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a.h

Saturday, December 20, 2008

O que significa a vitória?




Áreas jihadistas no Afeganistão e fronteira paquistanesa.
Se o sentido de ‘sucesso’ puder ser relativizado, então a "derrota americana" em suas recentes operações no Afeganistão e no Iraque não são o que parecem. Depois do ataque ao Afeganistão, a Aliança do Norte retomou áreas que estavam sob domínio talebã, embora se diga que esta esteja “ganhando terreno” agora. E a idéia que temos de ‘domínio’ não se aplica ao Afeganistão. Mesmo quando os Talebãs não tinham sido derrubados, sua perpetuação dependia de acordos com líderes tribais. Por exemplo: o esporte nacional (pólo com um crânio inimigo) não fora abolido, apesar da determinação da política moral talebã. Se insistissem nisto, as tribos se revoltariam. Trata-se de um “domínio relativo”, ceder para ganhar.

Agora, me diga: se relativizamos para entender o que ocorre com estes grupos e situações, por que nos soa estranho fazer o mesmo com os ‘imperialistas’? Por que vitórias parciais e avanços de terreno não são compreendidos como ‘sucesso’ no cômputo final?

Não será por que:

1) Superestimamos o poder imperial?
2) Ou lhe cobramos maior eficácia? (Porque ainda o superestimamos...)
3) Ou porque não toleramos a idéia de que, ao final das contas, ganhem mais uma vez?

O que temos no fundo é uma análise assimétrica para quem julgamos. Para uma Talebã somos misericordiosos no cálculo de suas investidas. Qualquer ação, por mais pífia ou performática que seja rende exageros na conclusão; já para os EUA, mesmo que dominem a maior parte do Afeganistão (construindo rotas de abastecimento, instalando acampamentos, impondo lideranças aliadas, influenciando em governos vizinhos como o do Paquistão etc.), tudo parece ‘pouco’ por que não é tudo!

Podemos dizer que “os EUA perderam” por que seu investimento de alto custo não tem trazido os benefícios esperados? Mas, alguém aqui sabe exatamente quais são estes? Já fizeram uma análise apurada e equilibrada destes?

Quanto ao Iraque, eu acho que a realidade já mostra que:

1) Ganharam a guerra;
2) Instalaram uma cúpula de aliados;
3) Estabeleceram vínculos econômicos (empresas de extração) no norte curdo;
4) Diminuíram substancialmente o número de insurgências e ataques das hostes inimigas;
5) Baixaram a virulência do apoio iraniano aos xiitas do sul (em parte devido a este benfazeja crise que reduziu a demanda por petróleo) etc. Tanto que Ahmadinejad voltou à mesa de negociações e não se posicionou favoravelmente a invasão russa na Geórgia (que pode ser um problema bem maior a Teerã).

Há maneiras e maneiras de avaliarmos “quem ganhou”. Agora, se nos basearmos em que uma crítica (e oposicionista) mídia diz, a administração Bush saiu derrotada.

Num certo sentido, a claque de Bush perdeu mesmo: nas eleições presidenciais americanas. Mas, é só uma questão de tempo para vermos que Barack Hussein Obama também ‘perderá’ ao rasgar sua retórica pacifista e responder a crises como a que foi deflagrada em Mumbai, dentre outras.

Perde a ingenuidade e vence a realidade. Neocons e críticos da guerra perderão para dar lugar ao eterno retorno do interesse de estado.

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