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a.h

Saturday, October 29, 2005

O custo natureza

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O custo natureza



Desastres sucessivos mudam a face de cidades e indústrias de várias regiões do planeta, do Caribe à Amazônia. Por trás de cada um deles está a mão do homem
[tanta certeza assim parece coisa de vidente...]
Por Ivan martins e marco damiani

No ano passado o México recebeu 21 milhões de turistas. Eles deixaram no país quase US$ 11 bilhões. Este ano, depois da passagem do furacão Wilma, a conta será outra. Cancún, a pérola artificial do Caribe, foi devastada por ventos de 280 quilômetros por hora. O mar em sua fúria inundou a cidade e levou 90% da areia branquíssima de suas praias. Estima-se um prejuízo material de US$ 2 bilhões. Mas isso não é o pior. Ao reduzir a escombros a zona hoteleira da cidade, erguida do nada em 1970, o furacão Wilma inviabilizou um terço do turismo mexicano. Dezenas de milhares de turistas (entre eles 105 brasileiros) ficaram presos na cidade em condições sanitárias de campo de concentração. Vai levar pelo menos um ano para que as coisas voltem ao normal. Se voltarem.
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A península de Yucatán, onde Cancún foi plantada, encontra-se à margem do maior criadouro de furacões do planeta, o Golfo do México. [Se é assim, então por que deduzir que a influência é antrópica?] Dali saíram sete deles nos últimos 14 meses. Como monstros furiosos eles arrasaram a Flórida, golpearam Cuba, mataram no Haiti. Repetidamente. Desde 1950 não havia tantos deles na mesma estação. Desde a década de 70 eles não eram tão violentos. A natureza parece estar testando novos limites. E não apenas no Caribe. Na Amazônia, a grande reserva florestal e aquática do planeta, a pior seca em 100 anos faz com que os rios desapareçam e deixa toneladas de peixes apodrecendo ao Sol. [Clique aqui para uma opinião verdadeiramente científica sobre o fenômeno.] Do outro lado do Atlântico, a expansão da área de secas na África ameaça engolir as colheitas e tornar inútil a ajuda humanitária despejada no Continente. Na Antártida, a súbita elevação em um grau centígrado da temperatura da água promete exterminar a fauna marinha e derreter as geleiras. Por trás de todos esses fenômenos encontra-se o aquecimento do planeta. E por trás dele, o homem.
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“A temporada de furacões nos Estados Unidos está diretamente relacionada à seca na Amazônia”, explica o meteorologista Fernando Nunes, do Centro de Pesquisas de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, em Cachoeira Paulista. Quando há muita chuva num hemisfério, diz ele, a compensação da natureza é muita seca no outro. Um artigo publicado recentemente na revista Nature, o veículo de ciência mais prestigioso do mundo, informa que os furacões se tornaram mais destrutivos nos últimos 30 anos. A principal explicação para o fenômeno é a elevação da temperatura dos oceanos. Quando ela passa de 26,5° C, os furacões começam a se formar. É o que tem acontecido nos últimos meses, por uma boa razão: a Nasa acredita que 2005 pode ser o ano mais quente desde o século 17. “Há uma forte tendência de aquecimento nos últimos 30 anos, que se deve primeiramente ao acúmulo de gases poluentes na atmosfera”, afirma James Hansen, da Nasa. Eis o ponto. Depois de 50 mil anos servindo ao Homo sapiens, a natureza está cobrando o preço da agressão. E ele é alto.
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Ao varrer a Flórida, o furacão Wilma deixou atrás de si prejuízos de US$ 25 bilhões. O Katrina, que acabou com Nova Orleans, e o Rita, que devastou o Texas, custaram juntos US$ 50 bilhões. Foi a maior conta de seguros da história. Na Amazônia o cenário é diferente. Além da seca, opera contra a floresta a mão humana e a incompetência do governo. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais descobriu com seus satélites que entre 2003 e 2004 desmatou-se 26.100 quilômetros quadrados de floresta. Isso significa que no governo do PT foram cortadas nada menos do que 1,3 bilhão de árvores. Diante desse recorde, a ministra Marina Silva, ex-militante ecologista, limitou-se a responder, em mais um arroubo de auto-complacência, que “este governo é o que mais agiu contra o desmatamento”. Sem nenhum resultado, como se percebe.
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Desde 2003, mais de 60 servidores do Ibama foram enquadrados por crimes de corrupção. Esses delinqüentes legalizaram 197 planos de “manejo” em terras indígenas e áreas de preservação. Permitiram a extração ilegal de 4,5 milhões de metros cúbicos de madeira. O equivalente a 52 mil campos de futebol. Ou 66 mil caminhões de madeira. Talvez seja hora de trocar de métodos ou de ministra, antes que seja tarde. O cientista Carlos Nobre, respeitadíssimo especialista em clima amazônico, sustenta que a combinação de seca e desmatamento pode ser letal. “Se a Amazônia continuar perdendo a sua cobertura vegetal, chegaremos ao ponto em que será impossível evitar que a maior floresta do planeta se transforme em savana”, diz ele. A queima das florestas é a grande contribuição brasileira ao efeito estufa global.
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Na semana passada, a combinação de furacões e secas, com evidências brutais de interferência humana, exasperaram o diplomata Jan Egeland, coordenador de serviços de assistência a emergências da ONU. “Isso é um aviso claríssimo”, disse ele. “Em apenas duas semanas tivemos os dois piores furacões da história atingindo os Estados Unidos. Já não há dúvida de que o clima está mudando.” O que ainda não se sabe, e é preciso descobrir, é como evitar que o flagelo continue. Ecologistas e cientistas do mundo inteiro estão insistindo que diante dos malefícios do efeito estufa é preciso reagir rapidamente. Pedem aos governos que se comprometam com reduções drásticas na emissão de dióxido de carbono. Isso poderia proteger a diversidade biológica e a vida de milhões de pessoas afetadas pelas súbitas mudanças climáticas. Até agora, o presidente da nação mais rica e mais poluidora do planeta se recusa a assinar sequer o Protocolo de Kyoto, que impôs meditas moderadas de proteção ambiental. Talvez seja preciso um furacão em Washington ou uma seca devastadora no Texas para que George W. Bush acorde para a realidade.
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Colaborou Adriana Nicácio
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Torrente de prezuízos

Quanto custou a passagem dos últimos furacões pelos Estados Unidos
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Katrina (2005) - US$ 63,0 bilhões
Andrew (1992) - US$ 43,7 bilhões
Wilma (2005) - US$ 25,0 bilhões
Charley (2004) - US$ 15,0 bilhões
Ivan (2004) - US$ 14,2 bilhões
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A atual série de furacões é a maior desde 1950
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Fontes: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Centrode Pesquisas de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos
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Somente em seguros, a passagem dos furacões Rita e Katrina deixou uma conta de US$ 50 bilhões

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http://www.terra.com.br/istoedinheiro/425/economia/custo_natureza.htm
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