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Friday, July 29, 2005

Terrorismo e Segurança Interna


por Daniel Pipes em 28 de julho de 2005

Resumo: Na guerra a travada contra o terrorismo e o Islã radical, a França é a nação mais firme do Ocidente, ao passo que a Grã-Bretanha é a mais digna de lástima.

© 2005 MidiaSemMascara.org



Graças à guerra no Iraque, boa parte do mundo vê o governo britânico como resoluto e forte, e o francês, conciliador e fraco. Mas em outra guerra, a travada contra o terrorismo e o Islã radical, o oposto é verdadeiro: a França é a nação mais firme do Ocidente, mais que os Estados Unidos, ao passo que a Grã-Bretanha é a mais digna de lástima.
Foi a partir de bases britânicas que terroristas realizaram operações no Paquistão, no Afeganistão, no Quênia, na Tanzânia, na Arábia Saudita, no Iraque, em Israel, no Marrocos, na Espanha e nos Estados Unidos. Muitos governos — jordaniano, egípcio, marroquino, espanhol, francês e americano — protestaram pela recusa de Londres em acabar com as estruturas do terrorismo islamista ou em extraditar terroristas procurados por suas polícias. Movido pela frustração, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, acusou publicamente a Grã-Bretanha de “proteger assassinos”. Um órgão de segurança americano pediu que a Grã-Bretanha fosse incluída na lista de Estados que protegem o terrorismo.
Especialistas em contraterrorismo falam dos britânicos com desdém. Roger Cressey diz que Londres é “o centro jihadista mais importante da Europa Ocidental”. Steven Simon define a capital britânica como “a cantina de Guerra nas Estrelas” para radicais islâmicos. Mais rigoroso, um funcionário da inteligência britânica disse dos ataques da semana passada: “Os terroristas chegaram. É a hora de levar o troco por (...) uma política irresponsável.”
Enquanto Londres dá abrigo a terroristas, Paris acolhe um centro de contraterrorismo ultra-secreto — o Alliance Base, seu nome em código — cuja existência foi revelada recentemente pelo Washington Post. No Alliance Base, seis dos mais importantes governos ocidentais trocam informações e coordenam operações de contraterrorismo desde 2002, e esta última atividade faz do centro um órgão único no mundo.
Para completar, dias após o 11 de Setembro de 2001, o presidente Chirac instruiu os serviços de inteligência franceses a partilharem informações sobre terrorismo com os homólogos americanos “como se eles fossem nossos”. A cooperação está dando certo: John E. McLaughlin, que foi diretor interino da CIA, considerou essa relação bilateral na área de inteligência “uma das melhores do mundo”. Os britânicos podem ter uma “parceria especial” com Washington no Iraque, mas os franceses também desenvolveram uma com os americanos na guerra ao terror.
A França concede menos direitos aos suspeitos de terrorismo que qualquer outro Estado do Ocidente, porquanto admite interrogatórios sem a presença de advogado, longas detenções preventivas e provas obtidas em circunstâncias duvidosas. Se fosse suspeito de terrorismo, o sistema que “menos gostaria de enfrentar” seria o francês, afirmou o autor de Al-Qaida's Jihad in Europe, Evan Kohlmann.
As inúmeras diferenças verificadas entre franceses e britânicos no tratamento ao Islã radical sintetizam-se no exemplo do tipo de roupa que às meninas muçulmanas é permitido vestir nas escolas públicas dos dois países.
Qual a causa de respostas tão diversas? Parece que os britânicos perderam o interesse em sua herança cultural, enquanto os franceses preservam a deles: os britânicos proíbem a caça à raposa; os franceses proíbem o hijab. Os primeiros abraçam o multiculturalismo; os últimos mantém-se orgulhosos de sua cultura histórica. Essa opção em matéria de identidade faz da Grã-Bretanha o país mais vulnerável aos danos provocados pelo Islã radical, mas a França, não obstante as fraquezas políticas, conservou uma auto-estima que lhe pode ser muito útil agora.
Publicado pelo New York Sun em 12/07/2005. Também disponível em danielpipes.org
Tradução: Márcia Leal

Daniel Pipes é um dos maiores especialistas em Oriente Médio, Islã e terrorismo islamista da atualidade. Historiador (Harvard), arabista, ex-professor (universidades de Chicago e Harvard; U.S. Naval War College), Pipes mantém seu próprio
site e dirige o Middle East Forum, que concebeu junto com Al Wood e Amy Shargel — enquanto conversavam à mesa da cozinha de sua casa, na Filadélfia — e que hoje, dez anos mais tarde, tem escritórios em Boston, Cleveland e Nova York. Depois do MEF, vieram o Middle East Quartely, o Middle East Intelligence Bulletin e o Campus Watch, dos quais ele participa ativamente. Juntos, esses websites recebem mais de 300 mil visitantes por mês. Por fazer a distinção sistemática entre muçulmanos não-islamistas e extremistas islâmicos, Daniel Pipes tem sido alvo de ataques contundentes. A polêmica gerada por sua nomeação, em 2003, para o Institute of Peace pelo presidente George Bush apenas confirmou o quanto as idéias de Pipes incomodam as organizações islamistas e outros interessados em misturar muçulmanos e terrorismo. Daniel Pipes é autor de 12 livros, entre eles, Militant Islam Reaches America, Conspiracy, The Hidden Hand e Miniatures, coletânea lançada em 2003.

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