Duas concepções sobre a atividade de lançamento de satélites:
MOSCOU — A Rússia lançou nesta terça-feira um satélite americano de telecomunicações a partir do Cazaquistão, informaram duas agências de notícias oficiais.
"O lançamento aconteceu de acordo com as previsões e o satélite alcançará sua órbita às 12H32 locais (7H32 de Brasília)", afirmou uma fonte da agência espacial russa Roskosmos, citado pela RIA Novosti.
O satélite DirectTV-12 deve fornecer acesso a internet e a operadoras de TV fechada a clientes americanos.
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Os russos não encaram o lançamento de um satélite americano como uma ameaça a sua soberania. Mas, as comunidades quilombolas maranhenses vêem com maus olhos o lançamento de foguetes brasileiros na Base de Alcântara:
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Isso vai ter de ser discutido de novo com a comunidade local, diz Roberto Amaral, diretor da contraparte brasileira da ACS. Segundo ele, a entrada do Brasil nesse ramo de negócio traz uma perspectiva nova para a região. Para que outras empresas de tecnologia se instalem, porém, será preciso convencer quilombolas a abrirem mão de algumas de suas áreas.
Por conta das dificuldades, a AEB (Agência Espacial Brasileira) já tinha cogitado sair do Maranhão. Contudo, o presidente da agência, Carlos Ganem, diz que ainda não desistiu. Ele pretende levar a Alcântara o mesmo modelo de desenvolvimento da Guiana Francesa, hoje lar da maior base equatorial de foguetes do mundo.
Compare o que era Kourou antes de a ESA [Agência Espacial Europeia] tratar aquela população de 6.000 negros desdentados, sem salários e sem previdência social, com os hoje 21 mil negros e brancos, com dentes, com o maior salário mínimo da Europa, a melhor previdência social, diz Ganem.
Hoje os negros desdentados e completamente excluídos naquela região são na verdade os brasileiros que atravessam a fronteira para se beneficiar das vantagens incorporadas ao desenvolvimento local e social.
Os quilombolas de Alcântara, contudo, mostram desconfiança em relação aos benefícios trazidos pelo Programa Espacial Brasileiro. Sinal disso é que, no dia 18 de dezembro, uma audiência pública do Ibama, de apresentação do relatório de impacto ambiental do projeto da ACS, abriu espaço para discursos de gente que critica os interesses da empresa.
Aconteceu quando o microfone foi aberto a perguntas. Em vez delas, surgiu o presidente da Câmara Municipal da cidade, Benedito Barbosa, exaltado, dizendo que os técnicos contratados pela ACS eram mentirosos. Foi aplaudido. Outros fizeram discursos parecidos.
Boa parte da resistência se deve à experiência traumática causada pela criação do CLA, na década de 1980. Na época, comunidades quilombolas inteiras foram transferidas para regiões afastadas.
Sem peixe
A Folha visitou as terras que os transferidos receberam da Aeronáutica e onde estão desde então. Peixes eram a sua base alimentar, mas os quilombolas foram retirados de perto do litoral. Agora, a pé, levam cinco horas para chegar aos lugares onde costumavam pescar.
Além disso, reclamam que os lotes recebidos são pequenos demais e pouco férteis. Nesses lugares, é possível ver várias casas abandonadas.
Os moradores se dizem pouco convencidos sobre os empregos que a ACS prevê - 900 durante as obras e 300 quando os foguetes estiverem sendo lançados do centro.
Mesmo com a ACS desistindo de construir as suas instalações onde hoje estão os quilombolas, existirão impactos.
Um deles se relaciona com as normas de segurança para lançar foguetes. Toda vez que isso vai ser feito, é necessário fechar a costa para evitar o risco de que destroços caiam na cabeça de alguém – nada de gente pescando, portanto.
Dizem que é muito seguro, mas todo mundo sabe que isso já explodiu, diz um dos quilombolas, referindo-se à explosão que acabou matando 21 técnicos no centro em 2003.
Fonte: Folha de São Paulo
1 comment:
Puta que o pariu! Isso é que é ser subdesenvolvido! Pra lançar foguetes no Brasil, antes tem que falar com os descendentes de Kunta Kintê...
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