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Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Friday, December 02, 2005

Venezuela se arma

Recente estudo da empresa de consultoria internacional Forecast International, Inc., indica que, apoiada na alta do custo do petróleo no mercado internacional, a Venezuela poderá aplicar até US$30,7 bilhões em aquisições de material de emprego militar até 2012.
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Entre 2006 e 2010, por exemplo, a Marinha pretende adquirir 138 navios e embarcações de diversos tipos, variando desde lanchas de patrulha costeira e ribeirinha até navios-patrulha de maior porte, três submarinos e vários navios de apoio. A força aérea tem um requisito para 50 aeronaves de combate de elevado desempenho, várias dezenas de Super Tucano para treinamento/ataque leve, pelo menos 30 helicópteros (de transporte e ataque), sistemas eletrônicos e viaturas blindadas.
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Recentemente foram adquiridos radares tridimensionais chineses JYL-1, como parte de um programa de US$150 milhões para a melhoria do sistema de defesa aérea. Segundo a FI, os países mais beneficiados com as aquisições venezuelanas seriam Brasil, China, Espanha e Rússia. A FI estima que os gastos da América Latina com defesa, previstos para atingir US$ 31,75 bilhões em 2006, possam chegar a US$ 33,38 bilhões em 2010.
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É bom não esquecer, porém, que tradicionalmente apenas 20% do orçamento de defesa dos países da região é empregado para compra de equipamento, ficando o restante por conta de salários, pensões e outros benefícios sociais.
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Apagão Ambiental 3/Anel energético sul-americano

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O risco de "apagão", o gás boliviano e as usinas nucleares

Rio, 20/jun/05 – Qualquer observador atento a questões estratégicas pôde perceber quão pouco confortável se revela o cenário energético nacional, quando vislumbrado a médio prazo, graças a uma conjugação de eventos independentes e simultâneos e que muitos atribuiriam à famosa lei de Murphy. Trata-se da crise política na Bolívia, cujo desfecho pode representar um risco potencial ao abastecimento de gás ao Brasil, e a queda de duas das três linhas de transmissão em corrente alternada da hidrelétrica de Itaipu devido a fortes ventos, o que obrigou a usina a reduzir sua geração em 3 mil MW.

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O problema mais imediato causado pela queda das linhas de Itaipu levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a suspender todas as paradas programadas para a manutenção de diversas hidrelétricas e, mais importante, ordenou que as usinas nucleares de Angra 1 e 2 operassem a plena carga, ou seja, 1.935 MW, para garantir a estabilidade do sistema interligado da região Sudeste. As estimativas iniciais são de que uma das linhas de Itaipu volte a operar somente no fim deste mês e a outra no início de julho. [1]

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Atualmente, as hidrelétricas são responsáveis por cerca de 81% da capacidade instalada para a geração de eletricidade no País e, como já analisado por este Alerta, mesmo que nosso potencial hídrico ainda não utilizado esteja longe de ser atingido, ele se encontra praticamente na região Norte – ou seja, distante dos grandes centros consumidores -, e o sistema interligado necessita de outras fontes geradoras - térmicas, no caso brasileiro - para assegurar sua estabilidade e otimização. Como mostra a conjugação de fatores acima mencionada, a geração nucleoelétrica desponta como a mais indicada não somente por possuirmos autonomia com relação à fonte – urânio que temos em abundância e domínio do ciclo de seu enriquecimento -, como também por ser crucial para a capacitação estratégica do País para a inevitável utilização da fusão nuclear como fonte energética primordial da humanidade quiçá ainda no presente século. Em suma, a retomada da construção da usina nucleoelétrica de Angra 3 torna-se imprescindível à segurança e soberania energética do País.

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Para tornar ainda mais incerto o quadro da geração de eletricidade em nosso país, entraves burocráticos e ambientais estão postergando a construção de novas hidrelétricas (ver nota abaixo). Por exemplo, das 27 concessões autorizadas entre 2000 e 2001 para a construção de novas usinas hidrelétricas (que demorariam quatro anos para ficar prontas), nenhuma saiu ainda do papel. Sem mais energia hidrelétrica, a partir de 2006 o aumento do consumo deveria ser coberto pela geração das termelétricas, que dependem de gás para operar; além de o abastecimento de gás boliviano estar em xeque, há consenso de que os preços vão subir devido ao aumento de tributação no país vizinho e pela tendência natural de alta do petróleo.

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Igualmente, se é verdade que o Brasil tem hoje sobra de energia, decorrente do aumento da capacidade de geração ou do menor consumo registrados entre 2001 e 2003, este excedente se esvanecerá rapidamente se a economia crescer em média 4,2% ao ano. Por enquanto, estão confirmadas obras que garantem a ampliação da geração de energia dos atuais 50 GW médios para 54 GW médios mas, no cenário de crescimento de 4,2% ao ano, o país deveria chegar a 2009 com 59 GW médios de potência, ou seja, com um déficit de 5 GW médios, levando o país correr o risco de sacrificar crescimento econômico em razão de suas deficiências estruturais. [2]

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Em outra vertente, estudos indicam que os países sul-americanos que podem sofrer problemas com o abastecimento de gás devido à crise boliviana. Por isso mesmo, a questão energética e os problemas na Bolívia foram os principais temas discutidos paralelamente às reuniões que antecedem a cúpula de chefes de Estado do Mercosul a ser realizada hoje em Assunção, no Paraguai. Uma das soluções propostas para o contingenciamento desta eventual crise energética no sub-continente é a construção do chamado anel energético sul-americano. A idéia é construir um gasoduto de 1.200 quilômetros, do Peru ao norte chileno, que se interligaria com tubulações já existentes para permitir que Brasil, Argentina, Uruguai e Chile possam ser abastecidos pelo gás proveniente da área peruana de Camisea. Segundo o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, a entidade está "muito interessada" no projeto e pretende dar assistência financeira e técnica para que ele possa ser viabilizado. O custo estimado é de US$ 2,5 bilhões.

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O ministro de Relações Exteriores peruano, Manuel Rodríguez Cuadros, disse que o projeto não exclui a Bolívia e qualificou a construção do anel energético como a iniciativa mais importante sugerida até agora para a integração dos países sul-americanos. "Pode ser uma espécie de comunidade do carvão e do aço (em referência à organização que foi o embrião da União Européia) e a obra mais importante de coordenação econômica já feita entre os países da América do Sul", disse Cuadros. Para Cuadros, "a Bolívia é o principal produtor de gás da região e sua participação no projeto é indispensável. O Peru tem um acordo com a Bolívia para que o gás do país possa sair por um porto peruano e consideramos que o projeto de interconexão dos gasodutos tem de ser feito de acordo com os convênios existentes", disse o chanceler. [3]

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Com relação ao gás boliviano, algumas outras considerações de ordem técnica devem ser consideradas. O transporte oceânico de gás natural exige plantas bilionárias para sua liquidificação na ponta vendedora (reduzido a 170ºC negativos, o gás natural se liquefaz e ocupa 600 vezes menos volume) e, na ponta do comprador, portos cuidadosamente adaptados e plantas de regaseificação igualmente caras, além de navios especiais para seu transporte. Segundo um relatório da Administração de Informação sobre Energia dos EUA, existem apenas 206 deles em todo o mundo. [4]

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É certo que o Brasil ficou mais dependente do gás natural: só a indústria paulista consome 10 milhões de metros cúbicos diários e a conversão dos últimos anos incluiu boa parte da frota de táxis e ônibus, aquecedores e fogões domésticos nas grandes capitais. Mesmo com a promissora reserva de gás natural descoberta no litoral de Santos, que diz-se ser gigantesca, seriam necessários pelo menos cinco anos a partir da decisão da Petrobras de explorá-la para viabilizar seu uso em larga escala. Neste ínterim, o Brasil dependerá do gás boliviano e este, como vimos acima, só poderá contar com o Brasil como grande comprador. Por isso mesmo é importante que o Brasil continue a ajudar o país vizinho a implantar sua indústria de gás natural, independentemente dos eventuais riscos em seu fornecimento, em nome, inclusive, da dívida histórica que possuímos com a Bolívia.

[050620a]

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http://www.alerta.inf.br/06_2005/050620a.htm

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[1] "Angra 1 e Angra 2 operam a todo vapor para garantir sistema", O Globo, 16/06/05.

[2] "Crise do gás aumenta o risco de "apagão", Folha de São Paulo, 12/06/05.

[3] "Anel energético pode ter ajuda financeira do BID", Valor, 20/06/05.

[4] "Gás une e desune Brasil e Bolívia", Nomínimo, 20/06/05.
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Só não entendi essa conversa de "dívida histórica com a Bolívia"... do jeito que a coisa vai, quem vai ter dívida são eles conosco!

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Terra Kiwi

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A Transformação da Nova Zelândia

Rodrigo Constantino

Conheça o articulista



Existe vasta experiência empírica para corroborar com a lógica e eficácia das teorias liberais, e tenho dedicado alguns artigos ao tema. Os casos de sucesso de Hong Kong e Cingapura já refutam de cara vários dogmas esquerdistas. Mas como ideologias costumam cegar para os fatos, alguns discípulos de Marx ainda conseguem ignorar a estrondosa evidência do sucesso liberal, apelando para escusas como o tamanho desses lugares. Ora, mesmo que outros países pequenos, como Haiti ou Cuba, sejam completamente miseráveis justamente pelo forte afastamento da receita liberal, isso não parece ser suficiente para derrubar esse “argumento” desesperado de quem foge da verdade como o diabo foge da cruz. Portanto, decidi escrever algo sobre o caso da enorme transformação da Nova Zelândia, após uma série de reformas liberais. Tratando-se do mesmo país, outras variáveis ficam isoladas, como o tamanho da nação, sua cultura etc. Podemos, assim, verificar em detalhes as mudanças ocorridas como conseqüência do maior grau de liberdade econômica adotado.
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As reformas que alteraram o rumo da Nova Zelândia começaram em 1984, paradoxalmente por um governo tido como de centro-esquerda. Como a cor do gato é menos importante do que o fato dele comer ou não o rato, veremos que as medidas tomadas pelo Partido Trabalhista tiveram forte cunho liberal, e por isso foram eficientes na captura do rato. Ocorreram privatizações, a intervenção estatal na economia foi bem reduzida, o welfare na indústria e agricultura foi cortado e ocorreu uma mudança de foco do imposto de renda para consumo. O governo chegou a propor, sem sucesso, um imposto flat de 21%. A economia experimentou um expressivo crescimento, de cerca de 4% ao ano por um longo período. Foi o maior crescimento de emprego entre todos os países da OECD.
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Creio ser relevante voltarmos um pouco no tempo. A Nova Zelândia era um dos países mais ricos em termos per capita no começo do século XX. Foi após o governo populista e corporativista de Robert Muldoon que o país viu abrupto declínio de riqueza relativa. Políticas protecionistas e interventoras fizeram com que a Nova Zelândia fosse perdendo rapidamente posições no ranking para países mais liberais. Medidas claramente socialistas, como controle de preços e salários e elevado gasto público para comprar o apoio dos sindicatos, plantaram as sementes do fracasso. Em apenas 10 anos, a partir de 1974, a dívida externa subiu de 11% do PIB para 95%! A inflação estava em dois dígitos. Foi neste contexto que se deu a mudança de trajetória, rumo ao maior liberalismo econômico, que salvou o país.
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Os reformadores foram influenciados por pensadores como Mancur Olson, Ronald Coase e James Buchanan. Os subsídios governamentais para indústria e agricultura caíram de 16% dos gastos públicos para apenas 4%. Desde a drástica redução nos subsídios agrícolas, o setor aumentou sua parcela no PIB, e o ganho de produtividade foi espetacular durante anos, acima de 6% ao ano por quase uma década! A reforma fiscal transformou a Nova Zelândia num dos países com a estrutura mais linear de impostos, e a maior taxa de imposto de renda caiu pela metade, de 66% para 33%. O mercado de trabalho foi liberalizado, e o desemprego caiu bastante. Atualmente, está em torno de 4%. O banco central teve autonomia operacional com mandato explícito para a estabilidade de preços, e a inflação foi controlada. O Ato de Responsabilidade Fiscal passou a exigir que o governo publicasse objetivos de longo prazo para indicadores-chave como gasto público, arrecadação fiscal e endividamento estatal. A Nova Zelândia experimentou oito anos consecutivos de superávit fiscal, uma verdadeira ruptura das décadas de déficit.
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Atualmente, a Nova Zelândia ocupa a quinta posição no ranking de liberdade econômica do Heritage Foundation. A participação da agricultura ainda é relevante na produção nacional, e o setor emprega cerca de 10% da mão-de-obra total. Os subsídios agrícolas, entretanto, são os menores entre os países desenvolvidos. A economia é uma das mais desregulamentadas da OECD, e aproximadamente 95% das importações são duty-free. O ambiente econômico é transparente e competitivo, com reduzida burocracia. Como resultado disso tudo, a renda per capita cresceu vários anos seguidos, ultrapassando a marca dos US$20 mil.
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A Nova Zelândia está longe de ser um paraíso liberal. O governo ainda gasta muito, e intervém mais que o necessário na economia. Faltam reformas ainda mais liberalizantes para que o país alcance um patamar de liberdade e riqueza como o de Hong Kong e Cingapura. Entretanto, analisar a experiência da Nova Zelândia é um exercício bem interessante, por mostrar os grandes avanços frutos da maior aproximação da receita liberal, curiosamente iniciada por um partido de esquerda. Atualmente, as conquistas econômicas, resultado do bom senso e respeito às leis de mercado, tornaram-se “vacas sagradas”, e o debate político acaba focado em outros temas, como ocorre na Inglaterra desde Thatcher. Melhor para os 4 milhões de habitantes da Nova Zelândia, que agradecem essa boa transformação.
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02/12/2005
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França se ferra 2

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Reflexões sobre a revolução na França

por Daniel Pipes em 02 de dezembro de 2005
Resumo: A França precisará que algo maior e mais terrível aconteça para despertar da sonolência.
© 2005 MidiaSemMascara.org

Os tumultos que jovens muçulmanos desencadearam na França em 27 de outubro aos gritos de “Allahu Akbar” podem significar uma virada na história da Europa.

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O que teve início em Clichy-sous-Bois, nos arredores de Paris, em sua décima primeira noite tinha se espalhado por trezentas cidades e vilas francesas, assim como pela Bélgica e Alemanha. A violência, que já recebeu nomes sugestivos — intifada, jihad, guerrilha, insurreição, rebelião e guerra civil —, dá margem a várias reflexões.

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Final de uma era. O tempo da inocência cultural e da ingenuidade política, em que os franceses podiam cometer erros sem enxergar ou sofrer suas conseqüências, está chegando ao fim. Como já acontece em outros países europeus (em particular na Dinamarca e na Espanha), uma série de problemas, todos relacionados à presença muçulmana, ocupa agora o primeiro lugar na agenda política francesa, e ali deverá permanecer pelas próximas décadas.

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Esses problemas incluem o recuo da fé cristã e o resultante colapso demográfico; um assistencialismo estatal do tipo berço-ao-túmulo, que atrai imigrantes ao mesmo tempo que mina a viabilidade econômica a longo prazo; uma alienação dos costumes históricos em favor de novos estilos de vida e de um multiculturalismo pouco inventivo; uma incapacidade para controlar fronteiras ou assimilar imigrantes; um nível de criminalidade que torna as cidades européias muito mais violentas que as americanas, e o crescimento do Islamismo e de sua forma radical.

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Precedentes. A insurreição francesa não foi de modo nenhum a primeira tentativa de insurgência muçulmana semi-organizada na Europa — foi precedida, um pouco antes, por tumultos em Birmingham, Inglaterra, e acompanhada por uma outra em Århus, Dinamarca. A própria França experimentou a violência muçulmana em 1979. O que diferencia o fenômeno atual dos anteriores é a sua duração, magnitude, planejamento e ferocidade.

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Ocultação na mídia. A imprensa francesa fala em “violência urbana” e descreve os rebelados como vítimas do sistema. A grande mídia nega que os distúrbios tenham ligação com o Islã e ignora a penetração da ideologia islamista, marcada por uma disposição brutalmente antifrancesa mais uma indisfarçável ambição de dominar o país e substituir-lhe a civilização pela islâmica.

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Uma outra forma de jihad. Muçulmanos do noroeste da França empregaram, no decorrer do ano passado, três formas diferentes de jihad: no Reino Unido, a versão violenta, de matar ao acaso os usuários de transporte público em Londres; na Holanda, a de alvo predeterminado, que seleciona, ameaça e, em alguns casos, ataca personalidades do mundo político e cultural; e agora na França, a de violência mais difusa, menos mortal, mas nem por isso menos significativa do ponto de vista político. Se um desses ou algum outro método se comprovará mais eficaz não está claro ainda, porém a variante britânica é, sem dúvida, contraproducente, e as estratégias holandesa e francesa serão possivelmente retomadas.

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Sarkozy vs. Villepin. Dois líderes políticos e prováveis candidatos à presidência da França em 2007, Nicolas Sarkozy e Dominique de Villepin, reagiram aos tumultos de maneiras distintas, o primeiro adotando uma linha dura (proclamou “tolerância zero” à violência urbana) e o segundo, uma linha conciliadora (prometeu um “plano de ação” para melhorar as condições de vida nas cidades).

[Então, "eu sou Sarkozy desde criancinha..."]

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Contra o Estado. O levante começou oito dias depois de Sarkozy anunciar uma nova política de “guerra sem perdão” à violência urbana e dois dias após ele chamar os jovens agressores de “ralé”. Muitos desordeiros se imaginam envolvidos em uma luta contra o Estado e por isso concentram os ataques no que o simboliza. Em uma reportagem previsível, o filho de um imigrante marroquino, Mohamed, de vinte anos, afirma que “‘Sarko’ declarou guerra (...), então, é guerra o que ele vai ter”. Os representantes dos jovens exigiram que a polícia francesa saísse dos “territórios ocupados”; Sarkozy, por sua vez, atribuiu aos “fundamentalistas” parte da responsabilidade pelos distúrbios.

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Os franceses podem reagir de três modos. Eles podem sentir-se culpados e tentar apaziguar os ânimos com prerrogativas e o “plano de investimentos maciços” que alguns reclamam. Ou podem suspirar de alívio ao final da confusão e, como fizeram depois de outras crises, voltar aos seus afazeres. Ou ainda podem perceber os acontecimentos como a salva de abertura de uma revolução e tomar as medidas necessárias para reverter o desinteresse e a complacência das últimas décadas.

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Minha expectativa é de uma mistura das duas primeiras reações e que a posição conciliadora de Villepin prevaleça, apesar de Sarkozy ter subido nas pesquisas. A França precisará que algo maior e mais terrível aconteça para despertar da sonolência. O prognóstico a longo prazo, contudo, é inescapável: na definição de Theodore Dalrymple, “o doce sonho da compatibilidade cultural universal deu lugar ao pesadelo do conflito permanente”.

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Publicado pelo New York Sun. Também disponível em danielpipes.org

O título do artigo é uma referência ao texto http://www.constitution.org/eb/rev_fran.htm - “Reflections on the Revolution in France”, por Edmund Burke.

Tradução: Márcia Leal.

Daniel Pipes é um dos maiores especialistas em Oriente Médio, Islã e terrorismo islamista da atualidade. Historiador (Harvard), arabista, ex-professor (universidades de Chicago e Harvard; U.S. Naval War College), Pipes mantém seu próprio
site e dirige o Middle East Forum, que concebeu junto com Al Wood e Amy Shargel — enquanto conversavam à mesa da cozinha de sua casa, na Filadélfia — e que hoje, dez anos mais tarde, tem escritórios em Boston, Cleveland e Nova York. Depois do MEF, vieram o Middle East Quartely, o Middle East Intelligence Bulletin e o Campus Watch, dos quais ele participa ativamente. Juntos, esses websites recebem mais de 300 mil visitantes por mês. Por fazer a distinção sistemática entre muçulmanos não-islamistas e extremistas islâmicos, Daniel Pipes tem sido alvo de ataques contundentes. A polêmica gerada por sua nomeação, em 2003, para o Institute of Peace pelo presidente George Bush apenas confirmou o quanto as idéias de Pipes incomodam as organizações islamistas e outros interessados em misturar muçulmanos e terrorismo. Daniel Pipes é autor de 12 livros, entre eles, Militant Islam Reaches America, Conspiracy, The Hidden Hand e Miniatures, coletânea lançada em 2003.


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Nepal e França: duas reações opostas frente ao terrorismo

por Daniel Pipes
Mídia Sem Máscara
29 de Setembro de 2004

Original em inglês:
[Nepal and France:] Two Opposite Responses to Terrorism


Dois dramas do terrorismo no Iraque começaram no mesmo dia, 19 de agosto de 2004, quando jihadistas capturaram, separadamente, 12 trabalhadores nepaleses e dois repórteres franceses. Embora os seus destinos possam ter um final diferente — os primeiros foram assassinados e os últimos permanecem vivos no cativeiro —, impressiona como os respectivos compatriotas das vítimas sentiram impotência semelhante e como reagiram de maneiras distintas.
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No caso nepalês, um grupo de cozinheiros, faxineiros, auxiliares de lavanderia e outros trabalhadores acabara de entrar no Iraque pela fronteira da Jordânia, quando foi seqüestrado pelo Ansar al-Sunna, um violento grupo islamista. Em 31 de agosto, um website islamista exibiu as execuções dos trabalhadores em um
vídeo de quatro minutos.
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Os nepaleneses reagiram às atrocidades extravasando sua ira e atacando a minoria muçulmana no Nepal. Centenas de jovens enfurecidos cercaram e arremessaram pedras contra uma mesquita de Katmandu em 31 de agosto. A violência intensificou-se no dia seguinte, com cinco mil manifestantes tomando as ruas aos gritos de "queremos vingança", "punição para os muçulmanos" e "abaixo o Islã". Alguns atacaram a mesquita e forçaram a entrada, pilhando e incendiando o local. Centenas de exemplares do Alcorão foram atirados à rua e alguns foram queimados.
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Os amotinados na capital nepalesa ainda saquearam outro alvos identificados como muçulmanos, inclusive embaixadas e agências de companhias aéreas de países com maioria muçulmana. Uma emissora de televisão de propriedade de um muçulmano e residências de famílias muçulmanas foram igualmente atacadas. A turba saqueou até as agências que recrutam nepaleses para a prestação de serviços no Oriente Médio.
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A violência chegou ao fim quando blindados e caminhões do exército impuseram um toque de recolher, deixando dois manifestantes mortos e 50 feridos, além de 33 policiais, e danos materiais estimados em vinte milhões de dólares.
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Assim, uma população frustrada, enraivecida e impotente passou além das autoridades e arremeteu contra os inocentes mais próximos.
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A resposta francesa não poderia ter sido mais inversa. As ameaças de executar os dois repórteres foram recebidas com um esforço concentrado do governo para salvar suas vidas, não pelo ataque aos muçulmanos franceses, mas pelo cultivo de sua amizade. Paris pressionou sem descanso os islamistas do país a condenarem o seqüestro, na esperança de que suas vozes convencessem os terroristas a libertarem os dois homens.
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Nesse meio-tempo, organizações islâmicas tomaram conta da política externa do país com eficiência, emitindo comunicados e agindo como se representassem a população francesa. Bertrand Badie, do Institut d'Études Politiques de Paris, reclama que os muçulmanos franceses viraram "uma espécie de substitutos para o Ministério das Relações Exteriores da França".
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Também no âmbito internacional, Paris pediu recibo por ter apoiado os árabes contra Israel e Saddam Hussein contra a coalizão liderada pelos Estados Unidos. Diplomatas franceses buscaram abertamente o apoio de grupos terroristas como Hamas e Jihad Islâmica Palestina.
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Esses esforços foram o ponto culminante de trinta anos de apaziguamento francês e, na análise intransigente de Norbert Lipszyc, "constituíram uma grande vitória para islamistas e terroristas". Lipszyc entende que a França age como um dhimmi (cristão ou judeu que aceita a soberania muçulmana em troca de tolerância e proteção). "A França confirmou em público sua condição de dhimmi, sua disposição em se submeter aos senhores do Islã. Em troca, estes declararam que a França, dhimmi que é, merece proteção contra atos terroristas."
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Se os reféns forem libertados, as políticas doméstica e externa de apaziguamento estarão justificadas aparentemente. Mas a que preço! Como Tony Parkinson escreve no jornal Age, de Melbourne, "democracia alguma deveria sujeitar-se a tais extremos para salvar a vida de pessoas inocentes". E essa sujeição tem profundas implicações.
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A historiadora Bat Ye'or, a primeira pessoa a compreender o processo de transformação da Europa em dhimmi, observa que a mudança fundamental teve início durante a guerra árabe-israelense de 1973, quando o continente europeu começou a entrar "na esfera de influência árabe-islâmica, quebrando assim a tradição de aliança transatlântica".
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Bat Ye'or ressalta o fato de a colaboração euro-árabe ser quase onipresente agora; abrange "a política, a economia, a religião e também o intercâmbio de tecnologias, de educação, de universidades, de rádio, televisão, imprensa, editoras e escritores sindicalizados". Ela prevê que a mudança terminará em "Eurábia", uma Europa à mercê da Arábia.
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De volta aos recentes acontecimentos: a execrável violência nepalesa revelou um instinto de autopreservação — ataquem-me e eu revido. Em contraposição, a sofisticada reação francesa foi de passividade — ataquem-me e eu suplicarei que parem de atacar. Se a História serve de lição, os nepaleses, reagindo da maneira como fizeram, tornaram menos provável a repetição das atrocidades. Já no caso francês, é mais provável que tais atrocidades voltem a ocorrer.
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Tradução: Márcia Leal
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Rescaldo dos incêndios de Paris

por Percival Puggina em 02 de dezembro de 2005
Resumo: A esquerda se agitou com a baderna em Paris. Milhares de carros burgueses foram incendiados. Supermercados invadidos e saqueados. Prédios públicos devorados pelo fogo. Nem a destruição das Torres Gêmeas tem o sabor de um bom levante em Paris!
© 2005 MidiaSemMascara.org

Na última semana de agosto de 1944, o general De Gaulle convencera os Aliados a retomarem Paris. A decisão não fora fácil. O controle de uma metrópole de tais proporções demandaria enormes problemas logísticos e poderia retardar a marcha na direção de Berlim, de sorte que Churchill e Eisenhower julgavam preferível deixar essa dificuldade nas mãos dos alemães por mais alguns dias. Mas a manutenção da Cidade Luz também era problema para Hitler que, por isso, determinara ao general Von Choltitz que incendiasse a cidade caso fosse invadida pelas tropas adversárias. Felizmente, De Gaulle foi convincente e Hitler não. Os aliados tomaram a cidade e o general alemão optou por descumprir a ordem e render-se. A pergunta disparada por Hitler ao saber dos fatos – "Paris brûle-t-il?" – ressoa ainda hoje como sinal de demência. "Paris arde em chamas?"

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Pois é. A esquerda se agitou no começo deste mês [de novembro]. Os dedos de seus intelectuais correram pelos teclados com volúpia e intensidade há muito tempo perdidas. Retomou-se a insurreição dos miseráveis. Milhares de carros burgueses foram incendiados. Supermercados invadidos e saqueados. Prédios públicos devorados pelo fogo. Paris ficou em chamas e não podia haver notícia mais alvissareira para os "pacifistas" brasileiros do plebiscito de outubro.

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Se tudo tivesse acontecido em Bolonha, na Itália, a repercussão seria outra. Afinal, a cidade foi controlada pelos comunistas durante 54 anos e o ativismo ainda está muito presente. Em Paris tudo fica diferente. Ganha simbolismo. Paris é a glória! Lá, um dia, em 1789, donas de casa e padeiros saíram às ruas para cortar a jugular da monarquia. E se jamais chegaram perto do poder nem mudaram a história da humanidade, ao menos armaram uma confusão medonha e suscitaram algumas páginas de contagiante conteúdo revolucionário. Foi lá, enfim, que direita e esquerda lançaram-se, reciprocamente, os primeiros desaforos.

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Paris entrou em chamas, a baderna tomou conta e houve muita gente aplaudindo, torcendo, festejando. Nem a destruição das Torres Gêmeas tem o sabor de Queda da Bastilha igual ao de um bom levante em Paris. Faltam razões da razão humana, mas sobram explicações nas ideologias desumanas. Elas servem para produzir canonizações em Esteio ou em Paris. Tanto faz, desde que sirvam à causa por palavras ou obras.

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Quando François Mitterrand abriu a França à imigração de suas antigas colônias como um gesto de acolhida, desencadeou o fluxo migratório com cujas conseqüências a nação francesa hoje se defronta. Uma coisa eram os imigrantes alemães e italianos que vinham fazer a América no século XIX. Outra eram os africanos chegando na Paris feita e bem feita no século XX. Eles imigraram porque a vida, lá onde estavam originalmente, era uma grande droga. E resolveram viver numa cidade onde morar mais ou menos bem é coisa para milionários. Não podia dar certo para eles, mas deu muito certo para quem gosta de ver Paris em chamas.

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O autor é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

puggina.org .
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Classe média brasileira

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Brazil's middle-class has key to Lula re-election
By Raymond Colitt Reuters Tuesday, November 29, 2005; 10:20 AM

BRASILIA, Brazil (Reuters) - Luiz Inacio Lula da Silva won Brazil's presidency in October 2002 largely with the support of middle-class voters who had warmed to the former factory worker after he abandoned left-wing rhetoric and adopted mainstream policies.
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With the next election less than a year away, however, polls show most average-income voters are disappointed with Brazil's first working-class president and are sorry they ever gave him a chance.
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While Brazil's rich and poor are better off than before Lula, the middle-class has been squeezed. A corruption scandal has also disappointed many.
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"Entertainment and anything superfluous, we've cut back. We used to go out for dinner once a week, now it's once a month," said Francisco Hernandez Herrera, who works in the construction business in Sao Paulo.
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"They say inflation is falling but everything is becoming more expensive. My water and energy bills are huge and we are not consuming more than before."
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Lula ran for president three times over two decades before he finally conquered Brazil's middle-class voters to win on his fourth try. He now has 10 months to reconquer them to win a second term.
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Ricardo Schmitt, a political analyst with Tendencias consultant firm in Sao Paulo, said the middle class was the key to Lula's reelection. But, he said: "Lula is losing the swing voters that brought him to power."
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A survey published by Sensus polling firm last week showed Lula's popularity among middle-income workers was far lower than among upper or lower classes.
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Among those earning what is defined as a minimum monthly salary of up to $135, only 37 percent disapproved of Lula, it said. Among those earning between 10 and 20 times the minimum, the disapproval rate jumps to 62 percent. Among the very wealthy, earning more than 20 times the minimum, the rejection rate again drops to 46 percent.
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Pollsters said another reason middle-income voters have abandoned Lula was because most were better informed about a corruption scandal that has gripped the government since June.
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The ruling Workers' Party has admitted illegally raising campaign funds and stands accused of buying votes in Brazil's Congress.
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"The higher the education, the stronger the criticism of Lula. He promised clean government and didn't deliver," Sensus president Ricardo Guedes said.
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Wednesday, November 30, 2005

M.A.B.

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"Atingidos" por barragens fazem reféns em usina



Rio, 19/nov/05 – Desde sábado 12, cerca de 500 ativistas do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) estavam acampados na entrada da usina hidrelétrica de Manso (210 MW, localizada no rio Cuiabá), propriedade da empresa Furnas Centrais Elétricas, impedindo a troca de turnos dos operadores da usina. A “liberação” da entrada e saída dos funcionários só foi obtida hoje após ordem judicial cujo cumprimento necessitou do apoio de agentes da Polícia Federal. A motivação alegada pelo MAB para a obstrução se deve à discordância da empresa com relação à quantidade de famílias desalojadas pela construção da barragem, que seriam 1006 pelas contas do MAB e 94 pelas de Furnas; a empresa estuda o caso de outras 111 famílias que estão sendo analisadas por estarem alojadas em terras improdutivas. [1]
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A hidrelétrica de Manso tem sido palco constante de manifestações do MAB e que, lamentavelmente, vêm sendo marcadas pela violência dos ativistas. Nessa última manifestação, por exemplo, dois operadores da usina ficaram reféns dos ativistas do MAB por mais de 48 horas, uma atitude hedionda e inaceitável para um movimento que se diz defensor de direitos humanos. Episódio ainda mais lamentável ocorreu em maio de 2002 quando uma tentativa de invasão da usina por cerca de 150 integrantes do MAB provocou a morte de um vigia da usina, Nilton Alves da Costa. O disparo fatal foi dado por Valdeir Neres Barbosa, ex-PM e integrante do MAB, que tomou o revólver calibre 38 do vigia, disparou contra ele e fugiu em seguida, mas foi capturado e confessou o crime.
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Contudo, como nos reporta o jornal Gazeta de Cuiabá, a Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), concluiu no ano passado que Furnas cometeu “genocídio cultural” ao retirar os moradores da área que foi alagada pela usina de Manso. O relator em questão, Jean Pierre Leroy, foi ouvido pelo jornal e disse que faltou transparência e sobrou autoritarismo por parte de Furnas com relação aos moradores: "A retirada deles da área introduziu desequilíbrios no modo como as comunidades se organizavam e mantinham sua produção...desconsiderou aspectos histórico-culturais, as tradições e os comportamentos ligados ao espaço geográfico e de paisagens. É inadmissível que uma empresa estatal trate seres humanos desta maneira”, disse Leroy. [2]
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O relatório da missão ao Estado de Mato Grosso (realizada agosto de 2004) foi concluído em fevereiro passado e enviado a diversas autoridades brasileiras, inclusive, ao Ministério Público.
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Contudo, uma análise mais acurada da referida Relatoria revela uma intrincada rede de entidades e interesses que transcende, e muito, a nobre missão de defender o direito humano ao meio ambiente.
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De fato, a Relatoria é parte integrante da ONG Plataforma DhESC Brasil e conta com o apoio do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV), da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e da Ford Foundation.
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Por sua vez, a Plataforma DhESC Brasil é o braço brasileiro da rede de ONGs Plataforma Interamericana de Direitos Humanos, Democracia de Desenvolvimento (PIDHDD), fundada em novembro de 1992 na Colômbia sob os auspícios da NOVIB, uma das cinco ONGs mantidas pelo governo da Holanda. Trata-se, portanto, de uma rede “chapa branca” holandesa. Atualmente, integram o PIDHDD ONGs da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, São Salvador, Haiti, Paraguai, México, Guatemala, República Dominicana, Venezuela, Uruguai e Peru.
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No Brasil, a Plataforma DhESC é uma “evolução” do Projeto Desc – Todos os direitos para todos e todas -, da rede de ONGs Federação dos Órgãos para Assistência social e Educacional (FASE); o projeto Desc foi lançado sob os auspícios da União Européia, Terre des Hommes/França e do Ministério das Relações Exteriores da França.
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Assim, a FASE constitui o núcleo central da Plataforma DhESC Brasil.
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A FASE, por sua vez, foi fundada em 1961 por iniciativa da Catholic Relief Services (CRS), órgão ligado a adeptos da Teologia da Libertação nos EUA, mas também a círculos dos serviços de inteligência deste País. A FASE é financeiramente mantida por um núcleo de instituições européias e estadunidenses: Ação Quaresmal Suíça, ActionAid, Adrai, Alop, Brot fuer die welt, Cafod, CCFD, Christian Aid, Comunidade Européia, Danchurchaid, Development & Paix, EZE, Fundação Ford, Heinrich Boll Stiftung, IAF - Inter American Foundation, Icco, Misereor, Novib, Oxfam, Sactes, Solidaridad, Terre des Hommes e Catholic Relief Services.
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Bastante significativos foram os repasses financeiros da IAF para a FASE: 123 mil dólares em 1995, 106 mil dólares em 1996, 106 mil dólares em 1997 e 202 mil dólares em 1998. Nunca é demais relembrar que a IAF foi criada no Governo Nixon especificamente para promover os interesses dos EUA junto ao nascente movimento de ONGs na América Latina, em especial na área ambiental. A IAF é mantida pelo Congresso dos EUA e sua diretoria é composta por três deputados e seis empresários nomeados pela Casa Branca.
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Já o Programa de Voluntários da ONU (The United Nations Volunteers programme, UNV), foi criado em 1970 para servir de “parceiro operacional” nos programas de desenvolvimento patrocinados pela ONU e reporta-se diretamente ao PNUD (Programa das Nações unidas para o Desenvolvimento).
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O programa foi lançado oficialmente no Brasil em outubro de 2002, em São Paulo. O programa, intitulado no Brasil como "National Observers on Economic, Social and Cultural Human Rights", foi inspirado nas ações dos observadores da ONU para direitos humanos e foi o primeiro de amplitude nacional a ser implementado. A entidade escolhida para desempenhar tais operações no Brasil foi a já mencionada Plataforma Dhesc Brasil. De fato, o precursor do programa no Brasil ocorreu em 1998 por intermédio de um acordo ad hoc com o Instituto Internacional para Desenvolvimento da Cidadania – IIDAC, de Curitiba, com o patrocínio dos governos da Espanha, Bélgica, Japão e Finlândia.
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A escolha dos relatores da Plataforma Dhesc – usualmente nomeados na imprensa com títulos imponentes como “Relator Nacional de Direitos Humanos ao Meio Ambiente da ONU” -, é feita pelo método da “indicação”. No caso específico de Jean Pierre Leroy, foi escolhido por ser o Coordenador do projeto “Brasil Sustentável” da FASE. Leroy foi para o Pará em 1971, como padre, e morou na região até 1977, quando já havia trocado a vida religiosa pelo trabalho de pesquisador na FASE. Segundo consta, sua escolha como Relator Nacional foi feita em “licitação” promovida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e por uma rede de ONGs.
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[051119a]
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Notas
[1]"Manso - Justiça manda liberar entrada da usina", Diário de Cuiabá, 19/11/05
[2]"MAB X FURNAS - ONU denuncia genocídio cultural", Gazeta de Cuiabá, 18/11/05
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http://www.alerta.inf.br/11_2005/051119a.htm
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Apagão Ambiental 2

Rio, 20/nov/05 – Poucos técnicos e empresários que atuam no setor elétrico brasileiro duvidam que o país corre um sério risco de enfrentar um temível “apagão” dentro de quatro a cinco anos, um período relativamente curto em se tratando de um setor que exige ações planejadas com um horizonte de pelo menos uma década à frente.

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Um bom indicador de tal cenário é o leilão de energia nova marcado para o próximo dia 16 onde serão licitadas dezessete hidrelétricas que, somadas, não chegam a 2.000 MW de potência instalada, um valor muito modesto frente às necessidades futuras do país. O quadro é ainda mais desanimador quando se constata que apenas cinco dessas usinas, que podem gerar ridículos 663 MW, possuem licença ambiental; outras oito (1.264 MW) terão muitas dificuldades em obter esse licenciamento – um pré-requisito exigido pelo governo - até a realização do leilão.

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Porém, o indicativo mais forte do cenário obscuro que se vê pela frente foi o fato de a Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, ter protocolado 166 térmicas (47 mil MW) interessadas em participar do leilão de energia nova, sendo 28 movidas a gás, 76 a óleo diesel e 62 a óleo combustível!

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Para Luiz Gonzaga Bertelli, diretor do Departamento de Infra-Estrutura da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), "O governo estava fazendo seu planejamento em cima de térmicas a gás, embora ninguém mais ignore a falta de oferta do combustível." Já para Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), o governo quer levantar a bandeira de termoelétricas bicombustíveis, movidas a gás natural e diesel, por exemplo, mas elas têm um alto custo operacional devido ao diesel e o País não dispõe da logística necessária para entregar o combustível. [1]

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Na raiz dessa flagrante e potencialmente desastrosa contradição em um país carente de combustíveis fósseis, mas que possui o maior potencial hidrelétrico do mundo e detém inegável experiência em seu aproveitamento, está a leonina legislação ambiental. Para enfrentar o cenário de flagrante déficit de geração elétrica projetada para os próximos dez anos, a estratégia lógica do governo seria o maciço aproveitamento hidrelétrico da Bacia Amazônica na qual despontam as usinas de Belo Monte, no Xingu, e as do Complexo do rio Madeira. Só não a aplica por recear as incertezas jurídicas oriundas da legislação ambiental e, principalmente, por temor em enfrentar o aguerrido, bem organizado e financeiramente bem nutrido aparato ambientalista-indigenista internacional.

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Com já amplamente reportado, o principal vetor operacional desse aparato é constituído por ONGs “nacionais” e multinacionais que possuem vários de seus integrantes encastelados em postos-chave do Ministério do Meio Ambiente e que, por isso mesmo, é também conhecido como o “Ministério das ONGs”.

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A orientar as ações e a agenda desse aparato não estão as questões ambientais ou indígenas, que entram como fatores secundários e utilitaristas para “justificar” as respectivas campanhas, mas interesses econômicos, comerciais e estratégicos de poderosos conglomerados que controlam a produção e o fluxo de matérias-primas e outros produtos, sintonizados, em alguns casos, com interesses de mesmo teor dos países onde estão sediados. Certamente, um cenário no Brasil apontando para um encarecimento ou incertezas no fornecimento de eletricidade, insumo crucial para qualquer setor produtivo, seria de grande valia para seus concorrentes no competitivo mercado globalizado.

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Veja-se, por exemplo, o caso do WWF, uma ONG multinacional que tem, entre seus dirigentes e apoiadores, membros de poderosos conglomerados empresariais como acima mencionado. Oportunamente, dia 12 passado, a ONG divulgou mundialmente seu mais novo libelo contra a construção de barragens alegando que as mesmas já “fragmentaram” 60 por cento dos rios em todo o mundo e desalojaram mais de 80 milhões de pessoas, condenando ainda as mais de 400 barragens em construção e as “centenas” de outras que estariam sendo planejadas. [2]

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Os enormes benefícios que essas barragens trouxeram para bilhões de pessoas, seja na geração de eletricidade, controle de enchentes, fornecimento de água, navegação, etc., são olimpicamente ignorados pelo relatório; ao contrário, as “barragens continuam causando excessivos danos ambientais e sociais”. Em síntese, o libelo exige que os governos e o Banco Mundial cumpram com as exigências da Comissão Mundial de Barragens, uma entidade criada sob medida por ONGs há cinco anos.

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Apesar dos esforços de alguns setores do governo e da iniciativa privada em tentar diminuir os múltiplos entraves para o licenciamento ambiental de novas usinas hidrelétricas, está claro que eles se mostraram insuficientes dado que uma das principais “frentes de batalha” se localiza no campo político e não no técnico-jurídico. Como mostra a experiência sobre a construção da usina de Angra 2, foi a postura de enfrentamento – e não de contemporização ou de intermináveis "explicações técnicas" – de uma bem-sucedida estratégia de esclarecimento da opinião pública, demonstrando publicamente o fator de “apartheid tecnológico” embutido na campanha antinuclear desencadeada pelo Greenpeace e outras ONGs, que viabilizou a conclusão e entrada em operação da usina.

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Sob esse prisma, é importante que as empresas do setor elétrico brasileiro, ou que com ele possuam fortes vínculos, sejam elas privadas ou não, se convençam que precisam promover uma verdadeira “mudança de paradigma” empresarial no enfrentamento desses contenciosos ambientais, que tendem a se acumular e inviabilizar a construção de hidrelétricas, passando de uma postura nitidamente reativa para outra mais pró-ativa, como, aliás, já sinalizaram recentemente empresas do porte da Vale do Rio Doce e da Aracruz Celulose. [3]

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Notas

[1]"País opta por energia cara e poluidora", O Estado de São Paulo, 31/10/05

[2]“To dam or not to dam? Five years on from the World Commission on Dams”, WWF, 12/11/05

[3]"Vale e Aracruz sinalizam 'mudança de paradigma' empresarial", Alerta Científico e Ambiental, 6/11/05

[051120a]

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http://www.alerta.inf.br/11_2005/051120a.htm

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Colapso mental, isto sim!

Rio, 11/nov/05 – Por sua riqueza de detalhes, transcrevemos na íntegra o artigo de Dennis Avery, publicado em 28 de agosto passado pelo Center for Global Food Issues, onde rebate os argumentos do conhecido biólogo e escritor Jared Diamond apresentado em seu livro mais recente, "Collapse: How Societies Choose to Fail or Succeed".
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O mito do colapso na ilha de Páscoa
Dennis Avery

Jared Diamond e Thor Heyerdahl, autores dos best-selling "Collapse" e "Kon-Tiki" respectivamente, nos passaram uma irresistível lenda sobre o colapso ambiental na ilha de Páscoa, remoto local do Pacífico, famoso por suas enormes cabeças esculpidas em pedra.
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Eles nos disseram que os ilhéus sofreram uma superpopulação e acabaram com as florestas - destruindo suas possibilidades de construir canoas de pesca. A fome resultante detonou o colapso da sociedade, pela guerra civil e o canibalismo.
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Soa como uma parábola ecológica, para nossas próprias sociedades altamente consumidoras. No entanto, os ilhéus nos deixaram alguma informação documentada. As lacunas foram agora devidamente preenchidas pelo antropólogo britânico Benny Pieser, no jornal "Energia e Ambiente".
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Após os europeus descobrirem a ilha em 1722, navios baleeiros costumavam ali parar para obter água fresca e alimento, obter substitutos para tripulação perdida e forçar a diversão com as mulheres locais. Doenças sexualmente transmissíveis se tornaram causa de morte na ilha.
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Em 1805, a escuna americana Nancy realizou o primeiro rapto de escravos na ilha, de 12 homens e 10 mulheres. Em 1862, o Peru iniciou raptos maciços, que capturaram mais de mil ilhéus. Após protestos internacionais, o Peru repatriou cerca de 100 dos escravos sobreviventes. Infelizmente, esses trouxeram consigo a varíola, e a maioria dos ilhéus restantes morreu.
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Na década de 1870, dois comerciantes europeus resolveram deportar os últimos ilhéus para o Tahiti. Queimaram as choças nativas e, por três vezes, destruíram as colheitas de batata doce para forçar os nativos a entrarem nos navios.
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O Chile anexou formalmente a ilha de Páscoa em 1888 e colocou os poucos nativos polinésios remanescentes num campo de concentração com arame farpado, onde permaneceram vigiados até 1964!!
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Será que os ilhéus destruíram todas as suas florestas? As choças nativas estavam cobertas com folhas de palmeira, quando os holandeses ali chegaram em 1722. Numerosos pesquisadores sugerem que as palmeiras desapareceram sob o frio da Pequena Idade do Gelo, mas os dados são incertos.
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Diamond afirma que as florestas haviam desaparecido no século 15, mas ainda durante 400 anos os ilhéus tinham árvores (trimora) com meio metro de diâmetro para canoas pequenas, construção das casas e para rolar as estátuas. Essas ainda estavam sendo transportadas no final do século 19.
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Houve fome? Sim, após a epidemia de sarampo enfraquecer a população, nesse final do século 19. Entretanto, os ilhéus sempre plantaram grandes áreas com bananas, batatas e cana de açúcar. Alguns dos solos mais ricos da ilha - com lagos de água fresca próximos, para irrigação - nunca foram cultivados.
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Os nativos não conseguiam pescar? O oficial da marinha americana W.S.Thomson viveu na ilha na década de 1890. Relatou sobre lagoas repletas de lagostas e caranguejos, que os nativos apanhavam à mão. Torres de vigia de pedra detectavam as muitas tartarugas marinhas, que forneciam ovos e carne. Os ilhéus faziam anzóis de pedra e osso, e redes de pesca de amoreiras. Tinham até temporadas de pesca, para evitar pesca predatória.
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Não há provas de que existiram mais de cerca de 3.000 ilhéus, que os baleeiros encontraram no século 18. A guerra era comum entre os polinésios, com ou sem fome.
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Pieser não encontrou prova histórica ou arqueológica de canibalismo. Isso foi relatado por missionários europeus tardios, que afirmaram ter salvos os nativos de tal degradação.
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A história do eco-colapso é oportuna demais, perfeita demais e longínqua demais num passado não-provado. Por outro lado, qual parte das tomadas de escravos, sífilis, varíola e campos de concentração documentados proporciona uma lição ambiental da ilha de Páscoa para o Primeiro Mundo tecnológico atual?
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Será que Jared Diamond faz parte do coro verde que nos urge a volver a um primitivismo que não pode nos defender de doenças epidêmicas nem de traficantes de escravos?

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(tradução de Yára Müller)

[051111a]
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http://www.alerta.inf.br/11_2005/051111a.htm
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Tuesday, November 29, 2005

"Bravo Novo Mundo"

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Há quantas anda nosso mundo? Apesar da chamada Globalização, vejamos alguns aspectos pitorescos dos "expropriados" do Terceiro Mundo...
Alguém aí, em sã consciência, gostaria de se aproximar (física e culturalmente) destas culturas?!
EU NÃO!
a.h
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26/11/2005
Três milhões sofrem mutilação genital a cada ano
Sandro Pozzi
Em Nova York
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicou nesta sexta-feira (25/11) um relatório que revela que três milhões de meninas são submetidas a cada ano à mutilação genital, ou ablação. A maioria dos casos ocorre na África subsaariana e no Oriente Médio.
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A ONU insiste que é possível acabar com esse "ritual" por meio de uma discussão pública aberta e da adoção de medidas legais contra os que realizam essa prática. A Unicef calcula que o número total de mulheres afetadas pela mutilação genital é 130 milhões.
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A ablação é considerada um velho ritual que as famílias realizam na privacidade, por acreditar que permite realçar a beleza, a honra, a posição social e as possibilidades de casamento das mulheres. Mas a mutilação genital tem graves conseqüências para as jovens que a sofrem, devido às infecções, às hemorragias e à dor, que podem acabar com suas vidas ou deixá-las estéreis. O relatório da Unicef identifica 28 países nos quais se realiza a ablação. Até agora as estatísticas falavam em 2 milhões de mutilações genitais praticadas por ano em meninas. O último estudo fala em 3 milhões, segundo a Unicef graças a uma melhor compilação dos dados. Apesar desse aumento estatístico, porém, o relatório indica que há países onde se começa a observar uma redução dessa prática, como Benim, Burquina Fasso, Eritréia, Etiópia, Quênia, Nigéria, Tanzânia ou Iêmen.
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Marta Santos Pais, diretora do centro de pesquisas Innocenti da Unicef, salienta em todo caso que, para a ablação ser eliminada em grande escala, há necessidade de um maior esforço dos governos, da sociedade civil e da comunidade internacional. No Egito, por exemplo, já estão sendo tomadas medidas no sentido de estimular o debate público. A ONU insiste que o envolvimento dos líderes religiosos e a formação de trabalhadores sociais, curandeiros e professores são chaves.
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"Uma mudança real e duradoura é possível, e chegará quando as comunidades --meninas, meninos, homens e mulheres-- tiverem conhecimento suficiente para tomar decisões que serão boas para a saúde da mulher", acrescenta Santos Pais, referindo-se aos danos permanentes que a ablação provoca nas meninas e mulheres, que costumam sofrer "em silêncio". "Como é uma prática de natureza privada, é impossível estimar o índice de mortalidade", afirma. De sua parte, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, aproveitou a comemoração do Dia Mundial para a Eliminação da Violência contra a Mulher e fez um apelo aos países para que adotem as medidas legais necessárias contra os abusos impostos à mulher, que considera uma praga social.
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"É a mais atroz das manifestações de discriminação que a mulher sofre sistematicamente em todo o mundo, na lei e em suas vidas diárias, independentemente do país, da cultura, da renda, classe social, raça ou etnia", acrescentou Annan.
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O Fundo para o Desenvolvimento da Mulher (Unifem) acrescenta que a violência contra a mulher é causa e conseqüência do aumento da propagação da Aids, através das violações e agressões sexuais. "A violência contra a mulher é a violação dos direitos humanos mais difundida no mundo", acrescenta Noeleen Heyzer, diretora do Unifem.
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A ONU estima que uma em cada quatro mulheres no mundo sofrerá algum tipo de abuso em sua vida, na forma de violações, surras, ameaças e outros atos que podem condicionar sua vida ou ter conseqüências fatais.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Visite o site do El País
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25/11/2005
Infanticídio feminino faz número de homens superar o de mulheres em 50 milhões na Índia
Swami Agnivesh, Rama Mani,e Angelika Koster-Lossack*
Nos últimos anos, o mundo ficou chocado com a supressão brutal das mulheres no Afeganistão, a prática de mutilação genital feminina em partes da África e o abuso do serviço doméstico feminino em lugares como Arábia Saudita. No entanto, a maior democracia do mundo é a vencedora não declarada do concurso de violência contra a mulher.
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Na Índia, o feticídio feminino, ou o aborto seletivo de meninas, gerou um alarmante desequilíbrio entre os sexos na população do país. Em 1990, o censo concluiu que a Índia tinha 25 milhões de homens a mais do que mulheres. O governo reagiu adotando uma lei que proibia a determinação do sexo do feto pelo exame de ultra-som. Mesmo assim, em 2001, a diferença no número de homens e mulheres tinha aumentado para 35 milhões e agora especialistas estimam que chegue a 50 milhões.
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A prática de infanticídio feminino tem uma longa história na Índia. Por causa das amplas preferências culturais por meninos, muitas meninas eram mortas logo após o nascimento. Mas a tecnologia moderna, particularmente a máquina de ultra-som, tornou mais fácil para os pais e altamente rentável para os médicos praticar abortos femininos, sem grande risco de detecção ou ação legal punitiva.
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Acreditava-se que o feticídio feminino prevalecia entre hindus, por causa de seu costume de exigir que filhos homens façam os ritos de cremação. No entanto, hoje a prática é igualmente comum entre sikhs, muçulmanos e cristãos.
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Da mesma forma, acreditava-se que a prática prevalecia entre pobres e analfabetos, por causa das duras exigências de dotes das noivas, assim como outros preconceitos tradicionais. Entretanto, recentes estudos indianos e da ONU revelam que o feticídio feminino hoje é mais freqüente entre os ricos com alta escolaridade.
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Um estudo detectou uma relação da freqüência do aborto feminino proporcional ao nível de escolaridade --menor entre mulheres com quinta série do ensino fundamental e maior entre mulheres com diplomas universitários.
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As conseqüências do feticídio feminino e o resultante desequilíbrio entre os sexos já estão se desdobrando: há um tráfico de meninas de países vizinhos empobrecidos, como Bangladesh e Nepal, ou de áreas tribais ou mais pobres na Índia e vendidas em casamento pelo equivalente a US$ 200 (em torno de R$ 440 --no Estado de Haryana, um touro custa aproximadamente R$ 2.200).
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Com 50 milhões de meninas desaparecidas, o resultado dessa perigosa prática é inelutável: mesmo sendo a segunda nação mais populosa do mundo, sem mulheres, estará destinada à eventual extinção.
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No início deste ano, o ministro da saúde Anbumani Ramadoss expressou desespero com a incapacidade do governo de reverter essa situação calamitosa, apesar de a legislação e de outras políticas. Depois disso, líderes religiosos de todas as fés reuniram-se um "Yatra de Compaixão de Todas as Crenças", uma espécie de marcha de protesto ao feticídio feminino. A manifestação foi organizada pelo Arya Samaj, movimento social-religioso reformista fundado em 1875, com o apoio dos governos estaduais e federal, além da Unicef e Unifem.
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No início do mês, os participantes da Yatra atravessaram os Estados mais afetados do Norte da Índia em um comboio motorizado, gerando uma onda crescente de consciência e ação entre líderes religiosos e políticos, ativistas, grupos de mulheres, estudantes e professores. Enquanto marchávamos, gritávamos aos milhares: "Filhos e filhas são iguais! Salve suas filhas para salvar nosso país!"
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Nossa posição é categórica: terminar com o feticídio feminino não é suficiente. Todas as formas de injustiça sexual devem ser extintas. O tratamento das mulheres como cidadãs de segunda classe é profundamente arraigado na mente indiana, seja hindu, muçulmana, sikh, cristã, jainista ou zoroastriano.
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Apesar de o dote ser ilegal, as exigências ainda são exorbitantes e resultam em cerca de 25.000 mortes por ano, pelas mãos de noivos e sogros avarentos. Viúvas recebem tratamento execrável, mesmo sendo menores, e não têm o direito de se casarem novamente. Meninas, mesmo quando têm permissão de freqüentar a escola, são sobrecarregadas com tarefas domésticas, elevando as taxas de desistência dos estudos. Em todas as religiões, o nascimento de um filho é celebrado, enquanto nascimento de uma filha é lastimado.
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Até que filhos e filhas sejam tratados igualmente, até que a vida seja segura para a mulher indiana, o país continua moralmente sitiado. Nossa marcha exige não só um fim ao feticídio feminino, mas a todas as formas de violência contra a mulher. Exige respeito aos direitos da mulher e dignidade do nascimento à morte.
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*Swami Agnivesh, ex-ministro da educação do Estado de Haryana, é presidente do Arya Samaj.
Rama Mani é diretora de cursos do Centro de Política de Segurança Genebra.
Angelika Roster-Lossack é ex-parlamentar alemã do Partido Verde.
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ONU - Conselho de Segurança das Nações Unidas
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EUA dizem ter sucesso com alternativa a Kyoto

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Ambientalismo de fanáticos

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Fundamentalismo ecológico

Rio, 13/nov/05 – Morreu hoje o ambientalista Francisco Anselmo de Barros que ateou fogo ao próprio corpo no sábado, durante um protesto no centro de Campo Grande (MS) contra a construção de usinas de álcool que, supostamente, poderiam causar danos ambientais irreparáveis ao Pantanal. Segundo seus companheiros de militância, Barros planejou sua própria morte, como indicam as cartas deixadas por ele, como forma de impedir a aprovação de um projeto de lei na Assembléia Legislativa do Estado que permitiria a construção das usinas. [1]

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Dos parlamentares sul-mato-grossenses, espera-se que avaliem o projeto de lei com base no bom senso e nas boas práticas da proteção ambiental e não no gesto extremo de Barros; dos ambientalistas, espera-se que defendam seu ideário sem apelar para a martirização do companheiro lamentavelmente desaparecido.

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Caso contrário, pode-se resvalar para o surgimento de um perigoso fundamentalismo ecológico alheio à nossa cultura e tradição que, a bem da verdade, foi ensaiado pelo bispo franciscano dom Luiz Cappio em outubro passado com sua inaceitável greve de fome que seria levada às últimas conseqüências caso o governo federal não recuasse em executar o projeto de transposição do rio São Francisco. Recorde-se que, na ocasião, o gesto de dom Cappio foi acerbamente criticada pelo secretário-geral da CNBB, dom Odilo Scherer, que considerou a atitude eticamente inaceitável deixando implícito que, amanhã ou depois, poderiam surgir até mesmo “padres-bomba”: “Sinceramente, espero que essa moda não pegue”, disse ele. [2]

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A unir os dois casos, uma tentativa desesperada de cultuar e sacralizar a natureza – o Pantanal e o rio São Francisco, respectivamente -, como se a mãe-Terra, ou Gaia, fosse uma entidade viva com direitos próprios.

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O que a sociedade com um todo e, particularmente, os ambientalistas sinceros, não podem aceitar é uma escalada do fanatismo em direção à deificação da natureza que poderia conduzir a um fundamentalismo ecológico, impregnado de ateísmo messiânico, cujos desdobramentos são hoje imprevisíveis. [051113b]

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Notas
[1]"Morre ambientalista que ateou fogo ao corpo durante protesto no MS", O Globo, 13/11/05
[2]“Dom Cappio e a “Green Church””, Alerta Científico e Ambiental, 9/10/05

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Monday, November 28, 2005

Tigre Asiático: Cingapura

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Cingapura foi fundada como uma colônia britânica em 1819. Ela juntou-se à Federação da Malásia em 1963 mas se separou dois anos depois, tornando-se independente. Atualmente, é um dos países mais prósperos do mundo, em termos per capita. Boa parte desse sucesso deve-se ao elevado liberalismo econômico. O porto de Cingapura é um dos mais ocupados do mundo, e sua plena abertura comercial possibilita o constante progresso da nação.
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Os recursos naturais do país são praticamente nulos, e a pesca é uma das poucas atividades que podem ser obtidas diretamente da natureza por lá. A população é de cerca de 4,4 milhões de habitantes, com expectativa de vida ao nascimento de 81,6 anos. Existem poucos analfabetos, uma boa mistura religiosa convivendo pacificamente, a grande diversidade de línguas faladas. A mortalidade infantil é muito baixa, em 2,29 mortes a cada mil nascimentos.
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O país é conhecido pelo rigor de suas leis, que são baseadas no common law inglês. A economia é altamente desenvolvida, e calcada no livre mercado. O país ocupa a segunda posição no índice de liberdade econômica do Heritage Foundation. A economia é fortemente dependente das exportações, particularmente de eletrônicos e manufaturados. Durante a crise asiática, o crescimento sofreu um revés, mas já foi retomado em ritmo acelerado, acima de 8% em 2004. O país não tem agricultura, e cerca de um terço do Produto Interno Bruto vem da indústria, com o restante vindo de serviços. A taxa de desemprego é ínfima, um pouco acima dos 3% apenas. A renda per capita chega a quase US$30 mil, entre as maiores do mundo. Qual o segredo de Cingapura?
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O governo de Cingapura é totalmente amigável aos negócios. O país participa de acordos de livre comércio com os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Japão, fora inúmeros outros em negociação. Segundo o Banco Mundial, a média ponderada das tarifas alfandegárias de Cingapura em 2003 estava em zero. A burocracia é muito reduzida, e há poucos casos de corrupção. A maior taxa de imposto sobre a renda é 22%, o mesmo valor dos impostos corporativos. Em 2003, segundo o Departamento de Estatísticas de Cingapura, os gastos públicos sobre o PIB ficaram em 17,1%. A intervenção estatal na economia é bastante reduzida. A política monetária é eficiente, e a inflação de 1994 a 2003 ficou em apenas 0,36% ao ano.
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As leis para investimentos são claras e justas. Tanto investidores domésticos como estrangeiros são tratados da mesma maneira, e não existem requerimentos de parcela local nos produtos. Segundo a Economist Intelligence Unit, os investimentos privados estrangeiros foram a principal força por trás do rápido desenvolvimento econômico dos últimos 30 anos. No setor de manufaturados, por exemplo, os investimentos estrangeiros respondem por quase 80% do total. Não existe controle governamental sobre transferências monetárias ou repatriação de lucros.
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Os preços e salários são determinados praticamente na íntegra pelo livre mercado, apesar do Ministério de Comércio e Indústria ter o poder para impor algum controle se necessário. Na prática, isso raramente ocorre, e atualmente, apenas o arroz e o porco estão sob o regime de controle de preços. Cingapura, tal como Hong Kong, não possui um salário mínimo. A propriedade privada é totalmente protegida, sem ameaças de expropriação. Os contratos são seguros, e tanto o profissionalismo como a eficiência das agências são amplamente reconhecidos. As regulações são objetivas e simples, e o processo para a obtenção de licenças é rápido e transparente. Impostos, trabalho, regras de comércio, tudo em Cingapura é formulado levando-se em conta os interesses dos investidores estrangeiros e das empresas locais. A mentalidade marxista não tem vez alguma por lá!
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Com tal postura, partindo de uma forte liberdade econômica, reduzida burocracia e intervenção estatal, Cingapura foi capaz de prosperar, mesmo sem recursos naturais. O país é visto como bastante transparente, e a corrupção não é um grave problema. O crescimento econômico tem sido elevado e sustentável, assim como a inflação tem sido mantida em patamares tranqüilos. A renda per capita é uma das maiores do mundo. Alguns tentam diminuir tal sucesso mencionando o tamanho do país, mas ignoram que Cuba e Haiti, para citar apenas dois, são bem pequenos mas ainda assim miseráveis. Não há como negar: Cingapura é um caso de sucesso! Tudo graças à liberdade econômica com império da lei.
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27/11/2005
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