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a.h

Friday, May 18, 2007

O caso Wolfowitz: um norte moral para o Brasil



Da AP. (Volto em seguida:)

O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, vai renunciar ao cargo no final de junho, após o escândalo envolvendo um generoso salário para sua namorada. Sua saída foi anunciada nesta quinta-feira, 17, pela diretoria do Bird.

A renúncia de Wolfowitz fecha um período de dois anos à frente do banco de desenvolvimento, marcado pela controvérsia desde o início, devido ao papel desempenhado por ele na invasão dos EUA no Iraque quando ocupava o cargo de número 2 do Pentágono.

"Ele nos assegurou que agiu eticamente e de boa fé ao fazer o que acreditou que fosse o melhor para os interesses do banco e aceitamos sua justificativa", disse a diretoria ao anunciar a renúncia de Wolfowitz.

Sua saída foi forçada, porém, pelo comitê especial do banco, que o considerou culpado por conflito de interesse e quebra de regras do banco ao negociar a promoção de Shaha Riza em 2005.

A diretoria disse ainda que estava claro que um grande número de pessoas errou ao revisar o salário de Shaha.

Shaha, namorada de Wolfowitz, era funcionária do Banco Mundial e foi transferida para o Departamento de Estado em setembro de 2005, pouco depois de ele assumir a presidência do Bird.

Nessa transição, Shaha ganhou um aumento salarial de US$ 61 mil (mais de 40%), a pedido de Wolfowitz. O salário dela foi para US$ 193.590 líquidos por ano e ela passou a ganhar mais do que a secretária de Estado Condoleezza Rice, que recebe US$ 183.500 brutos por ano.

Wolfowitz, que lutou contra a pressão por sua renúncia durante semanas, disse em comunicado que ficou grato pelo fato de que a diretoria "aceitou minha afirmação de que agi eticamente e de boa fé ao fazer o que acreditei que fosse o melhor para os interesses do banco, incluindo proteger os direitos de um membro da equipe".

Agora, disse ele, era melhor para o banco que sua missão fosse "levada em frente sob nova liderança".


Voltei

É, meninos, esses puritanos... Imaginem se políticos, autoridades ou dirigentes de estatais no Brasil perdessem o mandato ou o poder por beneficiar suas e seus amantes. Talvez a República não parasse de pé, hehe. Vocês sabem: por aqui, somos sofisticados. Deixamos para os países do chamado Primeiro Mundo e para aqueles americanos atrasados esse negócio de misturar vida privada com vida pública. Reparem: há quase (quase) um lado admirável em Wolfowitz: era amante fiel (até cuidou de promovê-la) de mulher feia — sim, e ela, de homem feio. Chega a ser quase comovente.

Em Banânia, as coisas são diferentes. Por aqui, os políticos sérios surpreendidos em prédios que servem a um misto de lupanar e lobby — os mais espertos não têm amantes fixas; isso é coisa de americano puritano... — fazem o quê? Ora, escrevem livros exaltando a própria biografia, dando conselhos “ao Brasil”. Tornam-se uma referência do debate. E Wolfowitz? Esqueçam. Está acabado. Não apitará nunca mais nada. Cai do topo para o esquecimento.

Mais: vejam a quase ingenuidade do falcão republicano em matéria de dinheiro. A sua namorada mocréia, com todos os benefícios do amante superpoderoso (e, notem bem, ela trabalhava), passou a ganhar US$ 193.590 por ano — ou US$ 16.132,50 por mês (mais ou menos R$ 32 mil). O quê? R$ 32 mil Por esse valor, alguns chefões de estatais brasileiras não dão nem “Bom dia!”. Condoleezza Rice, talvez a mulher mais importante do mundo, ganha, brutos, US$ 183.500. Deve olhar cheia de inveja para o salário dos diretores da Petrobras...

Esses gringos não sabem de nada. Não sabem, por exemplo, que Marcos Valério, na CPI do Mensalão, indagado sobre uma das safadezas da turma, respondeu: “Era mixaria, deputado, coisa de R$ 4 milhões”. Ops! Mais de US$ 2 milhões. Dava para pagar 10 anos do salário da feiosa, que virou um escândalo internacional. Vejam aí: só a navalhada no eixo Maranhão- Alagoas chega a R$ 31 milhões.

É isso aí. Eles são quem são porque punem os seus faltosos. E o Brasil é o que é porque elege e reelege os seus.

por A.B.

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