seu caráter individualista foi mesmo essencial para impulsionar o capitalismo. E o Brasil ficou fechado para isso. Aqui, uma elite mínima discutia Newton no tempo de Voltaire e do Iluminismo. As idéias sempre chegaram aqui com pelo menos um século de atraso. O Brasil estava entregue às vacas na segunda metade do Séc. XVII, quando começou a Revolução Industrial na Inglaterra. A culpa é de Portugal, diremos, mas Portugal, quando muito, auferia o filé mignon do nosso gado. Também estava, e permaneceu séculos, estalado num feudalismo repressivo, de que nem as semi-reformas do Marquês de Pombal, superficiais e contendo em si próprias o reflexo ofuscante do atraso que se propunham combater, alteraram na base.

A própria interpretação materialista da História, por sinal, seja a do acadêmico marxista ou a do tecnocrata, é um obstáculo à compreensão do nosso passado, porque nega a dimensão espiritual, extra-econômica, do pensamento e comportamento dos seres humanos. O cruzado e o colonizador, assim, se iludiriam a si próprios se achavam que o objetivo deles era promover o cristianismo, porque o que fizeram, na prática, foi pilhar os índios e os muçulmanos. Marx aplica esse tratamento com grande sucesso intelectual a diversos períodos históricos, ainda que seja tedioso nos escritos dele que os homens estejam sempre tropeçando na vida porque não anteciparam ou leram Marx.

Nossa vida é calcada, em boa parte, em ilusões e fantasias, e, estas, como tudo mais, tendem a sedimentar culturalmente através de gerações, a tal ponto e com tal variedade e contradições, que não é fácil separar o “real” do “imaginado”. Grandes intelectuais racionalizam o que, pressentimos no íntimo — apesar de intimidados pela lógica dos pensadores — foi uma enorme confusão. Em alguns momentos, a História parece mais clara do que em outros, quando há rupturas de tradição. Esse é o caso da revolução protestante e, em nosso tempo, da soviética. Ir além disso é cair no metafísico, ainda que pretensamente materialista e “científico”.

A Igreja, antes de Lutero, estava longe de ser um monolito de tranqüilidade e conformismo. Sempre esteve à beira da cisão por heresias mil, suprimidas com violência. Na chamada Renascença, gente como Erasmo de Rotterdam pregava uma humanização do hermetismo medieval e bizantino que sugeria um paralelo espiritual do humanismo artístico de Giotto, Dante e Petrarca, na esfera secular. E a Igreja, não raro rachada em duas ou três, de Roma a Avignon, se secularizava na permissividade de costumes, que tanto chocou o provinciano Lutero e predecessores como John Wycliffe e John Huss (que traduziram a Bíblia para o vernáculo, antes de Lutero).

O importante no destino brasileiro é que a colonização se processou sob a Igreja da Contra-Reforma, cujo agente mais radical foi a Companhia de Jesus. Os jesuítas entraram na nossa história numa forma lendária de progresso e benevolência, quando, na realidade, não importa que pretensões e práticas espirituais nos tenham legado, foram agentes de um medievalismo imposto de cima pra baixo, sem relação com os objetivos de desenvolvimento material que garantiram a emergência de nações que se impuseram ao mundo, da Inglaterra aos EUA. Os jesuítas apareceram como tropa de choque em 1540, antes mesmo que o reacionarismo geral da Igreja ganhasse corpo doutrinário, litúrgico, com o longo Concílio de Trento (1545-1560). A Contra-Reforma negava o próprio conceito de nação, no que este resiste, por definição, à autoridade supranacional da Igreja, ainda que esta tenha se ajustado à soberania de países e grupos que permaneceram fiéis a ela (França, o Império dos Habsburgo, etc).

Seu ideal era a fragmentação da Idade Média, ambiente no qual ela podia servir como barômetro e meteorologista, determinando e definindo tudo que pudesse conter pelas promessas e punições de um futuro eterno de que conhecia exclusivamente o caminho. Onde pôde, a Igreja da Contra-Reforma impediu o progresso histórico do nacionalismo e a criação de uma sociedade em que os homens tentassem assumir o seu destino, decidindo o que melhor lhes convém (isso gerou, pelo processo de tentativa e erro, avanços sociais na Europa protestante que precederam por quase um século a Revolução Industrial, que produziria a base econômica do que chamamos hoje de democracia).

A Inglaterra de 1688, a da “Revolução Gloriosa”, que limitou definitivamente o absolutismo real, seria impensável na Espanha e em Portugal, onde a Contra-Reforma atuou decisivamente na decadência e ruína. A fúria da Revolução Francesa se deve em parte, pelo menos, à necessidade sentida de erradicar a presença retrógrada da Igreja, o principal e infalível alvo de todos os intelectuais iluministas, porque ela era a justificativa espiritual do absolutismo do baronato, das “classes eleitas”, das leis irreformáveis, do “lugar de cada um” na ordem das coisas, do imobilismo social, em suma.

O Concílio de Trento proibiu até que os leigos lessem a Bíblia, de onde Lutero tirou a idéia letal de que se podia falar diretamente com Deus. A Contra-Reforma promoveu o analfabetismo onde atuou, e o impôs onde pôde. Fez uma guerra sistemática à ciência, de qualquer tipo. Autores perfeitamente aceitáveis aos clérigos protestantes, como Newton e Locke, inovadores em seu tempo mas sem qualquer propósito revolucionário, que adiantaram o conhecimento do mundo físico e social do homem, foram banidos do Brasil e Portugal, ainda que uma elitezinha sempre tivesse acesso de contrabando a eles.

O Brasil só começou a ter imprensa e universidades no Séc. XIX, em quantidade parca e restrita, com o padre invariavelmente acoplado à orientação dominante. Isso acontece ainda hoje, quando as travas jurídicas e policiais desaparecem, e a paixão pela censura reemerge em regimes sem pretensão religiosa. É um estigma estrutural da nossa cultura.

O latifúndio, tão demonizado pelos esquerdistas, nada mais é do que uma reprodução colonial do feudo europeu, ideologicamente apoiado no conceito padresco de fragmentar, de dividir para conquistar, de antinação. É claro que ao colonialismo secular também interessava a divisão em capitanias, que não houvesse um centro, mas o próprio Portugal parece paralizado na História. Não foi o país de Vasco da Gama que nos colonizou, mas o da decadência do rei Sebastião, um fanático religioso, e do “sebastianismo”, um exemplo clássico de paranóia coletiva, e o rei esse a quem Camões dedicou Os Lusíadas, mas o poema fala do passado, porque futuro não havia. O último surto epidêmico da Contra-Reforma por lá foi o salazarismo, e desde os 1700, do Tratado de Methuen, Portugal não passou de satélite da Inglaterra, cuja formação cultural é de outra ordem...

Somos contemporâneos dos EUA. Basta comparar a formação dos 13 Estados deles e a nossa, de país livre, “imperial” (quá, quá, quá...), em 1787 e 1824, respectivamente, que as regras dos dois jogos ficam claras. Há muito pouco história do Brasil que analise criticamente nossa formação. Na maioria das vezes, os jesuítas aparecem não como a força repressiva que foram, mas como os que cuidavam das almas dos índios. Não se fala que essa “alma” havia sido descoberta do papa Paulo III (1534-1549), o homem que aprovou a criação da Cia. De Jesus, criou a censura papal e reativou a Inquisição — esse zelo todo era contrastado por hábitos pessoais que nada ficavam a dever aos dos Bórgia, entre eles o papa Alexandre VI, que nos deu o Tratado de Tordesilhas (e o Brasil a Portugal...).

Há os historiadores que descrevem os jesuítas como tirânicos, dissolutos e escravagistas, e os que admitem, p. ex., que o padre Vieira foi o autor da idéia de importar em massa escravos negros, dado o compromisso de salvar os índios, mas que insistem em que os padres impediram maior exploração dos nativos pelos portugueses, ainda que aceitem, contraditoriamente, que alguns Estados (Santa Catarina vem logo à memória...) só foram explorados pelo amor à caça — aos índios.

Não me interessam os pernosticismos de historiadores que querem ficar bem com os poderes públicos, presentes, passados e sobretudo permanentes. Só sei que, no caso, Anchieta é um poetastro dos mais infames, e Vieira é, claramente, um embusteiro, falastrão, adulador de reis e outros potentados, e capaz de idiotices como o “Quinto Império”, em que profetiza que Portugal será o sucessor, em grandeza, depois dos impérios assírio, persa, grego e romano. Isso é sandice, mesmo em meados do Séc. XVII. Vieira continua um modelo para intelectuais, o que não exclui pensadores ateus. É o precursor do lero-lero de nossas elites. Merece “as honras”.

Os padres enfiaram os índios em aldeias, salvando-lhes as almas mas apressando-lhes a morte, pelas doenças contraídas dos colonizadores. Talvez os escribas do Marquês de Pombal, pagos é verdade pra xingar os jesuítas que ele queria expulsar de Portugal, soubessem do que estavam falando.

O espírito da Contra-Reforma, aliado ao colonialismo, reforçou-o a nada criar de permanente, unificado ou progressivo. E muito menos progressista. É saque, puro e simples. Seja de ouro e diamantes, os famosos “ciclos” que só nos renderam alguma literatura e, os mais lucrativos, deixaram in memoriam igrejas nas quais os saqueadores iam pedir perdão pelos seus pecados contra a terra, os índios e os negros. O que certamente conseguiam, depois de pagar a comissão dos padres, esses empreiteiros de almas.

Os espanhóis ao menos criaram grandes centros urbanos, talvez devido ao grande influxo de judeus, antes da expulsão, e por muitos deles terem se convertido. Seja como for, criaram um espírito mercantil e de progresso. Coisa que o português parece nunca ter experimentado. No que teve o apoio dos padres, que deviam reter na memória as acusações dos protestantes de que Roma era a “prostituta da Babilônia” (nos tempos de Lutero certamente foi o maior bordel do Ocidente). Logo, o Brasil só tinha direito a um amontoado de vilarejos em que só os padres, os ricaços e os funcionários públicos tinham vez.

Herdamos da Contra-Reforma o senso de fatalismo e de transitoriedade inútil na vida brasileira. Adaptando um pouco Vieira: “no estado miserável do reino... o mundo do nosso prometido império não é mundo nesse sentido”. O bom padre, em suma, só nos promete a vida eterna de prazeres se nos prostrarmos diante de Jesus. O resto é miséria agonizante à espera da graça.

É claro que a natureza humana aspira a mais. Essa aspiração, censurada, levou à mentalidade do saque. Todo o conhecimento do homem e do ambiente passa pelo crivo do padre, que elimina qualquer dado ou fato que possa dar margem a interpretações “heréticas”. O conhecimento é pasteurizado e congelado em preceitos medievais, limitando as ações dos recipientes. O tal saque, a mentalidade de tomar tudo até a última gota, é fruto de uma repressão recheada de moralismo rastaqüera, além da ignorância de como melhor usar, de manter e expandir, o que se tem à mão. Esse instinto acaba explodindo irracionalmente e sem conseqüência que não seja sua satisfação rápida e finita.

É típico, por exemplo, que a coroa e a nobreza portuguesas trocassem o que lhes cabia em ouro do Brasil por produtos de luxo ingleses, que utilizaram esse ouro para lastrear sua Revolução Industrial. Simplesmente não parecia ocorrer às toupeiras de Lisboa uma sociedade mais produtiva, uma sociedade que não essa do assalto medieval. Isso casa bem com o espírito da Contra-Reforma: do mundo não só nada se leva como nada frutifica... Esse imbecilismo hedonista lusitano está profundamente entranhado na mentalidade brasileira, na idéia de que o Tesouro do país é dinheiro achado na rua e nos trambiques monumentais dos homens de negócios do “lucro rápido”.

O erro central dos críticos materialistas de nossa história é achar que tudo isso já passou, afinal, esse negócio de Igreja hoje é uma relíquia, de interesse mais turístico do que político.

Não há dúvida de que nos secularizamos. Desde a Velha República, o pensamento das elites se volta para soluções materiais dos problemas brasileiros. O Positivismo é predominante, esse progresso por decreto, de cima pra baixo, imposto pelo mecanicismo científico, às vezes enfeitado com livros-texto que mais parecem livros de Administração de Empresas. Mas é progresso o que se quer ver. Já na Velha República, as frustrações dos positivistas deram em várias revoltas de jovens cheios de entusiasmo por reformas várias, todas fracassadas, naturalmente. Mas a tal revolução de 30 tinha um ideário vasto e alguma coisa foi feita.

Se rasparmos a conversa fiada, ideológica, dois temas sobressaem constantemente: a culpa é dos estrangeiros e a corrupção dos homens públicos é o entrave principal ao progresso. O primeiro é entremeado de contradições grotescas. Os professores nacionalistas imprecam contra os assaltos dos portugueses aos nossos recursos mas veneram o ex-colonizador, da mesma forma que se insulta os EUA mas se vai fazer compras em Nova York. Os ingleses, que nos dominaram por procuração a Portugal, não merecem esse saudosimo, talvez porque “frios”, ou por terem saído do palco em 1945 e nossas gerações seguintes terem crescido alienadas.

Esse sentimento de “saudades da senzala” serve para nos afastar de nossa responsabilidade na construção do atraso. Mistura imaturidade, covardia moral e falta de caráter. Culpamos portugueses e americanos pelo que somos, mas não queremos que eles nos abandonem. Afinal, são nossos bodes expiatórios, da nossa irresponsabilidade e incompetência. Me vem logo à cabeça Juscelino, que tirou o Brasil da roça com sua industrialização — cotó, castrada, mas importante — um homem de temperamento democrático e empreendedor, e no entanto prostrado em êxtase em face do feudalismo “estado-novista” de Antonio de Oliveira Salazar.

Quanto à corrupção, isso é uma simplificação. Ela cobre boa parte da história, mas corrupção pública nunca foi medida de sucesso político ou econômico. Se fosse, os EUA estariam como o Brasil. “Temos o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar”, notou Mark Twain, entre outros.

Engraçado: a Igreja, essa multinacional, nunca foi chamada de imperialista, apesar de ser essa, imperialista, estrangeira e romana, a identidade que tem junto aos nacionalistas protestantes de outros países. Acreditamos que o catolicismo, por mais repulsivamente retrógrado que nos pareça, é “nosso”, como a Petrobrás. Ela levou muito mais em riquezas do que qualquer colonizador. Hoje, tendo perdido quase todo o poder de interferir na direção política das nações, à exceção de alguns países, ainda é participante ativa do debate público. Mesmo tendo perdido a coesão ideológica, depois do Concílio de 1962-65.

Se mete em tudo: O Papa se acha com pleno direito de fazer comícios sobre a política populacional de países pobres e ricos, política sexual, nuclear, alocação de verbas orçamentárias... É o chefe de Estado de uma nação estrangeira quando está fora ou dentro do Vaticano, mas uma personalidade forte na vida política italiana. E a Itália teve que literalmente fazer guerra ao Vaticano para se tornar uma nação unida.

É extraordinária a imunidade relativa de que a Igreja gozou na demonologia de nossos esquerdistas e nacionalistas. Até os críticos positivistas, no Séc. XIX, se concentravam mais no obscurantismo dos padres do que na influência política direta que exerciam. De qualquer forma, a maioria decisiva no Brasil acha que vale a pena aturá-la. Isso nunca é assumido, porque implicaria em assumir certas responsabilidades.

Há uma evasão, uma fuga, verificada também nas crônicas tidas como heróicas, porque, despidas de fachada e de pernosticismo verbosos, sempre emergem ridículas. Não faz sentido o desmembramento do país que um Frei Caneca propõe, em nome do liberalismo (qual e o que não fica jamais claro). E a ficha corrida de Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa complementa a irrelevância real do “canonizado” Joaquim da Silva Xavier. Há também a deprimente consciência, mencionada no início, de que as idéias chegam aqui atrasadas.

Atribuir esse marasmo à pura e simples exploração estrangeira é uma forma de suicídio intelectual. É inacreditável. Fizemos um país de que nunca veremos igual. Não devemos ser tão modestos em responsabilizar o próximo por nossa condição.

O próprio Vieira era capaz de relances do real, ainda que os utilizasse quase sempre para adular poderosos, que seriam diferentes de seus antecessores, a quem o padre ataca, e no ataque percebemos que ele fala do que é, e não do que foi. A crítica é sempre indireta, nunca frontal e concretamente subversiva. Há sempre um bom-mocismo esperançoso e piegas no Brasil, que permite ao crítico uma retirada estratégica se o pau comer sobre ele por ter violado o consenso de uma elite que se julga acima do bem e do mal, e que claramente está muito acima do gulag social.

A Igreja, algo enfraquecida e bastante dividida, adora protestar contra o “excesso” de materialismo, como se houvesse excesso de todos, e contra esta “obsessão vulgar” de se ter uma boa vida. Esquerdistas católicos também partilham desse credo, querem que o rebanho sobreviva, estão até dispostos a brigar pelo rebanho, desde que este não vire um “bezerro de ouro” bíblico. O espírito feudal e totalitário da Contra-Reforma muda de forma, não de substância, entre os fanáticos.

O horror de Marx pelo capitalismo é admirado, um tanto primariamente, por uma ótica míope. O fascínio dele pela revolução capitalista, ainda que ele lhe dê uma função histórica finita, é ignorado. Ou se dá a “volta por cima”, com táticas de Lênin e Trotsky. Tudo se justifica.

Nosso capitalismo e modernização foram superpostos a uma estrutura que continua no passado, ainda que aqui e ali, à beira das estatais que simbolizam um futurismo de realizações, e se consome no saque aos cofres públicos, ou na plantação que absorva um mínimo de miseráveis de uma terra desolada e desperdiçada. O custo desse “desenvolvimento” é pago pelo lombo surrado da maioria, enquanto as elites discutem qual modelo é o melhor, um que só os abrange — e a uma classe média auxiliar também. O resto que se dane, e se dana.

A idéia de que um centro de poder absoluto é a fonte e origem da felicidade ainda parece irremovível. Assume muitas formas, se apresenta como ditadura absoluta, democracia absoluta ou, a mais nova, a “sociedade civil” absoluta.

O voto do “coronel” vale o de milhares de trabalhadores do Centro-Sul, os decretos (ou, eufemisticamente, as atuais “medidas provisórias”) baixam sobre nós como os atos de Deus sobre o povo judaico, de quem a Contra-Reforma batoteou o Testamento, e assim as coisas vão. Ou não vão. Tudo pelo povo, nada para o povo, a la Pedro I. Desenvolvimento, aqui, só aquele feito pela autarquia.



Posted by The Executive Officer at Sunday, May 13, 2007 0 comments

Frases


Lição simples:

"Os empresários brasileiros devem ser mais criativos para conquistar o mercado chinês. É melhor entrar em ação. Quanto mais cedo, mais rápido. O melhor é competir, não reclamar".

Embaixador da China no Brasil, Chen Duqing, durante discurso no 19º Fórum Nacional de Altos Estudos.


Mas, não aprendida:

"Uma porcaria. Essa trajetória (de valorização do real) é uma condenação para a produção nacional."

Diretor do departamento de Economia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, respondendo sobre o efeito da queda do dólar para a indústria.

Subdesenvolvimento do gigante



Excelente post de um excelente blog, o http://pugnacitas.blogspot.com/



10 Maio 2007
A Culpa pelo Atraso Brasileiro


De quem é a culpa pelo atraso brasileiro? Este é um assunto recorrente nas rodas de bate papo. Quais são os problemas que impediram ou impedem o país de se desenvolver? O que se opõe ao Brasil atingir sua vocação de "gigante pela própria natureza"? Os diagnósticos são os mais variados, mas muitos deles se baseiam, na minha opinião, em preconceitos.


Temos a tese separatista, defendida geralmente por pessoas de imigração recente que acreditam que o culpado pelo nosso atraso é o Nordeste, que o Brasil carregaria nas costas, e vivem lamentando a presença dos migrantes nordestinos. Pessoalmente, considerando a origem do nosso presidente e a decisiva votação obtida por ele na região em sua reeleição, quando teve em torno de 80% dos votos, até me sinto tentado a apoiar este argumento. Entretanto, não conheço nenhum país que tenha se fortalecido dividindo-se.

Outra idéia comum, especialmente entre os intelectuais ateus, é a questão das nossas origens católicas e a incompatibilidade entre o capitalismo e o catolicismo, que via o lucro como um pecado, o que teria enfraquecido a livre-iniciativa. Além disso, acredita-se que a doutrina católica (cristã) da salvação não exige esforço individual pois haveria salvação pela graça, o que não estimula as pessoas.


A tese da colonização portuguesa também é bastante popular. Seríamos assim porque recebemos um monte de degredados da "terrinha" que trouxeram para cá todos os vícios imagináveis. Muitos adeptos desta tese lamentam a expulsão dos holandeses. O curioso é que muitos portugueses não se consideram europeus e têm uma auto-estima muito baixa. Acho que uma de nossas diferenças em relação a eles é que somos bipolares, temos momentos alternados de euforia megalômana e de depressão lusitana.

A tese da exploração marxista da colônia pela metrópole também é bastante forte. Segundo esta visão, os portugueses roubaram o ouro de Minas Gerais e o entregaram aos ingleses, e nos teríamos tornado preguiçosos porque tínhamos os escravos africanos para explorar. Desta forma, teriam se formado instituições decorrentes deste sistema de exploração ligados a uma elite indolente e a um povo ignorante e analfabeto que juntos teriam impedido o desenvolvimento do país.

Temos ainda um vertente nacionalista que acredita que a culpa é dos Estados Unidos, que apoiaram o golpe que derrubou o Imperador Dom Pedro II apoiando o Exército pró-república contra a Marinha Imperial. Em decorrência disto, teríamos submergido na República dos Coronéis até sermos salvos pelo "coronel", "ditador" e fundador do Estado Brasileiro, Getúlio Vargas - o "velhinho" pai dos pobres, o criador da CLT e homem que implantou a CSN em hábeis negociações com os americanos. Aliás, o pragmatismo de Vargas incomodou tanto os americanos que apoiaram a sua retirada do poder em 1945. Mais tarde, os EUA também teriam sido culpados pelo Golpe de 64, o que teria impedido o Brasil de seguir os passos gloriosos da Revolução Cubana de 1959.


Sob alguns aspectos, um país se comporta como uma pessoa. Tenho certeza que todos já viram adolescentes, adultos ou velhos culpando os seus pais ou sua família por todas as desgraças que ocorreram em suas vidas. Alguns nunca chegam a ter maturidade suficiente para assumir os seus atos. Um dos mitos a que estamos afeiçoados para atenuar as nossas responsabilidades é o de que o Brasil é um país jovem. Nem tanto; nossas primeiras ondas de colonização datam de 1530, enquanto as dos americanos começaram 100 anos depois. Acho que a solução dos nossos problemas começa com os indivíduos assumindo a responsabilidade pelos seus atos.

Não podemos nos esquecer dos agricultores japoneses que chegaram aqui há cerca de 100 anos com uma mão na frente e outra atrás, discriminados por serem orientais e que após muito trabalho plantando as suas hortinhas constituem hoje uma minoria rica e cujos filhos são temidos em todos os vestibulares.


posted by Heitor Abranches @ 7:23 AM 94 comments

Cata-ventos, a hora da verdade



[1] Eólicos terão que apresentar disponibilidade de energia, Canal Energia, 25/04/07

Monday, May 14, 2007

Discrepância fundiária


Dois fazendeiros, um brasileiro e um argentino se encontram, e começam aconversar. O argentino pergunta ao brasileiro:


Argentino - Qual o tamanho da sua fazenda?


Brasileiro - Para os padrões do Brasil é uma fazenda de um bom tamanho, são 300 alqueires. E a sua?


Argentino - Olha, eu saio da sede pela manhã com meu jipe e na hora doalmoço não cheguei na metade dela. . .

Brasileiro - É, eu também já tive um jipe argentino, é uma merda. . .

Sunday, May 13, 2007

Andando na água



Segue abaixo interessante matéria sobre as condições climáticas e limnológicas da época em que Jesus "andou sobre o Mar da Galiléia", atual Lago Kinneret em Israel.
Temperaturas menores nos tempos bíblicos, associadas à chuva primaveril após o congelamento do "mar" (um lago, no caso) no finalzinho do inverno e sua alta densidade (maior salinidade em clima árido), permitiriam a visão de uma superfície líquida, na qual era possível ficar sobre a mesma tendo gelo logo abaixo.


Regozijai-vos!


a.h





Is There a Paleolimnological Explanation for ‘Walking on Water’ in the Sea of Galilee?
Journal
Journal of Paleolimnology
Publisher
Springer Netherlands
ISSN
0921-2728 (Print) 1573-0417 (Online)
Issue
Volume 35, Number 3 / April, 2006
DOI
10.1007/s10933-005-1996-1
Pages
417-439
Subject Collection
Earth and Environmental Science
SpringerLink Date
Friday, March 17, 2006


Doron Nof1, 2 , Ian McKeague3, 4 and Nathan Paldor5


(1)
Department of Oceanography, Florida State University, Tauahassee, FL, 32303, U.S.A.

(2)
Geophysical Fluid Dynamics Institute, Florida State University, Tauahassee, FL, 32303, U.S.A.

(3)
Department of Statistics, Florida State University, U.S.A.

(4)
Present address: Department of Biostatistics, Columbia University, U.S.A.

(5)
Department of Atmospheric Science, The Hebrew University of Jerusalem, Israel


Received: 13 April 2005 Accepted: 01 August 2005


Abstract Lake Kinneret (the Sea of Galilee) is a small freshwater lake (148 km2 and a mean depth of 20 m) situated in northern Israel. Throughout recent history there have been no known records of a total ice formation on its top. Furthermore, given that convection requires an initial cooling of the entire lake down to 4 °C, it is difficult to imagine how such a low-latitude lake, presently subject to two-digit temperatures during the winter, could ever freeze. Lake Kinneret is, however, unique in the sense that there are dense (warm and salty) springs along its western shore. The dynamics of the regions adjacent to these springs are investigated using a one-dimensional nonlinear analytical ice model, a paleoceanographic record of the sea surface temperature of the Mediterranean Sea, and a statistical model. We show that, because the water directly above the plume created by the salty springs does not convect when it is cooled down to 4 °C, freezing of the region directly above the salty springs was possible during periods when the climate in the region was somewhat cooler than it is today. We refer to this localized freezing situation as ‘springs ice’.


The analytical ice-model involves a slowly varying approach where the ice is part of a thin fresh and cold layer floating on top of the salty and warm spring water below. During the ice formation process, the ice is cooled by the atmosphere above and warmed by the spring water below. The plumes created by the springs have a length scale of 30 m, and it is argued that, during the Younger Dryas when the air temperature in the region was probably 7 °C or more cooler than today, ‘springs ice’ (thick enough to support human weight) was formed once every 27 years or less. During the cold events 1500 and 2500 years ago (when the atmospheric temperature was 3 °C or more lower than today) springs ice occurred about once in 160 years or less. Since the duration of these cold events is of the same order as the springs ice recurrence time, there is a substantial chance that at least one springs ice occurred during these cooler periods. With today's climate, the likelihood of a springs ice is virtually zero (i.e., once in more than 10,000 years).


One set of those springs associated with the freezing is situated in Tabgha, an area where many archeological features associated with Jesus Christ have been found. On this basis, it is proposed that the unusual local freezing process might have provided an origin to the story that Christ walked on water. Since the springs ice is relatively small, a person standing or walking on it may appear to an observer situated some distance away to be ‘walking on water’. This is particularly true if it rained after the ice was formed (because rain smoothes out the ice’s surface). Whether this happened or not is an issue for religion scholars, archeologists, anthropologists, and believers to decide on. As natural scientists, we merely point out that unique freezing processes probably happened in that region several times during the last 12,000 years.


Keywords ‘Walking on water’ - Air–lake interaction - Convection - Lake freezing - Salty springs


Doron Nof
Email: http://mail1.uol.com.br/cgi-bin/webmail.exe?Act_V_Compo=1&mailto=nof@ocean.fsu.edu&ID=IuVOUp7XArdMVD3qN5AUx7iHR2Nmo9Q4vD1WIP&R_Folder=b3V0Ym94&msgID=126&Body=0


Fonte no site da Editora Springer.