Recomendo esta edição[1]. Vejam só este trecho:
As diferentes espécies de araucárias dependem, para completar seu ciclo de vida, de grandes perturbações nas florestas em que vivem, provocadas por fenômenos como tornados, tempestades, deslizamentos de terra ou incêndios. Alguns desses fenômenos ocorrem periodicamente nas áreas montanhosas e chuvosas em que vivem as araucárias, provocando a queda de árvores e criando clareiras ou abrindo espaços nas copas. Após esses eventos, centenas ou milhares de jovens conseguem se desenvolver, chegar à idade adulta e formar um maciço de copas altas. Embaixo dessa floresta de araucárias crescem mais lentamente um grande número de outras espécies de árvores que conseguem viver na sombra, com toda a fauna associada. Nesse ambiente mais escuro, as plântulas de araucárias não conseguem se estabelecer. No entanto, como as árvores adultas são muito grandes e podem viver por muitas décadas, ou mesmo séculos, continuam lançando sementes capazes de colonizar um novo espaço aberto que venha a surgir.
Em: Souza AF. Araucária: a regeneração das populações da árvore-símbolo do Sul do Brasil. Ciência Hoje. 2009;44(6):43, grifos meus.
Em suma, em florestas conservadas, a reprodução de novos indivíduos é menos freqüente que em florestas impactadas. Claro que por ‘impacto’ não deve se entender total desmatamento.
Agora, minha ilação: se quisermos aproveitar o meio da araucária para produzir algo (erva mate, p.ex.), a interferência local ajuda a espécie, inclusive, a se reproduzir. Já, a preservação tout court tem outra função. Portanto, “ambientalmente sustentável” não significa (ao menos para mim), intocado.
E, sinceramente, num país como o nosso temos espaço suficiente para estas duas formas de reservas para que se harmonize, minimamente, as necessidades econômicas com os imperativos conservacionistas. Portanto, para gerar renda se faz necessário alterar ambientes sim, desde que por ‘alteração’ não se entenda devastação e sim manejo. Se estas lhes parecem “palavras fáceis de dizer e difíceis de executar” só tenho como resposta que mais fácil ainda é provocar a desesperança de nada fazer ao se condenar o humano como algo essencialmente antiecológico.
[1] Araucária: regeneração das populações da árvore-símbolo do sul do Brasil
Apesar de sua importância para a ecologia das paisagens do Sul do Brasil, até recentemente não havia uma descrição detalhada sobre a regeneração das araucárias em florestas conservadas ou naquelas degradadas pela extração madeireira. Essa comparação foi realizada pela primeira vez em dois estudos, cujos resultados são apresentados e discutidos neste artigo da CH de junho.http://cienciahoje.uol.com.br/
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