Acho que o DaMatta resumiu bem o que penso sobre o fenômeno Obama aqui. No fundo, eu queria que Obama ganhasse mesmo, embora minhas idéias e noções básicas sobre comércio internacional (tendo em foco o Brasil) se afinem muito mais com McCain... Acontece que o significado da vitória do ‘negro’ seria importante em termos mundiais e, politicamente, estratégico. Afinal, não é pouca coisa termos um ‘Hussein’ na presidência dos EUA.
Economicamente, consideradas as propostas de Obama, como detalhes que levem a um maior protecionismo das empresas nacionais vejo como um desastre. Não que eu seja um liberal tout court, pois não sou, mas assim como Bush (em seu primeiro mandato) estipulou cotas de importação de aço europeu, ao que foi confrontado pelos empresários que necessitavam de matéria-prima a preços competitivos e recuou, penso que Obama agradará a muitos com suas propostas demagógicas e “latino-americanas” ao estilo de “perfeito-idiota” nos primeiros meses para depois ver as taxas de crescimento declinarem relativamente. Enquanto que muitos louvam suas propostas de taxação do carvão e incentivo ao biodiesel de milho esquecem que poderá haver barreiras ao biodiesel brasileiro e cotas de importação dentre outras estratégias inibidoras para nossas exportações. Neste quesito, exceção feita ao combate ao narcotráfico, os EUA são campeões por que aplicam princípios de mercado que encorpam a economia no longo prazo. O velho McCain também tinha uma proposta para a imigração e a previdência social que combinava dois problemas com uma solução: legalizar cerca de 20 milhões de imigrantes incorporando-os ao fisco para financiamento de aposentadorias e benefícios sociais. Isto é, crescer o bolo para distribuir. Ao passo que Obama só pensa na faca para cortar o bolo e esquece seu fermento...
Quanto a Guantánamo, mesmo que extinga o centro prisional, não sei como será o realocamento de seus presos. Por certo que apenas soltá-los seria um desastre. Afinal, dezenas de presos soltos voltaram ao terrorismo e não seria exagero pensar que uma liberação em massa traria mais prejuízos ainda. No entanto, se isto significar uma aproximação ao país de Raúl Castro e extinção gradual do totalitarismo pela adoção da democracia e da economia de mercado na “ilha-cárcere”, talvez o sacrifício valha a pena.
Agora, as questões mais candentes estão no leste, como não poderia deixar de ser: Irã, Iraque e Israel. Alinhavar um acordo com Israel pode ser o mais difícil, mas isto não pode significar um trunfo para Ahmadinejad se seu prestígio crescer ao ponto de fortificar seus intentos sanguinários e fundamentalistas, como tentar aliciar países como a Arábia Saudita em uma nova jihad.
Entre Israel e Irã está o Iraque. Tirar as tropas agora, sem um bom e alinhavado plano seria temerário. A questão do Iraque envolve negociações com o Irã que, graças a presente crise serviu para baixar os preços do barril de petróleo e também a bola dos aiatolás. Com isto, Teerã voltou à mesa de negociações e a violência no sul do Iraque (Basra) diminuiu. Estão mais mansos, é verdade. Tanto que o Irã não deu apoio (não, explicitamente) à aventura russa na Geórgia. E, embora a campanha russa tenha parecido uma derrota da Otan penso que serviu de pretexto a um avanço tático no Mar Negro. Com o posicionamento da marinha americana e demais aliados da Otan ao norte somadas às tradicionais posições no Golfo Pérsico, o Iraque está cercado. Isto, sem contar com o apoio da peça-chave que representa a Turquia. Perde-se uma Geórgia para ameaçar (ou ganhar) um Irã/Iraque.
Resta saber se Obama saberá manter o jogo.
2 comments:
Simbolicamente a eleição do Obama representa uma daquelas cisões profundas no tecido da história, o que aliás, nem é novidade nos últimos anos, que foram preenhes de momentos, digamos, históricos.
Minha esperança no Obama é que ele consiga construir espaços maiores de diálogo com inimigos de longa data dos EUA, como o Irã e Cuba, para que possamos ter um pouquinho mais de segurança, tanto mais diante dos tempos de severa crise econômica em que estamos.
E que ele aproveite as talvez poucas coisas boas que o Bush deixou e as sedimente...
Se fizer isso, entrará definitivamente para a História...
..em relação ao OBAMIS acho q não foi o DAMATTA quem o inventou..ele só registrou no cartorio.. o projeto inicial era d 3 garotos que faziam intervenção arte-urbana com stencil e lamb's na cidade de curitiba,que pertencia a um grupo(crew)chamada ''tubão forevis''.. que eram inspirado no mussum e no seu jeito de falar..
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