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a.h

Sunday, June 20, 2010

O desencanto esquerdista


Nos anos 70 e 80 cansei de ouvir que "a direita é vitoriosa porque lê a esquerda", enquanto que o contrário não ocorre. Bem, acho que estamos numa situação distinta, mas não oposta: na verdade, ninguém está lendo o rival como devia. Esta entrevista que me dei ao trabalho de ler e pontuar é esclarecedora de como o modelo político da esquerda está distante para os próprios parâmetros desta. O que não quer dizer, bem entendido, que estejamos em uma posição confortável... Não, longe disto! Mas, sim que o que ocorre é algo distinto dos tipos-ideais de direita e esquerda. Então, nossos marcos teóricos têm que ser revistos para que possamos entender o que se passa.

Minhas notas seguem abaixo.

a.h
...
 
Vitória da direita no Chile, crescimento conservador na Argentina, fortalecimento da oposição e crise do chavismo na Venezuela. A isso, soma-se o aumento da intervenção dos Estados Unidos na América Latina. Esse é o cenário complicado que o venezuelano Edgardo Lander, professor de Ciências Políticas da Universidade Central da Venezuela (UCV) e membro do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso) enxerga para o futuro do continente: "Não há uma situação de otimismo para os próximos anos na América Latina", explica. "As promessas do que foi o momento de deslocamento progressista rumo à esquerda, e o que se supunha que, como conseqüência disso, ia acontecer no continente, numa importante medida, saíram frustrados".
Apesar das enormes conquistas sociais e democráticas dos mais de dez anos de chavismo, o sociólogo também vê, na Venezuela, centralismo de poder e poucas definições do modelo socialista proposto pelo governo de Hugo Chávez. "Vem se reiterando que o modelo socialista venezuelano não é um modelo de estatização total da economia, e por isso há um setor privado que seguirá funcionando. Mas não houve uma definição sobre o que consiste o setor privado. Então, em conseqüência, há uma permanente indefinição a respeito de até onde vai esse processo", comenta[A1] .
Caros Amigos- Como o senhor vê o atual momento político da América Latina?
Edgardo Lander- Muito complicado. As promessas do que foi o momento de deslocamento progressista rumo à esquerda, e o que se supunha que, como conseqüência disso, ia acontecer no continente, numa importante medida, saíram frustrados. Há uma recuperação significativa da direita, uma direita muito agressiva, um tipo de liberalismo conservador muito duro, em diferentes terrenos. Provavelmente vamos olhar com nostalgia a ausência de George Bush porque ele tinha duas virtudes: uma é que era tão absolutamente grotesco, que unificava todo mundo contra ele. A outra é que estava demasiadamente ocupado fazendo guerras pelo mundo para se ocupar da América Latina. O governo Obama já deu demonstrações de que não será assim. O que representa Honduras, as bases militares na Colômbia, as frotas, Haiti.. Há uma intervenção. Em relação à América Latina, nesse pouco tempo, o governo Obama tem sido muito mais negativo do que os 10 anos de governo Bush. Não creio que deve-se desperdiçar demasiadas lágrimas com o governo de la consertacion no Chile, mas de qualquer maneira é a vitória final de Pinochet. O que ele se propôs, como projeto político, a transformação da sociedade chilena, a transformação cultural profunda da sociedade e chegou a tal nível que conseguiu que 20 anos depois as pessoas votassem por um projeto que representa, em boa medida, a continuidade de muita gente dura de Pinochet... É uma coisa bastante forte, com impacto na América Latina. As perspectivas eleitorais na Argentina não são nada boas. Talvez, não haja na América Latina uma direita hoje tão direitosa e facistóide como na Argentina, onde se questiona todos os temas culturais, dos direitos sexuais reprodutivos, o aborto, o papel da Igreja, o questionamento das políticas sociais, toda a política de redistribuição. A direita ganhou as eleições na cidade de Buenos Aires e não há segurança de que um projeto medianamente progressista, pelo menos social democrata tenha continuidade. Na América Latina, o ciclo em direção à esquerda pode estar chegando a seu fim[A2] .
E Brasil e Venezuela?
Os resultados eleitorais do Chile nos demonstram que é possível haver um presidente em exercício com 80% de popularidade e seu partido perder as eleições. Isso poderia acontecer no Brasil. As pesquisas continuam indicando uma extraordinária popularidade de Lula, mas não há garantia que haverá continuidade do governo do PT no Brasil. E isso obviamente tem conseqüências geopolíticas importantes para o resto da América Latina, porque se a direita ganha no Brasil, a situação na Venezuela, Equador e Bolívia se coloca em extremo perigo. Não há uma situação de otimismo para os próximos anos na América Latina[A3] .
Quais são as perspectivas para as eleições na Venezuela neste ano?
As eleições parlamentares na Venezuela são em setembro deste ano. São eleições que se dão em uma conjuntura muito pouco favorável para o governo porque esse ano será muito difícil economicamente. Por vários motivos, mas fundamentalmente porque, como conseqüência da desvalorização do bolívar, haverá um impacto inflacionário importante. A inflação na Venezuela não foi controlada. Temos a inflação mais alta da América Latina, no ano passado foi de 25%, e a desvalorização seguramente vai significar um impacto inflacionário, o qual obviamente tem impactos sobre a capacidade de consumo da população. E isso tem custo político para o governo como para todas as partes. A isso se agrega o fato de que há uma severa crise de eletricidade que, em termos imediatos, explica-se pela seca. 70% do consumo elétrico na Venezuela é gerado por hidroeletricidade. E houve uma severa seca como conseqüência do Niño e as represas estão em um nível alarmante e vão a reduzir o volume de geração de eletricidade para não consumir toda a água que é retida. Isso deu força à oposição venezuelana, que acusa o governo de ser o responsável de não ter feito a manutenção de quadros, não ter feito investimentos em energias geotérmicas, em plantas de geração de eletricidade de outro tipo... E por outra parte, há os problemas não resolvidos, sendo o principal deles a insegurança. Na Venezuela, a insegurança é um problema sério em termos estatísticos e de percepção social de insegurança, que são problemas relacionados, mas diferentes. A taxa de homicídios no país aumentou durante esses anos de forma significativa e a percepção e paranóia em torno da insegurança ocupa um lugar muito importante no cenário do país. E esse é um problema que o governo também não teve capacidade de resolver. Estamos numa conjuntura particularmente complicada para o governo. Se o governo perder as eleições, na assembléia nacional isso seria realmente catastrófico. Isso significa um parlamento que passaria a estar em mãos da oposição[A4] .
Qual a sua avaliação das recentes medidas econômicas de Chávez?
A medida econômica mais importante até agora, neste ano, foi a desvalorização. Como conseqüência de ser um país petroleiro, a Venezuela tem tido, historicamente, uma moeda supervalorizada, porque tem como conseqüência um mercado grande para sua principal produção que é o petróleo, e preços que historicamente tendem a crescer. Desde a década de 30 do século passado temos uma moeda sobrevalorizada, e isso gera conseqüências. É muito mais barato comprar coisas no exterior que no país. E é muito difícil exportar, porque o custo de produção internos são, dado a paridade da moeda, muito altos em relação aos preços internacionais. Isso faz com que o país seja altamente dependente de seu único setor efetivamente competitivo que é o petróleo. Houve uma deterioração continuada da capacidade de produção interna. A Venezuela, que foi um país agrícola até a segunda ou terceira década do século passado, passou a ser um país totalmente dependente da importação de alimentos. Hoje, segue importando 70% dos alimentos que consome. Essa paridade da moeda era absolutamente insustentável. Então uma desvalorização era necessária há bastante tempo[A5] . O problema é se a desvalorização está ou não acompanhada de outras políticas que façam com que a desvalorização não se converta simplesmente um mecanismo acelerador de inflação.
As medidas que foram e estão sendo tomadas não mudam a situação da economia interna?
Até agora não. E não está anunciado. Está anunciado um fundo para financiar a produção interna, mas eu pessoalmente acho que há um desequilíbrio entre o impacto dessa medida, que é muito forte, e a relativa debilidade das políticas de impulso da produção. Por outro lado, no modelo de socialismo que se constrói na Venezuela, desde uma proposta social democrata avançada do começo do governo Chávez, a agora, quando ele acaba de se declarar marxista, há uma transição política e ideológica importante, na medida em que o modelo de sociedade e o modelo de socialismo tem sido uma coisa que vem mudando com o tempo[A6] .
O que muda na economia da Venezuela sob o modelo do socialismo do século 21, nos marcos da chamada revolução bolivariana?
A constituição do ano de 99, que é a constituição vigente, não define a sociedade venezuelana como socialista e sim como capitalista social democrata, de Estado de Bem Estar. Dá um peso importante ao Estado, que garante os direitos básicos e gratuidade da educação e da saúde. O Estado é o dono das empresas básicas, é o Estado regulador etc. Mas, além do Estado, define áreas econômicas do setor privado, que fundamentalmente engloba o setor de produção de insumos, de serviços, da economia social, de cooperativas. Sobre a base desse desenho constitucional, vem se modificando o discurso na medida em que se assinala que o modelo é socialista, que é outra coisa diferente. Esse modelo socialista tem obviamente poucas definições. E se vem reiterando que não é um modelo de estatização total da economia, e por isso há um setor privado que seguirá funcionando. Mas não houve uma definição sobre o que consiste o setor privado, quais áreas da economia ficam em mãos do setor privado, quais as relações entre setor publico e privado... Então, em conseqüência, há uma permanente indefinição a respeito de até onde vai esse processo. Quando se propõe um modelo de sociedade sem o setor privado na produção, isso significa um tipo de sociedade. Se, pelo contrário, se propõe que haja um modelo de sociedade mista, isso significa que esse mercado e essas propriedades tem que ter algumas regras do jogo. O que temos nesse momento é que parece que nem está proposto a estatização de tudo nem há um reconhecimento de qual é o papel do setor privado. Então, não há nem uma coisa nem outra. Temos um setor privado que tenta fazer maior negócio possível a curto prazo porque não sabe o que vai acontecer. Especula, especula, tira o maior lucro possível, mas não o investe. Então é uma situação ou de especulação, ou de escassez, não geração de novos empregos. E o setor privado tem sido isso durante esses anos. Diante das medidas de desvalorização e as tentativas de especulação por parte do setores importadores e comerciantes, o governo respondeu dizendo que os negócios que especulem serão expropriados. Então, se aprova uma nova lei que faz isso possível. Uma nova lei que não passa por procedimentos judiciais, nem por procedimentos de uma primeira sanção, segunda sanção, que passa diretamente no momento que o Executivo decida que um negócio está especulando pode proceder diretamente com a expropriação. Baseados nessa lei, expropriaram uma importante cadeia de supermercados, cadeia Exito, de capital colombiano francês. E isso se supõe que é uma espécie de efeito demonstrador: "já sabem o que vai lhes acontecer se não tiverem cuidado e se tentam especular". É um terreno de indefinições. Obviamente todo processo de mudanças tem indefinições, isso é inevitável. Mas se a expectativa é que exista um setor privado produtivo que gere emprego, o Estado tem que dar alguns sinais de que isso existirá. Se o setor privado interpreta que o Estado a qualquer momento vai mudar as regras do jogo, vai expropriar, ele não vai ter uma visão a médio prazo, e muito menos a longo prazo[A7] .
Caros Amigos - O que é o socialismo do século 21 e quais são as diferenças do socialismo do século 20?
Eu não posso ter senão uma perspectiva muito crítica. Se alguém olha para o que foi a experiência do socialismo do século 20, fundamentalmente pensa na experiência soviética e eu creio que pode-se identificar duas áreas principais de fracasso retumbante. O fracasso prático, ou seja, não conseguiram uma sociedade mais democrática, mas sim, uma menos democrática. O fato de que a democracia liberal seja uma democracia manejada por dinheiro não faz com que sua eliminação em si mesma seja mais democrática. E a experiência soviética obviamente terminou em uma experiência não só não democrática, mas de caráter autoritário. Mas, por outro lado, desde o ponto de vista dos desafios que hoje confrontamos como a crise do modelo civilizatório, os limites do planeta, as mudanças climáticas, ou seja, o desafio de construção de um outro padrão civilizatório, é obvio que o socialismo do século 20 não foi a busca de um padrão civilizatório diferente, mas sim a reprodução de um padrão produtivista. Achavam que a União Soviética chegaria ao comunismo no momento em que ultrapassasse os Estados Unidos nos milhões de toneladas de aço e de cimento que produzia. Para mim, as duas perguntas que devem ser feitas a um modelo que se propõe como alternativo ao socialismo do século 20, que se reclama como socialismo do século 21, que supõe-se que quer ser diferente do século 20, são: onde está a democracia e onde estão as transformações civilizatórias[A8] .
Sem isso, não creio que seja possível construir uma alternativa pós capitalista melhor, não sei se socialista ou não. Na Venezuela, lamentavelmente, ocorreu uma brecha geracional muito importante entre a época em que a esquerda viveu a crise do socialismo e o colapso da União Soviética e o questionamento da experiência socialista; e a chegada de Chávez. Ocorreu um vazio histórico, o debate da esquerda desapareceu praticamente e agora chegamos a uma nova situação onde se tenta construir o socialismo do século 21 sem memória, sem história, sem voltar a refletir criticamente sobre o que aconteceu antes e porque passou. E, em consequência, tende a repetir os mesmos erros de estatismo e centralização de poder.
Caros Amigos - E passada mais de uma década de governo Chávez, quais são os principais avanços do seu governo?
O mais importante, sem dúvida, é uma transformação da cultura política, a auto estima, a dignidade popular do povo venezuelano. Isso é uma coisa extraordinariamente importante, e isso aconteceu como consequência de políticas públicas, de promoção de mobilização, de políticas educativas, de saúde, de água, de incentivo de participação popular, e isso é o mais importante. Ocorreu uma melhora nos níveis de vida, de alimentação e saúde do setor popular. Hoje, a Venezuela é o país menos desigual da América Latina, segundo a Cepal. E isso não é pouca coisa. Hoje, o Estado venezuelano recuperou o controle fundamental sobre as reservas petroleiras que estavam em processo de entrega massiva ao capital internacional. Um informe do escritório geológico dos EUA afirma que a Venezuela tem as reservas petroleiras maiores do mundo que chegam ao dobro da Arábia Saudita. Isso é obviamente uma das razões pelas quais há uma agressividade tão grande contra o governo Chávez a nível internacional e por parte das políticas dos Estados Unidos. Então essa área de políticas diretas em relação aos setores populares, o que foram as missões em termos de políticas de alfabetização massiva. O impacto sobre a América Latina, nos processos de Equador e Bolívia, dificilmente poderia ocorrer sem a experiência anterior de Chávez e o apoio político e experiência da reforma constitucional. Isso é algo que faz parte da herança da América Latina hoje. Eu diria que por aí aponta o fundamental.
Os processos de politização ampla dos setores populares. Antes, o tema principal de conversa em qualquer transporte popular ou de classe média era a novela brasileira, e hoje é a política. No entanto, há muitas ameaças de precariedade, de centralismo de poder, de caudilhismo. O fato de que há uma contradição entre as dinâmicas democratizadoras de base e o processo de tomadas de decisões acima. Se as pessoas estão organizadas democraticamente e falam de democracia, ligam a televisão e veem que o presidente diz "está decidido", então, elas pensam "o que nós estávamos discutindo aqui, para que servia? Se na hora da verdade quem decide é outra pessoa e nos inteiramos pela televisão? ". Essa tensão atravessa a sociedade venezuelana hoje. É uma contradição que não está resolvida[A9] .
Caros Amigos - Quais são os principais desafios da chamada revolução bolivariana?
Em primeiro lugar, a democratização. Se não houver processos de institucionalização do processo. Se não há processos nos quais existam dinâmicas coletivas de tomada de decisão que permitam o debate, a confrontação, debates públicos... Chávez declarou que exige lealdade total, porque ele não é um homem, é um povo. Vamos pensar o que significa isso. Quem não está de acordo com Chávez, não está de acordo com o povo. Está negada, de antemão, toda a possibilidade de desacordo, de discussão, de debate, porque ele representa o povo, unitariamente, a totalidade. Então, os problemas de produção, de confrontação com as ameaças imperiais, a subversão da oposição, essas coisas estão aí, e o problema é se há capacidade de responder democraticamente, aprofundando a democracia ou se, pelo contrário, a lógica da ameaça leva a responder com o encerramento do processo de tomada de decisões, que creio que é o pior que pode se acontecer, porque isso mata o processo internamente. Por isso eu acho que a ameaça maior é interna, é do chavismo e não da oposição. Há ameaça da oposição, há ameaça dos Estados Unidos, há a base militar na Colômbia, tudo isso é certo. Mas a principal ameaça é o desgaste do processo como consequência das pessoas irem perdendo a confiança democrática[A10] .
Tatiana Merlino é jornalista
Edgardo Lander: "O ciclo em direção à esquerda pode estar chegando a seu fim"
 
Fonte: Caros Amigos

 [A1]Isto é interessante: enquanto que a direita vê um ininterrupto avanço da esquerda no continente americano, em especial nos países andinos, o que a própria esquerda aqui nota é uma indefinição deste processo de acordo com seus parâmetros utópicos.
 [A2]Quando um analista chega a dizer que alguém como Pinochet ou simplesmente alguém, um indivíduo ocasionou uma “transformação cultural profunda” se percebe o peso do mito nas falsas consciências. Ninguém tem tamanho poder, o que há de fato é um processo de racionalização econômica (que é resultante da ação de vários indivíduos e não apenas um ou um grupo) em torno de um núcleo de propostas pragmáticas.
 [A3]Eh eh, os bonecos estão apavorados. Realmente, eu não tenho esta certeza que acomete muitos direitistas de que as eleições presidenciais no Brasil já estão definidas com Dilma. Um fator de “irracionalidade política” ainda pode sobrevir com a antipatia que causa a candidata em muitos eleitores. Deixando claro que o que eu entendo por ‘racionalidade’ significa a perpetuação do atual assistencialismo brasileiro que eu, pessoalmente, desaprovo. Logo, ‘racional’ para mim não significa o melhor.
 [A4]Muitos liberais e conservadores deveriam ler isto. Mas, como “não perdem tempo lendo o inimigo” ficam criando bonecos de palha que dão uma dimensão errada de seus rivais, como se a esquerda não estivesse degringolando por sua congênita incompetência. E para quem acha que a esquerda se utiliza das mudanças climáticas para disseminar o alarmismo poderia aproveitar para ver como, no caso, o El Niño não foi nada proveitoso para Hugo Chávez... Mas, como um amigo já me alertou, não devo ser muito otimista, pois caudilhos como Chávez costumam se perpetuar no poder às expensas da situação econômica desfavorável. Bem... Basta vermos o que é Cuba...
 [A5]Esta medida permite um aumento das exportações, mas o consumo interno é prejudicado. Ingenuamente, o entrevistado crê que isto baste para se desenvolver uma produção autóctone dos bens importados, como se fosse possível uma substituição de importações de alimentos competitiva, barata sem que se invista numa economia de escala do setor que é, tradicionalmente, feita pelo setor privado.
 [A6]Se confunde muito marxismo com leninismo. Se Chávez fosse o primeiro se empenharia em desenvolver o capitalismo para depois alçar uma revolução. Como ele se aproveita das chamadas “vantagens do atraso” está mais para o segundo caso.
 [A7]Acho que este foi o parágrafo mais inteligente do professor: se o estado venezuelano é social-democrata, as regras devem ser claras para o setor privado investir se sentindo seguro; se for socialista, estatal mesmo, não deve deixar espaço para o capital privado (sob constante ameaça) como o faz.
 [A8]Estão definitivamente fora do marco socialista, mas dizer isto a socialistas é difícil, então o melhor é deixá-los que descubram através de seus fracassos mesmo.
 [A9]E que, acredito, levará a sua derrocada. É uma questão de gerações, quando as próximas não cairão no engodo das antigas. O hiato entre o desenvolvimento de vários países contra o estado fossilizado venezuelano só aumentará e trará problemas aos países fronteiriços.
 [A10]“Perdendo a confiança democrática” ou melhor, criando a necessidade de democracia, coisa que inexiste na Venezuela de hoje se tomarmos por princípio a existência do dissenso.

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