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a.h

Wednesday, June 29, 2005

Energia: óleo de mamona

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Por outro lado, inovações como o uso de óleo de mamona adicionado ao diesel podem dar com os burros n'água. Não dá para se pensar num projeto desses sem se levar em consideração sua viabilidade no mercado.

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Combustíveis

Menor competitividade em relação a "concorrentes" como a soja restringe uso da oleaginosa

Mamona para biodiesel perde o brilho

Cibelle Bouças De São Paulo Valor Econômico - 29/06/2005 - edicão nº 1291


Foto: Leo Pinheiro/ValorKazuo Amemya, da Petrobras, observa que demanda das indústrias farmacêuticas por mamona concorre com biodiesel


Definida pelo governo federal como prioridade no Programa Nacional de Biodiesel por seu potencial de expansão e sua capacidade de geração de empregos, a mamona perdeu o brilho inicial no projeto e sua utilização começa a ser reavaliada. Indústrias que aderiram ao programa questionam a competitividade da matéria-prima em relação a outras culturas como girassol e soja. E o próprio governo, diante dos mesmos questionamentos, decidiu restringir geograficamente a importância da mamona para o programa.Na revisão do projeto, em dezembro de 2004, o governo já incentivou a regionalização do mercado de biodiesel - com a produção da mamona concentrada no Nordeste, a de óleo de palma no Norte e a de soja no Centro-Sul. "A mamona é vista como parte importante do projeto, mas não como cultura prioritária ou exclusiva no programa", esclarece Arnoldo de Campos, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na Comissão Executiva Interministerial e no Grupo Gestor do Biodiesel.Segundo ele, a expansão do plantio da mamona dependerá de políticas econômicas capazes de atrair investimentos e tornar viável a produção da oleaginosa até 2008, quando a mistura de biodiesel no diesel passará a ser obrigatória no país. Pelos cálculos do governo, a mistura de 2% no diesel, que será obrigatória entre 2008 e 2012, demandará produção de 1 bilhão de litros de biodiesel por ano. A partir de 2013 o índice de mistura crescerá para 5%, exigindo uma oferta de 2,4 bilhões de litros por ano.Estudo do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) apontou que, para atender à demanda de biodiesel do Nordeste (estimada em 300 milhões de litros por ano) o plantio de mamona precisa crescer 180% até 2008, enquanto a produção de soja terá que aumentar 5% no período para atender à demanda do Centro-Sul. "Além da necessidade de expandir o plantio, é preciso avaliar que o custo do biodiesel de mamona é 50% mais caro que o diesel, enquanto o de soja é 10% mais caro", calcula Rafael Schechtman, diretor do CBIE.Levantamento da Conab apontou que o biodiesel produzido a partir da mamona custaria hoje R$ 1,4623 por litro, ante R$ 1,3537 do biodiesel de girassol e R$ 1,03 do diesel comum. A pedido do governo, a Conab já avalia a competitividade de outras sete culturas para biodiesel - algodão, amendoim, canola, milho, nabo forrageiro, palma e soja. Segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o preço do biodiesel de soja seria hoje de R$ 1,31 por litro."O governo discute a mamona como projeto de inclusão social, mas quando a mistura do biodiesel for obrigatória as diferenças de custo serão relevantes e o biodiesel de soja vai acabar liderando o mercado", acredita Martha Helena de Macêdo, analista da Conab. Ela observa, ainda, que existem problemas logísticos a serem superados.Paulo Kazuo Amemya, gerente executivo de desenvolvimento energético da Petrobras, diz que outro fator que tira a competitividade da mamona é a falta de uso para "torta" - farelo que sobra do esmagamento e que corresponde a 60% da oleaginosa. Por ser tóxica, a "torta" não pode ser usada em ração animal, como ocorre com o farelo de soja. A estatal está investindo cerca de R$ 5 milhões em pesquisas para descobrir novos usos para a "torta" de mamona para elevar a lucratividade do negócio.Mais um entrave apontado por Amemya é a escassez de mamona e a concorrência que o biodiesel sofrerá do mercado de óleos para a indústria farmacêutica, que paga em torno de R$ 1 mil por tonelada de óleo de mamona, ante R$ 256 no caso do óleo de soja, segundo a Conab. A Petrobras foi vítima dessa concorrência no início do ano, quando os produtores da Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Seridó (Cersel), do Rio Grande do Norte, que firmaram convênio para entregar a produção de 3 mil hectares, venderam a oferta de 1,5 mil toneladas para empresas da Bahia. Segundo a Cersel, a "quebra do acordo" aconteceu porque as empresas baianas pagaram bem e à vista."O óleo de mamona tem alto valor agregado e é um contra-senso usá-lo como combustível", diz Amemya. Segundo ele, a Petrobras já estuda a adoção de matérias-primas como algodão e soja e negocia parcerias para alavancar a produção de mamona. A Petrobras testa uma fábrica de biodiesel de mamona em Guamaré (RN), que absorveu R$ 14 milhões e produz 400 litros por dia - volume que passará a 7,2 mil litros em julho. A estatal também assinou protocolo com o governo mineiro para avaliar a implantação de uma unidade no Vale do Jequitinhonha.Arnoldo de Campos, do Ministério de Desenvolvimento Agrário, diz que o governo federal avalia um novo pacote de incentivos para estimular a produção da mamona. Hoje, a empresa que produz biodiesel a partir da mamona do Nordeste recebe benefício fiscal de R$ 218 por milhão de litros. Se for produção de outras regiões, o benefício é de R$ 152,60. O Ministério também lançou no dia 6 uma linha do Pronaf de R$ 100 milhões para incentivar 38 mil famílias a plantar mamona no Nordeste. O programa já atende 17 mil famílias que plantam, além da mamona, palma, girassol e soja....

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