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a.h

Tuesday, September 29, 2009

Guerras regionais e outras não tão regionais


Algumas guerras têm conseqüências apenas locais ou regionais, outras têm conseqüências globais, mas por um curto período. Não dá para buscar equivalência entre, p.ex., a Crise de Suez (1956) e a II GM. Este caso é um óbvio exemplo que mudou praticamente tudo que veio depois. Algumas guerras, no entanto, parecem ser episódios isolados e regionalmente autônomos, como foi o caso da Península Coreana para depois se compreender como estava ligada a um contexto mais abrangente da Guerra Fria.

A questão que eu proponho discutir e estará mentindo quem disser que tem a resposta, é se o Iraque tem a ver com a Guerra da Coréia no sentido de que não foi uma guerra que se encerrou em si mesmo, mas uma campanha contra o Islã radical,. Esta é minha visão, mas isto só poderá ser vislumbrado no futuro, evidentemente.

Os objetivos gerais dos EUA (para quem não leva em consideração o que chefes de estado dizem, mas o que fazem) seriam:

  1. Mudar a percepção regional através de uma vitória decisiva;
  2. Eliminar a possibilidade de construção ou utilização de ADMs;
  3. Usar o Iraque como centro de operações para a região (sua localização é bem privilegiada).

Pouco importa se Saddam não tinha as ADMs alegadas por GWB, mesmo porque já utilizara químicas e bacteriológicas contra os curdos, mas o Irã era o alvo verdadeiro, bem como a insuflação waabita na Arábia Saudita. A dependência regional como base de apoio da península arábica também fragilizava e deixava a ação americana com poucas opções. Só assim podemos entender outros movimentos regionais, em aparente desassociação, como foi o caso recente do Cáucaso envolvendo Geórgia, Ossétia do Sul e Rússia... A Geórgia queria um oleoduto passando por seu território (nacional), ao que os ossetas (russos) insuflados por Moscou bradavam por autonomia. Na verdade, este duto seria alternativa energética para a Europa aumentando a oferta e reduzindo a dependência de combustíveis russos a partir do Cáspio. A desculpa era a autonomia das regiões russófilas dentro da Geórgia, enquanto que o monopólio russo estava em jogo.

E a OTAN? Na região seria moeda de troca, pois não há como investir numa infra-estrutura tão cara sem defendê-la e a organização tinha mais legitimidade que qualquer ação individual. Ou era isto ou se ficaria a mercê de qualquer um com um lança-foguetes. Claro que se trata de uma ameaça aos russos, mas esta é uma ação decorrente da disputa energética pela quebra do monopólio de petróleo e gás e não uma ‘resposta’, como muitos querem, a autonomia do Kosovo.

Os russos deram seu recado, mas o fato é que a OTAN deslocou suas frotas ao Mar Negro cercando o Oriente Médio de norte a sul, pois já está situada no Golfo Pérsico. No oeste temos Israel e Turquia, o que falta é algo estável a leste...

Quem perdeu? A Geórgia. Quem ganhou? Moscou e Washington elevando a disputa para outro nível ou, se preferirem, área.

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