ORIENTE MÉDIO
Fechamento de assentamentos marca início do processo de saída dos colonos, após 38 anos de ocupação; clima é tenso
Israel começa retirada histórica de Gaza
Nicolas Asfouri/France Presse
Soldados de Israel fecham a entrada da faixa de Gaza para os israelenses, em cerimônia que marcou o início da retirada do território palestino, ocupado desde 1967
MICHEL GAWENDO
ENVIADO ESPECIAL A GUSH KATIF (GAZA)
Soldados israelenses baixaram uma cancela ontem à meia-noite (hora local, 18h em Brasília), em cerimônia que marcou o início da histórica retirada de Israel da faixa de Gaza, após 38 anos de ocupação. O fechamento da cancela, no posto de fronteira de Kissufim, significa que nenhum israelense pode entrar no território. Tornou-se ilegal a presença de colonos judeus em Gaza. Eles receberam uma notificação de que têm até amanhã para sair. A partir de quarta, quem resistir será retirado à força.
A entrega das notificações foi suspensa, no entanto, em seis assentamentos. Segundo a porta-voz do Exército israelense major Sharon Feingold, os colonos preferem receber as notas pelo correio, e seu desejo será respeitado.
Ao longo do dia, milhares de policiais israelenses bloquearam os acessos a Gaza para manter distantes os manifestantes israelenses contrários à retirada do território, conquistado por Israel na guerra de 1967 e que os palestinos reivindicam. A preocupação do Exército israelense agora é com os religiosos que conseguiram furar os bloqueios e se infiltrar nos assentamentos. O chefe do Estado-Maior do Exército, Dan Halutz, reconheceu que até 5.000 ativistas estão na região.
No assentamento de Kfar Darom, centro da resistência à retirada, os moradores disseram que não vão usar violência. "Eles [os soldados] vão desistir de tirar judeus de suas casas quando virem as mães com seus filhos", disse Sara Fridman, que está acampada, ao lado de centenas de jovens de escolas religiosas, em tendas de lona preta.
Mas nem todos prometem resistência pacífica. A ameaça de distúrbios cresceu e a polícia israelense está em seu alerta máximo. "Nós definitivamente não vamos deixar que nos expulsem assim facilmente", disse Avner Shimoni, um dos líderes dos colonos. "Eu diria que 50% ou 60% de nós vão ficar."
Em um raro acordo com Israel, 7.500 agentes de segurança palestinos em Gaza foram mobilizados para impedir que terroristas palestinos atirem contra os colonos em retirada. "Queremos que o Exército e os colonos saiam em paz e segurança", disse o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Israel mobilizou 50 mil soldados para a retirada, prevista para acabar em 4 de setembro.
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