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a.h

Wednesday, November 16, 2005

França: as raízes do Mal

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A violência em Paris e a correção política

por Norma Braga em 07 de novembro de 2005
Resumo: Ao fazer como os jornais franceses e omitir a origem muçulmana dos autores do levante em Paris, a mídia brasileira contribui para reforçar o mito da pobreza como a causa da violência e esconde o papel do radicalismo islâmico no processo.
© 2005 MidiaSemMascara.org

No Brasil já virou lugar-comum: a maior causa da violência é a pobreza. Tal conclusão, porém, não é privilégio dos brasileiros. Na França, onde o pensamento politicamente correto também é lei, a maioria dos jornais não cessa de justificar com a desigualdade social os recentes levantes em massa dos jovens da periferia de Paris, invariavelmente de origem islâmica, que há dias incendeiam carros e ônibus (até hoje, mais de mil veículos depredados), destroem casas, escolas e prédios públicos, e ainda cometem bárbaros assassinatos, entre os quais o do chefe de família morto a pauladas (seu crime: ter parado para tirar uma foto em um dos subúrbios) e o da senhora deficiente em um ônibus que, encharcada de gasolina e finalmente incendiada, acabou sendo salva por um motorista - ironicamente, um Mohammed. Imigrantes das periferias, todos esses jovens estariam fazendo isso apenas por serem oriundos de bairros pobres, por não terem acesso a boas casas nem a bons empregos, por serem alvo de xenofobia pela população local – por serem "excluídos", em suma? Difícil de crer.

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Nenhuma dessas análises superficiais leva em consideração a cultura separatista que permanece intocada para muitos integrantes desses grupos, que constituem verdadeiros "guetos" nas periferias e se mantêm resistentes à assimilação, tendo chegado ao país estrangeiro com o coração impregnado de desprezo ou ódio contra os "infiéis". Até mesmo o jornal Le Figaro se nega a ver no Islã qualquer participação direta nos eventos, afirmando a ausência de ligações imediatas entre as mesquitas francesas e os jovens delinqüentes. No entanto, se as organizações religiosas locais parecem estar inocentes, outras instâncias demonstram o que não é segredo para ninguém: o presidente da Liga Árabe-Européia, Dyab Abou Jahjah, preso em 2002 por incitar religiosos islâmicos a levantes na Antuérpia, declara que "assimilação é estupro cultural. Equivale a renunciar a sua identidade, tornando-se como os outros". Seria leviandade pressupor que tal sentimento não seja partilhado por muitos daqueles jovens. Ora, se integrar-se à cultura do país de acolhida é "estupro", o que será então vilipendiar essa acolhida com assassinatos e destruição? Ainda ecoa nas memórias o triste caso de Theo Van Gogh, cineasta morto ano passado em seu próprio país, Holanda, como vingança ritual pela realização de Submission – um curta-metragem que denuncia as brutalidades cometidas contra as mulheres nos países islâmicos e mostra imagens de versos do Corão desenhados em seus corpos. O descendente do famoso pintor teve a cabeça quase totalmente arrancada do pescoço em plena luz do dia, e seu carrasco, cidadão holandês de origem marroquina supostamente "bem integrado", fez questão de deixar claro que seus motivos não eram socioeconômicos nem raciais, mas religiosos. Até hoje os holandeses têm medo não só de passar o filme, mas de dizer qualquer coisa em público sobre o islamismo. Nada indica que esse silêncio forçado está longe de se impor na França. Estarão contados os dias de democracia no continente europeu?

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Enquanto isso, aqui no Brasil a ignorância geral sobre tais fatos persiste, assim como o mito enfeitado da pobreza como "causa" preferencial da criminalidade. O brasileiro adere em massa ao pensamento politicamente correto para explicar a violência porque não há outro à vista para substituí-lo. Assim, seja pelo tráfico nas favelas do Rio, seja pelo vandalismo nas ruas de Paris, a culpa nunca é dos grupos – muitas vezes organizadíssimos – que praticam tais atos, mas dos "outros" (o capitalismo, as "elites", os países ricos, os grandes empresários) que os deixaram mais pobres. E isso tem impedido a adoção de medidas coercitivas ou punitivas para inibir tais crimes. Uma mentalidade paralisadora vai se formando, permitindo aos poucos a implantação da atmosfera em que se respira a Nova Ordem Mundial: o totalitarismo da vítima, mecanismo que permite justificativas sem fim para as agressões de quem se crê vitimado, o que automaticamente o inocenta dos crimes que cometeu ou possa cometer. Não vejo como explicar de modo mais resumido o conceito de René Girard.

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É constrangedor constatar que os pobres brasileiros e europeus que não roubam, não matam, não depredam a cidade nem participam do tráfico são, ou xingados junto com os outros, ou vistos como "os oprimidos que não reagem". Pobres honestos existem, ao contrário do que nos querem impingir. Mas, ao fazer como os jornais franceses e omitir a origem muçulmana dos autores do levante, a mídia brasileira contribui para reforçar o mito da pobreza como a causa da violência e não toca no cerne da questão, impedindo os leitores de especularem sobre a correlação entre os levantes e o radicalismo do Islã. Em pesquisa na internet, somente um dos jornais on line tangencia a questão, mas de forma superficial, ao mencionar que os protestos “provavelmente contam com o apoio de traficantes e ativistas islâmicos”, sugerindo textualmente a atribuição da mesma cota de responsabilidade a duas organizações de natureza tão diversa. A reportagem termina de modo decepcionante, com um político insinuando que a culpa está no fracasso do governo. Claro, assim como no Brasil, ele está falando de políticas de esquerda que nunca são de esquerda o suficiente.

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No entanto, essa mesma esquerda é a grande mentora do multiculturalismo que, longe de ser realmente igualitário, tem cultivado por décadas no espírito do francês o desdém por sua própria cultura, assim como são de inspiração marxista teorias verdadeiramente macabras, como a onipresença da “vontade de poder” em Foucault ou o desconstrucionismo de Derrida. Depois de tanto tempo fazendo política sob essa maçaroca destrutiva de idéias, não é de admirar que o francês reaja com impotência e culpa diante daqueles que, movidos pela consciência insultada da “vítima”, transformam-se em ferozes joguetes de uma ideologia religiosa que tem como imperativo, em vez do amor cristão ao semelhante, a punição de morte aos inimigos da fé.

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