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Friday, November 25, 2005

Colômbia e suas organizações subversivas: dos ideais revolucionários aos "burros-bomba"

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A guerrilha na Colômbia

por Carlos I.S. Azambuja em 25 de novembro de 2005
Resumo: Um quadro completo das forças irregulares que atuam na Colômbia, em especial as FARC.
© 2005 MidiaSemMascara.org

Na legislatura de 1949 os liberais, que detinham a maioria no parlamento colombiano, ante a onda de violência e a política de “sangue e fogo” do presidente Ospina Perez, aprovaram uma lei antecipando as eleições que deveriam realizar-se em 1950, para novembro de 1949.

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O governo reagiu, aumentando a repressão e desencadeando uma ofensiva dos chamados conservadores contra os liberais. Inclusive, quando os liberais realizaram uma manifestação de seu candidato a presidente – Dario Echandia, até pouco antes ministro do governo Ospina Perez – a polícia disparou contra os presentes matando o irmão de Echandia. Ante essa situação, os liberais decidiram retirar-se das eleições e deixaram os conservadores concorrendo sozinhos com seu candidato, Laureano Gomes. Os comunistas, ligados aos chamados liberais, igualmente decidiram pelo boicote eleitoral.

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Nesse contexto, um setor liberal dirigido por um político de nome Plínio Mendonça Neira, juntamente com os comunistas do Partido Comunista Colombiano, decidiram organizar uma resistência armada contra o governo surgindo daí as primeiras guerrilhas e a verdadeira origem da luta guerrilheira na Colômbia.

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A luta rapidamente se estendeu a distintos lugares no período de dezembro de 1949 a julho de 1953. Surgiram diversos focos armados que se transformavam em guerrilha na medida em que eram atacados pela Polícia e Exército. Em decorrência, na região de Tolima surgiu o hoje legendário guerrilheiro Pedro Antonio Marin, também conhecido como “Manuel Marulanda Vélez” e “Tirofijo”, então um jovem agricultor.

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Em 13 de junho de 1953 ocorreu um golpe militar, assumindo o poder Rojas Pinilla que passou a ser apoiado pelos liberais, ao contrário do Partido Comunista Colombiano que se manteve na guerrilha. Tais decisões deram fim a essa primeira etapa do movimento guerrilheiro colombiano.

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No Sul de Tolima, entretanto, o Exército conseguiu o apoio dos antigos guerrilheiros liberais para combater a guerrilha comunista e lançou uma grande ofensiva para aniquilar os guerrilheiros de “Tirofijo”, que se retiraram, iniciando assim uma guerrilha de movimentos.

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Em 8 de junho de 1954, em Bogotá, uma manifestação estudantil foi reprimida pelo Exército e pela polícia matando 19 estudantes. Ao final desse ano teve início uma grande ofensiva militar contra a região de Villarica, onde os guerrilheiros de Tolima se haviam refugiado, dando início ao que se denominou de segunda fase da luta guerrilheira que se estendeu a várias regiões vizinhas. A partir de então, quem dirige efetivamente a luta é o PC Colombiano e a guerrilha, restrita às áreas rurais, passou a representar um fator de peso na vida nacional.

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Os partidos liberal e conservador decidiram por um plebiscito, realizado em novembro de 1957, a fim de criar um sistema de governo que denominaram de “responsabilidade compartilhada”, no qual a metade do governo seria liberal e a outra metade conservadora. Isso se estenderia ao Congresso que também seria metade liberal e metade conservador. Quanto ao presidente, um partido teria a presidência por 4 anos e o período seguinte corresponderia ao outro partido, e assim seguiria a rotação. Com a vitória no plebiscito, sob a alegação da “busca da paz”, o chamado “sistema paritário” começou a funcionar, sendo eleito presidente o liberal Alberto Lleras Camargo, em cujo governo surge o fenômeno do bandoleirismo. Ou seja, antigos guerrilheiros liberais se transformam em bandos armados que dedicam-se a atos de depredação e ataques a fazendas, para saqueá-las. A partir daí, o movimento guerrilheiro do PC retomou as armas.

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Graças a um artigo constante do plebiscito realizado em novembro de 1957, segundo o qual “todas as modificações introduzidas na Constituição nos últimos anos passariam a ser consideradas nulas”, o Partido Comunista que em uma dessas modificações havia sido tornado ilegal foi, da noite para o dia, tornado legal e reabriu suas sedes.

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No período presidencial de Alberto Lleras Camargo ocorre o triunfo da revolução cubana, o que provocou um enorme entusiasmo nos setores estudantis, operários e camponeses. A guerrilha se agitou e, ao final do governo Lleras foi realizado pelo Exército um ataque a uma região camponesa – Marquetália – dominada pela guerrilha e logo a seguir um outro, em 1964, tão logo o político conservador Guillermo Leon Valencia – considerado “mais reacionário” - sucedeu Lleras Camargo.

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Ante o anúncio de uma outra ação contra Marquetália, os comunistas, com o apoio dos parlamentares liberais, protestaram politicamente e foi nesse momento que teve início um grande debate nacional, surgindo na cena política o sacerdote da igreja católica Camilo Torres Restrepo que se dispôs a ir a Marquetália a fim de mediar o conflito, sendo proibido por seu superior, Arcebispo de Bogotá, o que fez com que Camilo Torres rompesse com a hierarquia.

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Nesse ínterim foi desfechado o ataque do Exército contra Marquetália, fazendo com que os guerrilheiros se retirassem do local. Esse ataque é considerado como tendo dado origem às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – até então denominadas “Bloco Guerrilheiro Sul” - e, a partir daí, a guerrilha se estendeu a outras regiões do país. O Partido Comunista todavia, manteve-se na legalidade, impossibilitado assim, de dirigir a guerrilha, mesmo porque ela possuía sua própria dinâmica, sua própria direção e seus comandos operativos.

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Entrementes, surgiu dentro do Partido Liberal um grupo dissidente que passou a lutar contra o sistema paritário – a tal “responsabilidade compartilhada” -, propondo a volta da antiga democracia representativa, considerando que a alternância governamental entre dois partidos era vergonhosa. Esse grupo era dirigido por Alfonso Lopez Michelson que constituiu o Movimento Revolucionário Liberal (MRL), que proclamava a solidariedade com a revolução cubana, transformando-se, assim, automaticamente, em um aliado do PC Colombiano.

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Mais adiante, surgiu um novo movimento guerrilheiro, o Exército de Libertação Nacional (ELN), constituído por jovens colombianos que haviam ido a Cuba receber treinamento armado. Viram o exemplo da revolução cubana e pretendiam fazer algo semelhante na Colômbia. O ELN se organiza ao Norte do país, no Departamento de Santander.[*]

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Teve início então, uma espécie de rivalidade entre o ELN e as FARC, no sentido de que representavam dois estilos distintos: as FARC eram uma organização puramente camponesa, composta por camponeses e peões agrícolas, enquanto o ELN tinha uma base estudantil: era integrada majoritariamente por estudantes que decidiram tomar o caminho da guerrilha. Outro aspecto da rivalidade foi o fato de que o ELN se proclamava representante da revolução cubana e acusava as FARC de serem apenas uma organização de autodefesa.

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A partir de 1964, apesar dos constantes ataques do Exército e da Polícia, o ELN e as FARC se sustentaram e cresceram.

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Camilo Torres, depois de sua intenção de ser mediador em Marquetália, se destacou com suas ações políticas na Universidade e propôs a fundação de uma frente única com uma ampla plataforma: a Frente Unida de Movimentos Populares, recebendo imediatamente, esse projeto, o apoio dos comunistas, pois em qualquer situação, seja qual for o país, sejam quais forem as famosas condições objetivas e subjetivas, os comunistas sempre lutam pela construção de uma Frente. Essa Frente Unida logo se transformou em um movimento de massas e as viagens de Camilo a várias partes do país eram verdadeiros acontecimentos populares, sempre acompanhado pelos comunistas do partido comunista ortodoxo, pelos comunistas seguidores de Mao-Tsetung e pelos liberais de esquerda. Os comunistas consideraram que desde essa histórica campanha de Camilo, os cristãos e boa parte do clero da igreja católica passaram a ter um importante papel na revolução colombiana. Parece que Camilo Torres morreu sem entender nada disso...

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O trabalho dos maoístas cresceu rapidamente e como falavam de luta armada e de que o poder nasce do fuzil, logo organizaram a sua guerrilha fundando o Exército Popular de Libertação (EPL) na região de Córdoba. Paralelamente, o padre Camilo Torres ingressou na guerrilha do ELN, uma vez que essa organização sustentou que Camilo abandonasse a vida pública e se integrasse à guerrilha, pois estava “queimado” pela prisão, pelos militares, de um “correio” da organização com correspondência comprometedora a seu respeito. A partir daí, a Frente Unida praticamente desapareceu. Camilo Torres foi mandado a Cuba em janeiro de 1966 a fim de participar da Conferência Tricontinental e, no regresso, um mês depois, em 16 de fevereiro, morreu em combate. O Partido Comunista sempre defendeu a versão segundo a qual Camilo, um sacerdote, foi assassinado pela decisão do ELN de incorporá-lo à guerrilha como um simples combatente e com a tarefa de conquistar seu próprio fuzil, uma vez que era norma que cada guerrilheiro deveria conquistar sua própria arma.

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Em 1968, finalmente, foi tornado sem efeito o chamado sistema paritário com uma reforma na Constituição que determinou que, a partir das eleições de 1970, esse sistema de alternação mecânica de presidentes terminaria. No entanto, todos os partidos que vieram a ser fundados na Colômbia em decorrência dessa reforma, fracassariam, sobretudo quando chegavam as eleições, sempre dominadas pelos Partidos Conservador e Liberal.

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O Movimento 19 de Abril, por sua vez, nasceu no interior da Aliança Nacional Popular – ANAPO - em 1973, um partido que reunia conservadores e liberais, fundado pelo general Rojas Pinilla. 19 de Abril foi o dia em que foram realizadas as eleições presidenciais em que Rojas Pinilla disse ter sido eleito, mas que foi roubado. O M-19 surgiu como o braço armado da ANAPO, dirigido por ex-dirigentes da Juventude Comunista colombiana.

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Essa foi a época do apogeu do Movimento Tupamaros, no Uruguai, que concorreu para a radicalização desses jovens do M-19. Na ANAPO havia uma grande quantidade de militares ligados a Rojas Pinilla que logo se integraram ao M-19.

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A primeira ação do M-19 foi o roubo da espada de Bolívar de um museu e, a seguir, partiram para ações mais audazes, das quais a mais famosa foi o roubo de armas de um quartel do Exército em Bogotá: construíram um túnel e roubaram 3 mil armas desse quartel. Isso já no governo do liberal Julio César Turbay que aceitou o Tratado de Extradição dos Narcotraficantes

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A linguagem utilizada pelo M-19 era uma linguagem nova para os padrões das guerrilhas, pois a organização não se proclamava marxista e sim nacionalista e opta, no início, pela guerrilha urbana. Todavia, depois do roubo das armas passaram a sofrer uma terrível repressão por parte do Exército e se retiraram para uma região indígena do Departamento de Cauca. Mais tarde, no final dos anos 80, o M-19 renunciaria à luta armada e se transformaria em um partido político tradicional.

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Em setembro de 1987 foi constituída a Coordenação Guerrilheira Simon Bolívar (CGSB) e se adotou uma declaração conjunta destinada a coordenar as ações militares guerrilheiras, marcando uma nova etapa do movimento guerrilheiro, sem nunca chegar, no entanto, a unificar o ELN e as FARC que continuaram atuando apesar da maior ou menor repressão dos governos que se sucederam.

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Entretanto, além das organizações guerrilheiras abordadas nesta matéria, na Colômbia foram criadas – e algumas ainda existem – muitas outras organizações e grupos de fachada:

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- A Luchar, constituída em 1984;

- MAS-Movimiento Anti-Seqüestradores, uma espécie de “Esquadrão da Morte”, constituído em 1986;

- MIR-PATRIA LIBRE – Movimiento de Izquierda Revolucionária Patria Libre, surgido em 1975;

- MPL-Movimiento Paz y Libertad, movimento de orientação maoísta que logo se integraria ao grupo A Luchar;

- PRT-Partido Revolucionário de los Trabajadores;


- PST-Partido Socialista de los Trabajadores, grupo trotskista que também se integrou ao A Luchar;


- Quintin Lame – Movimento guerrilheiro indígena;


- Unión Patriótica – Frente política surgida em 1985, com origem nas FARC e outros grupos, em aliança com o Partido Comunista;


- UNIR-União Nacional Esquerdista Revolucionária, fundada em 1933 por Jorge Eliezer Gaitán, surgida de uma corrente liberal que adotou as idéias socialistas;


- UNO-Unión Nacional de Oposición, criada pelo Partido Comunista e outros setores de esquerda em 1973;


- PSR-Partido Socialista Revolucionário, criado em 1926;


- MOEC-Movimiento Obrero Estudantil de Colombia, constituído no início dos anos 60 baseado no exemplo da revolução cubana;


- MOIR-Movimiento Obrero Independente, uma cisão do MOEC;


- Ligas Campesinas, criadas pelo Partido Comunista Colombiano a fim de estimular a luta pelo acesso à terra;


- FUAR-Frente Unido de Acción Revolucionária, surgida em 1958;


- CTS-Colectivos de Trabajo Sindical, organização político-sindical marxista que seguia as teses de Camilo Torres. Logo se incorporou ao grupo A Luchar;


- COR-Coordinadora Obrera Revolucionária, setor sindical marxista-leninista que agrupa os funcionários públicos;


- AUI-Acción Unitária de Izquierda, integrada pela União Patriótica, A Luchar e Frente Popular, fundada em setembro de 1988.


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Há que ser feita, também, uma menção às Forças de Autodefesa Unidas da Colômbia.

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As AUC começaram a se organizar ao final do século passado como um bando de assassinos apoiados pelos poderosos cartéis de drogas colombianos. Porém, quando a guerra de guerrilhas se intensificou, as AUC converteram-se em unidades paramilitares de direita, independentes, que matavam camponeses suspeitos de apoiar e colaborar com a guerrilha. Logo essas forças paramilitares se transformaram em um exército de combatentes preparados para a luta que estão diretamente travando enfrentamento com as guerrilhas e ganhando extensas áreas de território.

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As AUC conseguiram um importante grau de respaldo popular entre a classe média da Colômbia. Com 11 mil combatentes e com o respaldo dos proprietários de terras, empresários, cultivadores de coca, as forças paramilitares se expandiram para várias regiões, especialmente as áreas fortes do cultivo de coca no Sul do país.

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O crescimento das AUC pode ser atribuído, em parte, ao fracasso da administração dos sucessivos governos em erradicar a guerrilha ou mesmo avançar nos esforços de paz.

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Carlos Castaño, dirigente das AUC, em duas entrevistas na TV sumamente emotivas no segundo trimestre de 2000, descreveu-se como um protetor da classe dos proprietários de terra e dos trabalhadores de classe média, temerosos de serem seqüestrados. Segundo um professor de Bogotá, "Castaño é o único colombiano que se atreve a atacar as guerrilhas e isso o converte num bom tipo".

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As AUC, graças aos atuais esforços de paz do presidente Álvaro Uribe Velez, vêm sendo progressivamente desmobilizadas e seus membros integrados à vida civil.

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Atualmente, as FARC e o ELN, embora constem da lista de organizações terroristas elaborada pela Organização dos Estados Americanos (OEA), pelo governo dos EUA e pela União Européia, não mais são consideradas organizações guerrilheiras e sim uma reles bandidagem revolucionária. Uma multinacional do crime organizado. Esqueceram os ideais pelos quais foram constituídas, de conseguir uma mudança em favor dos oprimidos e dos explorados e se transformaram numa organização narcoguerrilheira, embora sem deixar de realizar seqüestros de pessoas, assaltos e explodir carros-bomba, bicicletas-bomba e até burros-bomba.

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Como escreveu o dr Ramiro Anzit Guerrero, - presidente del Centro Argentino de Estudios sobre Terrorismo (CAET), especialista en Contraterrorismo, consultor de
KLA - BE news.com., as FARC são o grupo terrorista mais poderoso da Colômbia e dominam 40% do território colombiano com a seguinte estrutura:

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ESQUADRA – unidade básica, composta por 12 homens;

GUERRILHA – duas Esquadras (48 homens);

COMPANHIA – duas Guerrilhas (96 homens);

COLUNA – duas Companhias (192 homens);

FRENTE – mais de uma Coluna (mais de 384 homens);

e BLOCO – 5 ou mais Frentes (mais de 1720 homens).

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Em 2002 as FARC operavam através de pelo menos 105 Frentes organizadas em 1.050 municípios (Fontes: Grace Livingstone, Inside Colombia (London: Latin American Bureau, 2003), 8; James F. Rochlin, Vanguard Revolutionaries in Latin América (London: Lynne Reinner Publishers, 2003), 99; FARC-EP, FARC-EP Historical Outline (Toronto: International Commission, 2000), 14; Jesus Bejarano Ávila, Camilo Enchandia, Rodolfo Escobedo & Enrique Querez, Colombia: Inserguridad, Violencia y Desempeño Económico en las Areas Rurales (Bogotá: Universidad Externado de Colombia, 1997), 133; Timothy Wickham-Crowley, Guerrillas & Revolution in Latin America (Princeton, N. J.: Princeton University Press, 1992), 109-10; Jorge P. Osterling, Democracy in Colombia (Oxford: Transaction Publishers, 1989).

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Considerando que as FARC têm cerca de 105 Frentes, a uma média de 300-600 insurgentes por Frente, isto resulta no total conservador de 46 mil combatentes.

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As FARC possuem militantes que se intitulam membros do Departamento Internacional, desde a Argentina até o México, passando pelo Paraguai e Honduras. Nesses países mantêm vínculos com membros de grupos de pressão de extrema esquerda e, em muitos lugares, realizam juntamente com o chamado crime organizado, atividades ilícitas como seqüestros, tráfico de drogas e contrabando de armas, além de inserir seus simpatizantes dentro de grupos sociais e de pressão. O Departamento Internacional das FARC tem representantes na União Européia, Japão, Austrália, México, Canadá, EUA, Honduras, Costa Rica, Panamá, Cuba, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Argentina, Chile e Brasil, isso apesar de ser considerada pelos EUA, OEA e União Européia uma organização terrorista!

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Um dos chefes máximos das FARC, “Raul Reyes” (Luiz Antonio Devia), declarou em entrevista à Folha de S. Paulo de 27 de agosto de 2003: “As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais”. Folha: “O senhor pode nomear as mais importantes?”

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Reyes: “Bem, o PT e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas”.

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Folha: “Quais intelectuais?”

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Reyes: “Emir Sader, frei Betto e muitos outros”.

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Em uma outra entrevista, definindo a “política de fronteiras das FARC”, “Raul Reyes” assinalou que “a política de fronteiras das FARC consiste no compromisso de não realizar operações militares fora das fronteiras colombianas. Sem renunciar à construção e consolidação de relações com organizações políticas, sociais e populares de diversos países, incluídas suas autoridades governamentais”.

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Essas relações, inclusive com autoridades governamentais, são enormemente facilitadas pelos contatos estabelecidos pelos membros do Departamento Internacional, bem como dentro do
Foro de São Paulo, do qual as FARC e o ELN são membros. Mas essa é uma outra história...

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[*] Nota editoria MSM: o ELN chegou a receber cerca de 3 milhões de dólares anuais, a título de "pedágio", pagos pela empresa petrofífera Occidental Petroleum, para não atacar o oleoduto da empresa que passava pela região onde os terroristas operavam. Toda a operação foi autorizada pelo proprietário da Occidental, o empresário americano Armand Hammer, antigo agente e contato da URSS nos EUA. Graças ao dinheiro pago por Hammer, o poderio do ELN foi consideravelmente aumentado durante a década de 1980, conforme o publicou o jornalista Edward Jay Epstein em seu livro Dossier Armand Hammer.

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Carlos I. S. Azambuja é historiador.

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