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O exuberante peixe-papagaio, atração certa para um mergulhador em águas caribenhas, tem uma função essencial em um recife de coral. Por causa do seu hábito herbívoro, ele costuma pastar muito e, dessa forma, eliminar as algas do ambiente. As algas são os grandes inimigos dos cnidários, invertebrados que formam os corais, que também são constituídos por estruturas rochosas. Uma grande reserva marinha criada nas imediações do arquipélago das Bahamas, no Caribe, em 1959, provocou um boom nas espécies de peixes na região. Mas, será que o retorno dos grandes predadores, como a garoupa Nassau (Epinephelus striatus), poderia acabar com os peixes-papagaio e colocar em risco os corais da região? Esse desequilíbrio, fruto de uma tentativa de equilibrar as relações ecológicas, parecia ser meio óbvio e, por isso, os pesquisadores resolveram ir a campo para verificar essa ocorrência. O problema é que, como mostra um artigo publicado na edição do dia 6 da revista "Science", não foi isso o que ocorreu. Peter Mumby, da Universidade de Exter, no Reino Unido, e colaboradores conseguiram provar que a volta dos predadores ajuda a reserva como um todo e não coloca em perigo os recifes coralinos. Como os peixes-papagaio conseguem se desenvolver bastante, os maiores animais desse grupo, que chegam a mais de 20 centímetros, não são predados pelas garoupas Nassau. Os cálculos realizados pelos cientistas mostram que, apesar de os peixes-papagaio menores serem predados normalmente, a redução no processo de pastagem dessa espécie fica no máximo em 8%. Isso é suficiente para eles afirmarem que todos ganharam com o estabelecimento da reserva. Os corais estão mais limpos e os peixes-papagaio, pelo menos os maiores, alimentados. Quanto aos de menor tamanho, bem, esses servem de alimento para as garoupas. Ou seja, pelo menos naqueles corais nas Bahamas, as relações ecológicas estão, agora, em equilíbrio.
(Agência Fapesp)
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