Após oito anos de guerra das tropas estrangeiras contra o Taleban, um afegão que foi a um prédio do governo para conseguir um certificado de casamento descobriu que teria de pagar US$ 2.000 [cerca de R$ 3.400] pelo documento. Não era uma taxa --inviável diante da renda per capita de US$ 800 [...]
Afeganistão fica em 2º lugar em ranking dos países mais corruptos
Assim como o governo de Hamid Karzai não consegue um pacto com o Talebã também não é eficaz no combate à corrupção por uma simples razão: a base social do país é formada por um mosaico tribal, no qual o estado de direito ainda é um projeto em curso. Não se trata de eximir os culpados por desvios de recursos públicos ou improbidade administrativa, mas que a regularidade e funcionamento de instituições financeiras do mundo ocidental desenvolvido não serve mesmo de parâmetro para um país que ainda está em conflito e não portava uma estrutura estatal digna deste nome.
A maioria dos afegãos que vive em áreas urbanas (para não dizer das rurais) não conta com o apoio financeiro do maior banco privado do país em seu cotidiano. Seu colapso financeiro - suas contas foram congeladas - não apresenta a magnitude que teriam em um membro do BRIC, por exemplo.
Se não existe um consenso político sequer sobre a segurança do país entre partes interessadas, menos ainda na lisura financeira do país. O problema estratégico que decorre é que se os EUA planejam uma retirada do país (quando em junho, a OTAN afirmava ser necessário 400.000 soldados para manter a paz), o controle à corrupção se torna um verdadeiro luxo. "Tolerar a corrupção" significa, infelizmente, por mais paradoxal que pareça, traçar um amplo acordo com lideranças regionais contra um mal maior, o Talebã.
Não se trata de discutir só o que deve ser feito, mas também de acatar a realidade para, pelo menos, costurar um acordo político entre diversas facções tal como no Iraque.
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