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a.h

Monday, June 04, 2007

Parceria público-privada



O debate contemporâneo sobre desenvolvimento local e regional outorga grande destaque ao papel dos clusters industriais, ou aglomerações produtivas setorialmente especializadas. Sua importância é principalmente reconhecida quando, além de economias externas e tecidos institucionais "espessos" e ativos, essas estruturas ostentam forte cooperação, atributos que favorecem a aprendizagem, a inovação e, a reboque, a competitividade. Salientados nos estudos que focam a indústria, esses aspectos passaram a ser explorados também em abordagens sobre realidades rurais, em derivação na qual desponta a noção de Sistema Agroalimentar Localizado (SAL). Essa noção é fonte de inspiração deste artigo, cuja concepção tem duplo objetivo: apresentar a problemática dos SAL e utilizar os respectivos termos analíticos como "chave de leitura" sobre a maricultura de moluscos em Santa Catarina, estado de grande expressão nesse setor.

Pois é, como se vê no organograma acima, o projeto de maricultura praticamente não tem associação com o capital privado, exceção feita à Univale. Por isto mesmo fiquei surpreso com a notícia abaixo, quase não acreditei. Mas, preparem-se: não vai demorar muito para alguém dizer que isto é "o início de um programa de privatizações das universidades públicas"... O que não vai adiantar, pois hoje em dia não há mais orçamento com folga, o controle inflacionário acabou com a emissão de moeda à vontade.

Parceria com a Natura dá a partida ao Núcleo de Inovação da UFSC

Um contrato firmado nesta segunda-feira (04) com a fabricante de cosméticos Natura marcou o início das operações do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dirigido pelo professor Luiz Otávio Pimentel, o NIT pretende gerenciar as pesquisas desenvolvidas na Universidade, aproximando investidores privados e zelando pela propriedade intelectual. “Queremos acabar com alguns mitos, como o de que a busca pela propriedade intelectual significa a privatização da universidade pública. Não podemos confundir bem público com coisa sem dono”, declara Pimentel.


O contrato com a Natura, por exemplo, foi firmado em sigilo pelo professor João Batista Calixto, da Faculdade de Farmácia da UFSC. O acordo vai autorizar a empresa a industrializar um produto desenvolvido pelo professor Calixto a partir de novos insumos naturais para o tratamento da pele e cabelos. A tecnologia se encontra em fase de obtenção de patente. “Em um mês, vamos estar com ela certificada e pronta para ser produzida”, adianta Daniel Gonzaga, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Natura. “Este é um momento importante. Só lamento que tenha levado 32 anos para acontecer”, garante o professor. Segundo ele, mais de 30 projetos tramitam no Núcleo, atualmente, em regime de parceria com empresas privadas.

(Júlia Pitthan)


Links relacionados:

Natura

UFSC

(http://amanha.terra.com.br/ - Newsletter diária n.º 968 - 04/06/2007)

2 comments:

Anonymous said...

não entendi o grifo...

INTERCEPTOR said...

Sim Julia,

Em primeiro lugar, eu gostaria de parabenizá-la pelo excelente trabalho que vocês da equipe da Revista Amanhã fazem. Tem me sido de grande valia para análise da conjuntura econômica nacional e internacional.

Antes de responder propriamente a tua pergunta, permita-me outro comentário: que tal se tua revista também se direcionasse para análises políticas? Me refiro à política em seu sentido genérico, mais abrangente e não a "política miúda" que nós conhecemos através dos partidos. Me refiro assim a uma linha tipo The Economist. Pelo teor do material que vocês publicam, não tenho dúvidas sobre sua capacidade.

Bem, vamos à questão: por que o grifo? No primeiro caso (o grifo em branco) se refere a crítica que o professor da UFSC faz aos que acreditam que qualquer tarefa que vise a interação entre empresa privada e universidade pública se torna uma corrupção dos objetivos desta última, o que é um erro. Não há nada de imoral em associar os dois domínios, o público e o privado. Aliás, tem que se acabar com esta visão estatista de nossas universidades públicas que temem o mercado como se fosse algo demoníaco. No fundo, isto advém de uma tosca visão esquerdista anti-capitalista.

No segundo grifo, em vermelho, se reforça o cuidado que se adota quanto a questão. O próprio professor da Faculdade de Farmácia firma um acordo em sigilo com a Natura. Ora, só mesmo em nosso país e no domínio de fósseis vivos que é a universidade pública para isto ser necessário! Um acordo desses é para ser comemorado com salva de tiros, com foguetório, com festa! É ótimo que a produção científica, intelectual tenha aproveitamento em empresas de porte como a Natura! Se um acordo de tal monta tem que ser firmado em sigilo, isto revela que ainda se tem um enorme preconceito contra ações empreendedoras neste país.

Novamente, obrigado pelas informações que vocês divulgam, estão de parabéns!

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