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a.h

Friday, May 23, 2008

Jogo sírio


A Turquia, aliada dos EUA, membro da OTAN não tem interesse nos acordos de paz entre Israel (igualmente aliada americana) e Síria. Não há interesse em uma Síria estável e seu estado fortalecido na fronteira meridional turca. Não há interesse em um novo concorrente regional. Com o crescimento militar turco e a concentração americana no Iraque, um vácuo de poder surgiu na Ásia do Levante, o qual os turcos querem preenchê-lo. E não nos enganemos com justificativas a partir de disputas regionais pretéritas, o envolvimento turco na diplomacia regional é apenas o primeiro passo de uma longa série de ações do que está por vir.

A Síria tem interesse nos planos de assentamentos de Israel. A minoria étnica alauita que governa Damasco é um movimento secular que tem maior afinidade com o Fatah do que com o Hamas (ambos sunitas, porém distintos politicamente) ou com o Hezbollah (xiita). A maioria religiosa sunita do país não determina, portanto, as ações do governo sírio. Não se trata de religião, no sentido etéreo da palavra, mas simples Razão de Estado.

Em que pese a insatisfação geral dos sunitas com o governo sírio, os interesses de Damasco se concentram muito mais na riqueza afluente do Líbano do que em Israel. Dinheiro puro e simples e, não fé é que ditam as regras. Neste contexto, o apoio ao Hezbollah é casual, não uma “ligação carnal”. Damasco joga com todas as fichas disponíveis, não só apoiando os xiitas do Hezbollah, como envia armas aos jihadistas sunitas. Os Assad são políticos habilidosos, mas em que pesem suas táticas para contrabalançar Israel, não têm estratégia visível (ao menos, por enquanto) para lidar com os turcos. E estes não têm uma receita pronta e fácil: se não querem estados fortes, tampouco desejam o caos em sua fronteira sul.

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