Fouad Siniora, premiê libanês.
O governo libanês pode até querer, mas não tem nenhum poder para aquiescer uma ascensão do Hezbollah. Existe a teoria que os americanos encorajam o Líbano a colocar o Hezbollah na defensiva. O problema com a teoria é que os fatos a têm contradito. Outra explicação é que por trás da pressão contra o Hezbollah estão as negociatas entre Israel, Síria e Turquia. O problema com esta outra teoria é que isto não aconteceu.
Se, por um lado, os cristãos, drusos e sunitas não apreciam o Hezbollah, gostam muito menos da ingerência síria. O nacionalismo e sentimento antiintervencionista fala mais alto que clivagens religiosas. Para o premiê Fouad Siniora interessa aumentar o custo da intervenção síria em seu país, chamando a atenção de forças sírias anti-israelenses. O objetivo implícito é prejudicar os acordos entre Síria e Israel. Só assim pode-se entender a atual complacência para com o Hezbollah que, além de ser anti-israelense é xiita, para desgosto dos sunitas sírios.
Os sírios podem estar acostumados com as guerras na região, mas uma guerra civil seria novidade para eles. Estrategicamente, o que Siniora quer, é dividir ainda mais os sírios. Naqueles pagos, tornar-se independente e soberano significa enfraquecer o vizinho até sangrar.
Israel atravessa uma crise política, com seu premiê Ehud Olmert sob investigação por aceitar suborno. Sua defesa é que tomou o dinheiro sem dar nada em troca. Estranho... Então não seriam “suborno”, mas doações? O clichê adotado por seus defensores é que tudo não passaria de uma sórdida campanha de seus opositores para desacredita-lo. Argumento bastante convencional que não foca no problema, mas no mensageiro... Já que falamos deles, os mensageiros ainda alegam que esta é a ponta do iceberg do dinheiro proveniente de fora de Israel – de judeus americanos, em primeiro lugar.
A verdade é que Israel passa por uma crise política e não há sucessor viável para Olmert no momento. Neste contexto, provavelmente nenhum plano mais abrangente para os assentamentos surgirá. Aos israelenses compete lidar com o Fatah e a Síria, manobrar seus interesses no Líbano e redefinir suas relações com os EUA. O que, se não necessita de um completo consenso, precisa menos ainda do atual caos político. A conjuntura, definitivamente, não é conveniente, muito menos estratégica para o governo israelense.
Procurar entender a realidade geopolítica regional como um jogo de cartas marcadas, sem penetrar no interior dos movimentos políticos nacionais e regionais não possibilita o correto entendimento da situação. Mais que estados como agentes históricos, existem partidos, seitas, grupos e estes são compostos por indivíduos, cujos interesses podem fortalecer aqueles... Ou, o que não é raro, enfraquece-los.
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