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Um projeto de manejo comunitário do camarão iniciado com 30 famílias da Ilha das Cinzas, em Gurupá (PA), aumentou a renda média mensal delas de meio para 1,2 salário mínimo. Cada família pescou, beneficiou e vendeu cerca de 1,32 tonelada de camarão de água doce em 2005, com tamanho médio de nove centímetros por animal. O preço obtido por essas famílias pelo quilo do camarão aumentou de R$ 0,80 em 2000 para R$ 3,00 neste ano. "Tirar os camarões menores e vender os maiores. Esse é o segredo do sucesso", disse o técnico da Fase - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, Carlos Augusto Ramos, em entrevista ao quadro Meio Ambiente, que todas as sextas-feiras é veiculado no programa Ponto de Encontro , da Rádio Nacional da Amazônia. A iniciativa ganhou o prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil. Ela se baseia em um procedimento desenvolvido pelos comunitários: os camarões são pescados por meio de armadilhas conhecidas como matapis, gaiolas cilíndricas feitas de tala de juruti (palmeira local). Depois da despesca, eles ficam em um viveiro – uma caixa de madeira colocada dentro do rio, com espaços que possibilitam a saída dos camarões menores. O tempo máximo que os camarões podem ficar nos viveiros é de oito dias, porque depois disso eles trocam a casca e se comem uns aos outros. Por fim, o camarão é beneficiado: sem cabeça nem casca, ele é cozido durante cerca de 20 minutos em água com sal. A experiência-piloto foi iniciada em 1997 pela Fase-Gurupá. Em 2002, recebeu apoio do ProVárzea/Ibama - Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea - um subprograma do PPG7 - Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado com verba da cooperação internacional. Neste ano, o ProVárzea/Ibama lançou uma cartilha que conta de forma didática, com ilustrações, a história do projeto e ensina como o manejo de camarão pode ser realizado. A iniciativa está sendo expandida para outras 120 famílias que vivem em sete comunidades de Gurupá. Associações de Abaetetuba, Igarapé-Mirim e Cametá, no baixo rio Tocantins, também no Pará, já demonstraram interesse nela. A Amazônia possui 23 espécies de camarões de água doce, sendo três as mais exploradas comercialmente. A poluição, a pesca predatória e a destruição das áreas de reprodução (manguezais) vêm diminuindo a quantidade e o tamanho dos camarões da região. Isso é preocupante para quem vive da pesca deles e para o equilíbrio do ecossistema, porque os camarões são considerados os "lixeiros da natureza" (alimentam-se de restos de animais e vegetais). "O manejo de camarões parte de uma idéia bem simples: mais vale capturar um camarão grande do que um punhado de camarões pequenos. Para isso é preciso deixar a ganância de lado e pensar no rio como um grande viveiro, onde nascem e crescem camarões todos os dias", ensina a cartilha do ProVárzea/Ibama. As famílias que participam do projeto também recebem estímulo à comercialização conjunta, por meio de cooperativa, orientações de como controlar os recursos financeiros e aulas de educação ambiental.
(Thaís Brianezi/ Agência Brasil)
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