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a.h

Monday, October 03, 2005

Competitividade Global

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O Brasil voltou a perder terreno na disputa pela competitividade global - pelo menos de acordo com o relatório divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial. Pelo quarto ano seguido, o país caiu no ranking. O Brasil ficou no 65º lugar, oito postos abaixo da colocação de 2004 no Índice de Crescimento Competitivo, que analisa o ambiente macroeconômico, a qualidade das instituições públicas e questões tecnológicas.
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O Brasil aparece atrás de países como Qatar (19º), Botswana (48º), Gana (59º) e Namíbia (63º), enquanto a China está na 49ª posição. A Finlândia lidera o ranking desde 2003, seguida neste ano por EUA, Suécia, Dinamarca Taiwan.
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Por conta das posições "supreendentes", os resultados do relatório têm sido cada vez mais questionados. Causa estranheza a China aparecer tão mal colocada, avalia o consultor Guilherme Cirne de Toledo. Para ele, um país que atrai mais de US$ 50 bilhões por ano em investimentos estrangeiros diretos (IED) é mais competitivo que um país como o Qatar. Empresas multinacionais levam em conta principalmente o tamanho do mercado e o ritmo de crescimento para definir onde instalar subsidiárias, argumenta Toledo.
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Para o professor Celso Martone, da USP, a qualidade de instituições públicas e a carga tributária são levados em conta pelas empresas, mas, em última instância, é a perspectiva de lucratividade que define uma decisão de investimento. Com isso, um país que cresce 9% ao ano como a China, que tem um mercado interno gigantesco e condições favoráveis à exportação, é o destino preferido dos investimentos para emergentes.
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Por mais competitiva que seja a Finlândia, o país com 5,1 milhões de habitantes tem um mercado pequeno. Martone disse ainda que, embora o Brasil não seja uma "maravilha", o país tem recebido um fluxo anual de US$ 14 bilhões a US$ 15 bilhões de IED, um número razoável. Fica difícil acreditar que o Brasil é menos competitivo que Gana e Botswana.
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A queda do Brasil no ranking se deveu principalmente à piora da percepção dos empresários em relação à eficiência das instituições públicas. A deterioração, porém, não está ligada à atual crise política, uma vez que a pesquisa ocorreu entre janeiro e 14 de maio - antes, portanto, do agravamento dos escândalos, como lembrou Carlos Arruda, diretor de desenvolvimento da Fundação Dom Cabral, uma das responsáveis pela pesquisa no Brasil, que ouviu 212 executivos de 190 empresas. No item instituições públicas, o Brasil caiu do 50º para o 70º lugar.
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Para Arruda, o resultado mostra que mesmo antes da eclosão da crise os empresários já percebiam a piora na eficiência do setor público. Arruda acredita que o caso Waldomiro Diniz, informações de mau uso dos recursos do Bolsa-Família em algumas cidades e a demora para deslanchar as Parcerias Público-Privadas (PPPs) podem ter contribuído para esse quadro. No fator corrupção, o Brasil caiu do 45º para o 62º lugar. Ele teme que a piora na percepção das instituições públicas afete nos próximos anos o desempenho macroeconômico e tecnológico do país. "Foi o que ocorreu com a Argentina - que ficou em 72º lugar."
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A avaliação negativa em relação à eficiência do governo ofuscou a melhora dos indicadores macroeconômicos brasileiros, notou o economista-chefe do Fórum, Augusto López Claros. Ele elogiou a melhora fiscal, em especial a queda do déficit público - que recuou de 3,6% do PIB em 2003 para 2,5% do PIB no ano passado -, mas destacou que a piora na percepção da eficiência dos gastos atrapalhou. No item desperdício de recursos públicos, o Brasil caiu da 72ª para a 111ª posição no ranking, que dessa vez analisou 117 países, 13 a mais que em 2004.
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Com isso, o maior crescimento do PIB e das exportações e a queda da inflação e do déficit público tiveram pouco impacto sobre a posição geral do país - no item ambiente macroeconômico, o Brasil subiu apenas uma posição, para 79ª. O Brasil se sai melhor no item que analisa tecnologia, ocupando o 50º lugar, mesmo assim oito postos abaixo do ano passado.
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Na América Latina, o grande destaque é o Chile, que aparece em 23º lugar. López-Claros não se cansou de elogiar o país, que tem um ambiente macroeconômico saudável, com uma política fiscal que permitiu o país investir em infra-estrutura, além de contar com instituições públicas confiáveis.
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Mas as estrelas do ranking são os países nórdicos. Além da Finlândia, Suécia, Dinamarca, Islândia e Noruega aparecem entre os dez primeiros colocados. López-Claros ressaltou que os países da região contrariam a idéia de que carga tributária elevada implica em perda de competitividade. O uso eficiente dos recursos arrecadados os torna muito competitivos, assim como a adoção de políticas macroeconômicas sólidas e a existência de instituições públicas transparentes e com pouca corrupção.
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Já no Brasil, a carga tributária elevada é vista como um fardo pelos empresários, que vêem fortes desperdícios dos gastos públicos. Nos itens extensão e efeitos da taxação e eficiência do sistema tributário, o Brasil aparece no último lugar.
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O relatório do Fórum mostrou ainda que o Brasil também foi mal no Índice de Competitividade de Negócios, que leva em conta fatores microeconômicos, como a sofisticação empresarial e a qualidade do ambiente negócios no país. Nesse indicador, liderado pelos EUA o país recuou do 37º para o 49º lugar. No Índice de Competitividade Global, que deverá ser o principal indicador do Fórum nos próximos anos, o Brasil ficou em 57º, oito abaixo de 2004.
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