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Saturday, December 24, 2005

Colômbia 2

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Narcotráfico, reeleição e ordem pública

por Luis Alberto Villamarín Pulido em 27 de outubro de 2005
Resumo: O presidente da Colômbia já entrou para a história do país, e quanto maiores são os ataques que recebe, maior é a sua aceitação popular.
© 2005 MidiaSemMascara.org

O recente pronunciamento da Corte Constitucional para avaliar a reeleição presidencial, a publicação das denúncias de “Popeye” e de Alberto Giraldo, e o ressurgimento armado da guerrilha contra unidades militares indisciplinadas, marcaram a pauta dos acontecimentos políticos dos últimos dias.

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A possibilidade de que o país reeleja o carismático mandatário antioquino, é um desejo compartilhado pela diáspora colombiana que também espera dele ações concretas frente aos governos dos Estados Unidos, Espanha e França para regularizar a situação de milhões de compatriotas, submetidos a duros trabalhos por não estarem documentados.

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O fenômeno Uribe já faz parte da história colombiana. O que seus detratores não entendem é que, quanto maiores forem os ataques, maior será a aceitação popular de um homem que, por paradoxal que pareça, constituiu a escola da política participativa do constituinte primário, na contramão do seu espírito autoritário, estilo provinciano e incansável vontade de trabalho.

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Nem o cérebro do sangrento ataque terrorista contra o Palácio da Justiça, nem o eterno candidato do liberalismo oficialista, nem os levianos politiqueiros que pretendem ocupar o trono de Bolívar têm a disposição e o talento de Uribe Vélez. A colônia colombiana residente nos Estados Unidos é 100% uribista. Nesse sentido, o anúncio da coalizão dos contraditores de Uribe é interpretado como uma traição contra a Colômbia, pois de uma forma ou de outra o governo de 2002-2006 vendeu a idéia de que trabalha para reconstruir o tecido social colombiano. Então, quem torpedeie esse projeto está contra os interesses nacionais.

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As quase simultâneas publicações de Popeye e de Giraldo caíram na situação anterior como um anel no dedo. Em ambos os casos, o narcotráfico, atual gestor da efervescência da construção urbana na Colômbia, toca as vacas sagradas e desmascara verdades que os colombianos conheciam mais ou menos. A desqualificação feita às denúncias dos guarda-costas de Escobar por alguns dos afetados nas denúncias, só serviu para corroborar que um ilustre colombiano enaltecido até à saciedade por propagandistas de ofício, é o personagem mais nefasto que a história colombiana teve desde os anos quarenta até nossos dias.

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Por outro lado, ficou clara a indecência do narcotráfico na política, a debilidade de caráter e ingovernabilidade das administrações Betancour, Barco, Gaviria, Samper, Pastrana e a manipulação que deram ao manejo das leis, por meio da coação e do suborno. Tantas realidades corroboram que a Colômbia atravessa um difícil período histórico, cujas conseqüências ainda estão por determinar-se. Em que pese o Plano Colômbia e os enormes esforços humanos e monetários, a verdade é que o narcotráfico está vivo e abanando o rabinho. Por trás dele estão os senhores da guerra. Tanto as FARC quanto as “auto-defesas” ilegais.

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E com eles estão os testas-de-ferro, os escritórios de cobrança, os distribuidores e demais delinqüentes que se movimentam com habilidade e conivências em diversos pontos do globo. A indústria do narcotráfico é a principal responsável pela persistente queda do preço do dólar na Colômbia, embora digam o contrário o governo e seus sisudos economistas, especialistas em dizer o que se deveria ter feito e não o que se deveria fazer antes que ocorressem os fatos.

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Em terceira instância, as FARC têm manejado com calma a situação para responder à ofensiva governamental. Com os cabeças alojados nas selvas venezuelanas, panamenhas, peruanas, equatorianas e brasileiras, dotados com desmedidos orçamentos derivados do narcotráfico e apadrinhados politicamente por governos de esquerda interessados em torpedear os Estados Unidos, os guerrilheiros evitaram um combate frontal para golpear unidades descoordenadas ou indisciplinadas. Guerra é guerra e não se pode conceder nenhuma vantagem ao adversário. Quem a concede, perde terreno.

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As ações armadas contra as tropas em Chocó e Risaralda lembraram por um tempo a lassidão da administração Pastrana. Embora a guerra irregular seja imprescindível pelas condições intrínsecas, a opinião pública criou muitas expectativas acerca da efetividade da estratégia Uribe. Porém, enquanto não se combater o narcotráfico a fundo, continuará o fluxo de dinheiro subreptício, o preço do dólar continuará em queda, a efervescência da construção continuará satisfeita e a credibilidade do presidente colombiano decrescerá.

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Mesmo se se aprovar a lei de garantias com probabilidade à reeleição do senhor Uribe, é indubitável que este será seguramente vencedor, pois assim como o atual presidente dos colombianos aparece como um regente com demasiado talento frente aos músicos de sua orquestra, também é certo que não há entre os candidatos e menos entre seus contraditores, alguém de sua estatura. Nem o responsável pelo holocausto do Palácio da Justiça, nem os sempre ressentidos da esquerda, nem o eterno candidato do Partido Liberal, estão à altura das circunstâncias.

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Porém, o importante de tudo isto é que com Uribe reeleito ou não, aquele que ocupar a primeira magistratura da nação está chamado a governar, governar e governar, para adiar a senda dos colombianos. Um primeiro passo para eliminar as tensões é comprometer o mundo inteiro na luta frontal contra o narcotráfico, continuar a ação militar contra a guerrilha, porém, sobretudo, incrementar o conteúdo em quantidade e qualidade do serviço social, para evitar que haja caldo de cultura para o terrorismo, a subversão e a violência. Tamanha tarefa corresponde ao próximo presidente dos colombianos.

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Tradução: Graça Salgueiro.

Luis Alberto Villamarín Pulido é analista de assuntos estratégicos e autor de várias obras importantes sobre terrorismo e tráfico de drogas, como “El Eln por dentro” (1995), “El cartel de las Farc” (1996), “La Selva Roja” (1997), “En el infierno” (2003) e “
Narcoterrorismo: La guerra del nuevo siglo”, este lançado recentemente na Espanha. Seus livros são o resultado de 25 anos de experiência no comando de operações militares contra as guerrilhas colombianas. Especialista em contraterrorismo urbano e rural, inteligência militar, explosivos e demolições, e ainda graduado em Ciências Políticas, o tenente-coronel Luis Alberto Villamarín, hoje aposentado, tem mais de uma centena de artigos publicados na mídia internacional e uma coluna permanente na Military Review, revista do Exército dos Estados Unidos.
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