A Conferencia Inter-religiosa na Arábia Saudita, dia 4 mostrou quão dividido é o mundo islâmico atual. Acusações dos xiitas do Irã e Hezbollah contra os sunitas de “fingirem hostilidade aos EUA” estão entre algumas de suas manifestações. Pois, há que considerar que a rivalidade entre sunitas e xiitas força os primeiros a um alinhamento com os EUA – através da possibilidade de defesa militar mesmo – contra a centralização e força dos segundos no governo iraniano. Internamente, os lideres religiosos sunitas na Arábia Saudita consideram a al-Qaeda uma ameaça nem tanto por razoes teológicas, mas pelo “internacionalismo” do agrupamento religioso que põe em cheque a estabilidade regional dessas lideranças. No meio disto tudo, o dinheiro saudita é o meio de comprar a união religiosa entre os conservadores sunitas, o que faz com que se reduza sua oposição ao “ecumenismo islâmico” de Riyadh. Um complicador adicional reside no Irã que não tem se beneficiado da alta do petróleo como os sauditas restando aos aiatolás o reforço ao financiamento de atividades xiitas no Líbano e da insuflação do Hezbollah.
Se há temor de uma guerra também há o desejo de que a situação favorável do petróleo dure com os US$ 130,00 por barril. Os sauditas sabem que isto não é permanente, só não sabem por quanto tempo ficarão lucrando assim. Se a situação de tensão com o Irã parece insustentável para manter tamanha lucratividade, as tensões têm que ser urgentemente afastadas, nem que seja com uma retórica diplomática religiosa unionista.
O aparente paradoxo dos sauditas reside na manutenção de seu alinhamento defensivo com os EUA ao mesmo tempo em que promovem uma união islâmica. A política saudita parece, portanto, ambígua. Internamente, buscam acalmar os ânimos conservadores antixiitas e contrários ao líder religioso Rafsanjani do Irã e, externamente, apóiam os grupos opositores do Hezbollah. Enquanto o Irã não desafiar os interesses de Riyadh com os lucros do petróleo, o que levaria a acionar o “gatilho yankee”, pode se deixar o país dos aiatolás em “banho-maria”.
Entre os planos de pacificação da região estão o envio de recursos à Síria e ao Líbano. Juntamente, com a Turquia, a Arábia Saudita busca uma estabilidade regional. Os sauditas também encorajam acordos entre israelenses e palestinos – o que pode, indiretamente, favorecer Damasco –, assim como há suspeitas de que estejam exercendo pressão sobre o Hamas. Não há nenhum interesse saudita no desequilíbrio e instabilidade entre Síria e Hezbollah com Israel.
Mas, sua estratégia pacificadora não reside apenas na manutenção de forças estabelecidas: cabe evitar ou eliminar que outras surjam... Os sauditas não querem ver o aumento de poder xiita no Iraque e marginalização dos sunitas no país. Assim como também não é bem vindo, o aumento da hegemonia da al-Qaeda entre os iraquianos. A partir de 2003 com exceção da região curda, o Iraque perdeu muito dinheiro devido à redução da exploração petrolífera e neste ponto é que entra a influencia e apoio saudita. Este súbito interesse pacificador saudita para assegurar a estabilidade regional implica em um reposicionamento em relação à política externa americana, o controle dos seus conservadores religiosos sunitas e uma relação de dissuasão com os xiitas iranianos.
Neste contexto de “diálogo inter-religioso”, cujos interesses por certo não são teológicos, é que tem que se entender a visita do presidente egípcio, Hosni Mubarak a Arábia Saudita na semana que passou. E não é de hoje que o Hamas tem no Sinai uma base de operações logísticas para ataques a Israel... Recentemente, dois egípcios, dois palestinos e um beduíno foram presos por carregarem artefatos militares pelo deserto e, após ser encontrado um esconderijo de mísseis terra-ar no Sinai, Mubarak sinalizou com seu interesse nos acordos de paz entre israelenses e palestinos. Cabe a ele evitar que o radicalismo do Hamas não se estenda ao Egito e permaneça retido na Faixa de Gaza. Com certeza, egípcios e sauditas têm muito a discutir.
Não se trata de um novo alvorecer no Oriente Médio, mas se as negociações de paz através do dialogo inter-religioso não tem suficiente poder, o óleo sim. Se uma paz duradoura e desejável não é possível, ao menos uma maior estabilidade pode durar tanto quanto verter o dinheiro do subsolo.
Se há temor de uma guerra também há o desejo de que a situação favorável do petróleo dure com os US$ 130,00 por barril. Os sauditas sabem que isto não é permanente, só não sabem por quanto tempo ficarão lucrando assim. Se a situação de tensão com o Irã parece insustentável para manter tamanha lucratividade, as tensões têm que ser urgentemente afastadas, nem que seja com uma retórica diplomática religiosa unionista.
O aparente paradoxo dos sauditas reside na manutenção de seu alinhamento defensivo com os EUA ao mesmo tempo em que promovem uma união islâmica. A política saudita parece, portanto, ambígua. Internamente, buscam acalmar os ânimos conservadores antixiitas e contrários ao líder religioso Rafsanjani do Irã e, externamente, apóiam os grupos opositores do Hezbollah. Enquanto o Irã não desafiar os interesses de Riyadh com os lucros do petróleo, o que levaria a acionar o “gatilho yankee”, pode se deixar o país dos aiatolás em “banho-maria”.
Entre os planos de pacificação da região estão o envio de recursos à Síria e ao Líbano. Juntamente, com a Turquia, a Arábia Saudita busca uma estabilidade regional. Os sauditas também encorajam acordos entre israelenses e palestinos – o que pode, indiretamente, favorecer Damasco –, assim como há suspeitas de que estejam exercendo pressão sobre o Hamas. Não há nenhum interesse saudita no desequilíbrio e instabilidade entre Síria e Hezbollah com Israel.
Mas, sua estratégia pacificadora não reside apenas na manutenção de forças estabelecidas: cabe evitar ou eliminar que outras surjam... Os sauditas não querem ver o aumento de poder xiita no Iraque e marginalização dos sunitas no país. Assim como também não é bem vindo, o aumento da hegemonia da al-Qaeda entre os iraquianos. A partir de 2003 com exceção da região curda, o Iraque perdeu muito dinheiro devido à redução da exploração petrolífera e neste ponto é que entra a influencia e apoio saudita. Este súbito interesse pacificador saudita para assegurar a estabilidade regional implica em um reposicionamento em relação à política externa americana, o controle dos seus conservadores religiosos sunitas e uma relação de dissuasão com os xiitas iranianos.
Neste contexto de “diálogo inter-religioso”, cujos interesses por certo não são teológicos, é que tem que se entender a visita do presidente egípcio, Hosni Mubarak a Arábia Saudita na semana que passou. E não é de hoje que o Hamas tem no Sinai uma base de operações logísticas para ataques a Israel... Recentemente, dois egípcios, dois palestinos e um beduíno foram presos por carregarem artefatos militares pelo deserto e, após ser encontrado um esconderijo de mísseis terra-ar no Sinai, Mubarak sinalizou com seu interesse nos acordos de paz entre israelenses e palestinos. Cabe a ele evitar que o radicalismo do Hamas não se estenda ao Egito e permaneça retido na Faixa de Gaza. Com certeza, egípcios e sauditas têm muito a discutir.
Não se trata de um novo alvorecer no Oriente Médio, mas se as negociações de paz através do dialogo inter-religioso não tem suficiente poder, o óleo sim. Se uma paz duradoura e desejável não é possível, ao menos uma maior estabilidade pode durar tanto quanto verter o dinheiro do subsolo.
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