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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Friday, May 18, 2007

A justiça tarda...




Maria Aparecida Nery

Em sentença favorável ao Agravo de Instrumento interposto pela empresa Costãoville, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região definiu que a decisão sobre a viabilidade da construção do empreendimento Costão Golf é da competência da Justiça Estadual de Santa Catarina.

O projeto Costão Golf, localizado no limite entre os Distritos de Ingleses e São João do Rio Vermelho, prevê um complexo turístico em forma de condomínio residencial, de 181 casas, 94 apartamentos, 13 vilas, em uma sede de 2 mil metros quadrados. O campo de golfe será instalado em uma área de 571 mil metros quadrados.

Em abril de 2005 militantes ligados a entidades de movimentos sociais, liderados pela ONG Luzes da Ilha, colheu duas mil assinaturas no Centro da cidade para legitimar a ação civil pública contra o empreendimento, ajuizada pelo Ministério Público Federal. A objeção é de que o empreendimento será construído sobre o Aqüífero Ingleses-Rio Vermelho, reserva de água responsável pelo abastecimento de 130 mil pessoas na cidade. Segundo a inicial da ação, poderia haver risco de contaminação do solo e aumento considerável de consumo de água pelo aumento da população local.
Uma decisão liminar de embargo foi deferida em junho seguinte. Dada a morosidade das decisões da justiça, a empresa Costãoville obteve permissão judicial para executar ações de combate à erosão que ameaçava o local.

Recentemente o governador Luiz Henrique da Silveira manifestou-se sobre os quase dois anos de embargo do Costão Golf, lembrando que a favela do Siri, que estabeleceu-se sem qualquer controle há quase duas décadas em área de dunas, que é de preservação permanente, também está sobre o Aqüífero.

Pois é. Estão sobre o mesmo Aqüífero que abastece 130 mil pessoas, a favela do Siri, o Distrito de Ingleses e o do Rio Vermelho, com a aparentemente inexorável degradação sócio-ambiental patrocinada pela total desordem na ocupação do solo.

Sobre o mesmo Aqüífero que abastece 130 mil pessoas, as tenebrosas transações clandestinas de parcelamento do solo e edificações irregulares são legitimadas pela inação e omissão do, vá lá, poder público.

Sobre o mesmo Aqüífero, o ilegal seqüestrou as funções de regramento da urbe, consubstanciadas nos dois planos diretores em vigor na cidade - o dos Balneários e o do Distrito Sede -, trancou-os a sete chaves e ocupou o seu lugar. Tanto, que estamos vivendo a ilusão de que é possível passar a cidade a limpo no projeto de um novo Plano Diretor, este sim, “democrático e participativo” que, depois de aprovado, vai mudar - plim-plim!!! - a atitude dos habitantes de Florianópolis por decreto.

Bobagem. Se povo soubesse construir cidades, não viveríamos hoje em cidades que não queremos. Povo sabe o que quer, mas quer que os outros façam por ele. Inclusive residenciais de luxo com campo de golfe na sua vizinhança, para ajudar a revalorizar materialmente a degradação perpetrada pelo perverso sistema construtivo da ditadura das massas ignaras.

Viva o Costão Golf!

... mas não falha.


...
Ambiente
"Todos estão ligados através das provas"
Entrevista: Julia Vergara, delegada da Polícia Federal

A delegada Julia Vergara conversou com o Diário Catarinense e explicou que a denúncia inicial era de concessão de licença ambiental indevida para a construção do loteamento Il Campanário em Jurerê Internacional, no Norte da Ilha de Santa Catarina. As investigações levaram ao secretário da Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), Renato Juceli de Souza, e ao cunhado dele, o vereador Juarez Silveira. Na seqüência, apareceram empresários e técnicos de órgãos ambientais do Estado e do município. A coordenadora da Operação Moeda Verde disse que todas as licenças para construções em áreas de preservação ambiental passavam pelo vereador, o secretário da Susp e o diretor, Rubens Bazzo. A delegada revelou que Juarez Silveira fazia valer a influência oferecendo "serviços" caracterizando, no mínimo, tráfico de influência. A delegada afirmou que Juarez Silveira fala muito e isso facilitou as investigações. Em nove meses de investigações foram interceptadas 150 mil ligações. Ontem, ela concedeu entrevista exclusiva ao DC. Abaixo alguns trechos.
Operação Moeda Verde
> A Operação Moeda Verde foi deflagrada quinta-feira de manhã, quando agentes da Polícia Federal, por determinação da Justiça Federal, começaram a cumprir 22 mandados de prisão temporária, em Florianópolis (20) e Porto Alegre (2), além de busca e apreensão em órgãos públicos, empresas e residências.
> A operação investiga a existência de um esquema de venda de leis e atos administrativos de conteúdo ambiental e urbanístico em favor de grandes empreendimentos na Ilha de Santa Catarina.
> O esquema envolveria a ocorrência de crimes contra a ordem tributária, falsificação de documento, uso de documento falso, formação de quadrilha, corrupção e tráfico de influência. São suspeitos de envolvimento vereadores de Florianópolis, empresários e servidores públicos estaduais e municipais.
> Na decisão, o juiz Zenildo Bodnar, da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, ressalta que "as prisões não implicam juízo de valor sobre a culpa ou inocência dos envolvidos, a serem devidamente apuradas no curso regular do processo, com respeito ao direito à ampla defesa."
> O nome é referência, segundo a Polícia Federal, à negociação em que a moeda de troca envolve o ambiente.

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