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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Sunday, February 10, 2008

Os Ecochatos

por Alan Neil Ditchfield


Ecologistas não são cientistas; são ativistas políticos com suas próprias agendas de interesses pecuniários, a busca do poder para propósitos nem sempre defensáveis ou confessáveis. Ouvi recentemente, com espanto, a entrevista de representante do movimento Friends of Earth, que condenava com veemência o desmatamento da floresta Amazônica para plantar soja. Ora, seria péssimo negócio derrubar floresta para este fim; o clima da planície amazônica é por demais quente e úmido para cultura de grãos, seu solo não suporta tal atividade, e as pragas são hostis à soja. O tal ecologista talvez ignore em que continente fica o rio Amazonas, mas certamente desconhecia a lavoura sobre o qual estava a falar. Em outra manifestação ecologistas denunciaram a pavimentação de duas rodovias, essenciais ao escoamento de safras produzidas em terras de cerrado do planalto de Mato Grosso do Norte e a construção de um gasoduto para aproveitar reservas de gás natural no oeste da bacia amazônica. São campanhas tão nocivas à coletividade que é hora de investigar, a nível policial ou parlamentar, as possíveis ligações de tais entidades não governamentais com o crime organizado.


Campanhas ecológicas estão a pestear o ambiente como epidemia de amplitude global. Há trinta anos um americano tinha razoável expectativa de ficar fora da cadeia se pautasse sua vida segundo os dez mandamentos. Hoje nem tanto; até a Madre Teresa de Calcutá correria o risco de condenação por crime contra o meio ambiente; sua cidade carece de condições sanitárias. Nos Estados Unidos, neste período, a fúria legiferante sobre o tema trouxe aumento de 50% no número de crimes puníveis com pena de prisão.


Os despropósitos estão a enriquecer o anedotário. Um amigo meu esperou por quase ano pelas formalidades que autorizavam o início de funcionamento de sua firma editora, instalada num canto de seu escritório profissional. Boa parte desta demora passou-se à espera de pronunciamento das autoridades de meio ambiente; após longa deliberação seu douto parecer declarou que firma com o acervo de mesa, cadeira e computador não ofereceria risco à cidade de Curitiba.


O que segue é uma intimação recentemente enviada pelo Departamento de Qualidade Ambiental, do Estado de Michigan, a um homem chamado Ryan DeVries. A resposta do cidadão é gaiata, mas é preciso ler a carta do órgão público para saborear a resposta.


_________________________
INTIMAÇÃO


ASSUNTO: DEQ Processo No.97-59-0023; T11N; R10W, Setor. 20; Município de Montcalm


Prezado Sr. DeVries:


Chegou ao conhecimento do Departamento de Qualidade Ambiental que houve recente atividade não autorizada na propriedade supracitada. Foi apurado que V.Sa. é o proprietário legal e/ou construtor responsável pela seguinte obra não autorizada:


Construção e manutenção de duas represas com entulho de madeira no sangradouro da Lagoa Spring. É exigida licença prévia para iniciar obra deste tipo. Exame dos arquivos do Departamento mostram que nenhuma licença para tanto foi emitida. O Departamento conclui que esta obra viola o disposto no Artigo 301, Lagos Interiores e Riachos, da Lei 451 de Recursos Naturais e Proteção Ambiental, Atos Públicos de 1994 Seções 324.30101 a 324.30113 publicados no Diário Oficial de Michigan.


O Departamento foi informado de que uma ou ambas represas romperam durante recentes chuvas, causando danos e inundação à jusante das localizações. Achamos que represas desta natureza são inerentemente perigosas e sua construção não deve ser permitida. O Departamento então ordena que V.Sa. cesse e desista de todas as obras nesta localização, e restabeleça o fluxo de águas à condição livre removendo toda a madeira e entulho que formam as represas. Todo o trabalho de restauração deverá ser completado o mais tardar até 31 de janeiro de 2003.


V.Sa. deverá notificar este órgão quando a restauração foi completada para que uma vistoria do local possa ser programada por nosso pessoal. A falta de atendimento a este pedido ou qualquer atividade adicional no local, sem autorização, obrigará encaminhamento deste caso à ação em instância superior.


Apreciaremos sua cooperação plena neste assunto.


Sinta-se à vontade para me contactar neste escritório se tiver qualquer dúvida a esclarecer.


Sinceramente, David L. Price

Representante Distrital da Divisão de Administração de Terras e Águas



RESPOSTA DO CIDADÃO
Re: DEQ Processo No. 97-59-0023; T11N; R10W, Setor. 20; Município de Montcalm.


Prezado Sr. Price,


Acuso recebimento de sua carta registrada, com data de 17 de dezembro de 2002. Sou o proprietário do terreno mas não o construtor das obras em 2088 Dagget, Pierson, Michigan.


Sem autorização do governo, um casal de castores está a construir e manter duas represas de “entulho de madeira" no sangradouro de minha Lagoa Spring. Porquanto não tenha pago, autorizado, nem supervisionado as obras de represa, penso que os castores ficariam muito ofendidos ao ouvir seu uso hábil de materiais da natureza designado como entulho. Desafio seu departamento a tentar emular seu projeto de represa a qualquer tempo ou em qualquer lugar de sua escolha. Posso seguramente dizer que de nenhum modo V.Sas. poderão igualá-los em sua habilidade em construção, em sua desenvoltura, engenhosidade, persistência, determinação e dedicação ao trabalho.


Sobre seu pedido, não penso que os castores estejam cientes do imperativo de requerer licença antes de iniciar obra de represa. Minha perguntas são: (1) Se V.Sas. estão a discriminar contra castores na minha Lagoa Spring ou (2) Se V.Sas. têm exigido que todos os castores deste Estado façam requerimento de autorização de obra de represa.


Se V.Sas. não estiverem discriminando contra estes castores em particular peço, nos termos da Lei de Liberdade de Informação, cópias completas de todas essas outras licenças de represas de castor já emitidas. Talvez apuraremos se realmente há violação do Artigo 301, Lagos Interiores e Riachos, da Lei 451 de Recursos Naturais e Proteção Ambiental, dos Atos Públicos de 1994 Seções 324.30101 a 324.30113 do Diário Oficial de Michigan.


Tenho várias indagações a fazer. A primeira é se castores têm direito a assistência jurídica. Os castores da Lagoa Spring são indigentes e impossibilitados de pagar por tal representação, assim o Estado terá que lhes proporcionar um advogado de represa. A alegação do Departamento de que uma ou ambas represas ruíram durante recente chuva causando danos e inundação é prova de que esta é uma ocorrência natural que o Departamento tem obrigação de proteger. Em outras palavras, deveríamos deixar em paz os castores da Lagoa Spring , em lugar de os hostilizá-los e desmerecer suas represas.


Se V.Sas. quiserem o curso d’água restabelecido à condição de livre fluxo comuniquem-se com os castores, e possivelmente prendê-los por não estarem atentos à sua intimação, de vez que não podem ler texto em inglês.


Em minha humilde opinião, os castores da Lagoa Spring têm direito a construir represas sem autorização, enquanto o céu for azul, a grama for verde e a água fluir a jusante. Eles têm mais direito do que eu de viver e desfrutar a Lagoa Spring.


Para fazer jus ao nome, o Departamento de Recursos Naturais e Proteção Ambiental deveria zelar pelos recursos naturais (castores) e pelo ambiente (represas de castores). Os castores e eu aguardamos a ação em instância superior. Por que esperar até 31 de dezembro de 2003? Até lá os castores de Lagoa Spring estarão sob o gelo da represa e de nenhum modo V.Sa. ou seu pessoal poderá contactar ou persegui-los.


Para finalizar, eu gostaria de trazer à sua atenção um real problema ambiental (de saúde) na área. São os ursos!


Os ursos estão a defecar em nossos bosques. Creio que V.Sas. deveriam estar perseguindo os ursos defecadores e deixar em paz os castores. Se V.Sas.quiserem vistoriar as represas de castor, devem olhar onde pisam. (Os ursos não escolhem onde defecam). Estando impossibilitado obedecer seu pedido, e de o contactar via seu sistema automático de atendimento de chamadas telefônicas, encaminho esta resposta a seu escritório.


Agradecidos,

Ryan DeVries & Castores

2 comments:

Anonymous said...

Olá Anselmo;

Tenho acompanhado seus artigos e são muito bons. Parabéns pelo Blog.
Em meio a uma maré vermelha - e agora também a verde - que invadem a Geografia, blogs como seu são de grande valor para a nossa ciência. Pensar geograficamente significa em nossos tempos remar contra a maré marxista.
Tudo de bom.

INTERCEPTOR said...

Caro Efraim,

É raro encontrar um geógrafo NÃO marxista. Por favor, me contacte em aheidrich@gmail.com para trocarmos idéias.

Abraço,

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