Banda larga no Brasil é a 2ª mais cara entre 15 países, diz pesquisa - noticias - UOL Economia
Banda larga no Brasil é a 2ª mais
cara entre 15 países, diz pesquisa
Do UOL, em São Paulo 14/05/2013 06h00
O preço médio da banda larga no Brasil é um dos que mais pesam no bolso do
consumidor, considerando a relação entre o valor cobrado por 1 Mbps (megabit por
segundo) e a renda da população. É o que mostra um levantamento feito com 15
países.
O brasileiro precisa trabalhar 5,01 horas por mês para se conectar à rede de banda
larga fixa de 1 Mbps. O país só perde para a Argentina, onde são necessárias 5,15
horas. O Japão aparece na última posição do ranking: naquele país, a população
precisa trabalhar 0,015 hora para pagar pelo acesso.
HORAS DE TRABALHO PARA PAGAR INTERNET POR MÊS
POSIÇÃO PAÍS PREÇO DE 1 MBPS (EM
US$) POR MÊS
RENDA PER CAPITA POR
HORA (EM US$)
HORAS PARA
PAGAR INTERNET
1º Argentina 46 8,92 5,15
2º Brasil 25,06 5,00 5,01
3º África do
Sul
19,04 5,57 3
4º Chile 23,04 8,5 2,71
5º Polônia 13 10 1,3
6º Portugal 10,99 12 0,91
7º Canadá 6,5 20 0,32
8º Holanda 4,31 22 0,2
9º Finlândia 2,77 19 0,14
10º Estados
Unidos
3,33 25 0,13
11º Noruega 4,04 32 0,12
12º França 1,64 18 0,09
13º Suécia 0,63 21 0,03
Coreia
do Sul
0,45 15 0,03
15º Japão 0,27 18 0,015O levantamento foi feito pelo economista e professor da FGV Samy Dana em parceria
com o graduando em Economia pela UFV-MG (Universidade Federal de Viçosa)
Victor Candido.
Os cálculos foram feitos com base nos dados do relatório The State of the Internet (da
consultoria Akamai) e do Internet World Stats Broadband Penetration (do Internet
World Stats). Para se chegar à renda média per capita de cada país, foram usados
dados do Banco Mundial.
Segundo esses dados, o preço médio do acesso no Brasil a uma velocidade de 1
Mbps é de US$ 25,06, ou cerca de R$ 50,52 por mês segundo a cotação do último
dia 10 de maio. Considerou-se uma renda média por hora, per capita, de US$ 5, ou
R$ 10,08.
Para efeito de comparação, no Japão, o valor médio cobrado pelo acesso à internet é
de US$ 0,27, ou R$ 0,55. Como a renda média per capita recebida por hora lá é mais
alta (US$ 18, ou R$ 36,32), a quantidade de horas de trabalho necessárias para se
fazer o acesso é bem menor.
Na pesquisa, foram selecionados países que lideram o acesso à internet no mundo,
entre nações desenvolvidas e emergentes.
Muitos tributos e pouca concorrência
Para o economista Samy Dana, o alto preço cobrado no Brasil tem relação com a alta
carga tributária: enquanto o país paga 40% de impostos sobre os serviços de banda
larga, no Japão os tributos representam 5% do preço.
"De um lado, existe um governo que tributa muito. Por outro lado, o setor tem poucas
empresas, o que faz com que a concorrência seja pequena para a dimensão que o
país tem. Um setor de pouca competição e com regulação ineficiente deixa o
consumidor refém do preço. O resultado é um serviço ruim e caro, que acaba sendo
um entrave para o desenvolvimento do país", diz o economista.
Preço caiu 68% desde 2008
O diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço
Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Eduardo Levy, questiona a comparação
com países como o Japão.
"O brasileiro também gasta mais tempo para comprar um automóvel ou um iPad do
que um japonês. Mas pesquisas mostram que o preço da banda larga fixa caiu 68%
desde 2008 no Brasil", afirma. "Se o serviço fosse tão caro, não haveria tanta gente
usando."
Levy afirma que a cobrança de acesso a uma velocidade de 1 Mbps por US$ 25,06,
ou pouco mais de R$ 50, não é realidade no país, sobretudo por causa das
promoções feitas pelas empresas.
A associação cita dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT),
organismo da ONU, que mostram que o brasileiro gasta, em média, US$ 17,22 ao
mês com banda larga, ou R$ 34,86. No Japão, segundo a UIT, o gasto médio mensal
é de US$ 24,41, ou R$ 49,41. A pesquisa da UIT não fala em velocidade (considera
apenas o valor mensal para fazer um download de 1 Gigabyte).
Os realizadores do estudo dizem que o valor usado é uma média geral, considerando
cidades de todos os portes.
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