O recado russo*
Qual é a mensagem russa?
Com a fragmentação soviética, as forças militares russas passaram a ser tratadas como de 3ª categoria e os governos de Putin tentaram mostrar ao mundo que quem pensasse assim estava redondamente equivocado.
No episódio em curso na Ossétia do Sul está a prova. Em uma demonstração de habilidade do ataque aéreo, as forças russas se fixaram no ponto estratégico do túnel de Roki que conecta a região à vizinha russa Ossétia do Norte. Em menos de 12 horas, quando as forças georgianas ensaiaram uma reação, uma coluna de blindados e artilharia russa surgiu no lado sul do túnel em direção à capital, Tskhinvali. Os veículos contavam com logística apropriada para sua manutenção com unidades do 58º exército e a 19ª divisão motorizada nos subúrbios da cidade. Prontos para uma guerra urbana de longa duração. A coordenação das forças terrestres com o poder de fogo dos helicópteros Mi-24 na retaguarda sustentou o bombardeio noite adentro. Os russos removeram os recursos georgianos baseados no porto de Poti onde se localizava sua marinha e a base aérea de Marneuli. Os combatentes georgianos de Su-25, que poderiam ter alguma reação foram eliminados do jogo. Na água, a frota russa do Mar Negro integrada pela Moskva de 11.000 toneladas obstruiu a possibilidade de qualquer apoio. Um cerco definitivo.
No assalto, rápido, bruto e eficaz, a Rússia provou que emergiu fortalecida e ampliada como potência do cenário dos anos 90. Desde o colapso soviético, não havia tal imposição a sua periferia como se viu.
Do Báltico à Ásia Central, passando pela Ucrânia se fará, no mínimo, uma reconsideração estratégica do que significa ter fronteiras com a Rússia.
* Adaptado de Russia: The Military Message of South Ossetia.
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