GENIA SAVILOV/AFP/Getty Images
Libyan leader Moammar Gadhafi
Equilíbrio e transição na Líbia[i]
GWB parece satisfeito com as intenções de Muammar Kadhafi de compensar vítimas do terrorismo. Por trás disto, a aproximação com um fornecedor de petróleo. Condi está para encontrar o filho do general líbio esta semana. A U.E. também traça uma nova política para aproximação com o líder líbio, antes um desafeto e claro protagonista do terrorismo internacional. Na verdade, também temos a velha competição com Moscou, que recentemente adotou uma política favorável a Trípoli. E a velha raposa líbia, inteligentemente tenta se posicionar entre os dois maximizando suas vantagens. Sua posição frente aos conflitos internacionais tem lhe proporcionado benefícios de uns cinco anos para cá, quando deixou o status de país pária na comunidade internacional. Isto representa uma senhora vantagem frente ao alinhamento pró-soviético da guerra fria, no qual recebia apoio a sua hegemonia na África setentrional.
De 1969 para cá, a Líbia amargou um isolamento que tende a desaparecer gradativamente de acordo com a importância de suas exportações de óleo. Mas, apesar da necessidade de reformas dificilmente, o clã de Kadhafi mudará algo de substancial no plano interno. Sua pequena população, cerca de 6 milhões, neste caso é uma vantagem para manter sua hegemonia e o status quo. Setores econômicos e sociais – educação, saúde e transportes – desmoronaram com seu peculiar socialismo de forma que a Líbia não está numa posição confortável e também precisa, urgentemente, negociar. Seu livrinho verde falhou. Mais um item para colecionadores que se transformou num tipo de papel higiênico pouco funcional... Seus problemas estão no atendimento à população, pois sua oposição é fraca e sediada no estrangeiro. Mesmo tendo líbios a serviço da Al-Qaeda no Iraque, a Líbia é um país onde os jihadistas não conseguiram proliferar sob o tacão do ditador. Os focos de agitação política são localizados, particularmente na fronteira com o Egito, Sudão e Chade. Nitidamente, com influências externas a sudeste onde indivíduos do grupo étnico tabu se insurgiram atacando instalações da polícia.
Por trás disto está o apoio do Chade que, recentemente, reprimiu uma revolta insuflada pela própria Líbia – e ainda tem gente que acredita que os problemas africanos decorrem unicamente da escravidão européia... Mas, não há de ser nada. O conflito está longe das zonas onde o judiciário se faz mais presente, o litoral. Nesta remota área, a repressão e “guerra suja” típica das ditaduras fará o restante do serviço. A preocupação está na dificuldade da introdução de reformas que, não ocorrendo, poderá aumentar e multiplicar os focos de tensão pelo território. O negócio é antever e se adiantar passando a perna nos jihadistas e fundamentalistas islâmicos. Como disse Kaplan em seu magistral Os Confins da Terra sobre os movimentos fundamentalistas no Egito, o problema não são os pobres, mas os “menos pobres”, i.e., grupos intelectualizados alijados das estruturas de poder, como prova os cerca de 25% de graduados e desempregados do país.
O foco das negociações também deverá se dar na “velha guarda” do regime, temerosa de perder seus privilégios, com as reformas necessárias. Particularmente com uma melhor distribuição dos lucros do petróleo. Deverá se implementar um delicado equilíbrio com a elite econômica, a segurança, as tribos e os movimentos revolucionários. E no plano externo, o jogo com a Rússia, os EUA e a U.E. No entanto, nenhum desses grandes atores logrará um bom resultado se Trípoli não conter e resolver seus problemas internos.
GWB parece satisfeito com as intenções de Muammar Kadhafi de compensar vítimas do terrorismo. Por trás disto, a aproximação com um fornecedor de petróleo. Condi está para encontrar o filho do general líbio esta semana. A U.E. também traça uma nova política para aproximação com o líder líbio, antes um desafeto e claro protagonista do terrorismo internacional. Na verdade, também temos a velha competição com Moscou, que recentemente adotou uma política favorável a Trípoli. E a velha raposa líbia, inteligentemente tenta se posicionar entre os dois maximizando suas vantagens. Sua posição frente aos conflitos internacionais tem lhe proporcionado benefícios de uns cinco anos para cá, quando deixou o status de país pária na comunidade internacional. Isto representa uma senhora vantagem frente ao alinhamento pró-soviético da guerra fria, no qual recebia apoio a sua hegemonia na África setentrional.
De 1969 para cá, a Líbia amargou um isolamento que tende a desaparecer gradativamente de acordo com a importância de suas exportações de óleo. Mas, apesar da necessidade de reformas dificilmente, o clã de Kadhafi mudará algo de substancial no plano interno. Sua pequena população, cerca de 6 milhões, neste caso é uma vantagem para manter sua hegemonia e o status quo. Setores econômicos e sociais – educação, saúde e transportes – desmoronaram com seu peculiar socialismo de forma que a Líbia não está numa posição confortável e também precisa, urgentemente, negociar. Seu livrinho verde falhou. Mais um item para colecionadores que se transformou num tipo de papel higiênico pouco funcional... Seus problemas estão no atendimento à população, pois sua oposição é fraca e sediada no estrangeiro. Mesmo tendo líbios a serviço da Al-Qaeda no Iraque, a Líbia é um país onde os jihadistas não conseguiram proliferar sob o tacão do ditador. Os focos de agitação política são localizados, particularmente na fronteira com o Egito, Sudão e Chade. Nitidamente, com influências externas a sudeste onde indivíduos do grupo étnico tabu se insurgiram atacando instalações da polícia.
Por trás disto está o apoio do Chade que, recentemente, reprimiu uma revolta insuflada pela própria Líbia – e ainda tem gente que acredita que os problemas africanos decorrem unicamente da escravidão européia... Mas, não há de ser nada. O conflito está longe das zonas onde o judiciário se faz mais presente, o litoral. Nesta remota área, a repressão e “guerra suja” típica das ditaduras fará o restante do serviço. A preocupação está na dificuldade da introdução de reformas que, não ocorrendo, poderá aumentar e multiplicar os focos de tensão pelo território. O negócio é antever e se adiantar passando a perna nos jihadistas e fundamentalistas islâmicos. Como disse Kaplan em seu magistral Os Confins da Terra sobre os movimentos fundamentalistas no Egito, o problema não são os pobres, mas os “menos pobres”, i.e., grupos intelectualizados alijados das estruturas de poder, como prova os cerca de 25% de graduados e desempregados do país.
O foco das negociações também deverá se dar na “velha guarda” do regime, temerosa de perder seus privilégios, com as reformas necessárias. Particularmente com uma melhor distribuição dos lucros do petróleo. Deverá se implementar um delicado equilíbrio com a elite econômica, a segurança, as tribos e os movimentos revolucionários. E no plano externo, o jogo com a Rússia, os EUA e a U.E. No entanto, nenhum desses grandes atores logrará um bom resultado se Trípoli não conter e resolver seus problemas internos.
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