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a.h

Monday, December 05, 2005

I.I.R.S.A. - 2: contra-ataque dos EUA

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Isto que eles vêem como 'problema' (o interesse de Washington), eu vejo como oportunidade.

a.h

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Bush quer controlar integração sul-americana

Rio, 1/ago/05 - Nenhum fato é mais didático sobre o grau de controle das estruturas hegemônicas de “governo mundial” sobre o Brasil e a importância potencial do País para a reconfiguração da ordem de poder global em curso, do que a visita do secretário do Tesouro estadunidense John Snow, que chegou a Brasília no domingo para uma estada de três dias. Em meio à turbulência sistêmica que abala o Governo Lula e poucos dias após a contundente derrota aplicada por Washington ao Brasil, com a imposição de seu candidato na presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a visita de Snow tem os evidentes propósitos de explicitar o apoio estadunidense ao presidente brasileiro, especialmente a sua política econômica pró-mercados, e sinalizar uma nova fase de jogo pesado contra a política de integração sul-americana do Itamaraty.

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A derrota de João Sayad na disputa pela presidência do BID para o colombiano Luis Alberto Moreno, embaixador de Bogotá em Washington desde 1999, além de representar um golpe desmoralizante para o Itamaraty, poderá ter sérias repercussões sobre o projeto de integração regional, já que, como Snow deixou claro, os EUA pretendem centralizar no BID o planejamento dos projetos de infra-estrutura necessários à integração física do subcontinente, em detrimento da Iniciativa de Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA). Em entrevista ao jornal Valor Econômico (1/08), ele sentenciou: “Temos algumas idéias, uma delas é obter um veículo no continente americano para avaliar projetos exploratórios, um órgão que fornecesse um selo de aprovação para determinados projetos. Há tantos projetos competindo que os investidores ficam desnorteados com as alternativas. Seria positivo haver um local centralizado capaz de avaliar a viabilidade de diferentes projetos, muitos dos quais terão de ser parceiras público-privadas. Quero expor algumas dessas idéias ao ministro; se é algo que o BID pode fazer, ou se outra instituição. O BID deveria ser o lugar.”

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Possivelmente, a proposta de Washington poderá ser objeto de uma barganha envolvendo a pretensão brasileira de dar um tratamento especial aos projetos de infra-estrutura na contabilidade do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que seria bastante atraente para o Ministério da Fazenda e o Banco Central brasileiros, que não têm qualquer compromisso com a integração regional.

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Para reforçar sua posição, Snow enfatizou a visão “comercial” da infra-estrutura, assinalando os interesses dos cartéis graneleiros, como a ADM e a Cargill, que, segundo ele, poderiam investir nas hidrovias brasileiras para ampliar a capacidade de transporte de grãos destinados à exportação.

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Se a intenção vingar, apenas serão implementados os projetos que tenham o “selo de aprovação” do BID, comandado por um preposto de Washington, vitorioso em uma eleição em que o Departamento de Estado colocou todo o seu peso, conseguindo direcionar inclusive os votos do México (que chegou a anunciar que não apoiaria Moreno) e do Paraguai. Igualmente, não se pode omitir que o Itamaraty também colheu aí os resultados da sua obsessão com o Conselho de Segurança das Nações Unidas, perdendo apoios importantes como aqueles e apenas assegurando o da Argentina na undécima hora, depois de acertar, tardiamente, a apresentação de Sayad como candidato do Mercosul.

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De qualquer maneira, as cartas estão na mesa e a disputa IIRSA-BID deverá ser um dos fatores que irá determinar o futuro do projeto de integração regional e das próprias nações sul-americanas como entidades políticas capazes de superar a sua subordinação histórica aos desígnios hegemônicos de Washington.

[050801b]


http://www.alerta.inf.br/08_2005/050801b.htm
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