Agora toda atenção se volta para a crise econômica que será, possivelmente superada graças a uma reordenação dos investimentos nos EUA, a partir de fontes distintas. Na Ásia e Europa talvez não seja fácil sair imune da crise ou, ao menos, tão bem estruturado. Se a crise acabar antes do final do ano nos EUA pode ser que ainda perdure 2009 inteiro para os europeus. Por outro lado, os EUA lutam para manter a estabilidade do Iraque, beneficiados pela inabilidade iraniana de produzir o caos no país vizinho. A questão se volta para a costura de acordos entre curdos, sunitas e xiitas, mais que tudo. Como se isto já não fosse suficiente para conseguir uma bela dor de cabeça neste fim de mandato de G.W.B., a invasão russa na Geórgia traz elementos a mais de preocupação quando se sabe que o próximo alvo do Kremlin é a principal dissidente do bloco ex-soviético, Ucrânia.
A crise parece ter seu “lado bom” ao colocar o Iraque em segundo plano e a criação de governos regionais étnicos tem seguido em frente com um declínio do movimento de sabotagem político-militar iraniana por uma série de razões. Mas, as preocupações geopolíticas não dissipam, apenas se deslocam. E se deixam o cenário de tempestade de areia iraquiana se movem para uma blizzard ártico-siberiana galopando pelas estepes: direto do Kremlin para o Cáucaso. Quando um país se torna mal sucedido em tratar seus problemas econômicos, a mudança de foco para temas militares se torna solução recorrente e a Rússia não está bem preparada para os efeitos da crise econômica. Com reservas monetárias em torno de 700 bilhões de dólares apenas e projetos políticos para América Latina, Oriente Médio e África ainda dará muita dor de cabeça a Washington. Será uma prova de fogo para o próximo presidente, seja McCain com uma aposta no recrudescimento da velha Guerra Fria com uma Otan agressiva, seja Obama quando veremos a morte de um mito do ‘novo’ que “tudo pode ser diferente” ceder lugar para os velhos interesses de estado.
Apesar da crise de liquidez americana, a economia permanece forte. A intervenção estatal (que me perdoem os liberais) livrará no curto prazo os EUA de uma recessão. No seu sistema financeiro, até agora, apenas 13 bancos fecharam as portas. Já, o contágio europeu parece mais duro e as exportações asiáticas sofrem. Em primeiro lugar, por que o sistema bancário europeu não é tão saudável quanto o americano. Bancos austríacos, italianos e suecos ficaram muito dependentes da Europa Central, especialmente do sistema alemão em grau muito superior às práticas do subprime americano. O mesmo se pode dizer do sistema irlandês ou espanhol com seus subprimes. A Ásia, por sua vez, tem liquidez e está injetando direto nos EUA, auxiliando o Fed no combate à crise. Também não vemos problemas similares no mesmo grau na China ou Japão.
Se os EUA encaram uma recessão de curta duração e os europeus uma mais duradoura, o problema na Ásia é indireto, refere-se ao emprego afetado pela queda nas exportações. Deveriam se preocupar mais com a eleição de Barack Obama que vaticina um declarado protecionismo econômico... A solução asiática frente uma queda na demanda internacional não poderá fugir do subsídio a suas empresas para manter suas operações em atividade.
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