Em que pese também o dissenso interno aos sírios, por razões complexas (proximidade étnica, oposição aos EUA e Israel), a Síria apoiou os sunitas na Guerra do Iraque. Se o fundamentalismo sunita se opõe ao secularismo alauita, um fundamentalismo oportunista capitaneado por Damasco seria uma alternativa razoável frente à composição de forças em curso. E aos EUA caberá forçar os sírios a sair do Líbano.
Após os equívocos de Israel no Líbano, os sírios têm se tornado a força dominante no país. A Síria por seu turno criou uma estrutura que estabiliza os arroubos de violência no Líbano, controlando o Hezbollah em seus ataques contra seus aliados no Líbano (muitos dos quais, se opõem ao Hezbollah) e a própria Israel.
Por mais paradoxal que possa parecer, a presença síria no Líbano garante uma estabilidade à Israel e os israelenses não querem a destituição do regime Assad. Ruim com eles, pior sem eles é o que passa na mente dos israelenses. A presença síria no Líbano, apesar de incômoda, é uma garantia a mais pela estabilidade do país. Sim, Israel deseja, sobretudo, o controle do Hezbollah.
Aqui temos, então, um ponto de tensão entre Israel e os EUA, especialmente difícil de entender para aqueles que vêem uma “ligação carnal” entre os dois países, uma dependência e comunhão total de propósitos, o que não passa de mito. Os EUA, por sua vez, preparam-se para punir os Assad por sua interferência no Iraque, o que trará mais instabilidade política à região. Mas, o real perigo na região reside numa possível sucessão síria com fundamentalistas sunitas, uma vez que Damasco os ajudou. Aí é que está o problema.
Para os turcos, este arranjo informal entre Israel e Síria é fraco. Não é a primeira vez que Israel adota esta política. Aliás, já fez o mesmo com o Egito e a Jordânia... No caso específico da Síria, não há como suportar a pressão americana. Para os turcos, o reestabelecimento das antigas tensões é que é desejável. E, novamente outro paradoxo aparente, junto aos EUA contra esta configuração de poder está o Hezbollah e o Irã!
Os EUA vêem a Síria como fator de instabilidade regional, cujo currículo no Líbano a condena. Chutar os Assad poderia ser, militarmente, fácil para Washington, mas os avisos sauditas aos americanos têm que ser, atentamente, levados em consideração... Os lucros do petróleo no Iraque passam, atualmente, pelos sunitas. Por isto, não convém desagradar, mesmo que indiretamente, estes novos sócios.
Apesar da Arábia Saudita, desde os 70, ter os sírios como inimigos e verdadeiro pavor da política iraniana e seu apoio ao Hezbollah, não acredita no controle dos xiitas por Damasco. Mais precisamente, os sauditas acreditam que os sírios controlem o Hezbollah contra Israel, mas não conseguem o mesmo contra os sauditas e demais sunitas. E Washington tem que dançar entre os interesses israelenses e a hostilidade saudita para com Damasco. Não pode se errar o passo, embora haja uma tendência predominante em Washington por “vingar” o governo de Bagdá contra o apoio sírio às milícias sunitas no Iraque.
“Vingança”, como redução de poder de um vizinho inconveniente, bem entendido. Afinal, vingança por vingança não traz poder.
Chega-se, ironicamente, em uma convergência de interesses de Washington, Teerã e o Hezbollah contra Damasco. Quem diria? No entanto, apesar do crescimento da força do Hezbollah sob o dissenso estratégico, ele não consegue se estabelecer como força política convencional e alternativa. Para os sírios, ele é conveniente para ser liberado como cão de guarda no momento oportuno. E, quando este momento chegar, romper as amarras que o prendem a Damasco também jorrará sangue.
Para caminhar nesta selva, urge que acordos com Teerã sejam formados antes que o Hezbollah possa se tornar independente do apoio sírio. Mesmo porque, hoje, o apoio de Teerã ao Hezbollah, passa por Damasco, apesar de todas suas diferenças ideológicas. Depois, para Washington ficará mais fácil jogar com Damasco e Teerã. De preferência, um contra o outro.
Após os equívocos de Israel no Líbano, os sírios têm se tornado a força dominante no país. A Síria por seu turno criou uma estrutura que estabiliza os arroubos de violência no Líbano, controlando o Hezbollah em seus ataques contra seus aliados no Líbano (muitos dos quais, se opõem ao Hezbollah) e a própria Israel.
Por mais paradoxal que possa parecer, a presença síria no Líbano garante uma estabilidade à Israel e os israelenses não querem a destituição do regime Assad. Ruim com eles, pior sem eles é o que passa na mente dos israelenses. A presença síria no Líbano, apesar de incômoda, é uma garantia a mais pela estabilidade do país. Sim, Israel deseja, sobretudo, o controle do Hezbollah.
Aqui temos, então, um ponto de tensão entre Israel e os EUA, especialmente difícil de entender para aqueles que vêem uma “ligação carnal” entre os dois países, uma dependência e comunhão total de propósitos, o que não passa de mito. Os EUA, por sua vez, preparam-se para punir os Assad por sua interferência no Iraque, o que trará mais instabilidade política à região. Mas, o real perigo na região reside numa possível sucessão síria com fundamentalistas sunitas, uma vez que Damasco os ajudou. Aí é que está o problema.
Para os turcos, este arranjo informal entre Israel e Síria é fraco. Não é a primeira vez que Israel adota esta política. Aliás, já fez o mesmo com o Egito e a Jordânia... No caso específico da Síria, não há como suportar a pressão americana. Para os turcos, o reestabelecimento das antigas tensões é que é desejável. E, novamente outro paradoxo aparente, junto aos EUA contra esta configuração de poder está o Hezbollah e o Irã!
Os EUA vêem a Síria como fator de instabilidade regional, cujo currículo no Líbano a condena. Chutar os Assad poderia ser, militarmente, fácil para Washington, mas os avisos sauditas aos americanos têm que ser, atentamente, levados em consideração... Os lucros do petróleo no Iraque passam, atualmente, pelos sunitas. Por isto, não convém desagradar, mesmo que indiretamente, estes novos sócios.
Apesar da Arábia Saudita, desde os 70, ter os sírios como inimigos e verdadeiro pavor da política iraniana e seu apoio ao Hezbollah, não acredita no controle dos xiitas por Damasco. Mais precisamente, os sauditas acreditam que os sírios controlem o Hezbollah contra Israel, mas não conseguem o mesmo contra os sauditas e demais sunitas. E Washington tem que dançar entre os interesses israelenses e a hostilidade saudita para com Damasco. Não pode se errar o passo, embora haja uma tendência predominante em Washington por “vingar” o governo de Bagdá contra o apoio sírio às milícias sunitas no Iraque.
“Vingança”, como redução de poder de um vizinho inconveniente, bem entendido. Afinal, vingança por vingança não traz poder.
Chega-se, ironicamente, em uma convergência de interesses de Washington, Teerã e o Hezbollah contra Damasco. Quem diria? No entanto, apesar do crescimento da força do Hezbollah sob o dissenso estratégico, ele não consegue se estabelecer como força política convencional e alternativa. Para os sírios, ele é conveniente para ser liberado como cão de guarda no momento oportuno. E, quando este momento chegar, romper as amarras que o prendem a Damasco também jorrará sangue.
Para caminhar nesta selva, urge que acordos com Teerã sejam formados antes que o Hezbollah possa se tornar independente do apoio sírio. Mesmo porque, hoje, o apoio de Teerã ao Hezbollah, passa por Damasco, apesar de todas suas diferenças ideológicas. Depois, para Washington ficará mais fácil jogar com Damasco e Teerã. De preferência, um contra o outro.
No comments:
Post a Comment