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Tuesday, September 13, 2005

Katrina e devastação moral

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Reconstruindo New Orleans – e os EUA

por Thomas Sowell em 13 de setembro de 2005
Resumo: Para superar os piores momentos de uma crise são necessárias as grandes tradições morais da sociedade – aquelas tão elegantes de escarnecer, tão moderninho violar e as quais nossas próprias escolas ensinam os jovens a subestimar.
© 2005 MidiaSemMascara.org

A devastação física causada pelo furação Katrina revelou, dolorosamente, a devastação moral de nosso tempo que levou aos saques generalizados em New Orleans, aos assaltos nos abrigos, aos estupros de garotas e aos tiros nos helicópteros de salvamento.
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Quarenta anos atrás, houve um grande blackout em New York e em cidades do nordeste americano. Os cidadãos comuns foram para as interseções das ruas para controlar o tráfego. Todos se ajudaram mutuamente. Depois do blackout, a experiência deixou em todos sentimentos muito positivos em relação a seus semelhantes.
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Anos mais tarde, outro blackout em New York levou a uma situação muito pior. E o que aconteceu agora em New Orleans foi ainda pior. Existiria uma tendência em tudo isso?
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Medo, dor, desespero seriam justificáveis em pessoas cujas vidas fossem devastadas por eventos além de seu controle. Pesar pode ser compreensível naqueles que foram instados a evacuar a área e escolheram ficar. Ainda assim, a palavra que se houve daqueles que permaneceram é "raiva".
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Isso pode ser uma pista, não só para a ruptura da decência em New Orleans, mas para uma ampla degenerescência na sociedade americana, em décadas recentes. Por que as pessoas estão com raiva? E de quem?
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Aparentemente, estão com raiva das autoridades governamentais, por não terem sido resgatadas mais cedo, ou melhor cuidadas, ou pela ruptura da lei e da ordem.
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Não há dúvida de que, depois que a situação emergencial passar, surgirão muitas coisas que poderiam ter sido mais bem feitas. Mas, quem pode olhar para trás, honestamente, para sua própria vida, sem perceber muitas coisas que poderiam ter sido tratadas de forma mais conveniente? Apenas pensar sobre todos os erros que você cometeu na vida pode ser uma experiência de humildade, se não de humilhação.
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Afinal, o governo é apenas um conjunto de seres humanos – políticos, juízes, burocratas, etc. Talvez, a razão pela qual ficamos tão freqüentemente desapontados é que esse grupo de pessoas tem feito promessas demais, aproveitando-se de nossa excessiva credulidade.
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O governo não pode resolver todos os nossos problemas, mesmo em tempos normais, muito menos durante catástrofes da natureza que lembram ao homem o quão pequeno ele é, a despeito de todo o seu eloqüente discurso.
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A função mais elementar do governo, a manutenção da lei e da ordem, se rompe quando enchentes e blackouts paralisam o sistema.
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Durante os bons ou os maus tempos, a polícia não consegue policiar todo mundo. Ela pode, no máximo, controlar um pequeno segmento social. A vasta maioria das pessoas tem de controlar a si mesmas.
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E é aí que entram as grandes tradições morais da sociedade – aquelas tradições morais de que é tão elegante escarnecer, tão moderninho violar e as quais nossas próprias escolas ensinam os jovens a subestimar, dizendo que eles têm de desenvolver seus próprios padrões, ao invés de seguirem o que velhos bobões, como seus pais, lhes dizem.
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Agora podemos ver o quanto custa esses padrões, "criados sob medida", na crueldade e na anarquia de New Orleans.
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Num mundo em que as pessoas exibem sua "independência", seu "direito" de desprezar a autoridade moral e, algumas vezes, também a autoridade legal, a tragédia de New Orleans nos lembra o quanto somos, cada um de nós, dependentes, em nossas vidas, de milhões de outras pessoas que sequer vemos.
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Milhares de pessoas de New Orleans serão salvas porque milhões de outras pessoas, delas desconhecidas, sentem-se obrigadas moralmente a virem em seu socorro, de todas as partes do país. As coisas que os "inteligentes" e os "sofisticados" escarnecem, são, em última análise, tudo que se interpõe entre nós e a completa devastação.
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Qualquer um de nós poderia ter estado em New Orleans. E do que dependeríamos para salvar-nos? Ética situacional? Filosofia pós-moderna? A imprensa? Os advogados? A retórica da intelligentsia?
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Não, nós dependeríamos das coisas que vão salvar os sobreviventes do furação Katrina, as mesmas coisas que os "inteligentes" vivem difamando.
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New Orleans pode ser reconstruída e os diques podem ser reerguidos. Mas, podem os diques morais ser reerguidos, não só em New Orleans, mas em todo o país?
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Publicado por Townhall.com
Tradução: Antônio Emílio Angueth de Araújo.
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