A al-Qaeda perde força após os ataques de 11 de setembro e os EUA intensificam suas ações na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Com isto, as ameaças terroristas nos EUA diminuem. A liderança dos EUA entre os estados sunitas continua, não apenas devido à pressão ao Irã.
Mas, como dizem não existe almoço grátis...
As diversas operações militares americanas no Oriente Médio têm tido um enorme custo para o Pentágono. Claro que o tipo de análise tendenciosa a la Immanuel Wallerstein de que “os EUA não são uma superpotência” ou “estão em rota de decadência” (ignorando de que se não são uma ‘superpotência’ não tem ‘o que decair’...) não corresponde a uma correta avaliação estratégica: quanto mais operações se distribuem no globo, menor o estoque e capacidade logística para outras tantas operações.
...
Números
As Brigadas-Time de Combate (BCT, na sigla em inglês) americanas variam entre as 2.500 a 4.500 soldados, incluindo sua estrutura de apoio (tanques, humvees etc). Isto pode variar de acordo com o terreno. Enquanto que no Iraque bastam infantaria e tanques, no Afeganistão dada a irregularidade do relevo, os helicópteros são essenciais. As unidades atuais têm prazo de vigência para mais de quatro anos. São unidades leves capazes de se deslocar rapidamente para missões de paz ou contra-insurgência. Estas forças modulares são preparadas para a luta auto-suficiente frente ao oponente com armamento convencional. Esta padronização avança rapidamente no Iraque.
Em 2004 havia 33 brigadas convencionais e hoje, 42 do tipo modular descrito (BCT). A idéia é substituir completamente as tropas no Iraque até 2010, para um total de 547.000 soldados. Sim, vocês leram direito, mais de meio milhão de soldados no Iraque. Provavelmente, o desemprego nos EUA irá reduzir... Serão 48 BCTs, mais 28 de reserva.
As tropas atuais estão voltando de um ano de atividade (pouco mais de 15 meses se contabilizarmos seu treino a partir de janeiro de 2007). O Pentágono disponibilizará, gradativamente, uma BCT de reserva a cada cinco anos. Enquanto isto, as “unidades pesadas” ainda continuarão a ser utilizadas.
Já os marines têm atuação diferenciada, estão habilitados para combates pesados, centrados na atuação de regimentos de infantaria. Como não são pensados para atuar isoladamente, precisam de elementos de apoio para equivaler funcionalmente a uma BCT. Normalmente, marines trabalham com oito regimentos e mais três de reserva. Sua expansão, apoiada por estrutura de apoio, está prevista para 2011.
Não se incluem nesta consideração, as forças especiais. Atualmente, o Comando de Operações Especiais (SOC, na sigla em inglês) são os mais ocupados. Apesar de extremamente versáteis, sua substituição é bastante complicada, dada sua natureza de elite.
Hoje, Washington dispõe de 50 BCTs ativos e 31 de reserva. Mas, como as reservas não são automaticamente incorporadas, convém considerar que cada cinco BCTs (em preparo) equivalem a uma realmente disponível. Na prática, são 56 BCTs de pronta disposição.
O custo de adaptação envolve três brigadas convencionais para cada BCT. Isto representa um custo imenso. E estas brigadas modificadas passarão de 15 para 45 no Iraque.
Para se ter uma idéia da importância do cenário iraquiano, esta reestruturação não se aplicará à Coréia do Sul; na Alemanha há duas BCTs permanentemente instaladas, cujo retorno está previsto para 2012 a 2013; na Bósnia e Kosovo há menos de uma estacionada; no Japão, os batalhões de marines podem variar de um para dois; devido ao contexto regional, leia-se Coréia do Norte, as tropas deverão aumentar de Okinawa a Guam.
Resumindo, 45 BCTs para o Iraque, 7,5 para o Afeganistão e umas seis para o resto (exclusive, a Alemanha). Qualquer anúncio de redução de tropas no Iraque não parece corresponder à realidade, mas sim um rearranjo global. Cabe lembrar que forças mais pesadas já são disponibilizadas pela Otan, que não entrou nesta avaliação. Falamos apenas das forças, exclusivamente, americanas.
A dinâmica das operações no Iraque não irá arrefecer. Pelo contrário, tudo indica seu recrudescimento. Exceto, se alguém for tolo suficiente para achar que a Casa Branca joga ao sabor dos ventos da opinião de Wallersteins da vida...
...
A presença mundial americana não será reduzida, apenas passará por rearranjos.
Lembre-se, uma águia não tem somente garras poderosas. Sua visão é seu maior trunfo.
Gritem “festa” na janela do tempo...*
Mas, como dizem não existe almoço grátis...
As diversas operações militares americanas no Oriente Médio têm tido um enorme custo para o Pentágono. Claro que o tipo de análise tendenciosa a la Immanuel Wallerstein de que “os EUA não são uma superpotência” ou “estão em rota de decadência” (ignorando de que se não são uma ‘superpotência’ não tem ‘o que decair’...) não corresponde a uma correta avaliação estratégica: quanto mais operações se distribuem no globo, menor o estoque e capacidade logística para outras tantas operações.
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Números
As Brigadas-Time de Combate (BCT, na sigla em inglês) americanas variam entre as 2.500 a 4.500 soldados, incluindo sua estrutura de apoio (tanques, humvees etc). Isto pode variar de acordo com o terreno. Enquanto que no Iraque bastam infantaria e tanques, no Afeganistão dada a irregularidade do relevo, os helicópteros são essenciais. As unidades atuais têm prazo de vigência para mais de quatro anos. São unidades leves capazes de se deslocar rapidamente para missões de paz ou contra-insurgência. Estas forças modulares são preparadas para a luta auto-suficiente frente ao oponente com armamento convencional. Esta padronização avança rapidamente no Iraque.
Em 2004 havia 33 brigadas convencionais e hoje, 42 do tipo modular descrito (BCT). A idéia é substituir completamente as tropas no Iraque até 2010, para um total de 547.000 soldados. Sim, vocês leram direito, mais de meio milhão de soldados no Iraque. Provavelmente, o desemprego nos EUA irá reduzir... Serão 48 BCTs, mais 28 de reserva.
As tropas atuais estão voltando de um ano de atividade (pouco mais de 15 meses se contabilizarmos seu treino a partir de janeiro de 2007). O Pentágono disponibilizará, gradativamente, uma BCT de reserva a cada cinco anos. Enquanto isto, as “unidades pesadas” ainda continuarão a ser utilizadas.
Já os marines têm atuação diferenciada, estão habilitados para combates pesados, centrados na atuação de regimentos de infantaria. Como não são pensados para atuar isoladamente, precisam de elementos de apoio para equivaler funcionalmente a uma BCT. Normalmente, marines trabalham com oito regimentos e mais três de reserva. Sua expansão, apoiada por estrutura de apoio, está prevista para 2011.
Não se incluem nesta consideração, as forças especiais. Atualmente, o Comando de Operações Especiais (SOC, na sigla em inglês) são os mais ocupados. Apesar de extremamente versáteis, sua substituição é bastante complicada, dada sua natureza de elite.
Hoje, Washington dispõe de 50 BCTs ativos e 31 de reserva. Mas, como as reservas não são automaticamente incorporadas, convém considerar que cada cinco BCTs (em preparo) equivalem a uma realmente disponível. Na prática, são 56 BCTs de pronta disposição.
O custo de adaptação envolve três brigadas convencionais para cada BCT. Isto representa um custo imenso. E estas brigadas modificadas passarão de 15 para 45 no Iraque.
Para se ter uma idéia da importância do cenário iraquiano, esta reestruturação não se aplicará à Coréia do Sul; na Alemanha há duas BCTs permanentemente instaladas, cujo retorno está previsto para 2012 a 2013; na Bósnia e Kosovo há menos de uma estacionada; no Japão, os batalhões de marines podem variar de um para dois; devido ao contexto regional, leia-se Coréia do Norte, as tropas deverão aumentar de Okinawa a Guam.
Resumindo, 45 BCTs para o Iraque, 7,5 para o Afeganistão e umas seis para o resto (exclusive, a Alemanha). Qualquer anúncio de redução de tropas no Iraque não parece corresponder à realidade, mas sim um rearranjo global. Cabe lembrar que forças mais pesadas já são disponibilizadas pela Otan, que não entrou nesta avaliação. Falamos apenas das forças, exclusivamente, americanas.
A dinâmica das operações no Iraque não irá arrefecer. Pelo contrário, tudo indica seu recrudescimento. Exceto, se alguém for tolo suficiente para achar que a Casa Branca joga ao sabor dos ventos da opinião de Wallersteins da vida...
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A presença mundial americana não será reduzida, apenas passará por rearranjos.
Lembre-se, uma águia não tem somente garras poderosas. Sua visão é seu maior trunfo.
Gritem “festa” na janela do tempo...*
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