Embora esta discussão seja oriunda do cenário europeu, normalmente versa sobre o mundo, particularmente os países subdesenvolvidos. E, como não poderia deixar de ser, o “filtro” é terceiro-mundista. Afirmações como 20% da população mundial exploram 80% dos recursos naturais mundiais[1] surgem sem grandes considerações metodológicas. De onde tiraram seus dados? Pressupostos de pesquisa etc? Daí é um pequeno passo a atribuição das sociedades ocidentais como responsabilização por todos males ecológicos. E, como subproduto lógico, a “enorme dívida social para com o Sul...”
“Sul”, bem entendido, nesta tosca divisão geográfica corresponde ao grupo de países subdesenvolvidos do globo. Muito embora, grandes contingentes de miseráveis do globo se encontrem ao norte da linha do Equador, como parte da Índia, China, Ásia Central, norte da África e América Latina.
Há uma grande diferença sim entre cidades do “Primeiro Mundo” e do “Terceiro Mundo”, mas enquanto aquelas têm grandes redes de infra-estrutura desenvolvidas por seus estados e segmentos do setor privado, nossas cidades do bloco subdesenvolvido são amalgamadas por sociedades onde o estado é inoperante e que também sufoca a atividade do setor privado com burocracia excessiva e elevadas cargas de tributos. Raízes distintas deveriam ser o primeiro passo para avaliação de problemas ambientais comuns.
É assaz simplista resumir a “crise ecológica” a um problema energético que demanda soluções tecnológicas, enquanto que grandes potenciais de produção, como os caudalosos rios africanos esperam por financiamentos em obras como hidroelétricas obstaculizadas por organizações ambientalistas radicais como o Greenpeace. É preferível bradar contra um suposto “aquecimento global” e esquecer o drama de dezenas de milhões que sofrem com o mosquito da malária nos trópicos africanos. Drama igualmente produzido por aqueles que são contra inseticidas eficazes como o DDT...
A causa, constantemente anunciada, por tais mentes bem intencionadas se constitui no próprio desenvolvimento dos países ricos. Para elas, trata-se de um “jogo de soma zero” onde os ricos são ricos, justamente, porque “exploram” recursos globais em demasia “causando” a pobreza alheia. Este tipo de mito não considera que o que está (ou deveria estar) em questão é o caminho histórico trilhado pelos países ricos, cujas medidas se analisadas e, devidamente, adaptadas aos pobres seriam de grande valia. Verdadeira valia.
No fundo se trata de uma visão religiosa baseada numa culpa e, não existe culpa sem pecado, neste caso, a luxúria. Se há algo que os cidadãos das modernas sociedades ocidentais podem fazer pelos pobres do mundo, caso entendessem os reais problemas, isto reside na extensão de seu modo de vida. Ou seja, exatamente o contrário do que preconizam as mentes dotadas por uma falsa consciência ecológica. E o comércio livre aliado a medidas antiprotecionistas seria um bom começo...
[1] Hans-Norbert Mayer. “The Social Dimension of Urban Ecology.” In: Breust, Feldmann, Uhlmann (eds.). Urban Ecology. Springer, 1997, p. 204.
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