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O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, December 22, 2005

Argentina 3/Brasil e FMI

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... ALGUÉM te sacaneia (com dinheiro) tu esquece?

Por que tu acha que com os credores internacionais seria diferente?

O que é da Argentina, pode saber, está guardado:

22/12/2005

Brasil registra ganhos, e Argentina, perdas, depois de pagarem suas dívidas ao FMI


Ambos se beneficiam com os preços elevados das matérias-primas e dos produtos agrícolas, com o aumento da demanda dos países asiáticos e a ampla liquidez nos mercados globais
Richard Lapper
Editor de América Latina do FT
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Foram decisões similares, tomadas e executadas quase ao mesmo tempo --ambas se deram na semana passada--, mas elas provocaram reações muito diferentes por parte dos mercados. De um lado, os investidores elogiaram o reembolso de US$ 15,5 bilhões (R$ 35,24 bilhões) que o Brasil fez ao Fundo Monetário Internacional (FMI), nele vendo mais uma prova da saúde financeira do país. Isso fez com que o montante das reservas e os preços dos valores aumentassem mais ainda quando a notícia foi anunciada. De outro lado, e de maneira contrastante, a decisão da Argentina, tomada dois dias depois, de reembolsar sua dívida de US$ 9,8 bilhões (R$ 21,14 bilhões) ao Fundo provocou uma queda acentuada das reservas e dos valores, com o peso caindo para o seu nível mais baixo dos últimos dois anos. À primeira vista, estes dois efeitos contraditórios são intrigantes. Nos dois países, as decisões produziram benefícios econômicos questionáveis, pelo fato de as taxas de juros oferecidas pelo FMI serem relativamente reduzidas se comparadas com as que pesam sobre empréstimos em dinheiro levantados nos mercados internacionais. A política foi um fator importante na tomada dessas decisões, tanto em Buenos Aires como em Brasília. Ambos os presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, estão de olho no calendário eleitoral. Ao livrarem os seus países da dependência em relação ao Fundo, um organismo bastante impopular, os dois esperam conquistar votos. O presidente Lula, cujos níveis de popularidade andaram em queda em recentes pesquisas, tentará a sua reeleição em outubro próximo. Já, Nestor Kirchner fará o mesmo seis meses mais tarde. Existe, contudo uma explicação para uma tal disparidade. Os investidores estão avaliando de maneira diferente a condução da política econômica no Brasil e na Argentina. A ortodoxia financeira do Brasil teve lá o seu preço em termos de crescimento. Com ela, a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não passa de 2,5% neste ano. Ainda assim, a inflação está crescendo abaixo de 6% ao ano e os parâmetros fiscal e monetário do país são considerados como muito mais sólidos pelos investidores. O Brasil goza de uma posição muito forte em termos de reservas, e, com isso, o reembolso da dívida faz bastante sentido em termos de gestão de responsabilidade. Por outro lado, a Argentina está crescendo bem mais rapidamente, uma vez que a previsão de expansão do seu PIB está acima de 8,5% para este ano. Contudo, a sua situação financeira é considerada como frágil. Os investidores --e o FMI-- estão particularmente preocupados com os aumentos de preços, os quais vêm empurrando a inflação, que deverá aumentar em cerca de 10% neste ano, o que é avaliado como um resultado direto da sua política fraca em relação ao peso. Além disso, a economia está crescendo perto do limite da sua capacidade. Uma recusa a aprovar aumentos dos preços dos serviços públicos (eletricidade, água, transportes, os quais estão congelados desde o início de 2002) aumentou a possibilidade de ocorrer cortes de energia no médio prazo. Se as negociações com o Fundo, que foram reabertas, tivessem prosseguido, haveria uma boa possibilidade de ver esses problemas serem enfrentados. É claro, Roberto Lavagna, o antigo ministro da Economia, andou pressionando o governo para que isso aconteça. Mas ele foi demitido no mês passado, e, nessas condições, os investidores estão considerando a Argentina como um lugar mais arriscado do que o Brasil para fazer negócios.
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Tradução: Jean-Yves de Neufville
Visite o site do Financial Times

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