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a.h

Friday, January 04, 2008

Sobrevoando o expressionismo

Durante a 2ª Guerra do Golfo em 2003, a Arábia Saudita adotou um jogo, no mínimo, complexo. Na retórica se opôs à guerra, mas cooperando abertamente, em alguns casos e, secretamente, em outros. Pior do que isto, só o Brasil durante a Guerra das Malvinas que enviara instrutores de vôo de caças para a Argentina e permitiu o abastecimento de um bombardeiro britânico.
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O fato é que mesmo sem sucessão republicana à 'administração' dos EUA, os americanos podem permanecer por lá indefinidamente, assim como já criaram um governo fantoche. Com todas as letras... A própria Hillary Clinton apóia a defesa externa como se configura atualmente, mas com "mais diálogo". Sim, dialogando com mísseis apontados...
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A posição central do Iraque permite, como é fácil notar, o alcance pelos EUA e RU a qualquer ponto na região, em uma total redefinição geopolítica. A guerra custou muito, mas a tirar pelo que dizem, será um investimento a longo prazo. Isto é o que eu chamo de subsídio, já que o déficit público americano está relacionado à 'aventura'.
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Eu não tinha notado (ingenuidade e cegueira minha) como a Síria é prejudicada com esta ocupação. Com uma Turquia, uma Israel e uma Jordânia como aliadas dos EUA, ela está totalmente cercada. Um mapa temático assim com esta reconfiguração chega a ser um quadro expressionista. Isto sem contar com a frota naval no Mediterrâneo mais a Força Aérea no sul (Iêmen, Qatar e Bahrein). Dominando o Mar Vermelho a partir do Iêmen e o Golfo do Iraque, Bahrein e Qatar, os sauditas "dão e descem". Ou seja, são obrigados a caçarem os waabitas. Só falta redefinir claramente a posição egípcia. O único óbice é o Sudão, mas nada de tão difícil no longo prazo se apoiarem algum movimento meridional anti-Cartum... Uma beleza.
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O problema, como dizem, é o Irã, mais populoso e difícil de intimidar, mas tem o Afeganistão também ocupado. Daí que o Irã também fica cercado. O problema conjuntural é a definição política no Paquistão... A Turquia como tradicional e secular aliada ganha. Ganha também com o possível (em curso) enfraquecimento curdo. Sauditas e iranianos terão que se conformar, mesmo porque sem os EUA, a al-Qaeda poderiam crescer, o que implicaria numa desestabilização de suas instituições com movimentos claramente anti-establishment de seus países. Mas, com a vitória americana, eles também sofrerão pressão em seus sistemas políticos.
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Me parece claro que os EUA não invadiram por causa do óleo: muito mais fácil seria invadir a Venezuela se fosse o caso. Mas, haverá ganhos na reconstrução iraquiana por empresas americanas. Esta sim parece uma preocupação para Teerã e Riyadh, a competição em mercado mais livre na exportação de petróleo. Isto também explica a negativa russa à guerra, pois não há interesse do Kremlin em petróleo mais barato. Se Putin foi eleito o "homem do ano" pela Time, dificilmente o será pela década...

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